Análise | Final Fantasy VII Remake


Destino é algo engraçado e fascinante. Normalmente definido como tudo que é determinado pela providência e pelas leis naturais, é geralmente concebido como uma sucessão inevitável de acontecimentos relacionados a uma possível ordem cósmica. O destino conduz a vida de acordo com uma “ordem natural”, da qual nada que existe pode escapar de acontecimentos pré-determinados e é essa a história do nascimento de um dos maiores expoentes da cultura moderna, onde revolucionou na era dos 32 bits do PlayStation 1 a forma de contar histórias, o lendário Final Fantasy VII.

Sendo considerado o responsável pelo sucesso retumbante do PlayStation 1, o primeiro console proprietário da Sony, Final Fantasy VII foi em sua época algo parecido com que Witcher 3 foi na geração atual. Era mundialmente conhecido por ter impulsionado as vendas do PS1 na época e consolidado o gênero de JRPGs para o ocidente.

O jogo era para ter sido lançado no novo console da Nintendo (na época, o Nintendo 64), a franquia já possuía histórico consolidado na plataforma, mas por uma obra do destino, Hironobu Sakaguchi (pai da franquia Final Fantasy) necessitava de maior espaço de armazenamento para incluir uma ideia revolucionária de cenas em CGIs (Imagens geradas por computador) e os cartuchos do console da Nintendo careciam de espaço para incluí-las.

Confira o quinto episódio dos bastidores “Inside Final Fantasy VII Remake”

Foi então que a Sony ofereceu uma nova ideia, mostrando o seu primeiro console e usando uma mídia barata e com maior espaço. Pela primeira vez a Square-Enix (na época Squaresoft) decidiu por uma manobra arriscada e corajosa, migrar o plano de lançar Final Fantasy VII em um console da Nintendo e lançá-lo para o PlayStation 1 quebrando assim uma relação amigável de anos com a Nintendo, que não gostou de ter perdido a exclusividade de uma das franquias mais famosas no Japão.

Sendo o primeiro título 3D da franquia, Final Fantasy VII foi se revelando um dos maiores sucessos da Sony, apresentando gráficos 3D, cenários pré-renderizados, CGIs imersivas, personagens cativantes, enredo único e uma marca sem igual. Sem dúvidas, o destino de Final Fantasy VII mudou quando desafiaram o status quo da franquia e esse ato foi importante para elevar o patamar da Square-Enix em nível mundial.

O tempo foi passando, a franquia já se consolidava como uma das maiores mundialmente, e no lançamento do PS3, em 2005, a Square-Enix decidiu mostrar a sua nova engine no console da Sony e decidiram escolher os primeiros minutos do jogo de Final Fantasy VII totalmente remodelados com gráficos e efeitos atuais, a famosa Tech Demo.

A reação do público foi acima das expectativas e saiu de controle levando todos a acreditarem em uma remake dessa obra. A Square-Enix, decidiu aproveitar o efeito inesperado causado nos fãs e passou a produzir milhares de conteúdos extras da história, como jogos (Crisis Core, Dirge of Cerberus, Before Crisis) e filmes e animes (Final Fantasy VII Advent Children e Last Order) juntos se tornando a chamada Compilation of Final Fantasy VII. Mas não foi suficiente, o público ainda pedia um Remake de Final Fantasy VII se tornando um dos pesadelos da empresa a cada apresentação pública.

Foi assim, que na conferência da Sony da E3 2015, 10 anos depois da Tech Demo do PS3, pegando todos de surpresa, a Square-Enix decide finalmente anunciar o seu maior desafio, ela anuncia oficialmente Final Fantasy VII Remake. Sendo dirigido por Tetsuya Nomura (na época do original era o character designer) e o produtor do original Yoshinori Kitase, o sonho finalmente se tornaria um produto. Destino atuando mais uma vez.

Depois de muitos percalços, do desenvolvimento do jogo sendo terceirizado e voltando para o desenvolvimento interno, sendo divulgado que ele seria lançado em partes, finalmente Final Fantasy VII Remake foi lançado e agora podemos juntos imergir no universo de Gaia e desafiar os planos escusos da Shinra em Midgar enquanto tentamos entender todo o mistério da relação de Cloud com Sephiroth.

