Octopath Traveler 0 chega como o mais novo capítulo de uma das séries de RPG por turnos mais marcantes da Square Enix. Desenvolvido em parceria com a Dokidoki Groove Works, o jogo retorna ao continente de Orsterra, palco do primeiro título, para apresentar uma narrativa que gira em torno de vingança e restauração.
Desta vez, porém, o ponto central é outro: você é o protagonista. O jogo permite criar seu próprio personagem, definindo aparência, voz e até gostos pessoais, o que representa uma mudança significativa na fórmula tradicional da série.
Outro destaque é o novo sistema de construção de cidades, onde o jogador deve reconstruir sua cidade natal, convidando viajantes e NPCs para habitá-la. Esse elemento promete dar mais agência e senso de progresso ao longo da aventura.
Ao mesmo tempo, retornam elementos clássicos: os gráficos em HD-2D, o uso das Ações de Caminho para interagir com NPCs de maneiras únicas, e o já conhecido sistema de Break & Boost, que mantém o combate estratégico e dinâmico.
No geral, Octopath Traveler 0 parece buscar um equilíbrio entre tradição e inovação, expandindo a liberdade do jogador enquanto preserva a identidade que tornou a série tão reconhecida. A questão agora é entender se essas novas camadas vão renovar a experiência ou simplesmente refinar o que já funciona, e é exatamente isso que exploraremos nesta prévia.
História e Narrativa
De início precisa ser avisado que este jogo trata dos eventos que antecedem a história do primeiro jogo da série. Aqui, a trama de Octopath Traveler 0 se passa em Wishvale, a cidade natal do protagonista. O local celebra todos os anos o Dia da Reverência, um festival marcado por sorrisos, alegria e pela tradicional chama azul, símbolo de proteção e paz para toda a região. Porém, quando tudo parecia seguir a tranquilidade de sempre, a cidade é repentinamente atacada e consumida por chamas vermelhas, dando início a uma tragédia que muda o destino de todos.
A partir desse ponto, o jogador se vê diante de uma escolha crucial: seguir o caminho da vingança contra aqueles que destruíram seu lar ou buscar a restauração, tentando reconstruir o que foi perdido. Essa dualidade funciona como o coração narrativo da experiência, colocando o protagonista, criado pelo próprio jogador, no centro emocional da jornada.
Ao explorar a região de Orsterra, reencontraremos tradições e símbolos já conhecidos pelos fãs da série, como os Anéis Divinos, que carregam grande peso dentro da mitologia do mundo. Esses artefatos estão diretamente ligados ao conflito central e às motivações dos personagens que se juntam à aventura.
A campanha principal de início foca em perseguir os três vilões da destruição da pequena cidade: Herminia (Master of Wealth), Tytos (Master of Power), and Auguste (Master of Fame), mas como sabemos, Octopath Traveler 0 é como se fosse uma reformulação do Octopath Traveler: Champions of the Continent, lançado para plataformas mobile, por isso o jogo promete ter cerca de 100 horas de campanha, tirando conteúdo secundária.
Para o período dessa review, fui permitido revelar até a parte 4 do primeiro capítulo de 4 missões que focam tanto nos três vilões quanto em um adicional. Escolhi de início jogar até a parte de Tytos, um herói de guerra que acaba obcecado pelos anéis divinos e planeja formar um exército de super soldados monstruosos.
Pra quem conhece a série, sabe que ela consegue se desenvolver de forma muito satisfatória e mesmo com limitações que um jogo AAA não possui, se permite até mesmo superá-las, tomando caminhos corajosos e até mesmo cruéis quando preciso.
Durante o caminho, o jogador terá a oportunidade de conhecer mais de 30 viajantes, cada um com histórias e propósitos próprios. Além disso, o sistema de Ações de Caminho permite interagir com NPCs de maneiras únicas, seja convidando-os para sua cidade, desafiando-os ou obtendo ajuda e itens especiais.
Gameplay
Em Octopath Traveler 0, a base permanece fiel ao que definiu a série: batalhas por turnos estratégicas, onde compreender as fraquezas dos inimigos e o uso do sistema Break & Boost continua sendo essencial. Ao reduzir os Pontos de Escudo de um adversário, ele entra no estado de quebra, ficando vulnerável e abrindo espaço para ataques mais fortes, enquanto acumular Pontos de Impulso permite fortalecer golpes, habilidades e efeitos de suporte. O ritmo é metódico, mas recompensador, incentivando planejamento ao invés de força bruta.
A grande novidade é a possibilidade de formar um time com até oito personagens ao mesmo tempo, com mais de 30 viajantes disponíveis para recrutamento. Isso permite criar combinações de funções e estilos de combate mais variadas, tornando cada batalha um exercício constante de ajuste e experimentação.
