Review | Hades


hades análise crítica review
9.25/10

Hoje em dia, não é necessário apresentar o que é Hades. Lançado para PCs com acesso antecipado em 2018 e com lançamento em 2020, desenvolvido pela veterana no gênero roguelike e responsável por jogos como Bastion, Pyre e Transistor, a Supergiant Games. Hades é dono de diversos prêmios que provam a sua qualidade nos mais diversos campos, seu maior prêmio foi ser o vencedor de Melhor Jogo Independente na The Game Awards de 2020, depois de ser indicado a 7 outras categorias, Hades é um retumbante sucesso.

 

Agora finalmente chegando as plataformas do PS4 e PS5, Hades ressurge ainda atual e divertido, se apresentando como um jogo atemporal, tanto pelo seu gameplay quanto por sua estética.

Com um tema tão usado, como a mitologia grega, mas com uma linguagem mais atual e moderna, Hades retorna sempre mais forte, como Zagreu no jogo, a ponto de se provar como uma legítima joia da geração.

História

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Primeiro você precisa compreender que a história gira em torno de toda a mitologia grega, com os seus heróis, deuses, semideuses e criaturas mitológicas.

No jogo você é Zagreu, filho de Hades, que trabalha com o pai ajudando a administrar o Mundo Inferior. Cansado da vida ao lado dos maus tratos de seu pai, Zagreu decide escapar do reino do seu pai para conhecer a Terra e o Olimpo. Sabendo dos planos do seu filho, Hades enviando heróis e criaturas do submundo para mandá-lo de volta. Com isso Zagreu contará com a ajuda de sua mãe adotiva Nyx, deusa da noite e esposa de Hades, fornecendo um espelho especial que concede habilidades a Zagreu. Além de Nyx, o herói Aquiles também te ajudará a escapar dos reinos do submundo fornecendo um conjunto de Armas Infernais.

Você não receberá ajuda apenas de seres do Mundo Inferior, mas os deuses do Olimpo, sabendo da sua vontade de escapar dos domínios de seu pai, irão conceder Bençãos (habilidades especiais) para ajudar Zagreu.

A história caminha com Zagreu descobrindo que sua mãe biológica é Perséfone, deusa da terra e agricultura, e a cada encontro irá descobrir a origem de seu nascimento e de sua maldição.

Campanha

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O jogo usa das particularidades do gênero roguelike para desenvolver sua narrativa. A cada fuga e retorno ao Salão Infernal, que serve como hub e ponto de partida do jogo, os personagens do submundo irão sempre revelar detalhes e nuances novos sobre o arco principal e sobre suas narrativas próprias, sempre acompanhando as descobertas de Zagreu e comentando sobre cada jornada do filho de Hades. E é assim que a narrativa se desenvolve. A cada morte na run, novos detalhes sobre a história vão surgindo e a cada tentativa de fuga, novos fatos vão se revelando.

Como sempre retratado na mitologia grega, os deuses do Olimpo são caracterizados com personalidades repletas de vaidade, rivalidades, traições e assuntos não resolvidos e em Hades isso faz parte de todas as partes do enredo. Cada deus irá interagir com você nas Bençãos concedidas e eles irão comentar sobre detalhes da narrativa. Há vários pontos interessantes da relação entre os personagens, como testemunhar a difícil relação de Zagreu com o amor complicado de pai de Hades, o amor maternal e protetor de Nyx, a tensão sexual entre Zagreu e Tânatos e os flertes com Megaira, o drama de Orfeu e vários outros mini arcos narrativos.

Para aqueles acostumados com frases carregadas de linguagem rebuscada quando o tema Grécia Antiga é abordado, o roteiro é de fácil compreensão, mas possui qualidade e não chega a ser raso, se revelando um ponto importante do jogo, não apenas um subterfúgio para justificar o gameplay.

Seu único problema reside em seu desfecho, para aqueles que esperam grandes reviravoltas ou decisões inteligentes de roteiro, Hades não vai te proporcionar nada disso. Pelo contrário, há decisões previsíveis e pelo fato de que você terá que percorrer o mesmo caminho por inúmeras vezes até zerar o final convencional, talvez esse fator possa desmotivar aos poucos quem deseja jogar apenas para testemunhar o desenrolar da história.

Gameplay

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Nessa etapa, já não é segredo em dizer que o jogo é um roguelike. O roguelike é um tipo de jogo que nessa geração acabou tendo inúmeros jogos desenvolvidos. Nele consiste em jogos geralmente de vista isométrica onde os cenários são divididos por mapas gerados de forma aleatória onde a morte é permanente, e Hades usa disso de forma competente.

