Review | Afterimage


Sendo um dos gêneros que mais ganhou novos jogos nos últimos anos, o metroidvania conquistou a atenção de diversos desenvolvedores independentes e foi presenteado com dezenas de produções estelares e também algumas não tão geniais. Com tantos jogos lançados, o gênero acabou superlotado de experiências, mas com poucas novidades substanciais que potencializassem sua capacidade.

Sendo anunciado pela chinesa Aurogon Shanghai, Afterimage chamou a atenção primeiramente pelos seus belos gráficos e visuais que parecem desenhados a mão em formato de anime e uma paleta de cores colorida.

Mas apesar dos bons gráficos, Afterimage apresenta alguma novidade de gameplay para o gênero ou é só mais um entre tantos saídos nos últimos anos? Vamos descobrir agora.

[lwptoc]

História

Se passando anos após um cataclismo chamado de “A Destruição” que quase varreu toda a civilização humana, somos apresentados à Renee, uma jovem com poderes mágicos misteriosos que acorda nas ruínas de um mundo fantástico sem memórias, apenas possuindo fragmentos de informações sem relação entre si.

Sua vila é atacada por forças misteriosas e seu mentor é sequestrado por uma pessoa encapuzada com um triângulo na capa. Decidida a salvá-lo, Renne parte em uma jornada em um mundo caído junto de uma criatura mágica chamada Ifree. Os dois vão descobrindo eventos que ameaçam este mundo de fantasia enquanto Renee vai revelando aos poucos mais do seu passado e quem ela é.

Campanha

Se existe uma coisa inegável é que a campanha de Afterimage é rica em detalhes e lore. Com muitos NPCs, registros encontrados no caminho e linhas de diálogo, a jornada de Renee não é uma campanha padrão e básica como na maioria dos metroidvanias do mercado, acontece que a forma em que a história é entregue acaba não valorizando todo o trabalho de conteúdo.

Pra começar, o jogo não é nada linear, podendo tanto ter mais de um caminho para prosseguir pelas áreas quanto diversos finais. O jogo conta com vários personagens com arcos narrativos próprios que se confundem com aspectos importantes da história.

campanha review afterimage

Pelo fato de não ser linear, acessamos dados do roteiro de forma embaralhada, tornando informações sobre o folclore e registros históricos de Engardin uma colcha de retalhos recheada de nomes próprios, termos e pontos da história que vão se perdendo em um emaranhado de detalhes soltos, fazendo o jogador apenas se ater aos pontos principais da jornada da personagem e perdendo todas as questões importantes tratadas.

O jogo possui bons temas discutidos como ciclos de violência, degradação de civilizações por conta de ganancia e conflitos existenciais que vão se perdendo em um formato confuso de diálogos pouco conclusivos e que só se enrolam na tarefa de passar a informação para o jogador.

Isso tudo piora quando nenhum dos personagens do jogo possui algum carisma. O personagem que serviria de alívio cômico, o Ifree, não é nada engraçado. A personagem principal segue o padrão de heróis desmemoriados que vão seguindo o script proposto sem grandes momentos, indo de um ponto ao outro sendo empurrada pelo roteiro que se esforça em entregar surpresas, mas é prejudicado pela ausência de brilho e criatividade.

Gameplay

graficos review afterimage

Pra início, Afterimage é um metroidvania completo em estilo e conteúdo. Abraçando todos os elementos clássicos do gênero, o jogo carrega consigo qualidades positivas da sua área, mas também as negativas. A primeira característica mais marcante sobre a sua forma é que o jogo não segue uma progressão linear, dando ao jogador a liberdade para seguir diversos caminhos, onde a exploração é a principal estrela do jogo. A segunda é que o jogo adota elementos soulslike, onde os jogadores perdem toda a experiência obtida no local ao serem derrotados.

Os comandos de movimentação são os mesmos para todo jogo do gênero, com pulos duplos, dashes, esquivas para trás, slides no chão, escalar paredes, nadar e uma quantidade de movimentos que são desbloqueados. Seus controles são precisos e respondem bem os desafios de plataforma propostos no jogo, como desviar de espinhos, jatos de água, lava, dispositivos com lâminas rotativas e uma infinidade de elementos de plataforma que tornam Afterimage um metroidvania com uma dificuldade um pouco acima do comum.

Sabendo que Renee irá ganhar habilidades novas de movimentação de forma gradual como todo jogo do gênero, aqui a velocidade de progressão ao ganhar novos movimentos de exploração demora tanto e é tão custosa de encontrar que acaba tornando as primeiras horas de jogo uma das piores experiências para jogadores de metroidvania, onde você anda e explora por horas e não sente avanço nenhum na campanha.