Confira abaixo o que achamos do jogo.

História

Uma coisa a deixar claro primeiro seria que a primeira parte de Final Fantasy VII Remake tratará apenas do arco narrativo dentro de Midgar que ocorria no original e iria até o ponto da fuga da cidade e foi com essa ideia em mente que o roteiro foi desenvolvido. A Square-Enix nos prometeu que a história teria momentos já conhecidos dos fãs e novos elementos narrativos e cumpre de forma honrosa e impressionante esse papel.

O jogo acontece com o grupo eco-terrorista chamado Avalanche, com Cloud um ex-SOLDIER sabotando o Reator 7 da megacorporação Shinra. Shinra é a empresa de energia que suga o Lifestream do planeta descontroladamente e assim, o matando pouco a pouco. Com essa energia, a Shinra mantém a cidade de Midgar, usando o Lifestream transformada em energia, chamada de Mako, para fornecer eletricidade e Matérias. Midgar é uma cidade dividida por setores com dois extremos sociais. Os ricos, empregados da Shinra, vivem nas plataformas superiores, na parte mais rica e abastada da cidade. Os pobres vivem na parte inferior, vivendo dificuldades e privações, impossibilitados de saírem e destinados a ver o céu metálico das plataformas superiores.

Final Fantasy VII Remake data de lançamento 3 de Março de 2020 trailer
Cloud desafia a megacorporação Shinra.

Vários acontecimentos triviais do jogo original ganharam proporções maiores e expansão de acontecimentos dignos de uma das, se não a maior reimaginação atual da história dos videogames. Novas missões foram incluídas nessa primeira parte e mapas inteiros foram criados apenas para dar maior sustentação narrativa dando background narrativo ao mundo, aos acontecimentos e a lore. Além disso, há fatos novos narrativos que deixaram fãs ainda mais confusos com a inclusão dos Murmúrios, entidades misteriosas parecidas com os dementadores.

Esses fatos novos são o grande problema narrativo do jogo. Um novato não vai entender NADA do que acontece nos últimos minutos do jogo e nem vários elementos que ocorrem na história e o jogo não faz questão nenhuma de contextualizar nem para fã o que está acontecendo, imagine então para quem decide começar a jogá-lo.

Existe um problema narrativo quando se decide dividir uma obra completa em partes, ficam várias pontas soltas no roteiro com o fim do jogo e quem não tem ideia da trama original irá precisar esperar anos para entender conceitos da primeira parte. A história simplesmente funciona pouco para quem quer jogar hoje e cria confusão e insegurança quanto ao futuro para quem é fã. 

“O destino ainda não foi decidido!”

Profundidade de personagens

Os personagens ganharam ainda mais vida, reforçando características já antes conhecidas, ganhando profundidade e se tornando ainda mais humanos. Sem perder o tom cômico e até estranho narrativo, que já é uma marca conhecida da franquia, personagens já amados tiveram suas características ainda mais reforçadas em esteriótipos, uma manobra muito reproduzida pelos JRPGs, mas que particularmente gosto, por ser uma das técnicas mais eficientes em criar uma maior aproximação e empatia do jogador ao personagem.

Cloud possui uma personalidade reservada, fria e desinteressada que só é quebrada quando as personagens femininas do roteiro entram em cena. Aos poucos Cloud deixa de ser apenas um mercenário e se torna um membro da Avalanche, se importando pouco a pouco com cada pessoa a sua volta (até com Barret) no meio de uma confusão mental onde enxerga regularmente a sombria e inquietante figura de Sephiroth.

Final Fantasy VII Remake ganha nova arte deslumbrante dos personagens
Cloud, Tifa, Barret, Aerith e Red XIII reforçam os seus esteriótipos, mas não se resumem e limitam apenas a isso.

