Nos últimos anos, a série acabou ganhando vários remakes das suas versões de SNES, sendo o último da linha principal lançado em consoles no longínquo ano de 2006 para PS2. Era questão de tempo para a série principal ressurgir depois de tantas revisitações dos clássicos, e quando Visions of Mana foi anunciado, foi um grande presente para os fãs da série.
A convite da Square-Enix, nos foi oferecida uma build da preview para compartilhar nossas primeiras impressões do jogo e discorrer sobre suas mecânicas, jogabilidade e outras opiniões. Vamos conferir o que Visions of Mana nos reserva?
História
A cada quatro anos, a Árvore de Mana envia Fadas ao redor do mundo para escolher Alms. Estes Alms são oito indivíduos selecionados para viajar até o Santuário de Mana que está localizada a Árvore, onde sua presença ajudará a rejuvenescer o fluxo de poder de mana oferecendo os seus espíritos. Além disso, Para a peregrinação até a Árvore, é designado um “Soul Guard“, que fará o papel de proteger estes Alms até o seu destino, garantindo uma viagem segura.
Neste universo, somos introduzidos ao jovem Val, um Soul Guard escolhido da Vila do Fogo, que decide levar sua amiga de infância, Hinna, para a chegada da Fada. Dentre todos os presentes, a Fada escolhe a amiga de infância de Val e a nomeia como a Alm of Fire.
Agora, Val e sua amiga devem embarcar em uma aventura épica além de sua vila natal, com a missão de chegar à Árvore de Mana de mãos dadas e juntos enfrentar os desafios que surgirem em seu caminho.
Durante o trecho permitido de ser jogado nesta preview, acompanhamos Val e Hinna por esta aventura. É necessário dizer que Visions of Mana é um JRPG puro, portanto, ele carrega todas as características e vícios de um roteiro desse tipo de jogo, como uma linguagem mais infantilizada, soluções narrativas simplistas e o funcionamento da campanha bem claro. Para começar, vamos aprendendo aos poucos que a jornada até a Árvore de Mana não se limitará apenas a Hinna, e vamos conhecer outros Alms de outros espíritos elementais. Para conhecê-los, o jogo usa um modelo bem utilizado onde sequencializa arcos narrativos criados em cidades, dungeons e áreas de mapa aberto para empurrar o fio condutivo da sua narrativa.
É neste modelo que vamos conhecer Careena, uma jovem oráculo que se nega a ser Alm of Wind; Morley, um felino espadachim castigado pela culpa que se torna Alm of Luna; e Palamena, uma rainha que esconde ser a Alm of Water por medo do sucessor do seu reino.
Até onde conseguimos jogar, a história não saiu do comum ainda e esperamos que um ponto de virada possa ajudá-la a se livrar do funcionamento pouco inspirado.
Gameplay
Seguindo Trials of Mana, Visions of Mana percorre quase os mesmos caminhos, embora não pareça muito feliz nas decisões quanto ao antecessor.
Funcionando como um RPG de ação, podemos controlar livremente até três personagens por batalha. Cada um possui ataques médios e fortes por terra e aéreos, capacidade de desviar, usar itens, ativar até quatro ataques mágicos configurados por atalhos no controle, usar ataques especiais chamados Class Strikes e utilizar Elemental Vessels, que são artefatos concedidos pelos elementais com diferentes efeitos no campo de batalha.
O jogo adiciona alguns sistemas específicos para tentar enriquecer e colocar profundidade no seu gameplay, como a capacidade de equipar Elementais. Cada Elemental possui sua própria árvore de habilidades (Elemental Plots), onde você pode usar magias de ataque, suporte e habilidades adicionais que concedem uma variedade limitada de efeitos. Cada personagem pode equipar um elemental por vez e suas árvores de habilidades não são compartilháveis, onde cada um precisa avançar de forma individual. Quando um personagem é equipado com um elemental, ele acaba ganhando uma classe, que possui atributos de status diferentes, como força, defesa, magia, saúde, velocidade, etc. Além disso, cada elemental troca a arma que o personagem pode usar.
O jogo também conta com Sementes de Habilidades (ability seeds) que concedem habilidades mágicas fora dos elementais, mas de forma temporária. Uma vez equipadas, essas sementes permitem ao jogador ganhar a capacidade de lançar magias, aumentar atributos de força, defesa ou críticos. Essas sementes funcionam como acessórios e, até agora, podem ser adquiridas por meio de baús.
Sabendo o básico de como funciona o sistema onde o gameplay de combate opera, a sua experiência, apesar de inicialmente divertida, passa a apresentar problemas e limitações bem aparentes. De início, percebemos que os combos entre ataques médios e fortes quase inexistem; se existem, são tão desajeitados que parecem não funcionar. Isso era um dos trunfos de Trials of Mana e, por algum motivo, desapareceu aqui. É claro que segurar botões desses ataques desencadeia um ataque diferente, mas um jogo de ação com mais de 10 horas não consegue se sustentar por muito tempo sem cair na repetição.
