Conhecida mais pela história recente atribuída ao sucesso da franquia Souls, do genial Bloodborne e dos premiados Sekiro e Elden Ring e criação de um novo gênero, o soulslike, a FromSoftware era antes mais famosa por seus jogos de lutas de mechas, a franquia Armored Core.
Sua primeira franquia carro chefe foi responsável por ser fonte de diversos elementos que acabaram se tornando um sucesso nos jogos mais recentes da desenvolvedora. Com cerca de catorze jogos, Armored Core teve o seu último jogo lançado no PS3 no longínquo ano de 2013.
Em 2022, no meio do seu retumbante sucesso, Elden Ring, a empresa anunciou que estaria retornando às raízes de suas produções e revelou o lançamento de Armored Core VI: Fires of Rubicon com 10 anos depois do último jogo lançado.
Dessa vez, o diretor do jogo não será o genial Hidetaka Miyazaki e sim Masaru Yamamura, que trabalhou em outros projetos da casa como Bloodborne e Sekiro.
Prometendo começar a história do zero e receber uma nova geração de jogadores, o novo jogo apresenta inéditos cenários, personagens, empresas e facções em uma tentativa conquistar um público que se apaixone por mechas.
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História
Armored Core 6 se passa em um futuro onde a humanidade se desenvolveu uma civilização interstelar. Se passando no planeta Rubicon 3, foi descoberta uma substância valiosa chamada de Coral. Essa substância se revela como uma fonte de energia e como um canal de dados e com isso acabou se tornando um recurso valioso para o avanço tecnológico da humanidade. O uso do Coral da forma errada acabou gerando um evento cataclísmico, chamado de Fogo de Íbis, que acabou envolvendo o sistema estelar em chamas e junto dele, um agente contaminante letal.
Após esse evento, a humanidade restante acreditou que o cataclisma teria exterminado o Coral, mas após 50 anos, foi identificado sinais da fonte de energia em Rubicon 3.
Em uma corrida pela extração da fonte de energia, corporações começaram a explorar o planeta e controlar o Coral, sem se importar com as consequências, degradando tanto o planeta quanto a humanidade.
A serviço dessas corporações existem os mercenários, que acabam lucrando com o conflito. No meio dessa história, você é”C4-621“, um humano aprimorado que está em dívida com as corporações governantes, lutando para recuperar sua liberdade. Sendo um piloto de Armored Core, os robôs de combate, você está servindo o Treinador Walter, um manipulador frio que esconde as suas reais intenções. Ao pousar em Rubicon, “C4-621” rouba a identidade de um mercenário falecido e passa a se chamar de “Corvo“.
É nessa realidade pós-apocalíptica que iremos testemunhar guerras de corporações, movimentos radicais em defesa do planeta e mercenários querendo sobreviver.
Campanha
Fugindo um pouco da narrativa ambiental e focada em entregar a lore espalhada em itens e notas de registro como os jogos Soulslike da FromSoftware, Armored Core 6 conta com uma narrativa mais direta e expositiva, com diálogos claros e objetivos transparentes, mas a forma em que isso é feito é bem ruim.
O maior problema da sua história reside na estrutura do jogo. Sendo dividido por cinco capítulos, cada um possui uma quantidade de pequenas missões que possuem contextos variados, mas quase sempre você é contratado por uma empresa para prejudicar as concorrentes, seja em busca de armas bélicas ou conquistar o direito de extração do Coral.
Quando iniciamos uma missão, somos brifados pelo misterioso Walter sobre os requisitos e tarefas e quando terminamos, detalhes da narrativa vão se desenrolando e avançando. Nosso personagem, Corvo, é um mercenário sem diálogos e sem qualquer vontade própria, aceitando qualquer missão independente e avesso de qualquer sentido de moralidade, inclusive, essa é uma postura de todos os personagens. Por não contarem com nem um único rosto, todos os personagens que entram em contato com você são facilmente esquecíveis, frios e impessoais. Essa soma de detalhes antipáticos vai minando o interesse do jogador e acaba não demorando muito para você se desinteressar pelos pontos da campanha e só cumprindo missões repetitivas na esperança de algo interessante acontecer.
Gameplay
Em resumo, Armored Core VI: The Fires of Rubicon é um jogo de luta de mechas. A bordo de grandes robôs fortemente armados, vamos controlando gigantes de ferro por um sistema antiquado de missões que onde realizamos tarefas distintas e genérica para passar para a próxima fase até chegar em um algum subchefe ou grande chefe nos fins de cada um dos cinco capítulos.
