Na era PS2, a principal franquia da Ubisoft era Prince of Persia. Depois do sucesso Sands of Time onde adicionava uma mecânica inovadora de controle do tempo. A desenvolvedora francesa produziu diversos outros jogos da série, mas após uma sucessão de produções onde não conseguiu mais alcançar o sucesso, a empresa se encontrou no PS3, com a série Assassin’s Creed e acabou esquecendo um pouco Prince of Persia.
Nos últimos anos, a empresa decidiu reviver sua IP e anunciou o remake de Sands of Time, mas após a desconfiança do público com o material apresentado e diversas críticas de outros jogos da casa, a empresa decidiu adiar o jogo para uma data não anunciada. Surpreendentemente o estúdio tinha outro jogo da franquia em desenvolvimento, e em junho de 2023 anunciou Prince of Persia; The Lost Crown, uma aventura menor do gênero metroidvania.
Desenvolvida pela Ubisoft Montpellier, o jogo não seria 2D desde o início, mas por uma coincidência de vários desenvolvedores de jogos de plataforma (devs de Rayman Origins e Legends participaram do jogo) estarem disponíveis, o jogo acabou sendo definido assim.
Prince of Persia: The Lost Crown tem lançamento previsto para 18 de janeiro de 2024. Estará disponível para Nintendo Switch, PS4 e PS5, Xbox One e Xbox Series S/X, PC e Amazon Luna.
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História
Acontecendo no Reino da Pérsia, uma dura batalha se desenrola contra exércitos de invasores inimigos. A nação é protegida por um grupo de guerreiros de elite chamados de Imortais. Sob a liderança de Vahram, os sete companheiros protegem o reino persa em nome da rainha Thomyris.
Entre os Imortais, você é Sargon, um dos guerreiros mais jovens do grupo, um talentoso soldado ágil e dominante na arte da espada dupla. Após a celebração de mais uma vitória nos diversos confrontos de guerra, o príncipe da Pérsia é surpreendentemente capturado pela mestra Imortal do protagonista e a Rainha invoca os Imortais para uma missão de resgate para o Monte Qad, uma cidade antiga que servia de lar do Deus do Tempo e Conhecimento, Simurgh, que está desaparecido há 30 anos.
Chegando no local, Sargon percebe que algo está errado com o lugar: o tempo não segue o seu fluxo natural, correndo de forma irregular. Com as linhas do tempo bagunçadas, as pessoas que entraram no monte foram amaldiçoadas por anomalias temporais.
Ao explorar o local, Sargon acabou adquirindo habilidades sobrenaturais e poderes do Tempo oriundos do Deus Simurgh. É nesse cenário que vamos descobrindo os segredos do Monte Qaf em busca do paradeiro do príncipe, enquanto a aliança entre os Imortais vai ruindo.
Campanha
Ainda que não seja o maior foco desse gênero de jogo, a campanha de Prince of Persia: The Lost Crown se esforça para entregar uma narrativa elaborada, mas cai na armadilha de diversos outros roteiros da Ubisoft. À medida que avançamos pelas áreas do mapa, novos fatores vão surgindo para desenvolver o ciclo narrativo do jogo. O foco central da história é salvar o príncipe, mas novos cenários vão aparecendo e revelações vão mudando o conceito das motivações de cada um dos personagens.
Um dos maiores problemas dos jogos da desenvolvedora é a forma genérica e pouco inspirada de desenvolver os seus personagens e aqui isso volta a se repetir. Os Imortais são pouco desenvolvidos e, apesar de se verem em uma teia de armações, alguns insistem em seguir o fluxo antinatural do conflito apenas para seguir o modelo estabelecido pelo roteiro, expondo qualquer falta de evolução e trabalho, tornando todos os personagens demasiadamente rasos.
O personagem principal exala falta de personalidade e assume a postura básica de herói virtuoso e corajoso, sem qualquer carisma próprio.
Gameplay
Prince of Persia: The Lost Crown é um jogo de ação e aventura de plataforma com estrutura de Metroidvania. Com o controle de Sargon, o jogador estará em posse das Lâminas Duplas com um estilo de combate baseado em combos no chão e aéreos. Através de aventura iremos progressivamente desbloquear os seguintes tipos de armas, acessórios e poderes:
- Arco e Flecha: Atira flechas de luz para dar dano em inimigos a distância e resolver puzzles de plataforma. Pode ser melhorado na Kaheva, a Ferreira.
- Chakram: Uma espécie de lâmina circular lançada para tanto dar dano contínuo em inimigos quanto acionar dispositivos de plataforma.
- Brilho do Athra: Athra é a energia sagrada que libera diversos poderes especiais. No jogo temos uma Barra de Athra que aumenta na medida que atacamos e derrotamos inimigos e diminui na medida que tomamos danos. Os poderes podem ter tanto ofensivos quanto defensivos e são divididos por 3 Níveis onde você pode equipar um poder dos dez disponíveis em cada nível.