Outro problema grave é que Val possui apenas três tipos de armas (espada comum, espada grande e o conjunto lança e escudo), e duas delas possuem combos muito lentos e pesados para um personagem principal. É claro que é possível trocar para os outros personagens e ter outras experiências de batalha, como Morley sendo um espadachim ou usando duas lâminas com combos de ataques mais rápidos, mas espera-se que um protagonista seja um pouco mais balanceado, não um tanque com ataques pesados e lentos.
O jogo até tem boas respostas usando atalhos nos botões para desferir magias que oferecem ataques e resistências elementais, mas os ataques corpo a corpo do jogo parecem pouco fluidos. O jogo conta com outros sistemas, como a CS Gauge, uma barra que se enche por ações nos combates e que desfere as Class Strikes, poderosos ataques elementais que acertam todos os inimigos do campo de batalha.
Sobre a dificuldade e seus inimigos, dada a natureza mais infantilizada do seu visual, não espere grandes dificuldades em Visions of Mana. Os inimigos possuem ataques diferentes, mas são fáceis de serem previstos. O jogo funciona muito em um sistema elemental onde um elemento é mais forte que outro; usar o certo facilita muito os combates contra chefes, que também não são desafiantes e não possuem, até aqui, grandes designs de batalha. O maior desafio que você vai enfrentar no jogo será a câmera, que se posiciona de forma confusa e atrapalha na maioria das vezes, mesmo quando focamos no inimigo.
Até agora, o grande aspecto do seu gameplay se dá pelo level design das áreas de exploração. Sendo numerosas e variadas, Visions of Mana entregou mapas verticais muito bem construídos, onde montanhas, pontes, plataformas e caminhos são bem colocados para oferecer uma experiência mais divertida. O grande problema da sua exploração reside no fato de que quase todos os baús oferecem itens comuns e apenas poucos oferecem Sementes de Habilidades. Aos poucos, depois de ir atrás de todos os pontos azuis que representam os baús no mapa, o jogador pode desistir dessa caça por ser pouco recompensado, desperdiçando todo o trabalho de level design dos mapas.
Gráficos e Direção de Arte
Visions of Mana é bonito, bem colorido e, assumindo um visual mais infantil, o jogo possui belas paisagens. Cada mapa apresenta diferentes biomas e cenários inspirados que enriquecem a experiência de exploração. As cidades são grandes, com arquiteturas únicas entre si. Os personagens possuem um trabalho adicional bonito que chega perto do primoroso trabalho de Tales of Arise, embora não consiga superá-lo por possuir animações um pouco inferiores.
O maior problema dos seus gráficos reside na sua limitação de orçamento. Vários objetos carecem de texturas e até mesmo de polimento, apresentando aspectos lavados quando vistos de perto. Mesmo no modo desempenho, as cutscenes parecem rodar a 30 fps, abaixo do padrão de 60 fps do modo. Sobre bugs, em uma batalha, depois de usar um Class Strike, Val foi substituído pela sua espada e todos os personagens sumiram da tela, o que me obrigou a recarregar o save. O bug não voltou a se repetir durante o período dessas primeiras impressões.
Primeiras Impressões
Até onde podemos jogar, Visions of Mana entregou uma qualidade um pouco superior à demo lançada em julho, embora não tenha sido algo substancialmente grande.
É ainda cedo para dar um veredito, apesar de ainda não termos nenhuma declaração confirmada da duração do jogo. Baseado no gênero, Visions of Mana pode ter entregado uma boa ideia de como ele irá funcionar no restante das horas até o fim, mas a minha opinião até agora é que ele pode divertir muito quem deseja um jogo leve e despretensioso para passar as horas, mas não me pareceu que irá além disso.
O jogo oferece uma experiência visual agradável, uma exploração divertida, embora pouco recompensadora, e um combate com baixo desafio, mas que pode divertir aqueles que não procuram sistemas muito complexos.
Para um novo jogo da série, até agora parece pouco para o que a franquia merece, mas só a análise final poderá dizer sobre o que achamos realmente do jogo completo.
Visions of Mana chegará aos consoles PlayStation 5 e PlayStation 4 em 29 de agosto de 2024.
Informações do Jogo
Título: Visions of Mana
Descrição do jogo: Visions of Mana é um jogo inédito na série que gira em torno da espada sagrada e de mana. O protagonista, Val, e sua amiga de infância, Hinna, a recém-nomeada Alm of Fire, partem em uma jornada até a Mana Tree. O campo semiaberto vasto, vibrante e emblemático deste jogo tem monstros adoráveis, mas ferozes, que enfrentam você em batalhas tridimensionais ágeis envolvendo o poder dos Elementals. Por meio das aventuras com novos amigos conhecidos ao longo do caminho, eles começam a descobrir a verdade sobre o mundo. Devemos aceitar nossos destinos? Uma nova história de "Mana" começa aqui, com a clássica série de fantasia retornando às raízes.
Gênero: JRPG e Ação
Lançamento: 29/08/2024
Produtora: Square Enix
Distribuidora: Square Enix