Barret é o alívio cômico dos acontecimentos e o gerador de piadas, tal qual ocorria no original. O cabeça quente líder da Avalanche agora se apresenta como um expoente de resistência em prol da salvação do Planeta das garras da Shinra. É a força motriz da maioria das missões do roteiro e a chama da justiça do grupo. Sua mudança de personalidade agora é mais aparente toda vez que contracena com a adorável Marlene.

Tifa adquiriu e potencializou uma personalidade divisiva, sempre autoavaliando as ações da Avalanche e questionando as consequências no reflexo do que fazem na sociedade, servindo como balança moral de roteiro e do grupo além de ser a vontade de ferro, ela ganhou ainda mais independência se descolando como linha auxiliar de roteiro para Cloud e se tornando única.

“Segure todo esse ódio, Cloud”

Aerith ganhou uma aura angelical e divertida, sendo a personagem que mais tira sarro de Cloud, mas sem perder toda a doçura e inocência. Aerith assume o papel costumeiro da “moça do campo humilde e inocente” e de fácil obtenção de simpatia com o jogador. Sem perder esse lado mais puro, é fácil notar que sua aparente fragilidade não significa uma personalidade frágil, já que ela é responsável por quebrar a inércia de Cloud e a personagem que mais tem ciência dos acontecimentos do roteiro e se mantêm determinada até o fim do jornada.

Além desses personagens sofrerem melhorias muito perceptíveis que dão sustentação as suas personalidades, outro ganharam maiores momentos, linhas narrativas novas e maior destaque, que são Biggs, Wedge e Jessie, sendo Jessie a personagem que mais se destaca nos momentos iniciais do jogo e marcando sua presença na série de forma definitiva.

Final Fantasy VII Remake detalha Sephiroth, Shinra, habilidades de Aerith, Shiva e novas cenas presidente shinra
O ganancioso presidente Shinra.

O núcleo da Shinra também ganhou maiores tratamentos, sendo os Turks (mais precisamente Reno e Rude) ganhando humanidade e até questionando as ações que fazem durante o roteiro, revelando não apenas o velho caricaturismo de vilão, mas seres sob uma condição de servidão frente a uma megacorporação. É claro que alguns personagens sofreram tratamentos mais caricaturados, como Palmer, Heidegger e Scarlet que ganharam pouco tempo de tela, mas que parecem ser apenas aquilo mesmo, sem maiores razões e motivos que justifiquem as suas personalidades, quem sabe nas próximas partes eles ganhem maior tratamento do roteiro.

Missões secundárias

Se a história da campanha principal segue em uma qualidade muito boa, a qualidade narrativa das missões secundárias seja o único ponto fraco de roteiro, já que a cidade de Midgar oferece uma quantidade gigantesca de conteúdo para criar melhores narrativas e história que acrescentem e ajudem como suporte e contextualizem o universo do jogo. O nível dessas missões consiste em desde ajudar um rapaz atrapalhado que perde carteira até procurar crianças pela cidade. Claro, nada chega a atrapalhar o brilho do jogo, mas quebram o ritmo narrativo e perdem a chance de serem mais substanciais em propósito do enredo.

Gameplay

Um dos maiores medos dos fãs nostálgicos e a maior reclamação dos mesmos quando o sistema de batalha foi apresentado. O jogo original, por limitações técnicas, continha um sistema de turnos usando a famosa barra ATB (Active Time Battle), onde existia um sistema de bate e espera até que a barra enchia para a próxima ação executada. Em Final Fantasy VII Remake os turnos deram palco a um sistema mais dinâmico e com mecânicas parecidas com RPGs mais contemporâneos, sendo agora um RPG de ação, mas sem abandonar seu lado estratégico, que continua muito forte.

BTA e Atordoamento

O jogador agora possui ataques consecutivos simples com o botão quadrado (PS4) e ataques mais fortes com o Triângulo. A barra de ATB, agora BTA, se mantêm presente e agora assume a função parecida com o original. Para usar itens, magias, invocações, limites e habilidades especiais (que agora ficam em uma HUD parecida com a do Kingdom Hearts) você precisa que uma ou mais barras de BTA estejam cheias para executar essas ações. Dessa forma o jogo implementa e força o jogador a suar com maior estratégia suas ações mais importantes durante a batalha e introduzindo um limitador de mecânicas para evitar que o jogo se torne um Hack’n Slash padrão.

