Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name foi originalmente concebido como um DLC para o próximo jogo, Like a Dragon: Infinite Wealth, mas Gaiden acabou surpreendendo ao ter sido desenvolvido em apenas seis meses.
Poucas séries de conseguiram retratar com tanta precisão e dedicação a cultura, os valores e as peculiaridades do Japão como os trabalhos do Ryu Ga Gotoku Studio. A série Yakuza, conhecida no Ocidente, sempre se destacou pela minuciosidade dos detalhes, pela diversidade de atividades disponíveis e pela complexidade de suas tramas. Embora centrada em confrontos no submundo criminoso japonês, a série não deixa de abordar temas como amizade, família, honra e amor.
A transição para Like a Dragon, como a série agora é chamada, acompanhou a evolução não apenas da história, mas também da própria Yakuza no Japão. Em todo esse processo, um nome se destacou: Kazuma Kiryu. Ele se tornou o pilar central em torno do qual a narrativa e a evolução da série foram construídas.
Ganhando mais uma vez um jogo onde é protagonista, Kyriu terá que lidar mais uma vez com a Yakuza, mas agora com outra identidade, Joryu.
Like a Dragon: Gaiden goi lançado em 9 de novembro de 2023, para PS5 , PS4 , Xbox Series X/S , Xbox One e PC.
História
Servindo de prólogo de Yakuza: Like a Dragon, o enredo de Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name se desdobra após os eventos de Yakuza 6: The Song of Life. Após os eventos intensos de Yakuza 6, nosso protagonista Kazuma Kiryu decide fingir sua própria morte, adotando o anonimato para garantir a segurança de seus filhos adotivos. Para manter a segurança das crianças, Kyriu assina um pacto com a facção Daidoji, que controla o governo japonês nas sombras, ele acaba se tornando um discípulo, adotando o codinome “Joryu“. Realizando várias tarefas para a facção secreta por meio de ordens de seu supervisor Kihei Hanawa, em troca de financiamento anônimo para o Orfanato Glória da Manhã. Fora do trabalho, ele passa o tempo meditando em um templo budista com a ajuda de um sacerdote, sendo uma fachada para a Daidoji.
Após uma missão malsucedida que se revela como uma armadilha para sequestrar Hanawa, ele acaba sendo arrastado de volta à realidade de lidar com a Yakuza, obrigando-o a sair do esconderijo por influência de uma figura enigmática que o reconhece sob o disfarce.
Sabendo que a armadilha foi arquitetada pela Família Watase da Aliança Omi, Kyriu descobre que o alvo da ação não era o seu superior e sim ele. Em uma realidade onde a sua verdadeira identidade está em risco, Kyriu se vê no meio de um disputa entre Daidoji e a Família Watase por seus serviços onde um precisa que ele se mantenha em anonimato e outro precisa que ele saia das sombras. Sendo ameaçada e correndo o risco no meio disso tudo estão as crianças do orfanato Glória da Manhã.
Habitando em um cenário melancólico, onde a Yakuza perdeu força e influência na sociedade japonesa, Kyriu caminha em uma linha tênue de passado e presente e precisa se encontrar em uma realidade deslocada para compreender os próximos passos do seu futuro.
Campanha
Todo o enredo de Like a Dragon Gaiden gira em torno de Kiryu. Mesmo sendo um personagem familiar para quem jogou os títulos anteriores da série, ele continua a ser um protagonista cativante. Sua natureza compassiva, sua proteção aos mais vulneráveis e suas imperfeições são o que o tornam tão envolvente. Kiryu, apesar de suas falhas, é um personagem profundamente humano: às vezes excessivamente confiante, ocasionalmente ingênuo e nem sempre habilidoso sutilmente.
A narrativa de Like a Dragon Gaiden se torna mais íntima, já que Kiryu dessa vez está sozinho, impossibilitado de recorrer emocionalmente aos seus amigos, permitindo que a história respire sem ser sobrecarregada por múltiplos personagens competindo por destaque. Apesar de ser uma campanha bem menor que jogos anteriores, a campanha continua interessante.
