Review | Ninja Gaiden 4 – Entre a Lâmina Afiada e uma Jornada Torta


Ninja Gaiden 4
7.5/10

Após mais de uma década de silêncio para sua linha principal, a lendária franquia Ninja Gaiden finalmente retorna. A série, que outrora definiu gerações com lançamentos icônicos nos anos 90 e 2000, viu seu ritmo interrompido após a recepção desastrosa de Yaiba: Ninja Gaiden Z. Agora, após remasterizações e um longo hiato, a Team Ninja se une à aclamada PlatinumGames para reacender a chama. Em Ninja Gaiden 4, a saga de Ryu Hayabusa prossegue, mas sob uma nova luz, enquanto ondas de caos demoníaco inundam uma Tóquio futurista e devastada.

O ano de 2025 se revelou um momento de renascimento e reflexão para a série. A comunidade ainda lamenta a recente perda de Tomonobu Itagaki, seu visionário criador, cujo legado permanece como um pilar do gênero de ação. Contudo, esse período também trouxe um ressurgimento notável de atividade. Testemunhamos o lançamento de Ninja Gaiden: Ragebound, um título 2D que revisitou as raízes clássicas, e de Ninja Gaiden 2 Black, uma versão definitiva do amado capítulo da era Xbox 360. E este fluxo não para.

Agora, no ápice deste renascimento, surge a grande pergunta: Ninja Gaiden 4. Este não é apenas mais um lançamento; é o retorno triunfal da franquia ao cenário principal de ação em 3D. Mas em um cenário gamer transformado, dominado por filosofias de design muito diferentes, será que o apetite por uma ação ninja implacável e pura ainda existe na mesma medida? A colaboração entre Team Ninja e PlatinumGames promete a fusão perfeita entre profundidade técnica e estilo arrebatador. Resta saber se essa união será capaz de honrar o passado legendário da série enquanto crava sua katana no futuro.

Ninja Gaiden 4 será lançado no PlayStation 5 em 20 de Outubro de 2025.

Vídeo de Gameplay do Ninja Gaiden 4

História

Ninja Gaiden 4 surpreende ao afastar-se do herói consagrado, Ryu Hayabusa, colocando os jogadores no controle do novato Yakumo, do Clã Corvo. Esta mudança de protagonista, no entanto, revela-se uma das decisões narrativas mais fracas do jogo. Yakumo carece de profundidade: é um personagem emocionalmente plano, com motivações pouco claras que o fazem parecer um mero soldado seguindo o fluxo, mesmo sem uma cadeia de comando definida. Seus companheiros, com a notável exceção da sacerdotisa Seori, também não recebem qualquer desenvolvimento, servindo apenas como figuras decorativas. Até o lendário Ryu Hayabusa acaba reduzido a uma mera referência nostálgica, parecendo insignificante dentro desta nova trama.

Review Ninja Gaiden 4 Historia

O enredo central gira em torno de uma aliança instável entre Yakumo e Seori. Inicialmente encarregado de eliminá-la, o ninja acaba por escoltá-la pela Tóquio pós-apocalíptica, uma cidade devastada por uma chuva de morte que emana do cadáver do colossal Dragão Negro, pairando sobre os céus. O plano paradoxal da dupla é ressuscitar a besta para, então, derrotá-la de forma permanente, purificando sua alma. Esta missão leva o jogador por biomas variados, como montanhas ventosas, subterrâneos cibernéticos e o reino dos demônios, cenários visualmente distintos mas que falham em causar uma impressão memorável.

Review Ninja Gaiden 4 Ryu Hayabusa

Do outro lado do conflito está o próprio Ryu Hayabusa, descontente com a ideia de trazer tamanho mal de volta à vida. Sua oposição o leva a uma aliança inesperada com a Ordem Divina do Dragão, uma das principais facções inimigas da série, criando um conflito direto com os planos do Clã Corvo. Este embate, contudo, não consegue gerar o peso dramático esperado.