Final Fantasy VII Remake ganha belas artes, imagens do jogo e detalhes

Um fator novo para o jogo, mas que já foi usado no Final Fantasy XIII, foi a mecânica de Atordoamento. Onde cada inimigo possui uma barra de atordoamento que enche em determinadas circunstâncias, como uso de determinadas magias ou ataques físicos. Com uma sequência de ataques, alguns inimigos atingem o primeiro ponto antes de serem atordoados, que é o status de Sob Pressão, onde o inimigo fica tonto e a barra de atordoamento enche mais rápido. Quando a barra enche, o inimigo fica inerte e mais suscetível a levar maiores danos e serve como ponto chave nas estratégias de cada batalha e de primordial entendimento para dominar as mecânicas do jogo.

Comando do Grupo

Falando no comando do grupo, com um simples toque de botão, é possível trocar de personagens de forma muito rápida e dinâmica, além de outro toque de botão, comandar personagens sem precisar sair do controle de outro. Uma solução muito pedida pelos jogadores que jogaram Final Fantasy XV.

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Cada personagem possui movimentos, velocidades e jogabilidades diferentes. Cloud é o personagem padrão, com ataque, velocidade, magia, defesa e combos balanceados. Já Barret é o tanque do grupo, possui a maior defesa e PV do grupo com ataques mais a distância e com armas corpo a corpo muito poderosas se usadas, por ser grande, ele é balanceado com menor velocidade de locomoção e acaba sendo alvo fácil de ataques rápidos e tendo menor qualidade mágica. Tifa é centrada em leveza e velocidade, possuindo uma variedade de ataques com altas possibilidades de combos poderosos e rápidos se unido com as habilidades especiais, ela já sofre com menor defesa que os dois. Aerith é a personagem que demandará mais estratégia do jogador, já que ela possui velocidade reduzida, baixo poder de ataque e combos muito lentos, é uma personagem muito mais para uso a distância, mas com um poder mágico sem igual e se usada centrando na sua defesa, pode se tornar quase um tanque de ataque mágico.

Habilidades, Limites, Matérias, Invocações e Árvore de Habilidades em Armas

Para implementar maior versatilidade nos combos, foi adicionado as habilidades, que podem ser golpes, combos, magias de ataque e de efeito especiais. São quase como limites menos poderosos, mas que incrementam ainda mais na versatilidade e diversão da jogabilidade e enriquecem e muito o gameplay. Para conseguir cada habilidade especial, o jogador terá que equipar armas diferentes e usar essas habilidades por uma quantidade de vezes em batalha.

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Cloud usando o seu famoso Limite Corte Cruzado (Cross Slash)

Os conhecidos limites se tratam de movimentos especiais quando o jogador provoca ou toma muito dano, uma barra amarela acaba se enchendo possibilitando poderosos ataques.

As matérias também continuam funcionando da mesma maneira que o original. Obviamente em número de diversidade menor, elas são as responsáveis pelo uso de magias, efeitos, melhorias de status e habilidades. É possível combiná-las para potencializar os seus efeitos, melhorá-las adquirindo ponto de PA e montá-las, dependendo dos espaços disponíveis dos seus equipamentos.

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Aerith usando a magia de Fogo em Apzu.

As invocações, maior parte adquirida nos informes de combate de Chadley, agora surgem apenas em lutas mais importantes (não se limitando a apenas em chefes). Uma barra roxa surge no canto da tela, no momento em que ela é preenchida, a entidade surge no campo de batalha e é controlada sozinha ou você pode controlá-las escolhendo até dois golpes diferentes usando a sua barra de BTA. Quando a barra de invocação é esvaziada, já que a invocação é temporária, a invocação lança um poderoso ataque especial explicando assim a razão deles aparecerem apenas em lutas mais difíceis. São ataques poderosos demais para serem controlados sem limites pelo jogador.

