Análise | Deus Ex: Mankind Divided


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7.38/10

Lançado no longínquo ano de 2016 e desenvolvido pela Eidos Montreal, Deus Ex: Mankind Divided é o quarto jogo principal de uma franquia iniciada em 2000 e a sequência direta de Human Revolution. Deus Ex é uma franquia com tema cyberpunk, possuindo o gênero de RPG de ação, em primeira pessoa focado no stealth que possui uma narrativa com temas sempre atuais, tramas recheadas de conspiração e uma mensagem clara, a franquia não se furta de deixar explícito a dificuldade de aceitação do diferente onde humanos e aprimorados não se aceitam.

O jogo anterior da franquia, Human Revolution, recebeu relativo sucesso e adquirindo um interesse maior do público. Apresentando uma narrativa que trazia como tema central algo pouco abordado na indústria, o transhumanismo. O transhumanismo parte do pressuposto do uso da ciência e tecnologia para melhorar a condição humana. Com o uso de biotecnologia, nanotecnologia e neurotecnologia, o transhumanismo visa aumentar capacidades físicas, cognitivas e psicológicas por meio de aprimoramentos tecnológicos como próteses de mãos, braços, pernas, olhos e o que for possível ser trocado. No mundo de Deus Ex, essas pessoas que possuem algum aprimoramento são chamados de aprimorados e há uma tensão entre os humanos, que não possuem nenhum aprimoramento no corpo. Acontece que no fim de Human Revolution algo terrível acontece e, movido a interesses políticos, os aprimorados receberam um sinal nos seus biochips e despertaram comportamentos assassinos, matando vários humanos e causando um massacre. Esse dia ficou conhecido como o “Incidente dos Aprimorados” e é a partir daí que a história de Mankind Divided começa.

História

Você é Adam Jensen, um ex-membro da SWAT que sofreu um acidente terrível que quase te levou a morte. Com membros e órgãos internos comprometidos, Jensen sofreu diversos aprimoramentos bióticos das indústrias Sariff e se tornou um androide super aprimorado, uma espécie de Robocop. Adam Jensen sofre um conflito moral por dentro, já que ele não pediu por esses aprimoramentos, mas sabe que sem eles estaria morto e terá que conviver em um ponto da história da humanidade onde ele não e benvindo. Hoje Adam Jensen trabalha em uma célula antiterrorista da Interpol, a Força-Tarefa 29.

Depois do “Incidente’, os aprimorados pouco a pouco vão sendo mais segregados, uma paranoia se instala na sociedade e uma guerra civil velada cresce no mundo. Os humanos não se sentem mais seguros com os aprimorados, e com a insegurança episódios de preconceito vão crescendo e direitos civis vão sendo tomados dos aprimorados. Os aprimorados, acuados, vão se movimentando e se tornando mais hostis aos humanos e vão formando grupos de resistência, onde precisam se tornar mais combativos a fim de protegerem a si mesmos.

Jensen, sendo um colaborador do Coletivo Jaganata, uma espécie de coletivo de hackers, decide descobrir quem foi o responsável pelo Incidente enquanto precisa descobrir as razões de recentes bombardeios que vão surgindo em Praga como o atentado do início do jogo na estação de trem onde encontra um outro nível de Aprimorados. À medida que Jensen percorre salas, prédios e locais abandonados, ele acaba descobrindo uma teia de conspirações que ele jamais imaginou.

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Jensen descobre segredos escondidos dos seus aprimoramentos enquanto tenta entender a razão de recentes incidentes.

Tendo um panorama geral da história, Deus Ex Mankind Divided segue o belo roteiro padrão da franquia, com muita informação do todo em registros, e-mails e jornais espalhados por todos os cantos. A história possui muitos detalhes e apresenta uma trama muito madura e coesa. Instigando tensão e levando o jogador a querer descobrir, junto de Jensen, quem estaria por trás do Incidente e até mesmo duvidar das intenções de personagens próximos ao protagonista.