Embora não seja repleta de reviravoltas mirabolantes, a escrita oferece uma narrativa divertida e envolvente. O desenvolvimento dos personagens é bem executado, mostrando o crescimento de cada um conforme a trama se desenrola. Akame, uma mulher que ajuda moradores de rua em troca de informações da cidade, se torna um ponto importante nas novas interações de Kyriu.
A trama principal mantém o padrão da franquia. No submundo do Japão, intricadas conspirações se desenrolam, envolvendo nosso herói de maneira inesperada, revelando camadas mais profundas da história à medida que avança. Bem escrita e repleta de novos personagens interessantes, embora o ritmo seja um pouco mais acelerado do que o habitual nos jogos Like a Dragon.
O maior problema da campanha reside em atividades claramente feitas para estender o tempo de jogo. É perdido muito tempo em missões secundárias travestidas de principais que só travam o desenvolvimento da história e agregam pouco para os acontecimentos urgentes estabelecidos pelo roteiro.
Gameplay
Dando um passo atrás na nova adoção de JPRG de turnos que foi introduzida em Like a Dragon, Like a Dragon Gaiden volta às raízes de ação e aventura, trazendo uma sensação familiar para jogadores de longa data da série.
Adotando o nostálgico gameplay ao estilo beat’em up, Kazuma Kyriu usa dois estilos diferentes de combate: Yakuza e Agente. Enquanto no modo Yakuza, Kyriu usa movimentos de ataque poderosos concentrados quase em sua totalidade a golpes de socos concentrados. No modo Agente, o Dragão de Dojima se utiliza de combos rápidos de socos e chutes aliando ao uso de diversos gadgets como prender inimigos com um fio (Aranha), enviar drones para atordoar (Vespa), jogar cigarros explosivos (Vaga-Lume) e atropelar inimigos com dispositivos que permitem deslizar pelos combates (Serpente).
Cada um dos estilos servem para situações em combates diferente, o que torna a fórmula sempre divertida. Enquanto o modo Yakuza é ideal para combates um contra um como em subchefes e chefes o modo Agente é ideal para lidar com grupos de inimigos, já que seus ataques funcionam melhor em área, acertando diversos adversários ao mesmo tempo. Cada um dos modos possui um árvore de habilidades, que adiciona novos movimentos.
Apesar de refinado e ser ainda um ponto alto, os combates de Like a Dragon Gaiden carecem de diversidade de inimigos. Enquanto essa característica brilha em combates estudados e estratégicos contra chefes, ele se limita contra inimigos padrões que possuem golpes em comum onde o aumento de uma barra de saúde é a única coisa que o jogo adiciona para resolver o aspecto de dificuldade.
Como todo jogo da RGG Studio, Gaiden possui uma quantidade diversa de atividades secundárias que vão desde missões paralelas a minigames. Para estas missões, Akame é a principal fonte de secundárias. Seja em missões mais trabalhadas como investigar um apartamento que foi palco de uma chacina ou pequenas que são espalhadas por toda cidade que consistem a entregar itens para NPCs aleatórios. Estas missões são a principal fonte de renda do jogo dando dinheiro, mas também são vitais para conseguir Akame Points, pontos usados para expandir a Rede de informações, usar para liberar opções de investimentos, desbloquear habilidades e uma soma de elementos que facilitarão a vida do jogador.
A maior novidade de Gaiden é o Castle, uma mini cidade em cima de um navio container que abriga diversas opções de entretenimento. Podendo participar de diversas atividades como jogar cartas (koi-koi, poker, blackjack e oicho-kabu), comprar equipamentos poderosos ou personalizar com trajes diferentes na Boutique, mas é o Coliseu que a maior atração de Castle reside.
Participando em uma soma de batalhas no modelo de torneio, o Coliseu possui algumas modalidades que consiste na capacidade de escolher o lutador, não sendo apenas o Kyriu e até mesmo montar um grupo com personagens que podem ser recrutados ao decorrer do jogo.