A narrativa, que pode ser concluída em cerca de dez horas, prioriza o estilo em detrimento da substância. O jogo se apoia na premissa de ser um ninja cibernético superpoderoso em uma Tóquio futurista e infestada de demônios – conceito que, de fato, garante momentos de ação incrivelmente estilosos. A personalidade sarcástica de Seori adiciona um toque de humor, e o encontro inevitável entre Yakumo e Ryu é um momento que carrega certo impacto e emoção para os fãs. No entanto, essa mudança de perspectiva não traz inovações significativas para a franquia. A sensação é que a diferença no gameplay tem mais a ver com a assinatura da PlatinumGames no comando do que com uma reinvenção narrativa consciente.

No fim, Ninja Gaiden 4 entrega uma campanha funcional e visualmente competente, mas decepcionante em seu arcabouço narrativo. A tentativa de introduzir um novo herói falha em criar um protagonista cativante, e a trama, embora fácil de acompanhar para novatos, não justifica plenamente o afastamento de seu ícone original, deixando Ryu Hayabusa em um papel coadjuvante que não faz jus ao seu legado. A ação pode ser frenética, mas o coração da história parece ter ficado para trás.

Campanha

Review Ninja Gaiden 4 Sacerdotisa

O conflito central de Ninja Gaiden 4 surge não de um vilão tradicional, mas de visões radicalmente opostas para resolver a mesma crise. Enquanto Yakumo e o Clã Corvo buscam a destruição final através de uma ressurreição perigosa, Ryu Hayabusa, aliado à Ordem Divina do Dragão, defende um caminho de contenção. Este embate ideológico é o aspecto mais interessante da trama, oferecendo um conflito que vai além do bem contra o mal. No entanto, é importante temperar as expectativas: não espere a profundidade narrativa de um Nier:Automata. Aqui, como é tradição na série, a história funciona principalmente como pano de fundo para a ação desenfreada.

O próprio Yakumo personifica essa função utilitária da narrativa. Ele começa como uma entidade decididamente unidimensional. Seu design, no entanto, é um acerto visual: ele emula uma rebeldia dolorosamente típica dos anos 2010, vestido inteiramente de preto com um corte de cabelo que desafia a praticidade. Este visual estabelece um contraste eficaz e imediato com a estética tradicional e sensata de Hayabusa, comunicando uma natureza mais imprevisível desde o primeiro olhar.

Review Ninja Gaiden 4 Protag e Tyu Hayabusa

O problema reside na execução linear e no ritmo das missões. Com uma duração média de dez horas, a campanha é razoável, mas sua estrutura é decepcionante. O jogo é bastante linear, com apenas alguns desvios para segredos. Cada missão principal oferece objetivos secundários, como eliminar certos números de inimigos, enfrentar um mini-chefe oculto ou coletar itens específicos.

Aqui surge uma desarmonia entre o design e os incentivos. Muitas dessas missões únicas recompensam o jogador com itens cruciais para progressão, como aumentos permanentes de HP. No entanto, o fluxo do jogo constantemente incentiva a velocidade e a ação direta, tornando fácil perder esses itens em cantos do cenário ou em áreas secundárias. Não há tempo para apreciar a paisagem; a experiência se resume a uma sucessão de arenas de combate.

Esta abordagem seria menos problemática se o mundo permitisse uma reexploração significativa. Porém, Ninja Gaiden 4 constantemente fecha portas atrás do jogador, e seus quebra-cabeças de plataforma não foram concebidos para serem resolvidos em ordem inversa. Embora grande parte do conteúdo secundário seja descartável, missões do final do jogo podem gerar frustração, fazendo o jogador desejar uma liberdade que o design rigidamente linear nega. A campanha, portanto, prende-se a uma estrutura que inibe a exploração que ela mesma, paradoxalmente, sugere.

Gameplay

Ninja Gaiden 4 realiza uma façanha notável: mescla a profundidade técnica e a dificuldade implacável da herança da Team Ninja com a ação frenética, exagerada e puramente divertida da assinatura da PlatinumGames. Este casamento é costurado por uma hiperviolência desenfreada que define tanto a jogabilidade quanto a estética visual, criando uma experiência que é ao mesmo fois familiar e revitalizada.

