Review | Evil West


Apesar de Evil West parecer uma salada incomum de Velho Oeste, vampiros, lobisomens, zumbis, seres nojentos e tecnologia rudimentar, ele pertence ao gênero dark fantasy.

Desenvolvido pela Flying Wild Hog, que andou nos últimos tempos exibindo jogos om maior notoriedade, Evil West foi anunciado e logo despertou o interesse de muita gente. Com gráficos a primeira vista bonitos e um gameplay inspirado em God of War 2018, o jogo conquistou o interesse de uma base de jogadores.

Aos poucos foi se percebendo que o jogo seria menos ambicioso do que a primeira impressão, ficando claro que seria um jogo de menor orçamento com visual de game Triple-A. Acontece que Evil West não é só um jogo indie, ele abraça diversas estruturas ultrapassadas de game design para ter identidade.

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História

O palco da história é os Estados Unidos e você assume o papel de Jesse Rentier, um brutamontes musculoso com ares de Van Hellsing. Jesse é um agente do Instituto Rentier, uma organização secreta que se dedica exterminar criaturas sobrenaturais do Velho Oeste. Nosso protagonista trabalha junto com o ex-agente já aposentado Edgar Gravenor. A história começa com os dois na trilha de um vampiro de alto escalão, Peter D’Abano. O vampiro está envolvido em uma iminente declaração de guerra à humanidade, acontece que ele está com medo do avanço tecnológico dos humanos, que desenvolvem uma tecnologia a base de eletricidade para se defenderem.

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Peter D’Abano, junta de sua filha, Felicity, apresentam o plano para a liderança Sanguissugue, um grupo de líderes que chefiam a organização vampírica. O plano de guerra é rejeitado e D’Abano é condenado a morte junto com sua linhagem. Jesse e Edgar encontram Peter e o emboscam, o derrotando e capturando a sua cabeça.

Os dois levam a cabeça para a Mansão do Instituto Rentier e Jesse ganha a Manopla especial (capaz de derrotar vampiros) de seu pai, William, líder do Instituto. Enquanto uma apresentação sobre a Manopla é feita, a filha de D’Abano, Felicity, invade a Mansão que vira palco de uma carnificina, matando inúmeras pessoas e incendiando o Instituto. Ela consegue recuperar a cabeça de seu pai e declara guerra à humanidade.

Jesse e Edgar fogem junto de William, que foi gravemente ferido para Calico, uma cidade vizinha que serve de célula local para o Instituto. Lá, Jesse suspeita que seu pai foi infectado e que poderá a qualquer momento se tornar um vampiro. Em busca de uma cura para o seu pai e uma forma de consertar a Manopla, Jesse parte em busca por um Velho Oeste inspirado em Dark Fantasy com outra difícil missão de salvar a humanidade de Felicity, que atua nos bastidores para exterminar toda a vida humana.

Campanha

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Adotando uma forma de contar narrativas vinda da geração PS2, a campanha de Evil West caminha por 16 capítulos que são divididos por fases com duração de 40 minutos em média. A cada capítulo há uma cena narrativa do objetivo no seu início e uma cena no seu fim.

Acontece que os personagens de Evil West são versões genéricas e caricatas de perfis que já cansamos de ver em narrativas de outros jogos do gênero, tornando a tarefa de acompanhá-los pela narrativa algo previsível.

O protagonista Peter é o herói durão, apático, de poucas palavras e poucos sentimentos que faz qualquer coisa para sair por aí cumprindo o objetivo proposto pela narrativa sem um mínimo questionamento moral. O veterano Edgar é o fiel parceiro que só serve de suporte ao protagonista. A médica pesquisadora Emilia Blackwell é a mulher durona e mandona que atua de forma cerebral. Felicity, a grande vilã, é só uma vampira jovem descontrolada e raivosa, com um único objetivo de vingança possuindo argumentos sobre a vilania dos humanos que são facilmente quebrados ao jogar os mesmos argumentos para a sociedade vampírica, transformando-a em uma personagem sem causa justificada.

Acontece que a maioria dos personagens possuem esse lado unidimensional, com diálogos ruins e repletos de palavrões e ironias datadas, tornando toda a narrativa, algo descartável servindo de mero veículo para o seu gameplay sangrento e violento.

Gameplay

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Sua jogabilidade adota a câmera localizada no ombro do personagem em terceira pessoa e se inspira quase que inteiramente nos moldes do combate de God of War 2018, mas com level design datado.

