Análise | Ghost of Tsushima


Anunciado em 2017 no evento da Paris Games Week, Ghost of Tsushima causou uma grande comoção por abordar um conceito de jogo há muito tempo esquecido e muito ansiado, um jogo de mundo aberto abordando a história do Japão feudal. Já é de conhecimento de vários jogadores que o mercado necessitava de um jogo de mundo aberto em um universo japonês e muitos esperavam que viria primeiro das mãos da Ubisoft, usando a franquia Assassin’s Creed. Os anos foram passando e a Ubisoft não se apresentava muito interessada na ideia. Foi então que a Sucker Punch, famosa por desenvolver jogos da franquia Infamous, surpreendeu à todos e apresentou ao mundo a história de um samurai que precisa se despir de todos os conceitos e tradição dos quais foi ensinado para salvar a sua ilha contra a invasão dos mongóis. Surge então Ghost of Tsushima.

“Lama, Sangue e Aço!”

Depois de dois adiamentos, vídeos destacando jogabilidade, informações adicionais e uma homenagem a Kurosawa, Ghost of Tsushima foi finalmente lançado no dia 17 de julho, começando a sua jornada para salvar a ilha de Tsushima.

História

O que você faria se o seu inimigo conhecesse todas as suas fragilidades e as explorasse de forma desleal? O que você faria se a sua família, amigos, povo e a sua terra natal fosse dizimada, escravizada e tomada por inimigos explorando o seu código de moralidade em batalha a tornando a sua principal fraqueza. Você escolheria morrer, sacrificando o seu povo e sua ilha em nome da honra ou usaria as mesmas táticas desleais em batalha contra o seu inimigo e salvar vidas? Esse é  grande ponto da narrativa de Ghost of Tsushima e o conflito moral que permeia Jin Sakai e seu tio, Lord Shimura.

Jin Sakai é o protagonista do jogo, um descendente do clã Sakai. Jin é filho do grande samurai Kazumasa Sakai, do qual testemunhou a sua morte em batalha quando criança e cravou traumas profundos não resolvidos. Com a morte de seu pai, ele foi “adotado” por seu tio, Lord Shimura, que se trata do Lorde Supremo de Tsushima, designado pelo Xogunato. Seu tio se encarregou de cuidar de Jin e o treinou e trilhou todos os caminhos de um samurai honrado.

Os samurais no período do Japão feudal tratavam de funções militares e serviam de soldados do Xogunato. Eles seguiam um código de honra chamado de Bushidô (caminho de guerreiro) onde seguiam rigidamente os conceitos de disciplina, lealdade, honra até a morte, habilidade com a espada katana e coragem extrema diante de qualquer situação.

“Tradição. Coragem. Honra. Nós somos feitos disso!”

O jogo começa situado na Ilha de Tsushima no final do século XIII, o exército do Império Mongol, sob o comando do desleal Khotun Khan começa uma invasão com o intuito de conquistar todo o Oriente e a Ilha de Tsushima é o que os separa do Japão continental. Lorde Shimura envia toda a frota de samurais da ilha (cerca de 80), junto de Jin Sakai, para combater a feroz tropa de mongóis (cerca de milhares) e são apresentados com uma nova realidade que rompe com todo o conceito de honra do qual conheciam, os mongóis não se importam com respeito e lealdade em batalha e queimam vivo Lorde Adachi em uma terrível tentativa dos samurais desmoralizarem a frota dos mongóis. Ali dá início ao massacre da frota inteira de samurais de Tsushima. Jin, com toda a frota de Tsushima dizimada, na busca de salvar seu tio é flechado várias vezes nas costas por mongóis e cai desacordado. Lorde Shimura é levado vivo para Khotun Khan que propõe um acordo de pacificação, ele cede a Ilha de Tsushima para os mongóis e o povo da ilha é poupado do massacre, por honra, Lorde Shimura se nega às condições e é mantido preso até que mude de ideia.

shimura khotun khan

Jin acorda com as feridas tratadas por Yuna, uma ladra que escondeu Jin dos mongóis. Vale ressaltar que os ladrões em Tsushima são antagônicos aos samurais, já que além de serem criminosos, usam de técnicas de furtividade que são demonizadas pelos samurais por não enfrentarem os inimigos frente a frente. Curiosamente é nas técnicas de furtividade de Yuna que Jin vê a chance de derrotar as tropas de Khotun Khan e salvar o povo de Tsushima, ali dá o início ao surgimento do Fantasma, um samurai influente que era dado como morto e renasce temido usando de técnicas proibidas no seu meio para derrotar o exército de mongóis e aos poucos acaba adquirindo o respeito da ilha.

