Review | Weird West


Sendo o primeiro jogo da WolfEye Studios onde Raphaël Colantonio, diretor criativo de Dishonored e Prey, é o co-fundador da desenvolvedora, Weird West carrega muito da atmosfera desses jogos além de muitas de suas mecânicas.

Distribuído pela Devolver Digital, o jogo usa o caos sistémico das produções citadas e sendo um simulador imersivo onde o jogador irá escolher caminhos e decisões chave dos personagens, Weird West mergulha num cenário de faroeste sombrio onde pistoleiros dividem território com bruxas, lobisomens, vampiros e zumbis.

História

Ambientado em algum ponto do século 19, na corrida do ouro, Weird West acontece no deserto dos Estados Unidos. Com ares de Velho Oeste, pessoas se dividem na grande busca por sobrevivência e na sede de violência e hostilidade, onde cultos macabros se formam, escravidão é recompensada, bruxaria castiga cidadãos pacatos, pistoleiros são chamados para conter a criminalidade desenfreada e canibais comercializam carne humana. Ocorrendo numa espécie de fantasia sombria, o mundo de Weird West é definido por delegados e pistoleiros que dividem a fronteira com criaturas fantásticas.

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A história de Weird West funciona como se fosse uma antologia. O jogo conta com cinco personagens com histórias e arcos próprios dentro da campanha e que se entrelaçam. São eles:

  • A Caçadora de Recompensas: No primeiro arco, você será uma ex-caçadora de recompensas chamada Jane Bell, que é empurrada de volta à profissão depois que seu filho é morto e seu marido é sequestrado pela gangue Stillwater.
  • Suinode: No segundo arco, você será um porco humanoide alvo de um sequestro e que foi recém-transformado por uma bruxa. Sendo um dos poucos que podem falar, sua tarefa será descobrir quem você era antes dos acontecimentos enquanto destrói as raízes de uma árvore que abriga as almas de outros suinodes e liberá-los para conseguir derrotar a bruxa.
  • O Ameríndio: No terceiro arco, você será um caçador da tribo Nação Perdida do Fogo chamado Através do Rios, se tratando de um índio nativo dessas terras. Neste episódio, Através dos Rios irá lutar contra a força da Ganância, encarnada por um espírito antigo chamado Wiindigo, procurando os Braceletes de Olvidado enquanto também equilibra seu relacionamento com os colonizadores, chamados aqui de Vorazes, que são a fonte de tensão constante para sua tribo.
  • O Lobisomem: Para o quarto arco, você é colocado na pele de Desidério Ríos, um lobisomem que foi criado para proteger os absolucionistas, uma seita religiosa que deseja remover todas as forças sobrenaturais do oeste, neste caso, as bruxas. Você é forçado a se tornar o escolhido de uma profecia onde você seria o lobo marcado que lideraria um exército de lobisomens, embora, obviamente, você também possa abandonar tudo isso.
  • A Onírica: O último arco de Weird West permite que você jogue como uma iniciada no clã Onírico, chamada de Constance. Como uma Onírica, você tentará aproveitar o poder das Árvores dos Sonhos, que permite que você tenha visões do futuro, dando a você a opção de tornar esse futuro realidade ou destruí-lo.

Campanha

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Desde o início sabemos o cenário onde estamos sendo introduzidos, mas o roteiro estabelece grandes mistérios desde o seu início. Cada personagem possui um arco próprio e funciona como se fosse uma espécie de artifício de história para nos apresentar a lore do mundo e aos poucos nos deixando a par de uma espécie de culto misterioso.

As linhas de diálogo são bem escritas e muitos personagens acabam se destacando durante a sua jornada pelos 5 arcos de cada personagem. Como relatado, cada personagem possui uma missão pessoal alheia ao mistério da sua história e ao cumprimento da mesma, há o reinício de outro arco. Cada arco não é grande e por isso acaba não cansando tanto o jogador no que se refere à história, mas por efeito colateral não consegue se aprofundar tanto em cada um. Tendo arcos mais e menos interessantes, o jogo possui solavancos em seu roteiro e na sua metade acaba deixando o jogador meio perdido no objetivo da história, sendo revelado apenas no fim.

As missões secundárias não ajudam tanto a entender o propósito da narrativa, sendo mais micronarrativas simplistas de salvar determinado personagem de uma cela ou pegar determinado item em um local ermo.