O funcionamento das missões de Evil West é inspirado nos jogos da geração PS2 e PS3, onde somos jogados em um mapa temático por caminhos lineares e passagens aleatórias que oferecem ouro, perks, skins e itens para serem coletados. As fases possuem algumas áreas que podem ser divididas entre exploração, resolução de puzzles rudimentares e arenas de batalha contra hordas de inimigos. Para representar as separações de áreas dentro das fases, existem correntes brilhantes. Acontece que uma das falhas do seu level design é que em diversas partes, uma vez que você passa por uma área, não é possível fazer o retorno, perdendo diversos colecionáveis só porque você deu o azar de ter escolhido o caminho certo.

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Outro problema reside nas repetições, por ser um modelo antigo de funcionamento, a fórmula acaba se desgastando ao tornar suas fases cópias previsíveis uma das outras, já que as divisões das áreas são quase sempre as mesmas, apenas adotando algum elemento novo temático com a missão, como implementar teias de aranha para serem queimadas, ativar dispositivos por meio de eletricidade, explodir ninhos com dinamites ou fugir de inimigos em posse de metralhadoras.

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Sobre os movimentos em batalhas, Jesse possui uma arsenal variado de armas, como pistola, shotgun, metralhadora, crossbow, dinamites, lança-chamas, manopla elétrica, cruz paralisante e os próprios punhos. Em movimento, Jesse pode esquivar, dar pontapés pra interromper ataques especiais dos inimigos, um gancho usando a manopla para bloquear, puxar e dar arranques elétrico em inimigos. Com a Manopla, é possível se curar e ativar o modo fúria onde podemos se movimentar e desferir combos mais rápidos.

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Além disso, ele dispõe de duas árvores de habilidades que definem as perícias do personagem, adquirindo ataques especiais, combos novos, movimentos adicionais, ganhos de barras de especiais com o uso de pontos que ganhamos ao derrotar inimigos.

Combate

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Sendo a parte de maior qualidade em Evil West, com um arsenal tão variado de ferramentas a serem usadas, o jogo diverte pela versatilidade e desafio. Todas as fases contam com segmentos separados, que são áreas extensas e espaçosas que contam com caixas de explosivos e estruturas pontiagudas feitas para serem usadas de armadilhas contra as hordas de inimigos que aparecem.

O jogo conta com uma quantidade boa de inimigos diferentes que variam de meros nosferatus, monstros explosivos, franco atiradores, lobisomens saltitantes, aberrações voadoras a subchefes com escudos, monstros que se enfiam na terra, morcegos humanoides e vários outros. Com cada um se comportando de um jeito, todos esses inimigos são jogados pra você quase que de uma vez, oferecendo uma boa dose de desafio e te obrigando a usar a maior quantidade de movimentos e do arsenal para facilitar a sua vida.

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Com tantas armas de longo alcance e um combate frenético, as armas também possuem uma árvore de melhorias e o jogo conta com um assistente de mira, essencial em um jogo que foca em colocar diversos inimigos diferentes na tela. Há alguns inimigos que contam com alertas de mira, onde um brilho dourado circular aparece em janelas de ataque e quando acertados, tiram boas quantidades de vida inimiga.

Infelizmente no seu terço final, os inimigos diferentes vão acabando e acabamos vendo repetições dos mesmos inimigos, demonstrando o claro cansaço do seu modelo.

Gráficos

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Adotando um estilo mais cartunesco e exagerado, os personagens de Evil West possuem estruturais corporais exageradas, com braços e membros extremos maiores que o normal, sendo mais uma escolha de design visual questionável, o design grotesco dos monstros é o maior destaque visual do jogo.

Sendo desenvolvido na Unreal Engine 4, o jogo adota um visual colorido, apesar do seu tema ser mais dark. Com cidades de velho oeste desertas, cavernas, pântanos iluminados, instalações de fábricas abandonadas, montanhas nevadas e diversas outras localizações, o jogo apesar de uma olhada de longe ser bonito, de perto ele demonstra gráficos ultrapassados e problemas com bugs.

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Com animações de qualidade questionável, problemas no carregamento de texturas, erros de iluminação, inimigos e personagem que ficam presos em objetos em momentos aleatórios, cores supersaturadas em locais fechados, o jogo demonstra que não é só antiquado no conceito de level design, mas também graficamente.

