Para falar a verdade, os filmes da franquia Avatar, criação da mente do diretor James Cameron nunca me surpreenderam com uma narrativa original e marcante, mas sim com a tradução de fórmulas familiares para um mundo alienígena vibrante e rico. A franquia sempre foi mais conhecida pelos os seus visuais deslumbrantes, embora às vezes excessivos e até mesmo confusos.
Lá em 2009, Avatar: The Game foi lançado junto do filme Avatar, onde teve vendas significativas, mas os jogadores acharam o jogo abaixo do esperado. Apesar das críticas, ainda existiu um grande público interessado em explorar as selvas de Pandora por conta própria. O primeiro jogo foi esquecível, então as expectativas não estavam altas para uma nova tentativa, mas a Massive Entertainment arriscou e criou um jogo de grande orçamento com o apoio da Lightstorm Entertainment, a produtora cinematográfica de James Cameron, odne teve acesso aos roteiros dos próximos filmes para garantir uma experiência que criasse em conflito com os filmes, desviando de suas especialidades anteriores para oferecer uma experiência própria e recompensadora e com isso nasceu Avatar: Frontiers of Pandora, um jogo visualmente impressionante.
Inspirado em franquias como Far Cry, mas oferecendo uma experiência mais imersiva e, às vezes, complexa demais, mantendo a essência do universo de Avatar. O jogo segue essa tendência, oferecendo um mundo cativante, porém sem uma jogabilidade que acompanhe a sua qualidade gráfica.
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História
Oito ano antes de Jake Sully chegar a Pandora no primeiro filme de Avatar, a RDA criou um Programa Embaixador (TAP) liderado pela Drª Alma Cortez e do militar John Mercer. Esse programa consistia em treinar cinco crianças Na’vi sequestradas do seu clã para se tornarem embaixadores humanos Na’vi, e “o Sarentu” (que representa o jogador) é uma delas.
Passando a viver dentro de uma instalação dos humanos e incapaz de caminhar em Pandora, os cinco Na’vi se revoltam pela rigidez de Mercer e tentam fugir das instalações. Na rebelião, Mercer atira e mata Aha’ri, uma das crianças, como forma de exemplo. Oito anos se passam e a RDA é derrotada pelo exército de Jake, resultando na evacuação da RDA de Pandora. Para apagar os seus rastros, Mercer ordena que os cinco Na’vi sejam mortos, mas acabam sendo salvos por Alma que os coloca em suspensão criogênica e os esconde do exército militar.
Dezesseis anos se passam, e os estudantes são acordados pela Resistência, um grupo de desertores Na’vi e RDA liderados pela Drª Alma. Enquanto fugiam, o exército de Mercer retornou á instalação para acabar o que não conseguiu, mas conseguimos escapar ilesos.
Nos é revelado que somos os últimos pertencentes do clã Sarentu, uma tribo antiga conhecida pelas habilidades de contar histórias e a capacidade de se conectar com Eywa e seus ancestrais, que desapareceram de forma misteriosa. Além disso, o exército da RDA retornou para Pandora e agora explora o solo do planeta, levando toda a fauna e flora juntos. No jogo, nos aliamos à Resistência para não só impedir os avanços do exército de Mercer, mas também unir os três clãs Na’vi (Aranahe, Zeswa e Kame’tire) na luta.
Campanha
Uma das piores decisões que você pode fazer para um jogo que foca em narrativa é não ter um grande trabalho no personagem principal, e como todo jogo da Ubisoft, Avatar: Frontiers of Pandora peca e muito. Assumindo o controle de um personagem personalizável e sem nome, vamos vendo Pandora sob os olhos de um Na’vi perdido e que precisa se situar nessa nova realidade, com isso vamos aprendendo mais sobre as tribos e histórias do planeta.
A interação com outros Na’vi e humanos é a nossa principal fonte de informações, mas a sua narrativa cai na segunda decisão grave, não existe um único personagem secundário com história e momentos relevantes que servem como motivador para o jogador continuar engajado pelo roteiro.
Como parte de uma Resistência, o ciclo narrativo do jogo fica bem claro cedo: conhecer um clã e uma nova área do mapa, realizar missões para eles, invadir bases militares e operações de mineração da RDA e conseguir convencê-los a entrar para a guerra contra o exército de Mercer. Este modelo base se repete três vezes.
Existe uma mensagem batida, porém que vale mencionar, que o mote narrativo do jogo é a luta de povos nativos frente a expansão e exploração imperialista que busca destruir fauna, flora, costumes e cultura em busca de dinheiro, mas os momentos são tão pouco inspiradores que a mensagem não ganha força nem para o ativista mais interessado. Tudo em sua história é previsível, com personagens apagados e decisões mornas.