Se no resumo o jogo possa parecer desinteressante, jogando é onde a experiência real acaba surgindo. O combate de Armored Core VI é o ponto mais alto de todas as características do jogo. Essa qualidade é a soma de elementos principais da sua jogabilidade: personalização, upgrade e tentativa e erro.
Tendo um combate ágil e fluido, a primeira vista pode parecer que o controle do mecha possa ser complexo e complicado, com centenas de comandos e coisas para serem controladas ao mesmo tempo, mas isso tá longe de ser verdade em Armored Core VI. É impressionante o quanto é fácil e intuitivo controlar todas as ações do robô, com os botões de ombro responsáveis por controlar os disparos e as diferenças armas, o restante dos movimentos são simples, se revelando um dos jogos mais divertidos e gostosos de se jogar.
Todos os mechas – o nosso e os inimigos – possuem uma barra de vida, armadura e energia. A barra de armadura é praticamente a famigerada barra de atordoamento. Quando somos acertados por muitas vezes, nosso mecha entra em estado de superaquecimento e ficamos um tempo paralisados, onde ficamos menor resistência a danos. A barra de energia é a barra que nos permite usar os propulsores, capaz de sobrevoar, pairar, fazer esquivas e realizar investidas, mas logo se enche rapidamente quando pousamos no chão, não atrapalhando como as barras de estamina de outros jogos da FromSoftware.
Com o combate em terceira pessoa, o jogador tem a disposição inimigos que vão desde drones, torretas, canhões, mechas, tanques e robôs gigantescos. Quando o inimigo se aproxima, ele entra no alcance da nossa mira automática e assim conseguimos atirar neles com maior precisão.
O maior trunfo do seu combate não reside nesses encontros com inimigos pequenos, que mais servem de mera distração do que algum desafio relevante, mas sim nos combates contra subchefes e chefes.
Essas lutas maiores de Armored Core VI são punitivas e desafiantes, mas longe de serem injustas ou impossíveis, diria que são até mais fáceis que outros jogos da desenvolvedora. O jogo entrega todas as ferramentas capazes para passar por esses obstáculos, mas caberá ao jogador aprender a usá-las.
Com inimigos que assumem movesets diferentes e criativos, a fórmula genial de design de batalha da FromSoftware se revela mais uma vez de uma forma invejável e difícil de se ver replicada em outros jogos. Se um subchefe parece difícil o suficiente e quase a prova da nossa build, se movimentando pelo cenário inteiro, mais rápido que os nossos disparos de plasma e letal o suficiente para nos atordoar enquanto lança mísseis, o chefe de final de capítulo se apresenta com um escudo de força resistente, mais lento, com dezenas de mísseis teleguiados lançados de uma vez e forte o suficiente para te destruir antes de você usar qualquer kit de reparo. No fim, a principal tarefa do jogador nesses encontros é conseguir encontrar maneiras de atordoar os inimigos mais rápido para assim tirar a maior quantidade de dano possível antes deles se recuperarem.
Estudar os padrões dos inimigos, testar armas mais funcionais, encontrar janelas de ataque, aprender com os erros, voltar para a garagem para repensar a sua build e tentar tudo novamente será não só o verdadeiro looping de gameplay de Armored Core VI, mas o maior causador de desistência e motivo de crítica para o jogador menos hardcore. É preciso apontar como ponto de crítica negativa é que o jogo não nos permite que a gente mude a nossa build durante as missões, portanto se após uma dezena de tentativas, o jogador sentir a necessidade de mudar o mecha para passar por uma batalha, ele terá que sair da missão para voltar para a garagem, tendo que recomeçar a missão inteira até chegar no subchefe. A boa notícia é que ao contrário dos jogos Souls da empresa, a FromSoftware foi benevolente e colocou checkpoints antes desses combates maiores.
Com uma quantidade gigantesca de partes para personalizar o seu mecha, você poderá trocar braços, pernas, tronco, cabeça, propulsor, bateria, chip de mira, armas nas duas mãos e canhões nos dois ombros. O propulsor e peso do seu mecha serão responsáveis pela velocidade do seu robô, a bateria definirá a carga de energia, o chip de mira ajudará a definir a distância de combate ideal. Tudo isso com inúmeros status de vida, energia, peso, ataque, defesa, resistência, alcance de tiros e uma quantidade grande de dados que revelam a profundidade e a importância que uma configuração bem pensada cumprirá no jogo.
As peças são adquiridas na loja, compradas com dinheiro ganho em missões. Além disso, o jogo conta com sessões de treinamento e lutas em simuladores que também concedem peças importantes para o seu mecha além de dar OS Chips, que são itens valiosos para desbloquear OS Tuning, melhorias permanentes para o seu robô. O jogo facilita a compra e experimentação de novas peças, permitindo que o jogador repita missões já feitas para acumular dinheiro e permite a venda de peças pelo mesmo preço de venda, portanto, o jogador não terá a frustração de ter comprado a parte errada.
