Em um anúncio que redefine o cenário dos jogos eletrônicos, a Electronic Arts (EA), uma das maiores empresas do setor, será adquirida por um consórcio de investidores privados. O grupo é composto pelo fundo soberano da Arábia Saudita (PIF), pela empresa de private equity Silver Lake e pela Affinity Partners, firma de investimentos de Jared Kushner.
O acordo, selado em US$ 55 bilhões e totalmente financiado em dinheiro, resultará na aquisição de 100% das ações da EA. Os acionistas receberão US$ 210 por ação, um valor que representa um prêmio significativo de 25% sobre o preço anterior das ações, demonstrando a confiança dos investidores no potencial de longo prazo da empresa.
A transação, que já recebeu o aval do conselho de administração da EA, tem previsão para ser concluída até o final de junho de 2026. Segundo a empresa, este movimento estratégico “posiciona a EA para acelerar a inovação e o crescimento”, permitindo que ela construa o futuro do entretenimento interativo. A liderança permanecerá sob o comando do CEO Andrew Wilson, e a sede corporativa seguirá em Redwood City, Califórnia.
Wilson, em sua declaração, foi enfático ao creditar o sucesso às suas equipes: “Nossas equipes criativas e apaixonadas na EA proporcionaram experiências extraordinárias para centenas de milhões de fãs, construíram algumas das propriedades intelectuais mais icônicas do mundo e criaram um valor significativo para nossos negócios. Este momento é um reconhecimento poderoso do seu trabalho extraordinário.” Ele se mostrou otimista com o futuro, afirmando que, junto com os novos parceiros, a empresa irá “expandir os limites do entretenimento, do esporte e da tecnologia”.
A participação do PIF da Arábia Saudita traz uma camada complexa à operação. O fundo é peça central no plano do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman para diversificar a economia do reino, reduzindo sua histórica dependência do petróleo. Embora as autoridades sauditas afirmem que seus investimentos em jogos visam modernizar o país, essa estratégia é ofuscada por um histórico de abusos de direitos humanos severamente criticados pela comunidade internacional. O príncipe herdeiro, por exemplo, foi acusado pela Inteligência dos EUA de ordenar o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi. Além disso, o país impõe uma repressão legal sistemática contra ativistas e pessoas LGBTQI+, com punições que podem chegar à pena de morte.
Do outro lado do consórcio, a Affinity Partners, fundada por Jared Kushner em 2021, tem a maior parte de seu financiamento originário do governo saudita. Kushner manifestou seu entusiasmo, declarando: “A Electronic Arts é uma empresa extraordinária… Admiro a capacidade deles de criar experiências icônicas e duradouras e, como alguém que cresceu jogando seus jogos – e agora os aprecia com os filhos – não poderia estar mais animado com o que está por vir.”
Já a Silver Lake, um gigante do private equity do Vale do Silício, vê na EA uma oportunidade excepcional. Egon Durban, co-CEO da Silver Lake, elogiou a gestão de Andrew Wilson, que durante seu comando “dobrou a receita, quase triplicou o EBITDA e impulsionou um aumento de cinco vezes no valor de mercado“. Durban afirmou que o futuro da EA é “brilhante” e que o grupo pretende “investir pesado para expandir os negócios”, apoiando a empresa em sua missão de acelerar a inovação e entregar experiências incríveis para jogadores de todas as gerações.
Esta aquisição monumental não é apenas uma das maiores da história da indústria de games, mas também um reflexo do crescente interesse geopolítico e financeiro em torno do entretenimento interativo como um ativo estratégico para o futuro.