Gameplay
A dedução mais óbvia para quem vê o funcionamento da jogabilidade de Avatar: Frontiers of Pandora é que ele é bem parecido com a série Far Cry, o que é meia verdade. Sendo uma aventura em primeira pessoa e de mundo aberto, controlamos um Na’vi que além de realizar ataque corpo a corpo, pode utilizar arcos e flechas, lanças, metralhadoras, shotguns, lançadores de minas e lança mísseis.
Nossos principais inimigos são os humanos da RDA que podem vir tanto como soldados, como a bordo de exoesqueletos com metralhadoras e lançadores de granadas além de naves militares, mas também caçamos animais exóticos de Pandora e somos caçados também.
Para quem acha que o funcionamento dos combates de Frontiers of Pandora possa ser igual a outros jogos da Ubisoft e decidir ir de peito aberto no campo de batalha, será aniquilado, mesmo nas dificuldades mais baixas. O jogo não privilegia o jogador que vai armado até os dentes se achando o Rambo azul, e sim quem estuda os movimentos inimigos, realiza abates furtivos e usa de todo o sistema de fabricação e aprimoramento de equipamentos para elevar o nível do seu personagem. O jogo não possui um sistema de experiência adquirida ao derrotar inimigos e apesar de uma robusta quantidade de árvores de habilidades que contêm melhorias de força e saúde desbloqueadas com pontos de habilidades, elas não são suficientes para preparar o jogador para os confrontos.
Lutar contra o exército da RDA pode render uma quantidade grande de mortes para o jogador. Além de tirarem um dano absurdo, quase todos parecem usar submetralhadoras, possuem visão além do alcance e mira sniper, tornando impossível de desviar de uma saraivada de balas em campo aberto. Ser furtivo é um trabalho grande, já que basta um inimigo te avistar para conseguir avisar quase que instantaneamente todos os companheiros próximos e chamar uma exército de mechas como reforço que irão te conseguir localizar de uma forma inexplicável. Pelo fato da detecção inimiga ser tão sensível, usar armas de fogo só são recomendadas se o jogador estiver em situações críticas, já que o disparo pode alertar todo mundo de uma vez, obrigando que a gente use as armas Na’vi. Apesar do relato parecer de uma IA avançada, ela parece muito mais uma IA genérica desenhada para para punir o jogador sem nenhuma complexidade ou nuance.
Posto o cenário punitivo dos combates, o jogador precisa desligar tudo o que sabe sobre o funcionamento dos jogos da Ubisoft e aceitar a proposta de Frontiers of Pandora, que consiste em explorar todo o mapa em busca de recursos, equipamentos e melhorias e ir em busca de atividades secundárias.
O núcleo dessas atividades permeia a campanha, onde precisamos resolver problemas das três tribos. Essas atividades consistem em resgatar Na’vis, coletar ingredientes, destruir instalações de mineração da RDA, coletar flores para aprender novas habilidades e movimentos, criar novos tipos de munição e roupas Na’vi onde todos sempre vão se forçar a explorar as regiões e biomas.
Para fazer tudo isso, Pandora também faz parte da proposta não só na coleta de recursos, mas também no seu level design. Desde florestas densas, cheias de montanhas a serem escaladas até pradarias extensas onde podemos cavalgar com o Direhorse, transitar pelo jogo também contêm desafios. Seja para chegar em locais de interesse ou pegar coletáveis, o jogo distribui obstáculos para o jogador superar para encontrar o melhor trajeto livre de animais perigosos, plantas que explodem e que te dão efeitos negativos e pequenos grupos da RDA. Apesar da movimentação ser fluida e fácil, se deslocar por um mapa tão grande começa a passar a sensação de lentidão no nosso progresso e aí que o jogo, consciente sobre sua proposta decide nos dar a capacidade de voar com o Ikran bem cedo na campanha, adicionando mais uma camada da sua proposta.
Ao contrário do que acontece em muitas IPs, Frontiers of Pandora nos concede o sistema de voo nas primeiras horas de jogo. O que poderia significar uma perda de desafio em outros jogos, aqui ele se torna um aliado muito importante para conseguir explorar Pandora em busca de recursos de forma mais rápida e ágil, não atrapalhando no restante. Se ficamos mais fortes apenas fabricando equipamentos melhores, voar não garante um prejuízo na sua curva de dificuldade, já que ele apenas serve como ferramenta de deslocamento na busca de recursos de aprimoramento, aprimoramentos de equipamentos que só são possíveis se você consegue projetos novos de armas que são dados á medida que você avança na campanha. Portanto, Frontiers of Pandora é um jogo extenso e bem mais complexo que a série Far Cry.