Se por um lado a maturidade da condução narrativa é um ponto positivo, por outro ela pode frustrar e confundir a cabeça de um jogador não tão interessado em uma enxurrada de informações, nomes e termos envolvidos em uma trama política. Deus Ex Mankind Divided até tenta ajudar o jogador que não acompanhou o primeiro jogo com um vídeo de 12 minutos apresentando toda a narrativa de Human Revolution, mas na medida que o jogo inicia, o roteiro não alivia, e acaba jogando muitos nomes de empresas, organizações, personagens e os mistura dentro de conspirações políticas. O jogo passa longe de ter um roteiro complexo, mas acaba se tornando difícil de acompanhar todos os detalhes sem ter que recorrer à memória e se sentir um pouco perdido.

Missões Secundárias

Acompanhando o bom roteiro, as missões secundárias envolvem questões do submundo do universo de Deus Ex. Seja invadir instalações de chefes do crime em esgotos, ir à caça de um serial killer de Aprimorados e a procura de um jornal que resiste o controle do governo sobre a mídia, as missões secundárias de Deus Ex não são uma perda de tempo, apesar de serem poucas, as que existem proporcionam um ótimo background narrativo a verossimilhança do universo e são instigantes de acompanhar.

Gameplay

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O jogo continua em primeira pessoa, mas não alivia pra quem decide sair atirando em tudo.

Mankind Divided segue os mesmos passos de Human Revolution em questão de gameplay. Você pode correr, andar agachado, pular (um recurso pouco usado em jogos stealth, mas realmente útil aqui para chegar em áreas que servem como atalhos), atirar, hackear computadores, portas, alarmes, torretas, câmeras de vigilância e robôs. É um jogo de exploração e stealth em primeira pessoa, mas ao contrário do primeiro jogo, ele força que o jogador seja menos combativo com os inimigos e mais furtivo. Com isso, Adam Jensen aguenta menos tiroteios com inimigos, frustrando aqueles jogadores que querem adotar uma postura menos furtiva e mais “Rambo”. Essa possibilidade até existe se você for muito habilidoso, mas não é o modo que o jogo quer que você o jogue.

Repleto de cantos, dutos, portas, bueiros, buracos e locais secretos nas ruas de Praga, Deus Ex é um deleite para os amantes de exploração. O jogador acaba perdendo a noção de tempo, já  que a exploração é verdadeiramente recompensada no jogo, uma realidade não tão comum nos jogos da indústria. Ao se infiltrar em apartamentos fechados, fundos de loja e garagens abandonadas, o jogador é recompensado com itens de aumento de status, novas armas, itens de melhorias de armas e mais.

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A cidade de Praga e sua intensa vigilância.

Deus Ex conta com vários itens que podem te ajudar na campanha, mas por ser um jogo ingrato para quem decide entrar em combates diretos, nem sempre serão tão úteis. O jogo conta com granadas explosivas, granadas de fumaça, granadas de choque, fuzis, metralhadoras, armas de choque, escopeta e as mais avançadas armas tecnológicas que um futuro cyberpunk pode proporcionar, mas é nos itens de hackeamento que lhe darão o caminho para o sucesso furtivo do jogo.

Por ser um jogo de início de geração, Deus Ex: Mankind Divided não inova em nada no seu gameplay e refaz os mesmos passos do seu antecessor com poucas melhorias e novidades. Conforme já falado, não é um jogo com grandes mecânicas de tiroteio e pode frustrar os mais radicais e desavisados.

Acima de tudo, um jogo de Stealth e Hackeamento

Uma coisa para os iniciantes na franquia e que desconhecem Deus Ex, apesar dele ter uma vasta gama de armas, balas e um sistema de melhorias de armas, Deus Ex é um jogo stealth e vai te forçar por diversas vezes a passar por missões evitando qualquer conflito com inimigos.

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Ser furtivo ou sair atirando em tudo?

Para te ajudar, o jogo proporciona vários caminhos alternativos durante as missões. Basicamente o jogo usa os dutos de ventilação espalhados pelos locais de missões para contornar áreas repletas de inimigos ou vigiados por câmeras e torretas.

Para se apoiar nesse design furtivo, ele possui um grande foco na mecânica de hackeamento de portas, alarmes, computadores e cofres. Como parte da exploração do seu mundo aberto e nas áreas de missões, o jogo fornece várias portas fechadas com senha onde o jogador pode hackeá-las a fim de invadir apartamentos, prédios, sótãos e salas repletas de itens importantes. Além disso, é possível hackear computadores para vasculhar e-mails que contribuem para o lore da narrativa e até mesmo descobrir senhas de lugares sem precisar hackeá-los.