O jogo também possui outros minigames e atividades paralelas na cidade, como jogar fliperamas, dardos, golfe, montar carrinhos de autorama, cantar no karaokê e na revitalizada visita a Casas de Prostituição. Estes locais não servem a nenhum grande propósito no jogo, mas estão lá para adicionar a dose de esquisitice de Yakuza. Utilizando cenas reais gravadas, o jogador escolhe até três mulheres para ter um encontro enquanto conversa trivialidades com a mesma, apesar dessas cenas não terem nada demais, o sentimento de desconforto é gritante, mas nem menos engraçado.
Sendo um jogo com escopo menor, Like a Dragon Gaiden não conta com um modo Novo Jogo+ e tão pouco com dificuldades mais altas, como o Legend. O jogo possui um modo mais fácil que implementa uma assistência de combate simplificada, onde combos automáticos são realizados com o toque do botão de ataque.
Gráficos e Direção de Arte
Like a Dragon Gaiden não usa a Unreal Engine, usada em Ishin e Like a Dragon. Dessa vez a RGG Studio resgata a Dragon Engine. O visual do jogo não ganhou notáveis melhorias em relação aos jogos anteriores, reproduzindo tanto as suas qualidades quanto os seus defeitos.
Apesar de não possui uma cidade grande, Sotenbori é vibrante e encantadora. Com diversas pessoas caminhando pelas ruas, transmitindo uma atmosfera autêntica do Japão, com lojas e construções ricamente representados. As noites continuam lindas, com cenários iluminados com luzes neon e uma boa iluminação. O character design dos personagens continua invejável, com personagens originais e únicos, sempre na qualidade estilosa que a série é conhecida.
O maior problema é que Gaiden continua passando a sensação de geração anterior. Gráficos durante o dia continuam datados, animações e movimentações ainda são robóticas e em alguns objetos é fácil notar a falta de texturas. Não foram vistos durante a análise bugs, o que pode revelar um jogo bem polido.
Trilha Sonora e Som
Sendo composta novamente pelo veterano Chihiro Aoki, a trilha sonora oferece faixas de repleta ação onde consegue passar a sensação de adrenalina nos pontos altos da cena, mas entrega momentos de emoção quando precisa, apesar de não brilhar o bastante para tornar-se memorável.
O jogo possui dublagem apenas para japonês e como sempre dos seus dubladores, a atuação continua espetacular, mesmo com a barreira da língua.
Em Gaiden, Kiryu permanece como o protagonista central, porém, é a influência dos demais personagens que verdadeiramente moldam a trama. Enquanto Kiryu continua sério e centrado, outros personagens enriquecem às cenas mais dramáticas do jogo. Personagens como Akame acrescenta um tom de diversão às situações, zombando do equilíbrio constante de Kiryu.
Por outro lado, figuras como Tsuruno, determinado a expor Kiryu da sua posição de esconderijo, instilam mistério, intriga e uma atmosfera de seriedade na narrativa. Essa variedade de personalidades não apenas complementa Kiryu, mas também enriquece os aspectos emocionais e a profundidade das interações ao longo do enredo.
Além da riqueza dos personagens, destaca-se também a inclusão de legendas para português do Brasil desde o lançamento do jogo, um diferencial marcante.
Vale a Pena?
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name é um jogo para os amantes da franquia, mas iniciar por ele pode comprometer a compreensão da história completa. Apesar da sua curta duração (cerca de 9 horas de campanha principal), oferece uma trama profundamente madura, bastante conteúdo extra e uma jogabilidade cativante, mantendo a fórmula da Ryu Ga Gotoku Studios sempre envolvente.
Embora o combate inicial possa parecer simples, a dedicação recompensa, tornando-o acessível tanto para jogadores engajados quanto casuais, oferecendo um combate vigoroso, trazendo de volta combates em ação e pequenas novidades que adicionam diversão na experiência. Para os fãs e novatos, Like a Dragon Gaiden reserva um vasto terreno para desfrutar.