Review Ninja Gaiden 4 Gameplay

O coração do jogo é um sistema de combate profundamente viciante. Tudo gira em torno de um ciclo que força o jogador a uma dança ofensiva constante, onde cada ferramenta é uma obra de arte de agressão. Com Yakumo, os jogadores desferem ataques leves e pesados, mas a mecânica central é a Barra de Vínculo de Sangue. Ao enchê-la, você pode ativar a forma Corvo de Sangue, que potencializa os golpes e, mais crucialmente, permite interromper ataques inimigos indefensáveis—indicados por um ponto de exclamação—e quebrar guardas.

Este poder, no entanto, exige gestão estratégica. Alternar entre a forma base e a Corvo de Sangue torna-se uma habilidade vital. Usá-la indiscriminadamente leva a uma vulnerabilidade perigosa, pois sem ela você perde a principal ferramenta para punir os ataques mais poderosos dos adversários. A recompensa por uma ofensiva constante é o ciclo de desmembramento e Obliterar: acertar inimigos suficientemente deixa membros destacados, permitindo um ataque de Obliterar instantâneo que recupera vida e mantém o fluxo da batalha. Sua defesa, neste jogo, é muitas vezes o próprio ataque: aparar um golpe no momento certo com um contra-ataque gera um brilho intenso e atordoa o oponente, enquanto uma esquiva no último instante ativa um efeito de câmera lenta estiloso que permite reposicionamento e golpes livres.

Review Ninja Gaiden 4 Armas

A progressão traz diversas armas, cada uma com seu próprio conjunto de movimentos e combos, alguns quase reminiscentes de jogos de luta. Desde katanas duplas até um bastão que se transforma em martelo, cada uma oferece um estilo distinto. A satisfação de experimentar novos combos para superar um obstáculo difícil é imensa. Ryu Hayabusa, controlável na segunda metade do jogo, oferece um contraste deliberado: seu estilo é mais pesado, realista e técnico, evocando a dificuldade clássica da série e servindo como uma homenagem gratificante para os fãs antigos.

A acessibilidade é um ponto forte. Uma variedade de opções de dificuldade—incluindo um Modo Herói mais fácil—e personalizações de controle e interface tornam o jogo amplamente acessível. No entanto, uma falha irritante é a ausência de um reinício rápido para batalhas. Morrer em um chefe difícil e enfrentar tempos de carregamento pode ser mais frustrante do que a própria derrota.

O combate, no seu melhor, é brutal, rápido e imensamente satisfatório. As lutas contra chefes, acompanhadas de trilhas eletrizantes, são pontos altos, com adversários que exigem o aprendizado de múltiplas fases. A violência é exagerada e gratificante, com execuções viscerais que nunca deixam de impressionar.

Em resumo, Ninja Gaiden 4 oferece um dos sistemas de combate mais viciantes e bem polidos do gênero, um verdadeiro sucessor espiritual em espírito a Metal Gear Rising: Revengeance. No entanto, ele é encapsulado em uma estrutura de campanha repetitiva e linear que não evolui para acompanhar a profundidade de sua jogabilidade. O resultado é uma experiência onde a jornada em si é esquecível, mas cada encontro individual dentro dela é eletrizante.

Level Design

O design de níveis de Ninja Gaiden 4 constitui seu ponto mais fraco, uma falha estrutural que contrasta agudamente com a excelência de seu combate. A campanha opera em uma estrutura notavelmente repetitiva e linear, essencialmente funcionando como uma série de corredores que conectam arenas de combate. A variedade ambiental é superficial: você transita entre biomas como montanhas ventosas e subterrâneos cibernéticos, mas a sensação de jornada é ilusória. O ciclo fundamental não evolui: atravesse um cenário, elimine ondas de inimigos, enfrente um chefe. É uma fórmula funcional que, pela décima vez, se torna monótona e unidimensional, evocando um design de missão de uma geração passada.

