Review | Backbone


review backbone
6.75/10

A palavra Backbone pode ter diferentes significados na língua inglesa. No corpo humano, backbone significa “espinha dorsal”, responsável por enviar todas as informações que o cérebro manda para o corpo. Em computação, backbone é uma rede principal por onde os dados de usuários de internet trafegam. No jogo, Backbone pode ter um significado ainda mais profundo, já que o grande segredo de sua trama reside reside em espinhas dorsais.

 

Backbone é uma aventura investigativa produzida pela EggNut que foi primeiramente lançado nos PCs e chegou no dia 28 de outubro de 2021 para os consoles. Usando animais antropomórficos, o jogo tem como proposta conta uma história cheio de mistérios em um universo cheio preconceito, desigualdade, corrupção e violência.

História

O jogo se passa em uma Vancouver incomum onde os habitantes são animais humanoides e convivem entre si com os mesmos costumes dos humanos. Vancouver é uma cidade marginalizada, perigosa, recheada de problemas sociais como pobreza, preconceito, drogas, prostituição e corrupção. Uma grande guerra há anos atrás aconteceu neste mundo, os Macacos ergueram uma gigantesca Muralha sob a alegação que o deserto que circunda a cidade era muito perigoso. Assim Vancouver é uma cidade isolada dentro de um mundo desconhecido onde sua civilização é controlada pelos Macacos. Cães e Gatos são considerados melhores e mais espertos que outras espécies (nome aqui chamado de Tipos), coelhos, ratos e guaxinins vivem à margem da sociedade, sem grandes perspectivas de crescerem.

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Nesta cidade repleta de desigualdades e injustiças, você é o guaxinim Howard Lotor, um detetive particular pertencente ao último degrau da escala social de Vancouver.

A história começa com Howard Lotor dentro do seu escritório, que fica dentro da sua pequena casa. O detetive recebe uma cliente para um novo trabalho, Odette Green. Odette possui dois filhos e está grávida, ela alega que o seu marido, Jeremy, anda chegando muito tarde do trabalho e suspeita que ele a esteja traindo. Munido de uma foto, Howard Lotor vai até a cidade e descobre que Jeremy está frequentando um famoso bar local chamado, The Bite.

Howard consegue entrar no bar, mas é posto pra fora pela misteriosa Clarissa Bloodworth. Sabendo que algo muito estranho está acontecendo, o detetive consegue entrar pelos fundos do bar e descobre que sua investigação foi longe demais assumindo ares macabros. Após ser espancado na rua por ladrões, Lotor é resgatada pela jornalista investigava, Renee Wilson, uma raposa que propõe que Howard trabalhe para ela para descobrir mais sobre Clarissa. Os dois irão descobrir uma trama muito maior que simples desaparecimentos.

Campanha

Por ser um jogo de RPG baseado em escolhas, é notório que essa parte do jogo teria que ser a mais completa e bem construída da proposta. O jogo começa muito bem estabelecendo o palco da narrativa e apresentando toda a sua cultura. De início já sabemos que Howard Lotor possui problemas de relacionamento com a sua mãe, apesar de amá-la, sabemos que ele possui vícios e traumas sobre o rumo que levou a sua vida. Por ser um guaxinim, um dos seres de Vancouver que mais sofrem discriminação e que vivem à margem da sociedade, é natural que cidadãos o chame de “striper”, (uma espécie de xingamento preconceituoso) ou o impeçam de entrar no bar mais luxuoso, já que aquele estabelecimento seja proibido para seres da “espécie” dele.

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O jogo, por ser um RPG, contêm muito texto e muitas opções de diálogo que vão moldando como você interpreta o seu protagonista. Você pode tornar Howard um ser depressivo, engraçado, medroso ou apenas raivoso com base nas respostas e como você conduz as conversas durante a investigação, só que infelizmente isso não causa efeito prático nenhum no enredo.

O jogo começa muitíssimo intrigante após a descoberta de Howard nos porões do bar The Bite, conduzindo um fio narrativo e investigativo rico e construindo relações interessantes com os personagens, como seu amigo taxista que te leva para os lugares da missão, a jornalista Renee e até mesmo a vilã Clarissa. Acontece que na medida que o jogo vai se desenrolando, a trama vai caindo em uma qualidade trágica e confusa.

O jogo possui 6 atos, é um jogo extremamente curto, um crime para uma proposta que deseja ser focada em história e RPG. Na parte final o jogo perde totalmente o seu rumo, começando com um caso de desaparecimento e tráfico, passando para corrupção e política e terminando em pseudofilosofia e ficção científica.

Todas as relações e personagens que Howard Lotor conhece perdem significado para a narrativa, tramas que você começou investigando ficam pelo caminho sem resolução e sua situação no final do jogo te deixa com muito mais perguntas do que respostas, se revelando uma direção de condução narrativa completamente atrapalhada.

Gameplay

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O gameplay do jogo se baseia em escolha de diálogos, resolução de puzzles, stealth e deslocar entre locais de investigação. O jogo começa muito bem, fazendo o jogador acreditar que as suas escolhas narrativas farão diferença na história, construindo ramificações narrativas importantes, mas é um grande engano.

O jogo possui escolhas de diálogos que irão trazer mais informações e possibilidades de resolução para a sua investigação, mas ela não afetam em nada a espinha dorsal da narrativa, todas as escolhas de Backbone são artificiais e não refletem ou moldam seu personagem, se tornando uma falha para um jogo que se julga um RPG.