Final Fantasy VII Remake ganha detalhes de Tifa, Barret, sistema de batalha, materias, summons e das favelas do Setor 7
Ifrit demonstrando toda a sua força.

As armas agora além de possuírem as habilidades especiais já mencionadas, agora possuem árvore de habilidades. É possível gastar pontos de habilidade (PH) e adquirir pontos de ataque, velocidade, defesa, efeito e espaços de matérias diferentes para cada arma aumentando assim o status de cada uma e tornando elas únicas. Com esse sistema genial é possível ter armas melhores em ataque, outras em defesa, magia, PV (ponto de vida) ou PM (ponto do magia). Possibilitando uma build mais personalizada e abolindo a prática de abandonar armas mais velhas por serem mais fracas e possibilitando o uso de todas, dependendo do perfil do jogador.

Mapas em Corredores

O jogo adota o famigerado e demonizado sistema de corredores no seu sistema de mapas. Vários grandes jogos usam esse método seja para conduzir a narrativa de forma mais uniforme e também por questões de limitações gráficas. Na minha experiência não tive tamanhos problemas com esse sistema, já que não me senti com liberdade privada e passando pela história em um grande corredor de acontecimentos sem respiro, como ocorria em FFXIII. O jogo adota períodos de calmaria com missões secundárias quando paramos nas pequenas cidades dos setores que remove maiores críticas sobre uma falta de liberdade pelo mapa.

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O backtracking existe, mas vários grandes jogos de mundo aberto usam o backtracking, que passam desapercebidos pelas críticas. Quem já teve que voltar inúmeras vezes no laboratório do Dr. Octavius ou para falar com Tia May em Marvel’s Spider-Man sabe que nem sempre jogos de mundo aberto estão livres de backtracking.

Gráficos

Um dos grandes motivos para o seu remake, os gráficos poligonais do jogo original de 1997 envelhecerem mal, como a maioria dos jogos de PS1. No remake, tudo foi cuidadosamente remodelado, até mesmo os modelos usados nos personagens são diferentes em recentes criações do universo de FF7. Fisionomias, texturas de roupa, cabelos, ambientes, iluminação, movimentação, tudo parece cuidadosamente tratado e reproduzido para tornar aquele universo mais crível.

Houve um extremo cuidado muito perceptível na modelagem de personagens. O design dos personagens originais foi feito pelo já conhecido character designer Tetsuya Nomura, mas para o remake, Roberto Ferrari (que já havia trabalhado no FFXV) assumiu sob supervisão de Nomura essa tarefa. A escolha do design dos personagens foi se aproximar mais do trabalho original, sem perder o visual distinto de mangás e animes japoneses e se afastando um pouco do extremo realismo, que poderia prejudicar no visual famoso dos heróis. Barret agora ganha um óculos escuro, proporções corporais “exageradas”, mas longe de se tornarem estranhas para quem joga. Há a perceptível preferência em toda cena valorizar graficamente as texturas e visuais dos personagens, movimentação dos cabelos, fisionomia e movimentos da boca e olhos, tudo para dar vida a cada personagem e funciona muito bem. Red XIII é a demonstração clara que é possível recriar um animal que fala naquelas proporções de forma crível e toda vez que aparece em tela é sempre um deslumbramento.

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O SOLDIER Roche e Cloud travam batalha cheia de estilo.

Os cenários foram remodelados, recriados e reimaginados. Agora a singela igreja do Setor 5 onde encontramos Aerith ganhou maiores detalhes e uma maior proporção, agora tendo a fuga pelos telhados mais extensa e dando maior realidade ao universo de Midgar. É possível entender a realidade pobre da população que vive abaixo das plataformas superiores, com barracos feitos de sucata e madeira, muito lixo, pedaços e restos de armamento militar (tanques, armas, canhões e etc) que a Shinra descarta no meio dessa população. Agora é possível enxergar de forma mais clara o imenso depósito de ferro velho que é estes setores inferiores que fazem contraponto ao setores mais abastados, com ruas pavimentadas, casas bem arquitetadas, laboratórios e reatores equipados e a sede da Shinra com instalações gigantescas, com muito luxo, ostentação de poderio bélico e de produtos e avançado tecnologicamente, tudo dando maior credibilidade e oferecendo aos jogadores o contexto de realidades.