Planejar cuidadosamente a personalização é só o começo da experiência de Armored Core VI, o próximo passo é lançar o seu mecha para o campo de batalha e colocá-lo à prova para os desafios. Por muitas vezes o jogador vai testar, falhar, ver o que falta para o seu mecha e retornar para a garagem para ajustar às suas necessidades. O jogo não permite que o jogador subestime suas mecânicas e precisa estar pronto apra saber que nem sempre irá passar por algum desafio de primeira, Armored Core VI coloca obstáculos para barrar qualquer negligência do jogador.
O ponto de crítica para mim reside na quantidade de missões principais e secundárias repetitivas e pouco criativas. O design em que elas funcionam lembram muito o funcionamento de jogos da geração PS2, e apesar de ser aparentemente proposital e um risco calculado, reservam as piores horas de experiência de jogo, já que derrotar mechas genéricos dezenas de vezes se torna uma tarefa chata à medida que vamos passando por missões irrelevantes que escondem a falta de criatividade em que a sua campanha se arrasta.
Gráficos e Direção de Arte
Armored Core VI: Fires of Rubicon conta com dois modos gráficos: o Qualidade e o Performance. Enquanto o Qualidade até a 4K com resolução até 2160p, o Performance visa rodar a 60fps travados e cumpre bem as duas propostas.
Em termos de performance, o jogo apresenta uma suavidade e fluidez incomparável e desempenha um papel importantíssimo para um jogo onde a velocidade de reação importa. A taxa de quadros se mantêm estável nos momentos mais tensos e importantes dos combates e se mostra uma aliada vital para o jogador.
Já em termos de qualidade, o jogo conta com belos mechas, bonitas peças, boas animações e uma direção de arte competente focada nos tons de vermelho e cinza que simbolizam o Coral e o aço dos robôs, mas os elementos e detalhes que compõe o cenário, se vistos com a mínima atenção, se mostram simplistas demais e até feios. Claro que as áreas apenas servem como propósito de compor as arenas de combate, mas isso não livra da necessidade de serem mais substanciais da composição visual do produto. Muitos desses cenários até ajudam a ilustrar bem a realidade histórica e a corrida bélica em busca do Coral que degradou a humanidade, mas isso não deixa de passar a sensação de mapas limitantes, vazios e genéricos.
Trilha Sonora e Som
Composta por Kota Hoshino, responsável pelas trilhas sonoras de Dark Sousl 3, Sekiro e Elden Ring, as músicas de Armored Core VI é variada e sonoriza bem a solidão e perigo em que o planeta Rubicon se tornou. Longe de ser um dos trabalhos mais memoráveis do artista, fica claro que as faixas não são o ponto de destaque do jogo, ficando longe de outras obras memoráveis como em Elden Ring, mas não te deixa na mão.
A parte mais legal do jogo em termos sonoros é o sons presentes no jogo. Desde os barulhos dos mechas, sons presentes no menu, sons abafados dos comunicadores, barulhos dos diferentes disparos do arsenal e as explosões que varam o campo de batalha caótico, o maior trunfo sonoro de Armored Core VI reside nos sons.
O jogo não possui dublagem em português do Brasil, mas conta com legendas e localização para a nossa língua. A dublagem em inglês cumpre um papel importantíssimo e se esforça para dar vida a sua narrativa fria e impessoal e consegue até suavizar o trabalho mediano da campanha, com boas interpretações, apesar dos personagens sem rosto serem esquecíveis.
Vale a Pena?
Armored Core VI transcende a mera gratificação dos fãs da ssérie, representando uma notável roupagem de uma venerável franquia, consolidando e exibindo maturidade depois de uma década de aprendizado em design de jogos. Para os veteranos de Armored Core, o novo jogo eleva a série a novos patamares, para novatos, o jogo vai conquistar uma leva de novos jogadores, mas pode frustrar tantos outros não muito fãs de personalização e combates desafiantes. Apesar de oferecer uma experiência distinta, os jogadores que trazem consigo a bagagem de Dark Souls encontrarão a familiar filosofia de desafio, persistência e recompensa da FromSoftware. Armored Core VI se destaca por sua velocidade, personalização, desafio implacável em momentos cruciais e uma gratificação extremamente envolvente.