A história da campanha principal não possui grandes reviravoltas, nem acontecimentos que marcarão a história dos games. A história principal foca apenas no conflito interno de Jin e logo depois com o Lorde Shimura sobre honra. Sozinha a campanha principal é comum e até mesmo pobre de contexto, apelando para alguns clichês narrativos de filmes japoneses. O vilão da história, Khotun Khan, não brilha e nem tampouco se tornará alguém a ser lembrado, ele se destaca pela inteligência ao explorar as fraquezas do código de honra japonês, mas sua atuação no jogo é irrelevante pra levar a narrativa pra frente. Diria que para ter uma dimensão maior da narrativa do jogo e complementá-la, sugiro que joguem Ghost of Tsushima em conjunto das missões secundárias, que te darão um contexto muito rico e claro dos acontecimentos. A Ilha de Tsushima, sim é a personagem que carrega o jogo e para entender ainda mais sobre esse ponto na história do Japão, é importante entender como a ilha se comportou.

Logo depois de ser salvo, o jogo te dá a liberdade de vasculhar a vastidão do mapa da ilha e escolher qual será a sua direção, se vai atrás da missão principal ou nas riquíssimas missões secundárias que o jogo possui e são elas que preciso detalhar melhor.

Missões Secundárias

O jogo possui dois tipos de missões secundárias, que são, Contos de Tsushima e Míticas. Os Contos de Tsushima são missões dadas por habitantes de Tsushima e por personagens importantes que engrandecem ainda mais a narrativa da história que são:

  • Yuna: A ladra já mencionada que salva Jin. Ela procura seu irmão mais novo, Takka, para fugir da ilha.
  • Masako Adachi: Uma arqueira habilidosa, é a cabeça do Clã Adachi, ela procura o mandante que enviou mongóis para assassinarem a sua família inteira.
  • Sadanobu Ishikawa: Um samurai arqueiro renomado que serviu o Clã Nagao. Ishikawa treinou uma órfã no “Caminho do Arco”. Essa aprendiz o traiu e passou todos os ensinamento dados para os mongóis e se tornou uma líder de mongóis massacrando o próprio povo de Tsushima. Ele pede a sua ajuda a fim de encontrá-la e pará-la.
  • Norio: Um dos poucos remanescentes dos monges guerreiros do Templo de Cedar. Norio pede a sua ajuda para recuperar os templos das mãos dos mongóis e vingar a morte do seu irmão, Enjo.
  • Kenji: O único alívio cômico do jogo. Kenji é o trambiqueiro de Tsushima. Geralmente as missões dele consistem em livrar alguém de alguma roubada em que ele meteu a pessoa.

Cada personagem (que ajudarão na campanha principal na retomada de Tsushima) possui uma quantidade média de 9 missões e cada missão engrandece a narrativa do jogo, chegando a superar algumas vezes até mesmo a história da campanha principal, oferecendo algumas reviravoltas e dando mais background narrativo a cada personagem.

yuna ghost of tsushima
A salvadora de Jin Sakai e a inspiração para o Fantasma.

Os Contos da Adachi, Ishikawa e Norio são de longe os contos que mais se destacam. Oferecendo tragédias distintamente diferentes e aprofundamento pessoais, cada personagem carrega consigo uma trauma provocado pela invasão dos mongóis. É interessante ver a desconstrução de cada personagem ao desenrolar de suas histórias pessoais e vê-los crivelmente humanos frente ao desespero de suas perdas.

Já os contos comuns, dados por locais da ilha englobam missões de perseguição, salvar reféns, invasão de acampamentos de mongóis e investigar e descobrir a morte de entes queridos. Mas cada tipo de missão possui sempre uma razão de existir, possuindo narrativas próprias condizentes com a situação de uma terra e um povo sendo massacrado por invasores.