Confira o segundo episódio dos bastidores “Inside Final Fantasy VII Remake”
Tifa e Cloud crianças fazendo uma promessa.

As cinemáticas são um show a parte. Com direção de Motomu Toriyama (FFX e FFXIII) todas possuem uma qualidade acima do comum com jogos de iluminação usados em produções de cinema e TV, com contrapontos de tons de luz, sempre privilegiando os personagens nas mais diversas cenas, seja carregadas em drama ou em ação de tirar o fôlego, que são muitas.

Nas batalhas, é de conhecimento comum da franquia que sempre houve um cuidado maior nas magias, e todas elas oferecem espetáculos visuais bem construídos com fumaça, luz e movimentos bem construídos, onde é possíve diferenciar uma magia de Fogo comum com o Fogo ++.

Mas há um problema muito crítico nos gráficos do jogo e impossível de passar desapercebido, que são as texturas de cenários, mais precisamente nas favelas. É muito gritante a ausência de texturas em portas, gramas, chão, paredes, objetos, pneus, flores e até mesmo em NPCs. O nível desses problemas deixam esses elementos feios com gráficos de geração PS2. Algumas dessas texturas sofrem atraso de renderização e outras simplesmente não renderizam. Não sabemos se isso é algum bug de renderização, mas parece um problema fácil de resolver, mas que infelizmente a Square-Enix ainda não se pronunciou se irá resolver.

Além disso em uma missão onde você precisa desligar as lâmpadas das plataformas, é possível ver as favelas de cima e é muito notório que a imagem exibida em baixo é um imenso “JPG” com baixa resolução, até mesmo vendo de cima as plataformas superiores, há a distorção de imagem que “enfeiam” um pouco a experiência.

Uma demonstração de textura terrível de NPC e de objetos.

Há problemas de “pop in” onde NPCs, objetos, texturas e iluminação surgem abruptamente nos cenários e alguns recursos muito flagrantes que mascaram uma transição de loading (que são demorados em algumas partes), como quando passamos por debaixo de escombros e objetos, subimos escadas ou nos esprememos por paredes sem um motivo real aparente e retardando o gameplay.

São problemas pontuais que não prejudicam a experiência, mas que poderiam ter sido resolvidos sem esses constrangimentos.

Trilha Sonora e Som

Como sempre, Final Fantasy sempre brilhará nessa categoria e Final Fantasy VII Remake não economiza na versatilidade e na alta qualidade das músicas no jogo. A lendária trilha sonora original foi composta pelo mestre Nobuo Uematsu, e que nesse jogo retorna mais como supervisor, já que os compositores são Masashi Hamauzu e Mitsuto Suzuki que fazem um excelente trabalho na reprodução e na recriação de versões alternativas das músicas dos originais.

Não é difícil escutar várias versões da mesma música e todas muito bem compostas sempre remetendo a nostalgia com a sensação de novidade com roupagens modernas como eletrônicas, rock, pop mais animadas e tristes.

Final Fantasy VII Remake Guia de Discos de Música
No jogo, é possível encontrar discos de música contendo versões com novas roupagens de trilhas clássicas do FFVII original.

Nas batalhas, foi implementado uma sábia decisão onde a trilha sonora acompanha o andamento da luta. Uma música de um mapa se transforma instantaneamente com um ritmo mais acelerado quando se inicia uma luta contra inimigos. Em chefes, em algumas ocasiões a mesma mesma recebe de duas a três versões diferentes na medida que você vai se aproximando de derrotar o chefe sempre acelerando as batidas e dando a sensação de adrenalina e exclusividade a toda batalha contra cada chefe tornando a experiência única.

A dublagem se destaca nos personagens principais, com interpretações genuínas dando vida e tornando real cada personagem com Barret sendo a interpretação que mais se destaca obviamente por ser o mais expressivo do grupo.

“Vamos desafiar o destino.”

Vale a Pena?