- Amuletos: Nosso personagem possui um colar onde podemos equipar amuletos (de início 3 slots, mas pode ser aumentado apra até 12) que conferem melhorias e efeitos adicionais para os gameplay. Estes amuletos servem como acessórios, onde cada ocupam espaços difererntes do amuleto que pode ser melhorado. Conferindo bônus passivos com vantagens, eles podem aumentar o dano de ataque, regenerar saúde, melhorar defesa e muito mais. Podendo ser melhorados, cada amuleto pode tanto ser adquirido por meio da história, em baús ou ao completar missões secundárias.
- Poderes do Tempo: Durante a jornada, Sargon será presenteada pelo Deus do Tempo e Conhecimento por meio das Penas de Simurgh. Cada uma concede Poderes do Tempo onde o tempo e espaço podem ser alterados. Esses poderes basicamente são movimentos adicionais que todo Metroidvania utiliza para desbloquear passagens inacessíveis, resolver puzzles ou serem usados em combate. Movimentos como pulo duplo, dash, teletransporte, clarividência, lançar objetos e inimigos e pegar e puxar elementos distantes como um gancho estão presentes.
Combate
Prince of Persia: The Lost Crown assume um grande foco nos combates, já que possui uma quantidade relevante de combos com 3 combos base e 3 avançados, variando para terrestres e aéreos. Possuindo um botão de esquiva deslizando por debaixo de adversários ou pulando para trás, os embates possuem uma diversificação muito boa devido à variação de inimigos (mais de 65 tipos) que obriga o jogador a usar todas as mecânicas.
Sargon também consegue bloquear quase todos os ataques inimigos ao ser ativado no tempo certo, sinalizados por luzes amarelas e vermelhas, onde a primeira confere contra-ataques com animações bonitas e estilosas e a segunda impossível de ser bloqueada.
Os combates de The Lost Crown não são fáceis, mas também não se adequam à categoria dos mais difíceis. Como Sargon é ágil e possui uma gama de recursos ao seu lado, serão poucas as vezes que o jogador se verá em partes mais desafiadoras. Os 9 chefes que encontramos pelo caminho são os maiores desafios do jogo, obrigando o jogador a decorar os seus movimentos usando os Poderes do Tempo para escapar dos ataques e o Brilho de Athra para tirar a maior quantidade de dano possível.
Exploração
A parte mais importante para um jogo Metroidvania é, sem dúvida, a exploração. Em The Lost Crown, essa é a parte mais divertida do jogo. Com cerca de 13 biomas, o seu mapa é grande o suficiente para proporcionar cerca de 20 a 24 horas prometidas de campanha.
O jogo possui uma quantidade muito boa de desafios divertidos que tornam a experiência difícil de largar. Preciso considerar que eu sou um fã de jogos de metroidvania, portanto, minha predileção pelo gênero pode ter afetado o quanto eu acabei me divertindo com o jogo, o qual terminei muito rápido.
Com diversos desafios, armadilhas, passagens secretas, plataformas escondidas, puzzles de cenário, locais temáticos e vários outros locais interessantes, The Lost Crown não decepciona para quem só quer sair pulando e explorando os variados cantos do seu mapa. Apesar de haver uma quantidade pequena de secundárias, a exploração recompensa por novos poderes, itens para melhorias de equipamentos, amuletos e upgrades de saúde e barra de Athra.
Com alguns desafios que demandam maiores habilidades para serem passados, o novo jogo da série Prince of Persia irá entregar partidas divertidas. O jogo conta também com recursos de acessibilidade e recursos que facilitam a vida do jogador, como a capacidade de ativar assistência de plataforma para pular partes mais complicadas e os Cristais de Memória, que permitem que o jogador tire uma foto de uma parte do mapa e servem como marcadores úteis para lembrar o jogador de baús ainda inacessíveis e passagens bloqueadas.
Abordando problemas e pontos a serem melhorados, está primeiramente o fato do jogo limitar que o jogador altere poderes de Athra e equipe amuletos a qualquer momento, sendo obrigado a encontrar uma Árvore Wak Wak para fazer tais configurações. Apesar de ser argumentado que tal decisão foi motivada para aumentar a dificuldade do jogo, acaba apenas atrapalhando um procedimento comum do mesmo, se tornando mais um aborrecimento que um desafio de gameplay.
Outro problema é a pouca quantidade de pontos de teleporte no mapa, onde algumas áreas possuem dois enquanto outras possuem apenas um, o que obriga que o jogador passe longas seções para chegar no destino.
Gráficos e Direção de Arte
A primeira coisa que muitos jogadores notaram quando foi anunciado foi que Prince of Persia: The Lost Crown não iria seguir um estilo gráfico mais realista como em outros jogos da Ubisoft e iria adotar um estilo mais simples, parecido com outro jogo da casa, Immortals Fenyx Rising.
Tecnicamente, o novo jogo da série não encanta e em cenas de história onde há uma aproximação da câmera no rosto dos personagens chega a incomodar, mas muita coisa é atenuada pela sempre hábil direção de arte do estúdio, adicionando efeitos e assets coloridos e bonitos que conseguem se ajustar bem ao gráfico 3D do jogo.