Essa adoção adicionada uma camada muito estratégica no jogo, já que você só pode controlar os quatro personagens da frente e os quatro restantes ficam aguardando atrás de cada um dos da frente. Quando o turno de um personagem chega, você poderá trocar entre os cada um dos pares respectivos, com isso, saber escolher a melhor dupla e revezar para acumular BP (Battle Points) para potencializar ações dentro do mesmo turno, proteger os enfraquecidos e explorar as fraquezas dos inimigos acaba se tornando a chave de sucesso para 100% das lutas.
Além disso, o sistema de Path Action volta com papel ainda mais importante: agora, interagir com NPCs pode recrutá-los, obter itens, ou até trazê-los para sua cidade, conectando diretamente narrativa e mecânica. Cada decisão fora de combate pode influenciar sua progressão, seu grupo e as oportunidades disponíveis.
Mas talvez o elemento mais marcante seja o novo recurso de criação de personagem. Desde aparência e voz até traços de personalidade, o jogador molda seu protagonista, o que se reflete tanto nas habilidades de combate.
Por fim, o sistema de construção de cidades transforma Wishvale em um espaço vivo, que se expande conforme você avança. Edifícios podem ser posicionados livremente, NPCs podem se mudar para lá e novas estruturas liberam itens, serviços e até companheiros. A cidade deixa de ser apenas um cenário e passa a ser um reflexo da própria jornada do jogador.
Gráficos e Direção de Arte
A identidade visual da série retorna em Octopath Traveler 0 com os já característicos gráficos em HD-2D, combinando pixel art retrô com modelagem e iluminação 3D. O resultado continua sendo aquele contraste intencional entre o charme clássico dos RPGs de 16 bits e uma atmosfera cinematográfica moderna, algo que se tornou a marca registrada da franquia.
Dessa vez, porém, a direção de arte parece investir ainda mais em profundidade e dinamismo, com cenários mais detalhados, jogos de luz mais dramáticos e animações mais expressivas durante batalhas e eventos. Aldeias, florestas e ruínas carregam uma sensação mais viva, quase como dioramas interativos.
Além disso, como o jogador pode reconstruir sua cidade natal, a arte ganha um papel importante na criação de identidade visual personalizada. Cada edifício, personagem convidado e estrutura colocada ajuda a transformar Wishvale em um local com a sua marca, reforçando o vínculo emocional com aquele mundo.
Mesmo mantendo um estilo que remete ao passado, Octopath Traveler 0 não fica preso à nostalgia. Ele utiliza técnicas modernas de câmera, profundidade de campo e efeitos de partículas para criar uma estética que é, ao mesmo tempo, clássica e contemporânea, resultando em uma apresentação que se destaca tanto pela beleza quanto pela personalidade.
Primeiras Impressões
Com cerca de seis a sete horas de jogo em um título que promete ultrapassar as cem horas de duração, ainda é cedo para chegar a um veredito definitivo. No entanto, as primeiras impressões são bastante positivas. O sistema de combate mantém o que a série tem de melhor, herdando o ritmo e a profundidade tática dos dois primeiros jogos — algo que continua tão satisfatório quanto antes.
Ainda assim, há um certo receio quanto à longevidade: será que uma campanha tão extensa conseguirá evitar a repetição e o cansaço? Essa é a principal dúvida que fica neste início.
Visualmente, Octopath Traveler 0 não apresenta saltos notáveis em relação ao segundo título, mas entrega uma evolução sólida em detalhes técnicos e qualidade geral. As versões de console e PC agora exibem um HD-2D mais refinado, e o jogo ganha pontos por trazer dublagens completas em inglês e japonês, que dão mais vida aos personagens e ao mundo de Orsterra.
No fim, a sensação é de que a Square Enix optou pela segurança, reforçando o que já funcionava e ampliando o foco em roteiro e caracterização. O enredo promete uma jornada pessoal e emocional, e o grande desafio será manter essa coesão narrativa e prender o interesse do jogador ao longo de toda a aventura.
Octopath Traveler 0 chegará aos consoles PlayStation 5 e PlayStation 4 em 04 de dezembro de 2025.
Informações do Jogo

Título: Octopath Traveler 0
Descrição do jogo: Octopath Traveler 0 é um jogo eletrônico de RPG baseado em turnos, desenvolvido pela Square Enix e Dokidoki Groove Works , e publicado pela Square Enix.
Gênero: JRPG e Turnos
Lançamento: 04/12/2025
Produtora: Square Enix
Distribuidora: Square Enix