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Final Fantasy VII Remake é a reimaginação mais competente já lançada até hoje e pavimenta um longo caminho para as próximas partes. O remake faz e entrega tudo e ainda mais que os fãs esperavam e traz novidades que podem se revelar desafiadoras para fãs e para a própria Square-Enix.

Com uma história repleta de novidades, novos diálogos e personagens bem construídos, Final Fantasy VII Remake se revela como um incremento real e de qualidade em torno do roteiro original, enriquecendo ainda mais a lore de Midgar e dando panoramas e backgrounds narrativos definitivos e pavimentando fatos novos inesperados.

O jogo possui um sistema de combate muito divertido, que mescla boas soluções de ação e estratégia aplicando sempre uma versatilidade de combate e jogabilidade para cada fã. Com novos aspectos de sistema que enriquecem a experiência, o gameplay se revela um dos maiores acertos do jogo.

A trilha sonora se mostra muito competente e impressionando pela versatilidade e qualidade impostas pela equipe, sempre puxando pela nostalgia o jogador mais antigo e pontuando os momentos mais tensos e drmáticos, sabendo dosar e sendo assertivo.

Os gráficos são um deleite a parte, as muitas cinemáticas com primor visual e de direção sabem direcionar o expectador sore o que está acontecendo em tela, pena que o jogo enfrenta sérios problemas de renderização em certas localizações do jogo que poderiam ter sido solucionadas antes do jogo ser lançado.

No aspecto geral, Final Fantasy VII Remake não decepciona e impressiona pelo extenso trabalho notável, sendo um jogo com começo, meio e fim nesse primeiro arco narrativo de Midgar se revelando um jogo muito divertido para fãs da velha guarda e muito acessível para novos jogadores. Sem dúvida nenhuma o jogo inicia uma grande história que só começou e que ainda sequer sabemos agora como vai terminar.

Confira a Política de Reviews do PS Verso

Notas do Jogo
Final Fantasy VII Remake será exclusivo para o PS4 por um ano

Título: Final Fantasy VII Remake

Descrição do jogo: O mundo está sob o domínio da Shinra, uma empresa que controla a energia mako, a força vital do planeta. Na cidade de Midgar, Cloud Strife, um antigo membro da unidade de elite SOLDIER da Shinra e agora mercenário, ajuda o grupo de resistência Avalanche sem fazer ideia das consequências épicas que o aguardam. O FINAL FANTASY VII REMAKE é uma nova versão do marcante jogo original com personagens inesquecíveis, um enredo surpreendente e batalhas épicas. A história deste primeiro jogo independente do projeto FINAL FANTASY VII REMAKE cobre a fuga do grupo de Midgar e aprofunda mais os eventos ocorridos na cidade em relação ao FINAL FANTASY VII original.

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Nota
9.1/10
9.1/10
  • História - 8/10
    8/10
  • Jogabilidade - 10/10
    10/10
  • Gráficos - 8.5/10
    8.5/10
  • Trilha Sonora e Som - 10/10
    10/10

Veredito

No aspecto geral, Final Fantasy VII Remake não decepciona e impressiona pelo extenso trabalho notável, sendo um jogo com começo, meio e fim nesse primeiro arco narrativo de Midgar se revelando um jogo muito divertido para fãs da velha guarda e muito acessível para novos jogadores. Desliza em se afirmar como uma parte fechada e cria confusão para quem já é fã e é pouco cativante para quem não conhece a obra. O jogo inicia uma grande história que só começou e que ainda sequer sabemos agora como vai terminar.

Vantagens

  • Desenvolvimento de enredo e personagens expandido.
  • Jogabilidade divertida
  • Batalhas estratégicas
  • Dificuldade balanceada
  • Cinemáticas de tirar o fôlego
  • Trilha sonora espetacular

Desvantagens

  • Péssimas texturas nas favelas e nos NPCs
  • “Pop in” problemático de objetos e NPCs
  • Missões secundárias pouco criativas
  • História cativa pouco quem não conhece a obra original
  • Novos fatos narrativos confundem mais que instigam

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San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.

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