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Tendo elementos de RPG, nossa personagem possui um sistema de nível onde cada level ganho conquistamos pontos de habilidade que são usados na árvore de habilidades para desbloquear melhorias de status como barra de vida, magia, velocidade, velocidade de cura, taxa de obtenção de itens, defesa elemental, força de ataque das armas principais e secundárias e melhorias de ataque e novas habilidades dos tipos de armas disponíveis.

armas equipamentos review afterimage

Sobre as armas e equipamentos, Renee pode usar até duas armas diferentes, uma em cada mão. Variando de espada, katana, espada longa, foice, chicote e espadas duplas, podemos usar também livros e varinhas para lançar feitiços e magias diversas. Também podemos equipar armaduras para cabeça, tronco e pernas, além de três espaços para acessórios.

As armas em Afterimage oferecem uma ampla variedade de opções, com cada uma apresentando variações únicas. Elas podem possuir bônus de dano físico ou elemental, além de habilidades especiais, como recuperação de mana ou pontos de vida. Além disso, é possível aprimorar as armas para desbloquear propriedades extras e potencializar seu poder de combate.

remanescencia review afterimage

Existem habilidades adicionais chamadas de “remanescências“, que podem ser equipadas de forma limitada. Essas habilidades extras oferecem vantagens únicas, como detecção de tesouros, recuperação automática de vida, melhorar a velocidade dos movimentos, alcance ampliado para coletar orvalho e um dash prolongado, entre outras opções.

Uma adição interessante ao jogo é a possibilidade de cozinhar as partes dos inimigos derrotados. Ao criar refeições com essas partes, você recebe um bônus permanente ao consumi-las pela primeira vez. Essas refeições também podem ser consumidas novamente para obter efeitos temporários de menor escala, que podem ser extremamente úteis em momentos desafiadores do jogo.

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Falando sobre os inimigos, Afterimage não é um jogo fácil também nessa área. Possuindo movesets únicos, conhecer a melhor maneira de lidar com os movimentos dos diversos inimigos espalhados por toda a extensão de mapa é crucial para não perder a sua experiência adquirida enquanto tenta se encontrar na exploração. Os chefes e subchefes também são muitos e difíceis, possuindo formas e golpes muito diferentes entre si que escalam os padrões à medida que a barra de vida vai se esgotando. É elogiável o esforço e trabalho que a Aurogon Shanghai colocou em cada confronto, tornando a jogabilidade divertida e reservando momentos legais.

chefes review afterimage

Sobre a sua exploração, é o ponto que mais me irritou durante o jogo. Pelo fato de não termos ajuda de recursos visuais sobre como seguir a campanha para fundamentar a sua falta de linearidade, por diversas vezes o jogador se verá completamente perdido e tendo que rodar mapas inteiros (mais de 20 mapas) para encontrar formas de como seguir, trazendo consigo episódios como acessar áreas bem avançadas cedo, uma quantidade elevada de backtracking e horas perdidas em situações que não levavam a lugar nenhum. Pra piorar, no início o jogo não permite acessar os checkpoints do mapa (aqui chamados de Árvores de Confluências) sem gastar um escasso item, obrigando o jogador por muito tempo ter que fazer o caminho todo a pé, passando por áreas já exploradas inúmeras vezes e quando é liberado o fast travel, ele é limitado apenas por um ponto por área do mapa, ajudando, mas não resolvendo.

visual review afterimage

É claro que o excesso de backtracking por conta da ausência de direção acaba tornando o jogo uma ótima experiência para amantes de exploração, com diversos baús, atalhos, itens, equipamentos, armas e melhorias de status para encontrar. Em Afterimage, explorar vale a pena e o jogador será bem recompensado, mas não antes de perder horas consideráveis da vida tentando descobrir que o segredo para passar por uma área nova do mapa é entregar determinado item para um NPC de outro mapa não interligado com o destino, ou que os meios para seguir estão escondidos no inventário de um lojista ou até mesmo que não tínhamos uma habilidade que era pra ter sido conquistada mapas atrás, mas por conta do excesso de liberdade, acabamos pulando.

Gráficos e Trilha Sonora

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A área de maior destaque de Afterimage é sem dúvidas os belos visuais desenhados à mão. Usando a Unreal Engine, o visual e os movimentos suaves e bonitos tanto de Renee quanto de NPCs e inimigos tornam um dos jogos de plataforma mais bonitos do ano.

Os cenários do mundo da Engardin são cheios de cores e fantasia. Com mapas que variam de bosques densos, cavernas escuras, cachoeiras, florestas encantadas, laboratórios com criaturas horripilantes, cidades amaldiçoadas, palácios, castelos, masmorras, cavernas congeladas, pântanos, torres, subterrâneos com lava e uma infinidade de áreas, Afterimage entrega tudo muito bem visualmente.