Conforme falado, o jogo possui sim linhas de escolhas de diálogo que podem trazer consequências, como matar determinada pessoa influente pode engatilhar um evento onde pessoas daquele bando podem acabar te seguindo pelos locais e te abordar a fim de matá-lo ou matar cidadãos de uma cidade pode deixá-la abandonada ou hostil à sua presença. Acontece que no que se refere ao roteiro principal, pouca coisa é mudada de forma relevante, nos deixando apenas duas opções e deixando variações mínimas.

Gameplay

Adotando o gênero RPG, Weird West também usa a visão isométrica como câmera principal. O jogador irá controlar cinco personagens por vez em sequência. O jogo foca muito na exploração, loot e escolhas – apesar das escolhas não afetarem substancialmente o curso dos eventos do roteiro. O jogo conta com um mapa enorme com diversos pontos para serem visitados que variam de cidades, fazendas, cavernas, pântanos, mausoléus, minas, vilas abandonadas, acampamentos e etc. Acontece que estes lugares oferecem poucas diferenças entre si e pouco incentivo que sejam explorados, já que o jogo sofre de outro problema, diversos itens inúteis para serem looteados.

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Um dos problemas da exploração de Weird West é que o jogo conta com muitos itens para serem coletados durante a jornada, mas em sua intensa maioria se tratam de lixos para serem vendidos por valores irrisórios, onde nosso personagem conta com limite do que consegue carregar, nos forçando a privilegiar armas, itens de cura, amuletos e itens de combate e não compensando coletá-los, tornando sua existência e intensa quantidade, desnecessárias.

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Por ser um jogo difícil de conseguir dinheiro, Weird West propõe missões secundárias que dão recompensas maiores. Estas missões variam desde matar ou prender bandidos procurados até buscar itens em locais assombrados.

Weird West não é um jogo fácil e possui um desafio pouco acima do comum. Contando com locais de nível médio, caso o jogador queira acessar áreas ou ir a missões mais avançadas, o jogo te dá essa liberdade. Com ela, o jogo recompensa o jogador com armas e roupas de níveis mais avançados que podem ficar dentro de baús no fim de dungeons ou ser coletados nos corpos de inimigos.

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Conforme já falado, Weird West conta com 5 personagens que o jogador irá controlando de cada vez. A única diferença notável no que tange ao gameplay de cada um reside nas suas quatro habilidades especiais, que são acionáveis por meio de atalhos durante os combates. Por não ter um sistema de experiência e níveis, Weird West usa as Relíquias de Nimp, itens coletados pelo locais do mapa, para que adquira não só habilidades especiais como habilidades de armas como revólver, escopeta, arco e corpo a corpo.

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Falando sobre seu sistema de progressão, o jogo também conta com vantagens, habilidades fixas que são acumulativas de personagem a personagem que concedem efeitos maiores de cura, velocidade, furitividade, extensão de efeitos de bullet time, aumento de dano de explosivos e etc que são desbloqueados pelos Ases de Espadas Dourados, que também são itens coletados pelo mapa.

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No jogo, conforme já falado, o jogador poderá portar três tipos de armas de fogo, um arco e flecha, uma arma branca e explosivos diversos durante os combates. Em Weird West, apesar de ser possível e mais prudente que o jogador decida uma tomada mais furtiva e cautelosa para não alertar diversos inimigos e se ver cercado em um tiroteio injusto, o jogo foca obviamente nos tiroteios e eles são ferozes. Podendo usar objetos e armadilhas do cenário para te auxiliar nos combates como chutar itens, barris de veneno, atirar em barris explosivos, jogar fogo em óleo espalhado pelo chão, atirar em lamparinas e etc. Weird West oferece formas dinâmicas para usar o cenário ao seu favor, mas o jogo conta com um problema sério na sua principal mecânica de jogabilidade, os controles.

Por ser um título com controles mais customizados para o PC, o controle de mira nos controles de console é desajeitado, impreciso e confuso, prejudicando muito a experiência do jogador e irritando em diversos momentos. Por ter um sistema mais radial e por ser um jogo de vista isométrica, mirar com o analógico se revela uma tarefa ingrata e frustrante, tirando parte da graça de uma mecânica crucial do jogo. O jogador acabará também se atrapalhando com sua câmera, tropeçando em objetos e morrendo sem conseguir ter uma performance aceitável.