As tentativas de variedade são bem-intencionadas, mas mal executadas. O jogo ocasionalmente insere seções de plataforma e exploração leve, utilizando ferramentas como um gancho e uma asa-delta. No entanto, estas fases frequentemente se estendem além do necessário, servindo mais para inflar a duração do que para oferecer um desafio envolvente. Muitas vezes, o desejo é que acabem logo para retornar à ação principal. Caminhos alternativos e segredos existem, mas geralmente levam a recompensas incrementais, sem surpresas significativas.

Review Ninja Gaiden 4 COmbate

O maior problema reside no design das próprias arenas de combate. A maioria é amplas e quadradas, projetadas mais para a vantagem do jogador do que para criar tensão estratégica. Falta a claustrofobia e o perigo ambiental dos títulos clássicos, onde corredores apertados e ataques de flanco constantes elevavam a adrenalina. Em Ninja Gaiden 4, há pouco elemento surpresa; os encontros são previsíveis e ocorrem em espaços que raramente forçam adaptação tática. A verticalidade é subutilizada, e mesmo o gancho, quando permitido, serve mais para mobilidade básica do que para soluções criativas.

Para piorar, o jogo recicla níveis e chefes de forma descarada, especialmente em seus estágios finais, uma prática pela qual a franquia já foi criticada e que aqui se repete sem melhoria. Esta repetição, somada a inimigos irritantes como os “peixes-fantasma”, enfatiza a escassez de ideias no design de fases.

Review Ninja Gaiden 4 Combate Hayabusa

Paradoxalmente, o jogo permite que você ignore combates e simplesmente corra por grandes seções, um atalho que revela a natureza transitória de seu cenário. No entanto, é um testemunho da qualidade viciante do combate que a maioria dos jogadores, apesar da possibilidade, escolherá enfrentar cada horda. O combate é tão bom que ele mesmo tapa os buracos deixados pelo level design.

Em resumo, o design de níveis cumpre uma função básica sem inspirar. Ele fornece um palco para o espetáculo do combate, mas é um palco vazio, repetitivo e sem imaginação. Enquanto o sistema de luta de Ninja Gaiden 4 olha para o futuro do gênero, seu design de fases parece ancorado em convenções ultrapassadas, representando a maior desconexão e oportunidade perdida da experiência. A ação é de ponta, mas o cenário em que ela se desenrola é surpreendentemente rudimentar.

Chefes

Review Ninja Gaiden 4 Boss Femea

As lutas contra chefes emergem como os momentos de maior esplendor e recompensa em Ninja Gaiden 4, servindo como a justificativa definitiva para atravessar sua campanha de level design repetitivo. Cada confronto é um espetáculo à parte, apresentando adversários colossais com identidades visuais e mecânicas distintas. Estes encontros exigem que o jogador vai além do combate habitual, decifrando padrões de ataque imprevisíveis e descobrindo quais armas e abordagens são mais eficazes contra cada besta.

No entanto, há uma ressalva significativa: na dificuldade padrão, muitos chefes parecem um pouco fracos. A impressão que fica é que as configurações de maior desafio não refinam a inteligência artificial ou a complexidade dos encontros, mas sim apenas inflam os números de dano e resistência dos inimigos. Esta abordagem, embora funcional, carece do artesanato meticuloso visto nos chefes lendários da franquia, onde cada nível de dificuldade redesenhava verdadeiramente a experiência.

Review Ninja Gaiden 4 Chefe

Ainda assim, para os jogadores que buscam uma provação extrema, o título oferece opções de dificuldade pós-campanha verdadeiramente brutais. Estas modalidades são feitas para os masoquistas, transformando cada vitória em uma conquista suada. Em suma, os chefes são pontos altos inquestionáveis que salvam o ritmo da jornada, mesmo que sua implementação em termos de escalonamento de desafio não atinja a perfeição artesanal de seus predecessores mais célebres.

Gráficos e Direção de Arte

A apresentação visual de Ninja Gaiden 4 é uma experiência de altos e baixos pronunciados. Por um lado, o jogo alcança um desempenho técnico notável, rodando a um quase imaculados 60 quadros por segundo em plataformas como o PC, o que é fundamental para a precisão que seu combate exige. Esta fluidez, somada à animação extremamente satisfatória e responsiva dos personagens, forma a base sólida de sua jogabilidade.