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O sistema de hackeamento. O jogador verá muitos desses durante o jogo.

Em missões, para desabilitar os sistemas de segurança (alarmes, câmeras e torretas) é necessário hackear esses computadores, mas nem tudo é tão fácil assim como parece, já que seja em portas ou computadores, cada um deles possuem níveis de dificuldade para hackeá-los, para facilitar a sua jornada furtiva, o jogador precisará gastar pontos de Praxis na árvore de habilidades para passar do minigame de hackeamento (presente no primeiro) de forma mais fácil.

Árvore de Habilidades e Melhorias de Armas

O conceito padrão de árvore de habilidades permanece o mesmo em Human Revolution. Jensen possui as mesmas habilidades disponíveis no primeiro jogo (derrubar paredes, melhorar facilidade em hackear dispositivos, saltar mais alto, correr mais rápido, cair sem se machucar, aumentar saúde e etc), mas agora ele possui aprimoramentos que estavam escondidos no seu sistema.

Estes aprimoramentos não mapeados fazem parte de uma parte misteriosa da narrativa, onde é descoberto que Adam possui om conjunto de novas habilidades. Porém há um problema, não é possível, no início do jogo, ativar mais de uma habilidade por vez, por serem habilidades que demandam um alto uso do sistema, ao ativar vários ao mesmo tempo, você pode criar um superaquecimento no sistema de Adam Jensen, gerando uma espécie de overclock, portanto o jogador terá que ser estratégico ao escolher habilidades, habilitando e desabilitando conforme a necessidade do seu gameplay.

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Adam Jensen conta com novos aprimoramentos.

Para conseguir evoluir, será necessário fazer uma quantidade de tarefas que concedem pontos, como entrar e sair de lugares sem ser visto, hackear dispositivos, portas e computadores, entrar em janelas, dutos de ventilação. Ao encher uma barra que se enche com os pontos ganhos nessas tarefas, você ganha “Praxis Points”, que são os pontos a serem gastos nas habilidades. Além disso, é possível obtê-los ao fazer missões principais e secundárias, e até mesmo achá-los explorando os locais atrás de gavetas, salas e cofres, recompensando o jogador pela exploração.

Indo para a melhorias de armas, o jogador contará com uma quantidade grande de sucata espalhada pelas missões e mapa em Mankind Divided, estas sucatas são necessárias caso você decida melhorar as diversas armas do jogo. Quanto maior a quantidade, mais você poderá melhorar os status das armas, como dano, capacidade de munição, cadência de tiro, velocidade de recarga, recuo e etc.

Gráficos

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O maior ponto fraco do jogo. Mankind Divided foi lançado em agosto de 2016 e conta com um visual gráfico melhor que o seu antecessor de PS3, mas abaixo do restante da geração, até mesmo para a época. Os cenários contam com pouquíssimo trabalho de texturas, e os personagens presenteados com expressões faciais genéricas, com raras exceções.

O jogo conta com uma competente direção de arte, seja no design de roupas recheados de linhas retas e geométricas, quanto no aspecto sujo e degradante de Praga em uma realidade cyberpunk. O preto e vários tons de amarelo participam da identidade visual adotada para o game, pena não serem contemplados com maior atenção gráfica do estúdio.

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Foram notados durante o meu gameplay (mesmo depois de 4 anos desde o seu lançamento), quedas de taxa de quadros, inimigos que entram uns dentro dos outros e bugs de cenário.

Trilha Sonora e Som

O jogo contam com uma trilha sonora composta principalmente por Michael McCann, que havia composto a trilha sonora de Human Revolution e conta com sons sintéticos e elementos eletrônicos que casam perfeitamente para uma imersão necessária de um universo cyberpunk.

Já a dublagem brasileira é terrível, com notáveis diferenças no volume de algumas falas e com diálogos com ausência de sincronização labial, acabam proporcionando uma experiência bem ruim. Um momento vergonha alheia que presenciei foi um diálogo com a psicóloga onde os personagens gesticulavam e mexiam a boca, mas nenhum som era proferido e quando saia, vinha com um delay gigantesco em uma cena com cerca de 3 minutos de duração.