Existe alguns problemas sim na sua exploração, já que os métodos de navegação do jogo são complicadas demais. Enquanto você possui uma bússola, as descrições das missões são genéricas na localização. Além disso, o mapa possui um zoom limitado e portanto não é preciso, resultando em episódios de você conseguir chegar no local da missão para logo depois descobrir que ele tá na montanha acima de onde você está. Para enxergar o ponto da próxima atividade, o Na’vi possui uma visão aprimorada que é somente acionada por botão, portanto o jogador precisa o tempo inteiro apertar o botão para localizar o ponto de interesse azul e que apesar de podermos colocar o nosso próprio marcador no mapa, ele acaba não solucionando todos os problemas que essa decisão trás. São pontos pequenos, mas que juntos prejudicam a experiência do jogador, já que existem soluções até dentro dos jogos da Ubisoft que resolvem esses problemas bem.
Gráficos e Direção de Arte
O maior ponto de destaque de Frontiers of Pandora é sem dúvida não só os seus gráficos, mas também a sua direção artísticas que conseguiu transpor das telas do cinema para os games todo o excepcional ecossistema de Pandora. Cada imagem na tela acaba se tornando em uma explosão de cores, movimento e vida, com detalhes incríveis nas plantas, animais, biomas, sistemas climáticos e iluminação. Cada elemento visual foi aprovado pelos criadores dos filmes, garantindo autenticidade. Desde o início do jogo, o ambiente exuberante impressiona e cativa, mostrando um cuidado excepcional na construção do mundo.
O mundo de Pandora é retratado com cuidado e atenção. As interações das tribos e suas diferenças, a vida vegetal exuberante e a sensação de vida em cada canto ecoam a experiência de fãs de “Avatar”, semelhante ao impacto de “Hogwarts Legacy” nos fãs de Harry Potter.
É gratificante a sensação de estar em uma floresta nos games e realmente sentir a imersão realista de estar ali e isso só consegui sentir em Frontiers of Pandora. A composição tão detalhada e tão minuciosamente construída nessa área consegue trazer todo esse sentimento imersivo.
Há problemas também técnicos que merecem serem apontados como as disparidades na qualidade dos personagens, com os Na’vi mostrando detalhes impressionantes, mas os humanos ficando abaixo desse padrão. Além disso, a ausência de reflexos por ray tracing é notável em certos momentos, deixando algumas cenas com um aspecto vazio. Um ponto adicional está relacionado à ausência de reflexos baseados em ray tracing no jogo. Apesar da iluminação e das sombras serem bem executadas, pode parecer estranho apontar essa questão. Além disso, o jogo contêm telas de carregamento um longas demais se compararmos com o padrão da indústria.
Trilha Sonora e Som
As faixas do jogo foram compostas pela Pinnar Toprak, compositora de diversos filmes como Capitão Marvel, séries de TV e games como Fortnite. O objetivo das canções fica claro: permanecer fiels aos fundamentos da trilha sonora original de Avatar, de James Cameron.
Apesar das músicas conseguirem atingir perto d qualidade dos filmes, usando instrumentos de sopro, precursões e até um coro búlgaro, ela não chega até o outro nível de imersão que outros jogos do mercado atingiram esse ano, como o premiado Final Fantasy XVI.
Os sons do jogo se mantêm o maior ponto alto, já que os sons da floresta compõe o rico trabalho de criação da Pandora e são importantes para a imersão excepcional que o jogo consegue passar para o jogador.
Como em todos os jogos da Ubisoft, Avatar Frontiers of Pandora possui localização e dublagem em PT-BR. A qualidade permanece a mesma da empresa, muito por culpa recorrente dos outros jogos da empresa, a história sem grandes momentos marcantes que demandem interpretação dos dubladores. O jogo conta com u problema de tratamento de gênero, onde parece que eles estão trocados no menu, onde se você esoclheu ser tratado com o gênero masculino, todos os personagens o tratam como feminino, algo fácil de reverter e de consertar, mas vale o alerta.
Vale a Pena?
