Há uma década, a resposta sobre o futuro dos jogos parecia óbvia: aguardar o próximo console, mais potente, e aproveitá-lo até que uma nova geração surgisse. Era simples. Hoje, porém, o cenário não é tão claro. A ascensão dos jogos em nuvem promete revolucionar a indústria, mas ainda enfrenta barreiras significativas.
Hideaki Nishino, atual CEO da PlayStation, reconhece os avanços técnicos do streaming, mas aponta desafios críticos: “A estabilidade da rede de ponta a ponta não está sob nosso controle, e o custo mais alto por tempo de jogo em comparação com o modelo tradicional continua sendo um problema.” Para ele, a preferência dos jogadores ainda está na execução local, longe das incertezas da conexão online. O sucesso do PS5 e do PS5 Pro, segundo Nishino, comprova essa tendência.
A Sony mantém seu foco em um ecossistema sólido, com milhões de jogadores engajados nas gerações PS5 e PS4. Nishino não revelou detalhes sobre o próximo console, mas deixou claro que a empresa busca novas formas de interação com o conteúdo. Embora rumores sobre um PlayStation 6 já circulem, é improvável um lançamento iminente — afinal, o ciclo do PS4 foi longo, e o PS5 ainda tem muito a oferecer.
Enquanto a indústria debate entre nuvem e hardware físico, uma coisa é certa: os jogadores ainda valorizam experiências consistentes, algo que os consoles tradicionais sabem entregar melhor — pelo menos por enquanto.
O que as equipes da PlayStation Studios estão desenvolvendo?
O mais recente relatório de acionistas da Sony trouxe um infográfico revelador sobre os projetos em andamento dentro da PlayStation Studios, mostrando desde jogos single-player até títulos live service e conversões para PC. Os detalhes indicam uma mudança estratégica — especialmente no que diz respeito aos GaaS (Games as a Service).
Menos Foco em Live Service, Mais em Single-Player
Apenas quatro estúdios aparecem atualmente trabalhando em jogos como serviço:
- San Diego Studio (MLB The Show)
- Haven Studios (Fairgame$)
- Bungie (Destiny 2 e Marathon)
- TeamLFG (um novo MOBA derivado da Bungie)
Isso sugere uma redução significativa no investimento nesse modelo, especialmente após os altos e baixos de títulos como Destiny 2 e a recente reestruturação da Bungie.
Por outro lado, os jogos single-player continuam fortes, com grandes estúdios dedicados a experiências narrativas:
- Insomniac Games (Marvel’s Wolverine)
- Housemarque (Saros)
- Team Asobi (Astro Bot)
- Naughty Dog (Intergalactic: The Heretic Prophet)
- Sucker Punch (Ghost of Yotei)
- Santa Monica Studio (próximo God of War)
- Firesprite (projeto não revelado)
Jogos que Evoluem e Transgridem Gêneros
A categoria “Evolução/Multigênero” inclui produções que recebem atualizações constantes ou misturam mecânicas de diferentes estilos:
- Polyphony Digital (Gran Turismo 7)
- Guerrilla Games (que transitou de Killzone, um FPS, para Horizon, um RPG de ação)
Isso mostra que a Sony ainda aposta em franquias flexíveis, capazes de se adaptar às tendências sem abandonar sua essência.
Parcerias Externas e o Futuro das Colaborações
A XDEV Publishing, divisão responsável por parcerias com estúdios terceiros, tem projetos em andamento com:
- Arrowhead Games (Helldivers 2)
- Kojima Productions (Death Stranding 2: On the Beach)
Além disso, há menção a “colaborações contínuas”, o que pode indicar mais jogos no estilo de Stellar Blade e Rise of the Ronin — títulos de desenvolvedoras externas, mas com apoio da Sony.
A Postura da PlayStation Contra a Concorrência
Recentemente, Hideaki Nishino, CEO da PlayStation, afirmou que a empresa “não teme o Nintendo Switch 2”, reforçando que a estratégia da Sony não será impactada pelo próximo console da Nintendo. Isso sugere que a PlayStation seguirá focada em experiências premium, seja em hardware próprio ou em parcerias bem selecionadas.
Enquanto a indústria oscila entre serviços de assinatura, nuvem e modelos tradicionais, a Sony parece estar equilibrando suas apostas — reduzindo investimentos arriscados em live service e fortalecendo seu catálogo de narrativas imersivas e experiências únicas. O futuro pode não ser mais tão simples como “esperar o próximo console”, mas a PlayStation ainda aposta que grandes histórias e tecnologia de ponta continuarão a definir sua identidade.