Review | Atlas Fallen


Em um ano repleto de jogos grandiosos, não vai ser qualquer jogo que vai conquistar a valiosa atenção de jogadores. Quando o novo título da Deck13, Atlas Fallen, responsáveis pelos soulslikes The Surge e Lord os the Fallen, foi anunciado, ele acabou chamando a atenção pelo gameplay.

Declaradamente inspirado em God of War e Horizon Zero Dawn, Atlas Fallen promete m RPG de mundo semiaberto com ação e combates rápidos, onde a movimentação fluida seria a chave da diversão de sua jogabilidade.

Em um ano tão disputado, prometer tanto em trailers e declarações pode jogar as expectativas lá no alto, e infelizmente Atlas Fallen se tornou alvo do que parecia ser, mas que não é.

[lwptoc]

História

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O mundo de Atlas passou por diversas lutas, seja por batalhas travadas entre deuses (Thelos contra Nyaal) ou luta dos lendários Cavaleiros de Bastengar contra a Rainha. Essa sucessão de confrontos trouxe a queda do mundo, destruindo cidades, perdendo liberdades e os confinando a viver em um mar de areia. Thelos, Deus do Sol governa a humanidade sob um regime ditatorial onde ele a escraviza à procura de Essência, uma fonte de poder.

O jogo começa com um sonho sobre um misterioso ser azulado fugindo de criaturas e acordamos com nosso personagem sem nome perdido no meio de uma perigosa tempestade de areia. No jogo somos de um casta chamada “Inomináveis“, seres considerados inferiores que trabalham em minas coletando, extraindo e transportando Essência.

Descobrimos que éramos parte de um assentamento junto com soldados da temível Rainha e fomos abandonados para morrer em uma tempestade de areia repleta de monstros que se escondem nas areias. Ao conseguirmos chegar ao assentamento seguros, os Inomináveis, liderados pelo nosso personagem, planejam organizar um motim contra os soldados. Sendo descobertos pelo capitão, ele nos manda em uma missão para morrer, mas no caminho encontramos um curiosa Manopla com consciência e poderes especiais.

Em uma sucessão de acontecimentos e com a ajuda da Manopla, nosso personagem foge do assentamento. Com  auxílio do artefato mágico que fala conosco, descobrimos que essa pode ser a chave para derrubar o governo de Thelos, mas descobrimos que a Manopla abriga a essência do deus do Caos, Nyaal, que foi preso por Thelos. Nossa missão além de libertar Atlas da tirania do Deus do Sol e da Rainha, é descobrir onde Nyaal está preso e libertá-lo.

Campanha

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Um mundo onde um deus governa sob regime ditatorial, pessoas são escravizadas, divididas em um sistema de castas, marginalizadas e usadas para propósitos torpes enquanto o mundo é explorado e destruído para captação de uma fonte de poder. Em suma, a campanha de Atlas Fallen não tem nada de novo em relação a outros jogos, mas o problema não é esse em si, já que grandes produções também já se esbaldaram desses elementos para montarem narrativas, acontece que aqui, elas são tudo que o roteiro tem para nos proporcionar.

Os personagens são duros, sem carisma, pouco aprofundados e só reagem de forma genérica as suas ações pela história. Apesar da ideia de uma manopla que fala com você reavivar gatilhos perigosos que não deram tão certo como em Forspoken, aqui Nyaal não chega a incomodar como o manguito de Frey, porque ele não tenta forçar simpatia, mesmo porque ele não tem. Então, ele é genérico o suficiente para não incomodar.

O andamento da história nunca engrena de verdade possuindo grandes momentos, muito porque o jogo usa a Manopla como um guia de avanço narrativo, nos obrigando a melhorá-la para continuar chegando ao objetivo principal.

Gameplay

Atlas Fallen é um jogo de RPG de ação em mundo semiaberto parecido com o modelo apresentado em Assassin’s Creed, só que com combate mais livre, versátil e movimentos mais fluidos para potencializar os desafios de plataforma.

Começando pelo combate, nossa manopla tem a habilidade de controlar a areia e isso se estende nas ferramentas baseadas nesse elemento e que assumem formas de armas e habilidades a partir dele. Nosso personagem pode equipar duas armas por vez e são configuradas em dois botões (quadrado e triângulo) e isso acaba sendo base para os combos disponíveis. No jogo você pode usar machado, martelo, chicote ou até mesmo os punhos, possuindo uma extensa gama de movimentos e uma versatilidade de combos impressionantes para o título.