Review Ninja Gaiden 4 Yamato Dragao

Elementos específicos brilham: os modelos dos personagens principais são detalhados e deslumbrantes, e efeitos climáticos adicionam uma camada de atmosfera impressionante. Os visuais do combate, com seus efeitos de sangue, luz e partículas, são um espetáculo em si mesmos.

No entanto, quando se observa o panorama geral, a direção de arte e a qualidade gráfica deixam a desejar. Apesar de ser um título para a geração atual de consoles e PC, a sensação é de um jogo com visuais ultrapassados. As texturas dos ambientes frequentemente parecem planas e de baixa resolução, e o design geral dos cenários é genérico e sem vida, contribuindo para a impressão de que a experiência poderia facilmente rodar em hardware de uma geração anterior. Esta desconexão é especialmente perceptível nas sequências cinematográficas espetaculares, que contrastam com a simplicidade visual das fases de jogabilidade.

Review Ninja Gaiden 4 Yamato

Um problema técnico persistente envolve a câmera e a transparência forçada. Em certos ângulos, para não obstruir a visão do jogador, texturas e inimigos adquirem um brilho transparente estranho e incômodo. Este efeito, bem-intencionado, atrapalha mais do que ajuda, dificultando a identificação clara de adversários e superfícies exatamente no momento em que a precisão é mais crucial.

Em resumo, Ninja Gaiden 4 entrega performance de ponta onde mais importa: na fluidez do combate. Contudo, sua direção de arte inconsistente e gráficos que parecem de uma geração passada impedem que ele se estabeleça como um título visualmente marcante. É um pacote funcional e estável, mas que não aproveita todo o potencial dos hardware modernos, deixando a impressão de uma oportunidade perdida para criar um mundo tão visceral e memorável quanto sua jogabilidade.

Trilha Sonora e Som

A trilha sonora de Ninja Gaiden 4 atua como o combustível perfeito para seu motor de violência estilizada. Cada batalha, cada sequência de ação, é elevada por uma base musical energética e pulsante que se funde de maneira impecável com a estética cyberpunk pós-apocalíptica do jogo. Esta não é uma música de fundo discreta; é uma camada ativa da experiência, projetada para acelerar o ritmo cardíaco e sincronizar com os golpes na tela.

O verdadeiro destaque, porém, surge nas lutas contra chefes e nos momentos capitais. É quando Ninja Gaiden 4 revela sua arma sonora secreta: guitarras estridentes e selvagens. Estas composições de rock e metal capturam uma energia icônica e visceral, a mesma que definiu a identidade audaciosa da franquia clássica e que também ecoa o estilo característico e exagerado dos melhores títulos da PlatinumGames. A combinação de ação ninja hiperviolenta com essa trilha sonora agressiva e eletrizante não é apenas acompanhamento; é a alma sonora do jogo, criando uma sinergia que transforma o caos em pura catarse. O som dos golpes, os gritos dos inimigos e o estrondo dos metais se fundem em uma orquestra de carnificina perfeitamente afinada, tornando cada conquista não apenas visual, mas visceralmente memorável.

Vale a Pena?

Ninja Gaiden 4 Vale a Pena Veredito

Ninja Gaiden 4 é um paradoxo jogável. Por um lado, ele oferece um dos sistemas de combate mais viciantes e tecnicamente refinados da geração, um verdadeiro legado da fusão entre a profundidade da Team Ninja e o estilo transbordante da PlatinumGames. Por outro, está envolto em uma estrutura de campanha arcaica, repetitiva e visualmente desinspirada que parece ancorada no passado.

O grande triunfo do jogo é, inquestionavelmente, a ação. Cada confronto é uma sinfonia de violência estilizada, onde a gestão do Vínculo de Sangue, a variedade de armas e a precisão necessária para aparar e esquivar criam uma dança ofensiva profundamente recompensadora. A sensação de superar uma horda ou um chefe difícil é eletrizante, puro choque de adrenalina que justifica a experiência por si só. Neste núcleo, o jogo é um retorno triunfal à ação frenética e implacável que consagrou a série, uma lufada de ar fresco em um gênero que seguiu outros caminhos.