As cenas de história acabam por transparecer todos esses problemas, com uma tentativa cinematográfica, a grande maioria das cutscenes demonstravam movimentos estranhos e animações artificiais, não chegando a incomodar o jogador imerso na proposta mais nostálgica, mas não escapando de comparações que abrangem o mercado no geral.

Trilha Sonora e Som

Com músicas baseadas no tema Velho Oeste, Evil West possui trilhas que vão desde o uso de instrumentos de cordas e faixas orquestradas. O problema no seu design de áudio reside mesmo nos sons como ataques, que por muitas vezes são estourados e prejudicam a experiência.

O jogo não contêm dublagem para a nossa língua, mas apresenta legenda em português do Brasil. Foi notado em algumas partes falhas de áudio, onde personagens falavam e nenhum som era emitido.

Vale a Pena?

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Com uma história básica, personagens ruins e um roteiro bobo, sua narrativa é um passatempo descompromissado, mas que não foge da má qualidade na sua escrita e no seu desenvolvimento.

O combate desafiante é o maior trunfo do jogo, contando com diversas ferramentas e upgrades que agregam na versatilidade de experiências no gameplay. Os inimigos ajudam na diversão de batalhas sangrentas e violentas de tirar o fôlego. Pena seu level design e puzzles serem tão rudimentares, atrapalhando diversos segmentos das fases e não servindo bem ao propósito de dosar áreas de combate com de exploração.

Evil West é um jogo divertido que recorre uma união de sistemas antigos como base para diversas áreas do produto. Deverá divertir jogadores nostálgicos que sentem saudades de narrativas descomplicadas, sistemas dedicados a pancadaria frenética e fases lineares cujo propósito seja somente seguir a campanha de forma rápida e direta.

Notas do Jogo
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Título: Evil West

Descrição do jogo: Uma ameaça sombria consome a fronteira dos Estados Unidos. Como um dos últimos agentes num instituto de caça a vampiros ultra-secreto, tu és a última defesa entre a humanidade e um terror profundo que emerge das sombras. Assume a liderança e torna-te um Super-Herói do Velho Oeste, acaba com a ameaça vampira e salva os Estados Unidos! Em combate visceral e explosivo, liberta o inferno com as tuas armas, a manopla de raios e geringonças. Mata monstruosidades sedentas de sangue em grande estilo, como um caçador solitário ou em modo co-op com um amigo ou amiga. Explora e luta na campanha de enredo e melhora as tuas armas e ferramentas de caça. Liberta novas vantagens para aumentar a tua mestria de caça aos monstros, criando o teu próprio estilo de jogo para derrotar as hordas sobrenaturais.

Gênero: Ação, Aventura, RPG

Lançamento: 22/11/2022

Produtora: Flying Wild Hog

Distribuidora: Focus Entertainment

COMPRAR

Nota
6.9/10
6.9/10
  • História - 6/10
    6/10
  • Jogabilidade - 7.5/10
    7.5/10
  • Gráficos - 7/10
    7/10
  • Trilha Sonora e Som - 7/10
    7/10

Veredito

Com uma história básica, personagens ruins e um roteiro bobo, sua narrativa é um passatempo descompromissado, mas que não foge da má qualidade na sua escrita e no seu desenvolvimento.

O combate desafiante é o maior trunfo do jogo, contando com diversas ferramentas e upgrades que agregam na versatilidade de experiências no gameplay. Os inimigos ajudam na diversão de batalhas sangrentas e violentas de tirar o fôlego. Pena seu level design e puzzles serem tão rudimentares, atrapalhando diversos segmentos das fases e não servindo bem ao propósito de dosar áreas de combate com de exploração.

Evil West é um jogo divertido que recorre uma união de sistemas antigos como base para diversas áreas do produto. Deverá divertir jogadores nostálgicos que sentem saudades de narrativas descomplicadas, sistemas dedicados a pancadaria frenética e fases lineares cujo propósito seja somente seguir a campanha de forma rápida e direta.

Vantagens

  • Combate divertido e frenético;
  • Variedades de armas, habilidades e upgrades agregam à experiência;
  • Design bonito de inimigos;

Desvantagens

  • História ruim com diálogos bobos;
  • Personagens sem carisma e unidimensionais;
  • Level design das fases é ultrapassado e entediante;
  • Gráficos datados e com problemas técnicos.

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San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.