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Em combate, temos á disposição as armas e quatro slots de habilidades que vão desde conjuração de ataques em área até magias de cura. Acontece que o principal pilar e que ditará o funcionamento e a dinâmica dos combates é o sistema de Ímpeto.

Ímpeto é uma barra de três níveis que se enche em batalha quando atacamos os inimigos. Enquanto atacamos, essa barra se enche e enquanto somos atingidos ou paramos de golpear, ela se esvazia, portanto, Atlas Fallen obriga que o jogador adote uma abordagem mais ofensiva ao invés de mais tática. A cada nível dessa barra de Ímpeto, desbloqueamos habilidades ativas e passivas e quanto mais alto esse nível está, mais forte será o ataque pulverizador dessas habilidades, mas mais fracos nossa defesa fica.

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Como ela dita as ações do jogador, saber usá-la vai ser mais importante que dominar os combos do jogo, já que como Atlas Fallen não possui um sistema de levels e aumento de atributos físicos, saber usar e escolher as Pedras de Essência, que são responsáveis por atribuir essas habilidades, será a chave para se dar bem nos combates.

Para atenuar a necessidade de aumento de status manual, o jogo usa de armaduras para balizar essa ausência, já que aumentos de atributos como defesa e ataque não estão no personagem e sim nestes sets que ganhamos, tanto explorando o jogo, comprando em um mercado específico ou mesmo ganhando durante a campanha. Estas armaduras podem ser melhoradas em até três vezes e cada uma possui um foco de status em que ela é melhor, gerando situações onde gastamos pontos de essência em coisas que não serão tão úteis em uma hora depois de gameplay.

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O combate em si é divertido de início, já que ele é rápido, fluido e fácil de usar os combos, mas seu maior problema reside no péssimo bestiário. Os inimigos se dividem em menores, médios e maiores que são os chefes, mas todos compartilham os mesmos problemas da baixa versatilidade no moveset e repetição de padrões. Os monstros possuem golpes e movimentos parecidos e por serem pouco diversos (aves, escorpiões, mamíferos, serpentes de areia), além de existir um sistema onde temos que destruir partes para serem derrotados, acabam por jogar o maior trunfo do game pra baixo. Acontece que após as primeiras 5 horas do jogo, o jogador vai acabar fugindo de batalhas por elas serem todas iguais e não aproveitarem do competente sistema de combos.

Outro problema reside nos parries, um movimento importante para um jogo que obriga uma abordagem mais ofensiva, já que além de evitar de tomar dano, ao acertar três vezes um parry em monstros maiores, ele é congelado, possibilitando que a gente tire vantagem. O problema do sistema não é a sua existência, mas sim o seu acionamento, que apesar de fácil, ele falha em diversas vezes por atraso de resposta dos controles, te deixando na mão, mesmo acertando.

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Outro fator do seu gameplay é a exploração do seu mundo. Divido em quatro áreas, Atlas Fallen possui mapas funcionais onde abrigam pequenos assentamentos, grandes cidades, cavernas, florestas e ruínas que possuem a onipresença da areia, que além de cumprir papel no combate, também cumpre papel no deslocamento. Nosso personagem consegue deslizar em alta velocidade pelo deserto de Atlas, o acionamento é divertido e acaba tornando a exploração pelas áreas mais fácil e descomplicada.

O jogo conta com algumas atividades secundárias espalhadas pelo mapa, como tarefas cronometradas, caça de tesouros, desafios de plataforma, desenterrar baús com itens valiosos, derrotar inimigos de elite e mover elevações com a manopla para acessar áreas inacessíveis.

Nesse sentido, a exploração de Atlas Fallen não tem nada demais, mas como os movimentos leves como saltos triplos, investidas no ar e deslizar pelo mapa são tão bem implementados, que não chega a atrapalhar a experiência no geral.

Gráficos e Direção de Arte

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De longe parece bonito, de perto você percebe os problemas gráficos. A primeira vista já é perceptível que o jogo falta pelo menos uma camada final de polimento, carecendo de um maior trabalho de texturas, animação e iluminação. As transições de cenas são feias, partes essenciais da história são contadas por meio de desenhos estáticos, a animação facial e corporal são rudimentares e os cenários faltam qualidade.

O jogo conta com problemas de pop in de objetos, texturas e atrasos de renderização. O positivo é que o jogo roda muito bem a 60fps a 1440p no modo padrão.

Sobre a direção de arte, fico confuso no que o jogo artisticamente queria. Os cenários não são inspiradores, não possuem característica ou identidade, além de tudo estar repleto de areia e entulho. Tanto o design dos inimigos quanto de personagens não têm nada demais. Há uma mescla tecnologia avançada, fantasia em um mundo caído, mas nada visualmente único, apenas uma salada de conceitos sem fundamento resultando em um jogo esquecível em termos artísticos.