O jogo mantém a marca registrada da série, oferecendo um capítulo memorável na saga de Kiryu, conectando-se aos eventos de Yakuza: Like a Dragon enquanto conta uma história própria, repleta de personagens envolventes. O combate aprimorado expande ainda mais esse título “menor”, solidificando-o como uma adição forte e um prenúncio impactante para Like a Dragon: Infinite Wealth.
Ryu Ga Gotoku Studio apresenta uma reintrodução eficaz de Kazuma Kiryu, mantendo a profundidade e a essência única da franquia Yakuza. Gaiden se destaca como um jogo sólido na série. Ele não apenas estabelece o cenário para Infinite Wealth, mas também oferece um vislumbre do que está por vir, revelando uma versão de teste especial no desfecho da história. Este capítulo, The Man Who Erased His Name, marca o início do fim para Kazuma Kiryu, mas mostra que a série Like a Dragon tem um futuro promissor pela frente.
Notas do Jogo
Título: Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name
Descrição do jogo: Outrora um yakuza lendário, Kazuma Kiryu forjou a própria morte e abandonou seu nome para proteger sua família. Agora, ele é levado a um conflito por uma figura misteriosa que tenta obrigá-lo a se revelar. Usando o codinome "Joryu", Kiryu embarca em uma empolgante narrativa de ação, com combates estrondosos em locais vibrantes e repletos de atividades e personagens interessantes.
Gênero: RPG, Ação e Aventura
Lançamento: 09/11/2023
Produtora: Ryu Ga Gotoku Studio
Distribuidora: SEGA
Nota
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História - 8/10
8/10
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Jogabilidade - 8/10
8/10
-
Gráficos - 7.5/10
7.5/10
-
Trilha Sonora e Som - 8.5/10
8.5/10
Veredito
Like a Dragon Gaiden: The Man Who Erased His Name é um jogo para os amantes da franquia, mas iniciar por ele pode comprometer a compreensão da história completa. Apesar da sua curta duração (cerca de 9 horas de campanha principal), oferece uma trama profundamente madura, bastante conteúdo extra e uma jogabilidade cativante, mantendo a fórmula da Ryu Ga Gotoku Studios sempre envolvente.
Embora o combate inicial possa parecer simples, a dedicação recompensa, tornando-o acessível tanto para jogadores engajados quanto casuais, oferecendo um combate vigoroso, trazendo de volta combates em ação e pequenas novidades que adicionam diversão na experiência. Para os fãs e novatos, Like a Dragon Gaiden reserva um vasto terreno para desfrutar.
O jogo mantém a marca registrada da série, oferecendo um capítulo memorável na saga de Kiryu, conectando-se aos eventos de Yakuza: Like a Dragon enquanto conta uma história própria, repleta de personagens envolventes. O combate aprimorado expande ainda mais esse título “menor”, solidificando-o como uma adição forte e um prenúncio impactante para Like a Dragon: Infinite Wealth.
Ryu Ga Gotoku Studio apresenta uma reintrodução eficaz de Kazuma Kiryu, mantendo a profundidade e a essência única da franquia Yakuza. Gaiden se destaca como um jogo sólido na série. Ele não apenas estabelece o cenário para Infinite Wealth, mas também oferece um vislumbre do que está por vir, revelando uma versão de teste especial no desfecho da história. Este capítulo, The Man Who Erased His Name, marca o início do fim para Kazuma Kiryu, mas mostra que a série Like a Dragon tem um futuro promissor pela frente.
Vantagens
- Ótimos personagens;
- Combate divertido com novidades;
- Minigames diversos;
- Retratação das ruas do Japão continua rica;
- Ótima interpretação da dublagem em japonês.
Desvantagens
- Campanha é atrapalhada por missões ruins;
- Sem grandes novidades;
- Mapa pequeno de Sotenbori;
- A história possui repete a estrutura de jogos da série, mas sem as viradas de roteiro de destaque.