Armored Core VI: Fires of Rubicon emerge como uma adição perfeita à franquia. A jogabilidade fluida e os combates incrivelmente empolgantes garantem uma experiência de jogo verdadeiramente cativante. Sem dúvida, está entre os melhores títulos de ação de mechas disponíveis.
Apesar de apresentar uma nova forma de apresentar a sua narrativa, infelizmente o jogo peca pela impessoalidade das relações, a frieza dos personagens e a estrutura de missões do jogo e diálogos que torna tudo muito repetido e previsível. Quando a história decide avançar, você já foi completamente desmotivado pela forma desleixada em que ela se apresentou.
Os gráficos são bonitos, mas nada impressionantes, a sua maior qualidade é sem dúvida a performance estável e fluida que torna toda a sua experiência divertida e impecável em termos de performance.
No fim, Armored Core VI: Fires of Rubicon é mais um triunfo da FromSoftware, que se prova como uma das desenvolvedoras mais habilidosas, maduras e certeiras da história recente do mercado de games.
Notas do Jogo
Título: Armored Core VI: Fires of Rubicon
Descrição do jogo: Combinando a vasta experiência da FromSoftware em jogos de meca com sua jogabilidade característica, ARMORED CORE VI FIRES OF RUBICON traz uma experiência de ação totalmente nova para a série. Batalhas Dinâmicas e Omnidirecionais Os jogadores pilotarão seu meca em frenéticas batalhas omnidirecionais, aproveitando as enormes fases e a mobilidade do meca em terra e no ar para garantir a vitória. Peças Personalizadas para Estilos de Batalha Individuais Personalize as peças do Núcleo Blindado para atender a uma grande variedade de estilos de jogo. Selecionar partes diferentes não só altera os ataques do meca, como também afeta diretamente seu movimento e estilo de batalha, para que cada missão possa ser abordada com uma estratégia de meca exclusiva. Emocionantes Batalhas contra os Chefões Coloque em prática uma ampla variedade de táticas ofensivas e defensivas de curto e longo alcance para derrubar poderosos chefões inimigos.
Gênero: Ação e Aventura
Lançamento: 25/08/2023
Produtora: FromSoftware
Distribuidora: Bandai Namco Entertainment America Inc.
Nota
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História - 7/10
7/10
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Jogabilidade - 9.5/10
9.5/10
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Gráficos - 7/10
7/10
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Trilha Sonora e Som - 8/10
8/10
Veredito
Armored Core VI transcende a mera gratificação dos fãs da ssérie, representando uma notável roupagem de uma venerável franquia, consolidando e exibindo maturidade depois de uma década de aprendizado em design de jogos. Para os veteranos de Armored Core, o novo jogo eleva a série a novos patamares, para novatos, o jogo vai conquistar uma leva de novos jogadores, mas pode frustrar tantos outros não muito fãs de personalização e combates desafiantes. Apesar de oferecer uma experiência distinta, os jogadores que trazem consigo a bagagem de Dark Souls encontrarão a familiar filosofia de desafio, persistência e recompensa da FromSoftware. Armored Core VI se destaca por sua velocidade, personalização, desafio implacável em momentos cruciais e uma gratificação extremamente envolvente.
Armored Core VI: Fires of Rubicon emerge como uma adição perfeita à franquia. A jogabilidade fluida e os combates incrivelmente empolgantes garantem uma experiência de jogo verdadeiramente cativante. Sem dúvida, está entre os melhores títulos de ação de mechas disponíveis.
Apesar de apresentar uma nova forma de apresentar a sua narrativa, infelizmente o jogo peca pela impessoalidade das relações, a frieza dos personagens e a estrutura de missões do jogo e diálogos que torna tudo muito repetido e previsível. Quando a história decide avançar, você já foi completamente desmotivado pela forma desleixada em que ela se apresentou.
Os gráficos são bonitos, mas nada impressionantes, a sua maior qualidade é sem dúvida a performance estável e fluida que torna toda a sua experiência divertida e impecável em termos de performance.
No fim, Armored Core VI: Fires of Rubicon é mais um triunfo da FromSoftware, que se prova como uma das desenvolvedoras mais habilidosas, maduras e certeiras da história recente do mercado de games.
Vantagens
- Alto nível de personalização de mechas;
- Combate divertido e desafiante;
- Movesets de chefes tornam a experiência de combate recompensadora;
- Modo performance roda estável e sem quedas.
Desvantagens
- Forma de entrega narrativa desinteressante;
- Personagens irrelevantes;
- Estrutura de missões torna a campanha repetitiva;
- Missões principais e secundárias com objetivos genéricos;
- Ambientação de cenários monótonas;
- Texturas ruins;
- Precisar abandonar missão para personalizar os mechas.