Vale a Pena?

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Sim, mas com ressalvas. Deus Ex: Mankind Divided oferece uma história densa, cheia de termos e nomes onde conspirações e mistérios permeiam a sua narrativa oferecendo missões principais recheadas de possibilidades e missões secundárias que oferecem background narrativo ao universo criado. Com personagens nem tão cativantes, um enredo maduro e questões relevantes, a história de Deus Ex pode ser instigante para os ávidos por tramas que se baseiam em conspirações e detalhes e pouco interessante para aqueles que esperam grandes sequências de ações e personagens marcantes.

Já sobre o gameplay, o jogo faz tudo o que o primeiro jogo já fazia e melhora, oferecendo um desafio maior. Tendo como base as mecânicas de furtividade bem fortes e presentes em todos os momentos, o jogo oferece um desafio a mais para os jogadores sem paciência e que querem sair atirando nos inimigos, que possuem miras mais afiadas que um sniper a 1 metro de distância do alvo (sim, nesse nível), tornando o tiroteio um pouco frustrante. Infelizmente o valor investido no desenvolvimento o jogo, se esperava algo mais avançado, mesmo para a época, em termos de mecânicas, dando a sensação na jogabilidade de um jogo da geração passada.

Esse sentimento também é sentido nos gráficos e nos aspectos técnicos, com uma direção de arte que criou uma identidade visual, mas que foi atrapalhada por gráficos de início de geração ruins, com problemas em texturas, animações robóticas de personagens e serrilhados bem aparentes acompanhados de quedas de fps, bugs, sincronização labial e interpretações na dublagem muito abaixo do aceitável.

A franquia Deus Ex tem grande potencial, seja no seu roteiro e na sua direção de arte, mas acaba nunca chegando a despontar como um jogo AAA justamente por problemas técnicos de desenvolvimento e tomadas de decisões que acabam afugentando o grande público. Isso acontece mais uma vez em Mankind Divided, é um jogo que você espera que te surpreenda, tem um roteiro com grandes chances de destaque, mas a qualidade acaba sendo puxada para baixo pelas categorias técnicas. Longe, muito longe de ser um jogo ruim, é um jogo divertido pra quem já gosta da franquia, mas ainda um jogo aquém da sua capacidade.

Confira a Política de Reviews do PS Verso

Notas do Jogo
Análise Deus Ex Mankind Divided

Título: Deux Ex: Mankind Divided

Descrição do jogo: O ano é 2029. Os seres humanos mecanicamente aprimorados são considerados párias, segregados do resto da sociedade. Agora agente secreto, Adam Jensen é forçado a operar em um mundo que passou a detestar aqueles como ele. Munido de armas e aprimoramentos de ponta, ele precisa escolher a abordagem certa, em quem confiar e em quem não confiar para desvendar uma vasta conspiração mundial.

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Nota
7.4/10
7.4/10
  • História - 9/10
    9/10
  • Jogabilidade - 7/10
    7/10
  • Gráficos - 6.5/10
    6.5/10
  • Trilha Sonora e Som - 7/10
    7/10

Veredito

A franquia Deus Ex tem grande potencial, seja no seu roteiro e na sua direção de arte, mas acaba nunca chegando a despontar como um jogo AAA justamente por problemas técnicos de desenvolvimento e tomadas de decisões que acabam afugentando o grande público. Isso acontece mais uma vez em Mankind Divided, é um jogo que você espera que te surpreenda, tem um roteiro com grandes chances de destaque, mas a qualidade acaba sendo puxada para baixo pelas categorias técnicas. Longe, muito longe de ser um jogo ruim, é um jogo divertido pra quem já gosta da franquia, mas ainda um jogo aquém da sua capacidade.

Vantagens

  • Roteiro maduro e instigante.
  • Missões secundárias que valem a pena.
  • Ótimo jogo para amantes de stealth.
  • Trilha sonora imersiva.

Desvantagens

  • História repleta de termos e nomes difíceis de memorizar.
  • Texturas ruins e “chapadas”.
  • Animações robóticas.
  • Mecânicas ultrapassadas.
  • Jogo não convidativo para amantes de tiroteios.
  • Sincronização labial com problemas.
  • Interpretação na dublagem brasileira ruim.

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San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.

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