Sobre os puzzles, o jogo começa bem, propondo um puzzle interessante para descobrir a senha para uma porta, mas os puzzles acabam minutos depois dessa parte. O jogo simplesmente esquece essa mecânica, como se a verba para desenvolvimento tivesse acabado e o jogo precisasse correr com a narrativa para terminá-lo. A mecânica simples de stealth também sofre desse mal, e entra no mesmo desuso no gameplay.

Do meio para frente do jogo, você se verá deslocando de um lado para o outro, escolhendo diálogos artificiais para apenas se aproximar do fim abrupto e ficar com o pensamento “só isso”?

Gráficos

O jogo é fantasticamente construído por uma bela direção de arte onde seus gráficos adotam um estilo de pixel art e efeitos visuais 3D. Com uma adoção ao estilo noir, o jogo esbanja carisma nas suas cidades noturnas como prédios  e construções iluminadas como a bela e marginalizada Gastown. Os efeitos de poças de água ou gotas de chuva que batem na tela são presentes assim como sombras em locais escuros ajudam a reproduzir momentos de tensão.

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Em locais como Granville é possível ver pessoas andando pelas ruas, olhando pelas janelas ou até mesmo trabalhando, dando a sensação de vida. Por outro lado também é possível ver a pobreza e a marginalização que algumas espécies sofrem como pessoas em situações de rua embaixo de viadutos ou vivendo em parques.

Trilha Sonora e Som

A trilha sonora foi composta por Danjin e Arooj Aftab e possuem raízes sem dúvida nenhuma no jazz, mas também conta com presença de músicas mais experimentais. Todas as suas músicas conseguem passar a sensação exata na qual um jogo com raízes noir deseja, acontece com seu problema reside na falta de uma direção mais inspirada. As músicas tocam em momentos aleatórios, sem apresentar uma consistência, se em momentos chave, elas participam de uma parte fundamental da proposta em outras elas simplesmente somem, ficando um silêncio estranho em diversos momentos. Talvez esse estranhamento tenha sido provocado pela curta duração do jogo e talvez elas não conseguiram fazer grande diferença.

 

O jogo não possui nenhuma dublagem, no qual pessoalmente acho ruim, já que um jogo baseado em narrativa deveria ter dublagem para ajudar na caracterização dos personagens e auxiliar na imersão do jogador. O jogo possui legendas em português do Brasil nos consoles e pessoas não devem ficar tão perdidas assim na história.

Vale a Pena?

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Backbone tinha proposta, narrativa, estilo, gênero, personagens, roteiro afiado, direção de arte e trilha sonora para entregar um dos jogos mais interessantes, mas sua duração frustrante de quatro horas e meia impediu que tudo isso chegasse ao seu maior nível.

Com um enredo instigante, personagens interessantes, o jogo começa muito bem, mas se envereda em terrenos perigosos e entrega uma narrativa esquisita, sem dar nenhuma explicação plausível, sem preparar o jogador para a transição de tom e terminando conflitos da forma mais incompleta possível.

O jogo, conforme já provocado pela RAW FURY em novo vídeo, terá uma continuação em 2022, mas seu início já demonstra grandes inconsistências de projeto, se mostrando um produto inacabado e apressado para ser lançado. Uma pena, tinha tudo na mão.

Notas do Jogo
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Título: Backbone

Descrição do jogo: Backbone é um RPG de aventura e mistério pós-noir. Como Howard Lotor, guaxinim e detetive privado, vais explorar uma Vancouver distópica reimaginada em arte pixelizada HD. Depois de anos a resolver casos insignificantes e muitas noites solitárias a contar tostões, Howard Lotor é contratado para um trabalho incomum. Mas o que parecia ser um caso corriqueiro começa a ganhar contornos sombrios e Howard terá de enfrentar as forças que governam o sistema repressivo da própria Cidade.

Gênero: RPG

Lançamento: 27/10/2021

Produtora: RAW FURY

Distribuidora: RAW FURY

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Nota
6.8/10
6.8/10
  • História - 6/10
    6/10
  • Jogabilidade - 6/10
    6/10
  • Gráficos - 8/10
    8/10
  • Trilha Sonora e Som - 7/10
    7/10

Veredito

Backbone tinha proposta, narrativa, estilo, gênero, personagens, roteiro afiado, direção de arte e trilha sonora para entregar um dos jogos mais interessantes, mas sua duração frustrante de quatro horas e meia impediu que tudo isso chegasse ao seu maior nível.

Com um enredo instigante, personagens interessantes, o jogo começa muito bem, mas se envereda em terrenos perigosos e entrega uma narrativa esquisita, sem dar nenhuma explicação plausível, sem preparar o jogador para a transição de tom e terminando conflitos da forma mais incompleta possível.

O jogo, conforme já provocado pela RAW FURY em novo vídeo, terá uma continuação em 2022, mas seu início já demonstra grandes inconsistências de projeto, se mostrando um produto inacabado e apressado para ser lançado. Uma pena, tinha tudo na mão.

Vantagens

  • Início intrigante
  • Diálogos bem escritos
  • Universo criado
  • Belos gráficos
  • Boa trilha sonora

Desvantagens

  • Condução narrativa confusa que estraga o resultado final
  • Escolhas de diálogo não afetam a narrativa
  • Mecânicas de puzzle e stealth são abandonadas
  • Jogo muito curto
  • Sem dublagem

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San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.