Os Contos Míticos se tratam de missões especiais que sempre possuem um contexto histórico misturado com folclore japonês, sempre dando um teor de fantasia no seu contexto. Essas missões geralmente se diferem por necessitar de um recurso de gameplay novo, como uma espécie de “caça-ao-tesouro” usando um mapa, duelo debaixo de uma chuva de relâmpagos ou investigação dentro de uma floresta coberta de neblina. Essas missões te dão ataques especiais realmente uteis em batalha que estimulam o interesse do jogador a sempre procurar mais e mais delas.

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Todos os contos míticos possuem uma narrativa contada usando sempre desenhos feitos em nanquim.

Ghost of Tsushima faz o que muitos jogos de grandes estúdios ainda não conseguiram. O jogo conseguiu mesclar a campanha principal com as missões secundárias de uma forma única, não inserindo missões paralelas inúteis – como achar gatinhos – dentro de um contexto traumático da história japonesa. Todas as missões consistem em dar um contexto maior sobre o impacto e o massacre que os habitantes da ilha de Tsushima sofreram durante a invasão que vão de tráfico de humanos, traição, escravização, fome, invasão de propriedades, infanticídio, vandalização da cultura e religião japonesa e muitos mais.

“Você não tem honra, Jin!”

“E você se tornou escravo dela.”

Gameplay

Ghost of Tsushima segue os mesmos moldes dos grandes jogos de mundo aberto da PlayStation Studios. Jin é capaz de correr, pular, andar a cavalo, tocar flauta, desferir golpes de espada (possui 4 instâncias), escalar, jogar kunais, bombas de fumaça, bombas explosivas e aderentes, uso de zarabatanas, atirar com arco-e-flecha, andar agachado, se esconder em vegetação alta, usar ganchos para subir em casas e se pendurar em galhos de árvore.

Ghost of Tsushima abandona o uso de recursos gráficos usados em grandes jogos para guiar os jogadores para objetivos e faz uso de um recurso mais crível que é o Vento Guia. Ao marcar um local no mapa, o vento irá soprar na direção do objetivo marcado, dando mais imersão ao gameplay, mas não só de vento o jogador terá como recurso visual para achar localizações, o jogo oferece uma gama gigante de recursos. Ao avistar uma coluna de fumaça preta no céu, o jogador terá a certeza que lá tem algum acampamento mongol, assim como avistar uma coluna de fumaça branca significa fontes termais onde você pode ganhar aumento na barra de saúde, missões dadas por moradores. Além disso, dois animais também fazem as vezes de ajudantes e guiarão você a objetivos distintos como as raposas que irão te guiar aos Santuários de Inari te dando upgrades e espaços adicionais para amuletos e os sempre úteis pássaros amarelos, que surgem no mapa à medida que você esteja próximo de itens de customização, bases inimigas, fontes termais, missões, tocas de raposa e etc.

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O Vento Guia se revela como um recurso útil.

Por ser um jogo da desenvolvedora de Infamous, que tinha como mecânica o parkour, Ghost of Tsushima deve nesse sentido. Não é possível escalar qualquer coisa, a mecânica é meio esquisita ao tentar subir em marquises de casas e pontos de apoio em rochas predeterminadas. Jin não se pendura em bordas, ou você fica na plataforma ou cai, não tem meio termo. Para um jogo que propõe uma mecânica de furtividade vertical, o jogo falha em não adotar essas soluções fáceis que todos os jogos do gênero possuem como padrão. Até descer de uma pequena pedra o jogo dificulta.

Árvore de Habilidades e Customizações

arvore de habilidades ghost of tsushima

Como todo grande jogo dessa geração, ele possui diversos elementos de RPG, mas não segue o padrão de níveis do gênero, ele adota como progressão de gameplay as mecânicas de árvore de habilidades, onde você precisa completar uma quantidade de missões ou mesmo encontros aleatórios com mongóis para encher uma barra do nível de Lenda para conseguir pontos. Cada ponto ganho você pode desbloquear em várias árvores de habilidade (Samurai, Estâncias e Fantasma) detalhadas abaixo:

1. Samurai

As técnicas de Samurai incluem deflexão, evasão, exploração e técnicas míticas.