No jogo, abordando os movimentos básicos, Zagreu possui o Ataque Normal, Ataque Especial, lançar um projétil (Cristal), usar Dash e usar Dash combinado com Ataque Normal. Não se engane com essa pequena gama de movimentos básicos, já que com as várias Habilidades concedidas pelos deuses e as diferentes seis armas, o jogo expande a variedade de opções de gameplay dificilmente visto em um roguelike.

Sabendo dos seus movimentos básicos, é hora de saber mais sobre o funcionamento do gameplay. Você começa no Salão Infernal, que além de servir como artefato de desenvolvimento narrativo, também é um hub e ponto de partida. Nesta área é possível escolher a arma, melhorá-las, escolher parceiros, escolher as lembranças (acessórios diversos que possuem efeitos para ajudá-lo a cada fuga), adquirir itens em tarefas secundárias cumpridas, melhorar atributos diversos no Espelho da Noite e etc.

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Após a preparação, você começa a fuga. Para fugir do Submundo, você terá que passar por três áreas (Tártaro, Asfódelos e Elísio) com diversas “arenas” cada. O jogo já te concede a primeira benção antes de começar a run. As bençãos no jogo são habilidades adicionais concedidas por diversos deuses do Olimpo. São três bênçãos oferecidas onde você só pode escolher uma por vez, mas a cada tela, você possui a chance de escolher outras bênçãos e até combiná-las. Cada deus concede bênçãos diferentes com características próprias, com:

  • Afrodite: Afrodite dá bênçãos que infligem Fraqueza aos oponentes, bem como aumentam a capacidade de sobrevivência.
  • Ares: Ares concede bênçãos que infligem Maldição, onde é criada Lâminas ou aumentam o dano de seus ataques.
  • Artemis: Artemis dá bênçãos que concedem danos Críticos e melhora fundido habilidades.
  • Atena: Atena oferece benefícios que permitem habilidades de Refletir projéteis e melhorar várias opções defensivas.
  • Caos: Dá bênçãos que concedem uma variedade de bônus após infligir um debuff para múltiplos encontros.
    Demeter: Dá benções que adicionam a capacidade de Congelar às habilidades, melhoram a cura e vários debuffs.
  • Dionísio: Concede bênçãos que causam Ressaca, criam Névoa Festiva e aumentam a capacidade de sobrevivência.
  • Hermes: Hermes oferece bênçãos que aumentam sua mobilidade, velocidade de ataque, evasão, capacidades de colisão e recuperação.
  • Poseidon: Poseidon dá benefícios que adicionam Knockback (a cada ataque, empurra o inimigo pra trás) às habilidades e aumentam as recompensas da sala.
  • Zeus: Zeus concede bênçãos que adicionam raios em cadeia às habilidades ou fazem com que os raios atinjam os inimigos próximos.

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Cada mapa de cada bioma possui uma quantidade de monstros diversos que vão escalando dificuldade dependendo do nível em que estiver. Você precisa derrotar esses inimigos para liberar a porta para acessar a próxima área. Nestas áreas possuem algumas armadilhas que podem te ajudar ou atrapalhar como bombas, botões que acionam flechas, espinhos, guilhotinas e raios.

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As seis armas presentes no jogo.

Em geral, cada mapa possui duas opções de porta para você escolher que liberam itens especiais (Artefatos), estes itens são liberados quando você limpar cada sala de inimigos como uma espécie de recompensa e ajudando na área de progressão do seu personagem que podem oferecer desde bênçãos, aumento de saúde (Coração de Centauro), poder de ataque(Poms de Poder), Chaves Ctônicas (moeda de troca para diversos artefatos e habilidades), Escuridão (usado no Espelho da Noite para melhorias de status permanentes), Martelo de Dédalo, Obols que são moedas para comprar itens, acessar a Loja do Caronte e áreas de bônus diversos.

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Hydra, chefe do mapa de Asfódelo.

Dessa forma, cada run te dá a chance de ir progredindo com bênçãos que te ajudam muito em cada fuga, melhorando atributos gerais, poder de ataque, alcance, velocidade e defesa. Além de cada mapa haver a chance de encarar um subchefe, e a cada fim na sua trajetória de escapar do Submundo, você terá que enfrentar seres e figuras mitológicas sob ordem de Hades para te impedir de chegar à superfície, que serão os chefes de cada área. Cada batalha contra chefe possui uma dificuldade balanceada, geralmente provocada pela sua performance durante o gameplay e suas escolhas de artefatos, se revelando mais uma vez um jogo com inúmeras possibilidades de experiências.

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Depois da primeira fuga, o jogo se abre mais um pouco e apresenta novas mecânicas e fatores que vão dificultando a sua jornada para descobrir mais sobre o seu passado. Os inimigos vão possuir camadas extras de saúde, ficarão mais fortes, terão novos ataques e novos inimigos irão surgir. Mas não se acanhe, Hades é um roguelike relativamente fácil com poucos pontos de grande dificuldade, para quem já for habituado ao gênero, a experiência será leve, mas quem não tem esse costume, pode enfrentar dificuldades, especialmente nos chefes do Elísio.