Gráficos

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Usando de um estilo cel-shading como na série Borderlands, Weird West adota um tom mais sombrio apropriado ao tema. Contando uma aparência semelhantes aos quadrinhos, os gráficos contam com muito uso de sombras e contornos que se revelam muito eficazes ao adotar um estilo próprio na sua direção de arte.

Essa direção de arte também é passada pelos ambientes do jogo. Contando com cidades vivas do velho oeste, florestas, minas abandonadas, fazendas, pântanos, santuários e uma variedade grande de cenários, Weird West faz bonito no que se refere à direção artística.

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Seus problemas técnicos acabam sendo exibidos quando vemos a qualidade dos modelos dos personagens, se revelando pobres demais quando a câmera isométrica se aproxima em cenas da história com falta de texturas e trabalho técnico. Outro problema do é durante o combate, onde uma confusão de diversos objetos e cores na tela surgem prejudicando o jogador saber diferenciar inimigos de companheiros da party.

Trilha Sonora e Som

A trilha sonora é composta por Choose Hellth e de forma esperada, contêm diversas faixas temáticas de faroeste, sabendo dosar os diversos momentos de tensão característicos de obras do gênero com muito uso de cordas graves de violão e conseguindo estabelecer uma certa tensão necessária.

O jogo não conta com dublagem em português, mas conta com legendas e uma ótima localização de menus e textos para o português do Brasil. Os efeitos sonoros em geral são bons, mas nada espetaculares, contendo explosões e sons de disparo de armas, soando tão poderosos quanto precisavam.

Vale a Pena?

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Weird West é um bom jogo que faz muito com o baixo orçamento do projeto. Contendo uma história de faroeste num mundo dark fantasy, o jogo apresenta um modelo interessante dividido em cinco arcos de personagens diferentes entre si, mas peca por esquecer em diversos momentos o objetivo principal do roteiro nas suas 18 horas de campanha para revelar somente no seu final uma reviravolta um pouco frustrante.

O jogo contém uma boa direção de arte única, boa trilha sonora e um gameplay interessante, mas peca por conter problemas pela simplicidade no modelo dos personagens e falhas na experiência nos controles.

Notas do Jogo
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Título: Weird West

Descrição do jogo: Sobrevive e revela os mistérios do Weird West através dos destinos entrelaçados dos seus heróis invulgares numa simulação imersiva dos cocriadores de Dishonored e Prey.

Descubra uma nova versão do Velho Oeste na forma de uma fantasia sombria em que xerifes e pistoleiros partilham a fronteira com criaturas fantásticas. Acompanha e conhece as origens de um grupo de heróis atípicos, que se tornam lendas através das suas decisões num território implacável. Cada jornada é única e adapta-se às tuas ações, compondo uma série de histórias em que muito está em jogo, todos os detalhes importam e o mundo reage às tuas escolhas. Forma um bando ou aventura-te por conta própria nos confins sobrenaturais do Weird West e adapta cada lenda ao teu estilo.

Gênero: RPG e Ação

Lançamento: 31/03/2022

Produtora: WolfEye Studios

Distribuidora: Devolver Digital

COMPRAR

Nota
7.1/10
7.1/10
  • História - 7.5/10
    7.5/10
  • Jogabilidade - 7/10
    7/10
  • Gráficos - 7/10
    7/10
  • Trilha Sonora e Som - 7/10
    7/10

Veredito

Weird West é um bom jogo que faz muito com o baixo orçamento do projeto. Contendo uma história de faroeste num mundo dark fantasy, o jogo apresenta um modelo interessante dividido em cinco arcos de personagens diferentes entre si, mas peca por esquecer em diversos momentos o objetivo principal do roteiro nas suas 18 horas de campanha para revelar somente no seu final uma reviravolta um pouco frustrante.

O jogo contém uma boa direção de arte única, boa trilha sonora e um gameplay interessante, mas peca por conter problemas pela simplicidade no modelo dos personagens e falhas na experiência nos controles.

Vantagens

  • Lore do mundo interessante;
  • Arcos de personagens divertidos;
  • Boas linhas de diálogo;
  • Boa direção de arte;
  • Combates desafiantes.

 

Desvantagens

  • Objetivo principal do roteiro é pouco desenvolvido;
  • Final fraco;
  • Inteligência Artificial fraca;
  • Controle de mira ruim em controles.
  • Gráficos possuem limitações.

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San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.