  • Deflexão: São técnicas usadas para contra-atacar espadas, flechas, lanças, ataques mais pesados.
  • Evasão: Técnicas usadas para fuga e esquiva como a habilidade rolar, ataques em movimento, ombradas e outras.
  • Exploração: Técnicas onde você usa o Vento Guia para achar determinadas localizações de registros, tocas de raposa, fontes termais e etc.
  • Técnicas Míticas: Domine as lendárias artes de combate. Você precisa derrotar inimigos específicos que são mestres na técnica que deseja aprender. Esses mestres são encontrados nos Contos Míticos.

2. Estâncias

O jogo usa do recurso de Nioh e o jogador pode aprender quatro estâncias diferentes de espada. Cada estância Jin assume uma postura diferente com golpes diferentes a serem aprendidos a fim de derrotar tipo de mongóis com armas específicas.

  • Estância da Pedra: Eficaz contra espadachins. Ataques pesados causam dano de atordoamento extra.
  • Estância da Água:  Eficaz contra escudeiros. Ataques pesados causam dano de atordoamento extra.
  • Estância da Lua: Eficaz contra lanceiros. Ataques pesados causam dano de atordoamento extra.
  • Estância do Vento: Eficaz contra inimigos grandes. Ataques pesados causam dano de atordoamento extra.

3. Fantasma

Técnicas fantasmas incluem armas fantasmas e táticas de furtividade.

  • Armas Fantasma: Incluem o uso e melhorias de kunais, bombas de fumaça, bombas explosivas e bombas aderentes.
  • Táticas em evolução: Incluem uso e aumento de desaceleração do tempo ao mirar o arco, escuta de inimigos, uso de arco-e-flecha, assassinato em cadeia e etc.

E não só de árvore de habilidades Ghost of Tsushima oferece como mecânica de progressão, já que é possível melhorar  e mudar as cores de armaduras (onde você precisa farmar aço, couro, bambu, madeira, ferro, suprimentos, flores pelo mapa) ganhas ao completar missões principais e paralelas, um uso gigantesco de amuletos de efeitos variados que oferecem melhorias e efeitos diversos como aumentar poder de ataque, defesa, detecção dos inimigos e muitos outros.

O jogo não se furta ao oferecer um sistema de progressão divertido onde se inicia desde a obtenção em missões bem estruturadas até na ponta oferecendo uma extensa variedade de opções a serem melhoradas, estendendo a vida útil do jogo sem forçar o jogador a busca de cosméticos e colecionáveis sem sentido.

Sistema de Combate

O jogo nesse sentido é bem simplista. O jogo só se diferencia com o uso das estâncias que o jogador precisa ficar trocando contra vários tipos de inimigos, uma barra de equilíbrio que funciona de forma semelhante a Sekiro, mas não tão determinante ao gameplay quanto e umas bolinhas amarelas (a determinação) que são usadas ao se curar e realizar ataques míticos.  Você pode optar pelo modelo de gameplay do Samurai (enfrentar inimigos com grandes combates frente a frente) ou Fantasma (onde você utiliza de recursos de furtividade). O jogo não te obriga a adotar um modelo e deixa na mão do jogador a decisão de quando e como usá-los. O modelo de samurai oferece os duelos famosos, onde quem sacar primeira a espada, ganha e o modelo Fantasma oferece a possibilidade de matar inimigos por trás.

combate ghost of tsushima
Cada acampamento, há um líder mongol onde você precisa duelar para conquistar.

Por ser simplista, combate corpo a corpo é fluído e divertido, não oferece grandes dificuldades, mas se complica ao lutar com um grupo numeroso de uma vez, já que a câmera se mantem fixa em Jin e não é possível travar a mira em inimigos, deixando inimigos fora da tela deixando a visão do jogador confusa. Geralmente você se vê obrigado a se distanciar do meio da confusão de inimigos em tela e recomeçar a luta. Apesar da Sucker Punch ter esclarecido que a falta de travamento de mira seja intencional para simular a dificuldade de samurais ao combater um grande número de inimigos, esse “problema” acaba desorientando o gameplay do jogador e talvez um aumento da dificuldade poderia atingir o mesmo objetivo proposto. Além disso, vou externar outra reclamação, a mira de sniper dos arqueiros mongóis, que conseguem te acertar a qualquer distância e em pleno ar.

furtividade fantasma ghost of tsushima
Jin como Fantasma é temido pelos mongóis.