Gráficos

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O jogo possui diversas belas artes produzidas pela talentosa Jen Zee, e faz questão de reverberar esse estilo em todos os cantos do Submundo, se revelando um dos trabalhos mais únicos da geração em aspectos de direção de arte. Fazendo de uso de artes estilizadas com uso de muito preto, cada inimigo e personagem apresentam uma sinergia artística.

Em suma, não é um jogo de grandes gráficos carregados de texturas, partículas e luzes e sim um jogo que passa a sensação de desenhado a mão, com um controle maior sobre o seu estilo gráfico.

Trilha Sonora e Som

A trilha sonora é composta pelo competente Darren Korb, responsável por trilhas de jogos como Bastion, Transistor e Pyre. Com ótimas trilhas sonoras no portfólio, não é dúvida que Hades teria uma.

Com trilhas de um Rock mais moderno misturadas com batidas e músicas mais clássicas, Hades também faz uso de músicas belamente cantadas que fazem parte também de narrativas e arcos próprios de personagens, como Euridice cantando em uma alcova de Asfódelos.

 

Sobre a dublagem, o jogo não possui dublagem em português, apenas legendas. O jogo sendo dublado em inglês possui um trabalho padrão, já que o jogo não possui um trabalho gráfico com gestos e fisionomia, isso pode prejudicar na interpretação dos personagens, mas mesmo assim, a equipe de dublagem consegue fazer um trabalho digno ao interpretar e diferenciar cada deus e figura mitológica dando vida a apenas imagens.

Vale a Pena?

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Hades é um jogo que revela que com pouco recurso é possível fazer um jogo incrível tanto em aspectos de conceito e quanto em aspectos de diversão. Apresentando um desafio balanceado, com diversas mecânicas que incrementam e existem apenas para aplicar ainda mais diversão ao jogador, ao invés de complicar ou dificultar o pleno uso de um excesso de mecânicas que vários jogos da indústria teimam a implementar, ele é simples e cheio de possibilidades, como um gênero roguelike deveria ser.

Com uma história simples e um pouco decepcionante, Hades aplica pequenas reinvenções da mitologia grega e possui um bom roteiro de personagens, mas carecia de uma melhor narrativa, nem tanto como ela se desenvolve, mas como ela se desenvolve indo para um desfecho básico e previsível.

Em aspectos técnicos, Hades também é simples, mas com muita personalidade. Se apresentando um jogo fruto de uma ideia concreta e um projeto com firmeza de convicções com um estilo inconfundível.

Para aqueles que nunca jogaram um jogo do gênero roguelike, joguem. Hades é um jogo que serve como um ótimo pontapé inicial para os novatos. Não se preocupando tanto em ser extremamente difícil e sim um jogo que se preocupa em ser divertido aplicando uma dose padrão de dificuldade. Em cada tentativa de fuga, uma nova mecânica vai se revelando, uma nova experiência surge, novas estratégias vão sendo usadas e quando você se der conta, você estará preso no Submundo junto com Zagreu, mas por vontade própria.

Notas do Jogo
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Título: Hades

Descrição do jogo: Hades é um jogo roguelike que combina os melhores aspectos dos títulos da Supergiant aclamados pela crítica, incluindo a ação rápida de Bastion, a rica atmosfera e profundidade de Transistor e a narrativa baseada em personagens de Pyre.

Gênero: Ação

Lançamento: 13/08/2021

Produtora: Supergiant Games

Distribuidora: Supergiant Games

COMPRAR

Nota
9.3/10
9.3/10
  • História - 7/10
    7/10
  • Jogabilidade - 10/10
    10/10
  • Gráficos - 10/10
    10/10
  • Trilha Sonora e Som - 10/10
    10/10

Veredito

Para aqueles que nunca jogaram um jogo do gênero roguelike, joguem. Hades é um jogo que serve como um ótimo pontapé inicial para os novatos. Não se preocupando tanto em ser extremamente difícil e sim um jogo que se preocupa em ser divertido aplicando uma dose padrão de dificuldade. Em cada tentativa de fuga, uma nova mecânica vai se revelando, uma nova experiência surge, novas estratégias vão sendo usadas e quando você se der conta, você estará preso no Submundo junto com Zagreu, mas por vontade própria.

Vantagens

  • Gameplay divertido
  • Combate frenético
  • Progressão recompensadora
  • Fator replay alto e viciante
  • Personagens bem construídos
  • Visual e direção de arte únicos

Desvantagens

  • Narrativa simples e previsível

San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.

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