Clair Obscur: Expedition 33 se destaca por sua narrativa envolvente, repleta de emoções intensas e reviravoltas surpreendentes, que mantêm o jogador preso do início ao fim. Nada é previsível, e cada decisão conta — especialmente a escolha crucial nos momentos finais, que define qual dos dois finais distintos o jogador irá experienciar.
No clímax da história, após o confronto com Renoir, Verso tenta atravessar o portal da realidade na esperança de reencontrar sua mãe. Em vez disso, ele é transportado para o coração da tela, um lugar surreal onde encontra uma versão mais jovem de si mesmo, imerso na pintura de uma obra no chão. Há uma verdade perturbadora ali: se o garoto parar de pintar, ambos serão apagados da existência, libertos do ciclo eterno. Por um instante frágil, Verso começa a se desvanecer quando o menino hesita — mas então ele avista Maelle ao fundo e retoma seu trabalho freneticamente.
É nesse momento que Verso confronta Maelle, acusando-a de enganar Renoir sobre suas reais intenções. O que ela prometeu como temporário era, na verdade, uma eternidade dentro da tela. Aqui, o jogador precisa fazer uma escolha angustiante: lutar ao lado de Verso, buscando libertação, ou unir-se a Maelle, aceitando o destino imutável. Cada caminho revela camadas distintas da história, mergulhando em temas de sacrifício, ilusão e redenção — tudo culminando em um desfecho que ressoa muito depois do crédito final.
A força da narrativa está nos detalhes sutis: a pintura que nunca para, o olhar perdido do garoto, a ambiguidade nas palavras de Maelle. Nada é por acaso, e cada elemento constrói uma atmosfera densa, onde a linha entre realidade e fantasia se dissolve por completo.
O seguinte contém grandes spoilers de Clair Obscur: Expedition 33 .
O Final “Bom” de Clair Obscur: Expedition 33
Entre os dois desfechos possíveis, o chamado “final bom” se desenrola quando o jogador escolhe lutar contra Maelle como Verso. A decisão não é fácil — afinal, Maelle, antes uma protagonista, agora assume um papel antagonista, e sua dor é palpável. Muitos hesitam em enfrentá-la, seja por lealdade ou empatia. Mas aqueles que recarregam um save anterior para testemunhar esse final descobrem uma conclusão que responde ao cerne da narrativa: a dor descontrolada e a possibilidade de cura.
Ao derrotar Maelle, Verso a segura em seus braços, já à beira do desaparecimento, e sussurra que tudo ficará bem. Quando ela finalmente se desfaz, os outros personagens — antes presos na tela — começam a surgir no centro, apenas para também serem apagados. Sem Maelle para sustentar aquele mundo, a realidade da tela se dissolve, assim como aconteceu após a derrota da Pintora no Ato 2. Então, Verso toma a mão do garoto pintor (uma versão mais jovem de si mesmo) e ambos se dissipam, deixando para trás o vazio que precede o epílogo emocionante.
Por que esse é o final “bom”? Porque liberta Alicia (Maelle no mundo real) de seu sofrimento. Ela não só aceita as cicatrizes em seu corpo, mas também a morte de seu irmão, Verso. O epílogo mostra Alicia e sua família reunidos diante do túmulo dele, em um cemitério banhado pela luz do sol. Renoir e Aline, seus pais, deixam para trás anos de conflito e se reconciliam com um abraço. Alicia segura Esquie, a boneca que, dentro da tela, foi uma de suas companheiras mais leais — e que agora se revela como o ursinho de pelúcia que pertenceu a Verso na infância.
Quando a família se afasta, algo mágico acontece. Um a um, os membros do grupo de Clair Obscur aparecem do outro lado do túmulo, acenando para Alicia em um último adeus silencioso. Eles não estão realmente lá — são projeções de sua mente, símbolos de que ela finalmente deixou o passado para trás. A câmera se afasta, e Alicia fica sozinha, mas não mais presa. Ela está pronta para seguir em frente, carregando as memórias, mas não o peso delas.
É um final que não apaga a dor, mas a transforma — e, nesse processo, oferece algo raro nos jogos: uma despeduda que é também um recomeço.
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O Final Ruim de Clair Obscur: Expedition 33
À primeira vista, o chamado final “ruim” parece a escolha mais compassiva — afinal, quem não hesitaria em destruir Maelle depois de conhecer sua dor? Mas, conforme o epílogo se desenrola, fica claro que preservar a tela é uma vitória amarga, uma eternidade falsa que consome todos os envolvidos.
Na cena derradeira, Verso se desfaz no chão, com Maelle sobre ele, enquanto suas últimas palavras ecoam: “Eu não quero essa vida.” Ele sabe que, se o garoto continuar pintando, renascerá em um ciclo sem fim — mas Maelle insiste, convencida de que seu caminho é justo. Quando Verso suplica por ajuda, já é tarde. O silêncio que se segue é perturbador: Maelle fica sentada, seu rosto marcado por um arrependimento tardio, antes que a tela escureça e o verdadeiro peso da escolha se revele.
“Uma Vida para Pintar” – O Preço da Ilusão
O epílogo mostra Lumière restaurada, vibrante e cheia de vida. A câmera se move em direção ao teatro da cidade, onde Maelle observa um menino — presumivelmente, um novo Verso, recriado para substituir o que se foi. Todos os seus companheiros estão lá: Lune e Sciel nas poltronas, Gustave e Sophie chegando para se juntar a eles. Parece um reencontro feliz… até que a cena muda para preto e branco, revelando a verdade por trás daquela fachada.
Um Verso envelhecido se aproxima do piano no palco, pronto para tocar. Seus amigos o observam, mas Maelle já não é a mesma. Seus olhos estão cobertos de tinta, o direito completamente ausente — o mesmo destino que atingiu Aline, sua mãe, quando ficou presa na tela por tempo demais. A revelação é cruel: Maelle está se tornando a nova Pintora, a governante daquele mundo ilusório.
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O Paradoxo de Maelle – A Antagonista que Virou o Que Jurou Destruir
Ela, que outrora liderou a Expedição 33 para libertar todos da tela, agora perpetua o mesmo ciclo de aprisionamento. Seu desejo de proteger Verso e seus amigos a transformou naquilo que mais temia. O final “ruim” não é sobre maldade, mas sobre a incapacidade de deixar ir — e como o amor, quando distorcido, pode se tornar uma prisão.
Enquanto o piano de Verso ecoa no teatro vazio, resta uma pergunta: vale a pena viver para sempre se “sempre” significa nunca avançar? A resposta, silenciosa e triste, está nos olhos vazios de Maelle — agora pouco mais que uma pintura esquecendo-se de si mesma.
Conduza os membros da Expedição 33 em uma missão para destruir a Artífice para que ela nunca mais possa pintar a morte. Explore um mundo inspirado na Belle Époque da França e enfrente inimigos únicos neste RPG em turnos com mecânicas em tempo real.