Ao jogar usando de furtividade, não é dos melhores jogos nesse sentido, já que a inteligência artificial inimiga é ruim e não oferece grandes desafios ao jogador. Os inimigos desistem rápido de te procurar, possuem uma visão de detecção quase cega e se movimentam de forma amadora, mesmo alertados. Um jogador mais experiente em jogos stealth poderá ficar entediado e querer desistir desse recurso de gameplay e um jogador menos experiente pode até achar divertido pela facilidade empregada.

Um Mundo Aberto Invejável

mapa ghost of tsushima

A estrela da história é a Ilha de Tsushima e a estrela do gameplay também é. Um dos trabalhos mais competentes dessa geração, a Sucker Punch criou um mapa crível, dando sensação ao jogador de estar realmente em um lugar real, não uma sandbox burocrática com localizações inúteis e sem inspiração. Serão incontáveis momentos onde você irá se perder do destino de uma missão e desviar o caminho para chegar até um ponto de interesse que você avistou durante o caminho, o mapa tem uma imersão que só jogos como The Witcher, Zelda Breath of the Wild e Red Dead Redemption 2 conseguiram fazer nesta geração. Não é dos maiores mapas dos games, mas ele é tão completo, com pontos de interesse (Santuários Inari, fontes termais, vilas, fazendas, cidades, acampamentos, cavernas tão bem espalhados que te deixa a sensação de ser gigantesco por ter muita coisa o que fazer nele.

Além disso, o jogo possui a presença de Santuários Xintoístas, que podem desbloquear pontos de determinação. Esses santuários possuem uma mecânica interessante, já que eles geralmente não são de fácil alcance. Ao subir em cada um, é proposto ao jogador de forma orgânica uma proposta de jogos de plataforma, onde Jin terá que saltar e escalar grandes rochas, usar gancho e se equilibrar em troncos para conseguir chegar no topo do santuário, fãs de jogos de plataforma podem se divertir, por falar em escalar, o jogo não possui uma mecânica muito boa nesse sentido.

O mapa possui várias características, de campos verdejantes a campos nevados, de florestas densas a florestas queimadas, o mapa não para de te surpreender a cada minuto, seja na versatilidade de biomas a novos pontos de interesse.

Gráficos

grafico ghost of tsushima

Primeiramente é importante salientar que o que mais se destaca em Ghost of Tsushima é o trabalho da direção de arte. Sem dúvida nenhuma é um dos trabalhos mais primorosos da geração nesse sentido, já que é sim um jogo bonito, colorido, com belas construções históricas, com paisagens únicas, uma identidade visual marcante que mascara problemas técnicos de texturas e animações.

paisagem grafico ghost of tsushima

Como relatado, o jogo possui dos mais variados tipos de paisagens e tudo com um visual marcante e bonito, méritos da direção. O jogo possui florestas repletas de árvores com as mais variadas cores (amarelo, vermelho, verde, brancas e azuis). Lindos campos repletos de flores coloridas, oferecendo um impacto visual único ao cavalgar por elas, dando a sensação sempre de estar testemunhando um jogo épico. Há pântanos, regiões alagadas, montanhas, praias, plantações, cidades, vilarejos, casas abandonadas, santuários, florestas de bambu e cachoeiras. Outro ponto importante a se destacar é a velocidade do carregamento, que é muito rápido. Ao usar viagens rápidas, o jogo chegava a demorar míseros 4 segundos de um ponto do mapa para outro, um avanço notável, mas à media que o jogo foi recebendo atualizações, esse tempo foi aumentando um pouco.

flores grafico ghost of tsushima

Um dos destaques do jogo em termos de objetos e que parte de uma escolha de direção, são as folhas e gramas do jogo. Você passará por florestas forradas de folhas que possuem animações próprias, que balançam com o vento e que caem das árvores oferecendo um espetáculo visual, assim como as gramas, que lembram muito a dinâmica da grama em Zelda Breath of the Wild, mas nem tudo são flores, o jogo enfrenta alguns problemas técnicos não esperados nesse fim de geração, principalmente em ambientes com envolvem água e neve.