No entanto, este núcleo brilhante é constantemente ofuscado por suas deficiências circunstanciais. A jornada é composta por corredores lineares e arenas genéricas, com um design de níveis que carece completamente de imaginação e uma reciclagem cansativa de cenários e inimigos. A narrativa é um mero pretexto, servindo de pano de fundo para personagens planos – com o novato Yakumo falhando em cativar e o lendário Ryu Hayabusa reduzido a uma participação quase cameo. A apresentação visual é inconsistente, com performance fluida e animações impecáveis contrastando com ambientes pobres em detalhes e uma direção de arte sem alma.

Portanto, o veredito é necessariamente dividido. Ninja Gaiden 4 não é um clássico imortal como seus antecessores; é um jogo de altíssimos picos e vales profundos. Se você busca a pura essência do combate ninja, elevada a uma forma de arte moderna e desafiadora, encontrará aqui uma das experiências mais gratificantes do gênero. Mas se valoriza uma jornada coesa, um mundo envolvente e uma progressão variada, encontrará uma estrutura decepcionantemente oca.

Em resumo, é um jogo notável pelo que faz excepcionalmente bem, e fácil de criticar pelo que negligencia. Uma recomendação fervorosa para os puristas da ação, mas uma proposta difícil de defender integralmente como uma obra completa. O espírito de Ninja Gaiden sobrevive em sua maestria combativa, mas ainda aguarda uma nova iteração que iguale essa grandeza em todos os aspectos de sua construção.

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Notas do Jogo
NINJA GAIDEN 4 Capa

Título: Ninja Gaiden 4

Descrição do jogo: A franquia definitiva de ação e aventura ninja está de volta com NINJA GAIDEN 4! Embarque em uma aventura de vanguarda onde a tradição encontra a inovação em uma mistura eletrizante de estilo e combate sem limites.

Gênero: Hack'n Slash e Ação

Lançamento: 20/20/2025

Produtora: PlatinumGames e TEAM Ninja

Distribuidora: Microsoft Corporation

COMPRAR

Nota
7.5/10
7.5/10
  • História - 7/10
    7/10
  • Jogabilidade - 8/10
    8/10
  • Gráficos - 7.5/10
    7.5/10
  • Trilha Sonora e Som - 7.5/10
    7.5/10

Veredito

Ninja Gaiden 4 é um jogo de extremos. Seu sistema de combate é uma obra-prima viciante e técnica, fruto da bem-sucedida união entre Team Ninja e PlatinumGames. No entanto, essa excelência é ofuscada por uma campanha com level design repetitivo, narrativa fraca e visuais inconsistentes. O resultado é uma experiência divisiva: extraordinária para quem busca a pura ação, mas decepcionante para quem valoriza uma jornada coesa. É uma recomendação sólida para fãs do gênero, mas não a obra completa e imortal que a série já foi.

Vantagens

  • Combate frenético, técnico e viciante.
  • Variedade generosa de armas e combos distintos.
  • Dois protagonistas com estilos de luta únicos.
  • Trilha sonora energética e marcante.
  • Performance otimizada e fluida.
  • Opções de dificuldade e acessibilidade amplas.
  • Conteúdo pós-campanha desafiador.

Desvantagens

  • Enredo fraco e personagens pouco desenvolvidos.
  • Level deisgn linear, repetitivo e sem inspiração.
  • Gráficos desiguais e visuais que parecem ultrapassados.
  • Reciclagem frequente de cenários e chefes.
  • Seções de plataforma prolongadas e desinteressantes.
  • Câmera problemática em espaços apertados.
  • Ausência de um reinício rápido para batalhas.

San Moreira
Sanzio Moreira tem 34 anos e é Jornalista, Fundador e Editor-Chefe do PS Verso. Amante da cultura gamer e sempre apaixonado pelo universo. Atuo como jornalista e Content Manager do mercado de games por 6 anos. Tive a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer brasileira.