Trilha Sonora e Som

Ao longo da minha experiência, a trilha sonora não conta com nenhuma faixa que tenha me marcado o bastante para ser lembrada. Elas estão lá, mas assumem apenas o papel de sonorizar momentos da forma mais genérica possível.

Os sons do jogo, pelo contrário, conseguem fazer um trabalho pior, possuindo baixa qualidade, versatilidade e frequência sonora, algo impressionante para um jogo desse nível.

O jogo não conta com dublagem em português do brasil, mas conta com legendas para a nossa língua. A dublagem em inglês luta contra a má qualidade narrativa e a ausência de personagens que se destaquem.

Vale a Pena?

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No fim, Atlas Fallen é aqueles jogos que parecem melhores nos trailers do que quando jogados. Apesar de ser o melhor game desenvolvido pela Deck13 Interactive até agora, ele carece de polimento em muitas áreas.

A história do jogo não inova em sua lore, não surpreende em seu desenvolvimento e conta com um elenco de personagens desinteressantes. Talvez a sua curta duração (cerca de 12 a 14 horas) seja um sintoma e uma percepção da desenvolvedora sobre a ausência de boas ideias e soluções narrativas.

O maior ponto e mais divertido em Atlas Fallen é a sua jogabilidade descomplicada, fácil e fluida onde permite acionamento de combos diversos tanto terrestres quanto aéreos, fornecendo uma sensação boa, apesar de pouco desafiante na maior parte da jogabilidade por conta dos inimigos ruins. A alta personalização de sets e combinações das 32 Pedras de Essência enriquecem os combates

Atlas Fallen não se destaca em muitas coisas, mas irá fornecer momentos mais relaxantes, sendo frenético e pouco cansativo para um RPG de ação em mundo semiaberto.

Notas do Jogo
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Título: Atlas Fallen

Descrição do jogo: Apareça das cinzas e liberte a humanidade da tirania de um deus corrompido. Navegue pelas areias de uma terra intemporal, repleta de perigos ancestrais, mistérios e fragmentos do passado. Cace monstros lendários usando poderosas armas mutantes e perícias devastadoras de controle de areia, em um combate superpoderoso espetacular. Procure e recolha a essência de seus inimigos, para moldar seu próprio estilo de jogo, forjando uma nova era para a humanidade em uma campanha totalmente cooperativa, ou em uma história solo. Levante-se das cinzas. Desfira a tempestade.

Gênero: RPG

Lançamento: 10/08/2023

Produtora: Focus Entertainment

Distribuidora: Focus Entertainment

COMPRAR

Nota
6/10
6/10
  • História - 5/10
    5/10
  • Jogabilidade - 8/10
    8/10
  • Gráficos - 6/10
    6/10
  • Trilha Sonora e Som - 5/10
    5/10

Veredito

No fim, Atlas Fallen é aqueles jogos que parecem melhores nos trailers do que quando jogados. Apesar de ser o melhor game desenvolvido pela Deck13 Interactive até agora, ele carece de polimento.

A história do jogo não inova em sua lore, não surpreende em seu desenvolvimento e conta com um elenco de personagens desinteressantes, talvez a sua curta duração (cerca de 12 a 14 horas) seja um sintoma e uma percepção da desenvolvedora sobre a ausência de boas ideias e soluções narrativas.

O maior ponto e mais divertido em Atlas Fallen é a sua jogabilidade descomplicada, fácil e fluida onde permite acionamento de combos diversos tanto terrestres quanto aéreos, fornecendo uma sensação boa, apesar de pouco desafiante na maior parte da jogabilidade, apesar dos inimigos ruins.

Atlas Fallen não se destaca em muitas coisas, mas irá fornecer momentos mais relaxantes, sendo frenético e pouco cansativo para um RPG de ação em mundo semiaberto.

Vantagens

  • Movimentos fluidos e responsivos na maior parte do tempo;
  • Combate e combos bons;
  • Upgrades competentes;
  • Deslizar na areia pelo mapa descomplica a exploração.

Desvantagens

  • História e campanha ruins;
  • Personagens apagados;
  • Câmera confusa nos combates;
  • Acionamento atrasado para os parries;
  • Baixa variação de inimigos e movesets;
  • Missões secundárias somem quando trocamos de mapa;
  • Direção de arte inexistente e gráficos faltam polimento;
  • Sons de baixa qualidade.

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San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.