O jogo possui muitas texturas ruins. As pedras quase não tiveram tratamento texturizado, sempre as deixando com aspecto lavado e a água (cachoeiras, rios e mar) possuem um trabalho bem ruim para um jogo AAA de final de geração. As quedas de água são simplistas e os lagos e mar são só uma linha colorida delimitada entre chão e água, quase não possuem ondulações e animações próprias, salvo em algumas praias que o mar chega a bater nas rochas da costa, mas não indo nada além disso.

textura ghost of tsushima

Outro fator negativo são os ambientes de neve, que oferecem paisagens totalmente brancas, com pouco contraste e até mesmo em texturas, deixando a sensação de um campo em branco lavado. A animação dos rastros deixados na neve por Jin também sofrem de melhor tratamento, se tornando um trabalho inferior as animações em Red Dead Redemption 2 e The Last of Us Part 2. Além disso, algumas trilhas onde neve e lama se misturam quase não possuem texturas.

neve ghost of tsushima

Indo para animações, outro trabalho inferior são das animações de rosto dos personagens, tanto NPCs quanto personagens importantes da narrativa não possuem os melhores trabalhos nesse sentido, ficando inferior a trabalhos como Final Fantasy VII Remake, Days Gone e The Last of Us Part 2, oferecendo por algumas vezes feições duras e pouca expressivas, prejudicando por algumas vezes momentos chave da história.

Falando sobre bugs, não testemunhei nenhum gritante ou que prejudicasse a minha gameplay, apenas testemunhei um ocorrido que foi “resolvido” pelo corpo de desenvolvimento. Alguns objetos do cenário, como pedras e lápides, não possuem dinâmica de colisão, então ao pular neles, Jin fica praticamente travado em cima do objeto como se estivesse caindo sem ativar a animação de pouso, então o jogo simplesmente reinicia sozinho no ponto antes da sua queda, não o deixando travado no bug. É um problema ruim existente, que os desenvolvedores sabem da existência, mas decidiram resolver da forma mais fácil, mas não a mais correta, já que se há objetos no cenário sem colisão, seria ideal que criassem a colisão para evitar esse tipo gambiarra.

Ao todo, o trabalho gráfico em aspectos técnicos em Ghost of Tsushima carecem de maior tempo de desenvolvimento, com problemas fáceis de serem resolvidos e que talvez precisariam de maior tempo para acertá-los, mas com a extremamente competente direção de arte do jogo, Ghost of Tsushima se torna um jogo bonito, com uma paleta de cores vibrante em certos momentos e um jogo inspirador que ensina que nem sempre gráficos belos são necessários para se ter um jogo bonito, mas uma direção artística competente pode ajudá-lo a chegar a resultados impressionantes. Você pode achar que estou forçando, mas aconselho que jogue para testemunhar o que estou relatando, a direção salvou graficamente o jogo.

Trilha Sonora e Som

Com trilha sonora composta por Ilan Eshkeri (compositor de 47 Ronin e Kickass) e Shigeru Umebayashi, Ghost of Tsushima brilha ainda mais. Com o uso de instrumentos musicais da época, como Biwa (um instrumentos de cordas), Shakuhachi (instrumento de sopro oriental) e Taiko (tambor), o jogo consegue garantir a imersão necessária para o jogador, com músicas belíssimas japonesas, variando trilhas tristes com o uso de flautas e épicas, com batidas de tambor e ritmo acelerado. Ghost of Tsushima consegue criar uma marca com a sua trilha sonora única, presenteando com músicas dramáticas, como a The Way of the Ghost e épicas como o tema de Jin Sakai.

Sobre dublagem, eu joguei com a dublagem japonesa, Jin Sakai é dublado pelo mesmo dublador de Roronoa Zoro, do anime One Piece e não há como tecer críticas à dublagem japonesa, que dá um show, mas a crítica é direcionada à equipe de animação, que inseriu a sincronização labial da dublagem em inglês, prejudicando o lypsinc de outras dublagens. Logo após terminar a campanha, joguei algumas horas com a dublagem em português, que também faz um trabalho extremamente competente, como sempre, seja qual for a dublagem escolhida pelo jogador, ela não será prejudicada por alguma perda de qualidade dos dubladores, nesse quesito a escolha permanece apenas de preferência, quem quer imergir pela experiência de forma mais natural possível, sugiro a japonesa.

“Dosho! Dosho!!”