A trilha sonora do jogo é assinada pelo Zhou Pengkun, que consegue trazer um bom desempenho e enriquecer a experiência de jogo, trazendo um atmosfera envolvente. As músicas variam de acordo com as áreas do mapa, criando uma boa ambientação. Com melodias tranquilas e misteriosas em ambientes calmos e contemplativos até faixas intensas e emocionantes durante batalhas contra chefes e desafios de plataforma, a trilha sonora de Afterimage acompanha as diferentes emoções e momentos do jogo, mas não brilha o suficiente para se tornar memorável.

O jogo não conta com dublagem para a nossa língua, mas conta com localização e legenda para português do Brasil, o que ajuda e muito entender aspectos da sua narrativa.

Vale a Pena?

Review Afterimage

Afterimage é lindo e elegante, com visuais desenhados à mão que enchem os olhos quando percorremos os seus extensos mapas variados de biomas únicos e belos enquanto vemos belíssimos designs de personagens, inimigos e chefes.

Com um padrão de dificuldade acima do comum, os desafios da plataforma divertidos tornam cada novo mapa instigante enquanto a grande variedade de inimigos e chefes bem construídos transformam os combates em experiências desafiantes. A exploração é altamente recompensada, com inúmeros coletáveis essenciais para facilitar a vida do jogador.

Apesar de conter uma história com muito conteúdo, seu formato não linear, o excesso de informações jogadas e diálogos pouco concisos acabam por derrubar toda a sua qualidade e desperdiçar uma construção de enredo imersiva. A ausência de carisma e personalidade dos personagens torna tudo muito enfadonho de acompanhar, apesar dos esforços do roteiro.

Ir e voltar pelo mapa inúmeras vezes e perder horas tentando descobrir como seguir com a campanha torna o investimento de tempo algo custoso, cansando o jogador lá pela metade do jogo. Com tantas opções de jogos mais famosos do gênero, gastar pouco mais de 30 horas em Afterimage acaba não valendo a pena depois de tudo.

Notas do Jogo
Review Afterimage

Título: Afterimage

Descrição do jogo: Afterimage é um jogo de aventura e ação 2D desenhado à mão com ênfase no combate acelerado com personagens diversos, fases não lineares e uma história fascinante que se passa nas ruínas de um mundo fantástico. Anos após um terrível cataclismo quase acabar com a civilização humana, uma garota amnésica, chamada Renee, desperta entre as ruínas da capital da cidade. Para recuperar suas memórias perdidas, ela embarca em uma jornada para resgatar seu mentor, desencadeando uma série de eventos que determinarão o destino do novo mundo.

Gênero: Aventura e Metroidvania

Lançamento: 25/04/2023

Produtora: Aurogon Shanghai

Distribuidora: Modus Games LLC

COMPRAR

Nota
7.6/10
7.6/10
  • História - 7/10
    7/10
  • Jogabilidade - 7/10
    7/10
  • Gráficos - 9/10
    9/10
  • Trilha Sonora e Som - 7.5/10
    7.5/10

Veredito

Afterimage é lindo e elegante, com visuais desenhados à mão que enchem os olhos quando percorremos os seus extensos mapas variados de biomas únicos e belos enquanto vemos belíssimos designs de personagens, inimigos e chefes.

Com um padrão de dificuldade acima do comum, os desafios da plataforma divertidos tornam cada novo mapa instigante enquanto a grande variedade de inimigos e chefes bem construídos transformam os combates em experiências desafiantes. A exploração é altamente recompensada, com inúmeros coletáveis essenciais para facilitar a vida do jogador.

Apesar de conter uma história com muito conteúdo, seu formato não linear, o excesso de informações jogadas e diálogos pouco concisos acabam por derrubar toda a sua qualidade e desperdiçar uma construção de enredo imersiva. A ausência de carisma e personalidade dos personagens torna tudo muito enfadonho de acompanhar, apesar dos esforços do roteiro.

Ir e voltar pelo mapa inúmeras vezes e perder horas tentando descobrir como seguir com a campanha torna o investimento de tempo algo custoso, cansando o jogador lá pela metade do jogo. Com tantas opções de jogos mais famosos do gênero, gastar pouco mais de 30 horas em Afterimage acaba não valendo a pena depois de tudo.

Vantagens

  • Lindos visuais desenhas à mão;
  • Controles responsivos;
  • Exploração é recompensada;
  • Bons desafios de plataforma;
  • Combates divertidos contra inimigos;
  • Batalhas contra chefes e subchefes desafiantes;
  • Boa lore;
  • Boas missões secundárias;
  • Localizado em PT-BR;

Desvantagens

  • Narrativa confusa e pouco concisa;
  • Desenvolvimento fraco de personagens;
  • Ausência de orientação de direção rouba horas da sua vida;
  • Excesso de backtracking;

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San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.