Avatar: Frontiers of Pandora consegue capturar a essência de Pandora de forma surpreendente, superando as expectativas. A Massive Entertainment criou um mundo envolvente, repleto de detalhes que reavivam a admiração sentida com o filme original. Explorar suas florestas exuberantes e interagir com sua vida selvagem é uma representação autêntica da vida em Pandora. O jogo oferece a oportunidade de viver o desejo de um mundo como Pandora existir de verdade. Escalar árvores gigantes, voar em Ikran e cavalgar Direhorses são experiências verdadeiramente especiais. É a melhor versão de Avatar até agora, com um mundo cativante que pode fazer você esquecer o resto do jogo.
No entanto, apesar do cuidado na construção do mundo, o jogo peca na monotonia dos combates, na rigidez do seu sistema furtivo, nas estranhas decisões de IA, problemas de qualidade de vida e na sua estrutura de missões, prejudicando a experiência geral.
Olhando além da história monótona, há espetáculo e liberdade nos costumes Na’vi e nos ecossistemas deslumbrantes. A ausência de marcadores de exploração pode ser vista como uma tentativa de dar mais liberdade ao jogador, mas isso pode ser um desafio para os acostumados com estruturas mais direcionadas.
Para os fãs da fórmula de mundo aberto da Ubisoft, Avatar: Frontiers of Pandora é uma ótima escolha. Embora não seja revolucionário, o mundo deslumbrante de Pandora é um convite irresistível à exploração, onde se revela um jogo de mundo aberto clássico que cumpre seu propósito. É mais um jogo ao estilo Ubisoft, para o bem ou para o mal.
Notas do Jogo
Título: Avatar: Frontiers of Pandora
Descrição do jogo: Avatar: Frontiers of Pandora é um jogo de ação e aventura na primeira pessoa localizado na nunca antes vista Fronteira Ocidental de Pandora. Raptado pela corporação militar humana conhecida como RDA, tu, um Na’vi, foste treinado e moldado para servir os seus objetivos. Quinze anos depois, estás livre, mas dás por ti como um estranho na tua terra natal. Fica a conhecer o teu legado perdido, descobre o que significa verdadeiramente ser um Na'vi e junta-te a outros clãs para proteger Pandora da RDA.
Gênero: Ação e Aventura
Lançamento: 07/12/2023
Produtora: Ubisoft Entertainment
Distribuidora: Ubisoft Entertainment
Nota
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História - 6.5/10
6.5/10
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Jogabilidade - 7.5/10
7.5/10
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Gráficos - 9/10
9/10
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Trilha Sonora e Som - 7/10
7/10
Veredito
Avatar: Frontiers of Pandora consegue capturar a essência de Pandora de forma surpreendente, superando as expectativas. A Massive Entertainment criou um mundo envolvente, repleto de detalhes que reavivam a admiração sentida com o filme original. Explorar suas florestas exuberantes e interagir com sua vida selvagem é uma representação autêntica da vida em Pandora. O jogo oferece a oportunidade de viver o desejo de um mundo como Pandora existir de verdade. Escalar árvores gigantes, voar em Ikran e cavalgar Direhorses são experiências verdadeiramente especiais. É a melhor versão de Avatar até agora, com um mundo cativante que pode fazer você esquecer o resto do jogo.
No entanto, apesar do cuidado na construção do mundo, o jogo peca na monotonia dos combates, na rigidez do seu sistema furtivo, nas estranhas decisões de IA, problemas de qualidade de vida e na sua estrutura de missões, prejudicando a experiência geral.
Olhando além da história monótona, há espetáculo e liberdade nos costumes Na’vi e nos ecossistemas deslumbrantes. A ausência de marcadores de exploração pode ser vista como uma tentativa de dar mais liberdade ao jogador, mas isso pode ser um desafio para os acostumados com estruturas mais direcionadas.
Para os fãs da fórmula de mundo aberto da Ubisoft, Avatar: Frontiers of Pandora é uma ótima escolha. Embora não seja revolucionário, o mundo deslumbrante de Pandora é um convite irresistível à exploração, onde se revela um jogo de mundo aberto clássico que cumpre seu propósito. É mais um jogo ao estilo Ubisoft, para o bem ou para o mal.
Vantagens
- Construção de mundo torna Pandora um dos universos mais ricos já retratados nos games;
- Voar é divertido e útil;
- Graficamente, os Na’vi são lindos;
- Sons da floresta ajudam na imersão;
Desvantagens
- Campanha sem grandes momentos e personagens fracos;
- Baixa variedade de inimigos;
- Combate monótono e trabalhoso demais;
- IA dos inimigos se comporta de maneira estranha;
- Mira adversária ridiculamente certeira;
- Sistema de alerta inimigo sensível demais;
- O jogo obriga ser furtivo, mas não oferece muitas opções;
- Estrutura datada das missões;
- Atividades secundárias repetitivas.