Os diferentes biomas também enriquecem a experiência, com áreas bonitas e algumas até surpreendentes, como uma parte onde você explora uma área tempestuosa no mar onde pedaços de navio ficam suspensos no ar, onde o tempo parou, áreas escuras do esgoto que você precisa da ajuda de um ser sobrenatural para conseguir enxergar, florestas encantadas e uma quantidade muito diversa de ambientes temáticos que adicionam um aspecto de novidade à medida que você progride.
No período de análise deste review, não foi observado nenhum bug ou problemas maiores de desempenho. O jogo roda a 4K e 120 FPS no PS5, contribuindo para uma experiência fluida e agradável.
Trilha Sonora e Som
A trilha sonora do jogo é composta em parceria com o músico iraniano Mentrix e o experiente Gareth Coker que assinou outras trilhas de jogos como a franquia Ori, Minecraft, Halo e Dota.
Como era de se esperar, as composições respeitam o conteúdo cultural onde está inserido e cumprem a função de ambientar o tom do jogo, com uma quantidade satisfatória de trilhas e músicas épicas nas batalhas contra chefes, mas não chegam a impressionar.
Infelizmente o jogo não possui dublagem em português do Brasil, algo raro em um jogo da Ubisoft, mas possui localização e legendas para a nossa língua, o que ajuda a atenuar a ausência.
Vale a Pena?
Prince of Persia: The Lost Crown é uma rara tentativa da Ubisoft de diversificar os estilos do seu catálogo de franquias mais famosas, sempre ambientados em jogos de mundo aberto recheados de missões vazias. Apesar dos jogadores desejarem um retorno da série com maior investimento AAA, The Lost Crown caminha na direção contrária, mostrando que um resquício de personalidade existe nos game designers da desenvolvedora.
A empresa ainda não conseguiu criar uma história diferente com personagens marcantes, mas apresenta algumas melhorias no seu ritmo mais curto e direto, sem enrolações e missões que apenas se justificam para estender a duração. A narrativa de The Lost Crown, apesar de pouco original, consegue entregar uma experiência interessante, mas peca por conter personagens com quase nenhum peso narrativo.
Para quem procura uma jogabilidade inovadora e que possa influenciar outros games, o jogo pode decepcionar. Por não conter mecânicas únicas e apenas repetir elementos do gênero, The Lost Crown pode cair no esquecimento rápido. Para quem procura uma aventura divertida, com controles responsivos e uma exploração agradável, o novo jogo da franquia Prince of Persia não irá decepcionar.
Notas do Jogo
Título: Prince of Persia: The Lost Crown
Descrição do jogo: Entre num mundo mitológico, inspirado na Pérsia, dominado por uma maldição que o corrompe. Ostentando uma nova estética estilosa e marcante, esse emocionante jogo de ação e aventura apresenta um novo príncipe. No papel de Sargon, um prodígio empunhando uma espada, você terá que combinar combate acrobático com extraordinários poderes temporais e habilidades incríveis para transitar por diversos ambientes cheios de feras mitológicas e inimigos corrompidos pelo tempo. É hora de escrever uma nova lenda.
Gênero: Metroidvania, Ação e Plataforma
Lançamento: 15/01/2024
Produtora: Ubisoft Entertainment
Distribuidora: Ubisoft Entertainment
Nota
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História - 7/10
7/10
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Jogabilidade - 9/10
9/10
-
Gráficos - 7.5/10
7.5/10
-
Trilha Sonora e Som - 8.5/10
8.5/10
Veredito
Prince of Persia: The Lost Crown é uma rara tentativa da Ubisoft diversificar os estilos do seu catálogo de franquias mais famosas, sempre ambientados em jogos de mundo aberto recheados de missões vazias. Apesar dos jogadores desejarem um retorno da série com maior investimento AAA, The Loast Crown caminha na direção contrária, mostrando que um resquício de personalidade existe nos game designers da desenvolvedora.
A empresa ainda não conseguiu criar uma história diferente com personagens marcantes, mas apresenta algumas melhorias no seu ritmo mais curto e direto, sem enrolações e missões que apenas se justificam para estender duração, a narrativa de The Lost Crown, apesar de pouco original, consegue entregar uma experiência interessante, mas peca por conter personagens com quase nenhum peso narrativo.
Para quem procura uma jogabilidade inovadora e que possa influenciar outros games, o jogo pode decepcionar. Por não conter mecânicas únicas e apenas repetir elementos do gênero, The Lost Crown pode cair no esquecimento rápido. Para quem procura uma aventura divertida, com controles responsivos e uma exploração agradável, o novo jogo da franquia Prince of Persia não irá decepcionar.
Vantagens
- Controles fluidos e responsivos;
- Grande variedade de inimigos;
- Combate desafiante na medida certa;
- Bons desafios de plataforma e puzzles;
- Roda em 4K a 120 FPS.
- Muitas áreas e biomas contribuem para a diversão na exploração.
Desvantagens
- Personagens seguem o padrão genérico da Ubisoft;
- A história não se arrisca;
- Falta de mecânicas inovadoras e únicas o limita;
- Gráficos simples podem desagradar em cenas de história;
- Ausência de um sistema de equipamentos mais completo desestimula um pouco a exploração;
- Ausência de dublagem em PT-BR.