Vale a Pena?

ghost of tsushima analise

Sim, e muito. Ghost of Tsushima oferece uma experiência semelhante a jogos de Assassin’s Creed, mas feita da forma mais correta possível com extremo cuidado aos detalhes. Acima de acompanhar a história de Jin Sakai, Ghost of Tsushima é acima de tudo um jogo sobre a ilha, sobre as dificuldades de um povo, sua cultura e sobre sobrevivência. Se a história da campanha principal não chega a surpreender, a história do universo criado compensa pela quantidade de detalhes e informações fornecidas. O entorno enriquece a narrativa e os personagens são exemplificações humanas do desespero de perdas irreparáveis frente à dominação e destruição de tudo o que acreditam. Se The Last of Us Part 2 nos dá os resultados do ciclo de violência, Ghost of Tsushima nos mostra que nem todos estão dispostos a interrompê-lo e é necessário abdicar de crenças e conceitos morais para salvar quem você ama.

Com um gameplay divertido, mas nada inventivo, o jogo te dá um desafio moderado, compensado com um sistema robusto de customizações e de progressão que proporcionam horas de jogatina. As missões dão lição a grandes estúdios de como introduzi-las na história para servirem à narrativa e não atrapalhá-la, como a intensa maioria. O mapa pequeno, mas ao mesmo tempo, grande, proporciona sempre coisas a serem feitas

Um combate divertido, uma furtividade sem brilho, missões que superam a maioria dos jogos, uma inteligência artificial problemática, uma linda direção de arte, texturas inexistentes, trilha sonora épica e sincronização labial errática, Ghost of Tsushima é um jogo de altos e baixos, mas ele nos ensina que a primazia em aspectos técnicos são importantes, mas o que é de mais essencial o jogo entrega, é um dos jogos mais divertidos da geração, isso nenhum aspecto técnico consegue tirar.

Notas do Jogo
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Título: Ghost of Tsushima

Descrição do jogo: No final do século XIII, o império mongol devastou nações inteiras durante sua campanha para conquistar o Oriente. A Ilha de Tsushima é tudo o que está entre o Japão continental e uma enorme frota invasora mongol comandada pelo implacável e sagaz general Khotun Khan. À medida que a ilha queima na esteira da primeira onda do assalto mongol, o guerreiro samurai Jin Sakai mantém-se como um dos último membros sobreviventes de seu clã. Ele está decidido a proteger seu povo e recuperar seu lar, independente do que aconteça, custe o que custar. Será preciso romper com as tradições que o tornaram um guerreiro para forjar um novo caminho do Fantasma e declarar uma guerra incomum pela liberdade de Tsushima.

COMPRAR

Nota
9.3/10
9.3/10
  • História - 8.5/10
    8.5/10
  • Jogabilidade - 10/10
    10/10
  • Gráficos - 8.5/10
    8.5/10
  • Trilha Sonora e Som - 10/10
    10/10

Veredito

Sim, e muito. Ghost of Tsushima oferece uma experiência semelhante a jogos de Assassin’s Creed, mas feita da forma mais correta possível com extremo cuidado aos detalhes. Acima de acompanhar a história de Jin Sakai, Ghost of Tsushima é acima de tudo um jogo sobre a ilha, sobre as dificuldades de um povo, sua cultura e sobre sobrevivência. Se a história da campanha principal não chega a surpreender, a história do universo criado compensa pela quantidade de detalhes e informações fornecidas.

Um combate divertido, uma furtividade sem brilho, missões que superam a maioria dos jogos, uma inteligência artificial problemática, uma linda direção de arte, texturas inexistentes, trilha sonora épica e sincronização labial errática, Ghost of Tsushima é um jogo de altos e baixos, mas ele nos ensina que a primazia em aspectos técnicos são importantes, mas o que é de mais essencial o jogo entrega, é um dos jogos mais divertidos da geração, isso nenhum aspecto técnico consegue tirar.

Vantagens

  • Um dos melhores mundos abertos da geração;
  • Direção de arte invejável;
  • Melhor uso de missões secundárias da geração;
  • Gameplay muito divertido;
  • Trilha sonora imersiva;

Desvantagens

  • Inteligência artificial dos inimigos ruim;
  • Modo furtivo fraco;
  • Texturas gráficas ruins em terrenos;
  • História da campanha principal protocolar;
  • Sincronização labial inexistente;

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San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.

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