Vindo com ares de rebelião e com o desafio de ser quem você quiser ser, Watch Dogs Legion foi anunciado pela Ubisoft com uma proposta única, tornar possível jogar com qualquer NPC presente no jogo.
A proposta inovadora e o tom mais dark representam uma mudança radical na série, ainda mais retratando dessa vez uma Londres futurista sob uma forte repressão de uma empresa de segurança tecnológica, Legion veio e voltou do desenvolvimento com diversos adiamentos, tudo para “melhorar” os produtos após os recentes fiascos da publisher francesa. Mas será que foi suficiente?
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História
A história de Watch Dogs: Legion acontece em Londres, Inglaterra. Nós assumimos o controle de um homem com trajes sociais chamado Dalton Wolfe, que está se infiltrando no Palácio de Westminster a noite. Dalton é um agente da DedSec e está à caça de intrusos armados que se infiltraram no Palácio e estão planejando um ataque terrorista plantando bombas no lugar. Liderado por Sabine Brandt e a IA Bagley, a filial londrina do DedSec enviou o agente para desarmar essas bombas.
Enquanto tentava desarmar bombas, ele foi descoberto pelos intrusos. Após uma sucessão de acontecimentos, Sabine teve que fechar Bagley deixando que Dalton consiga cumprir a missão sem a ajuda da IA. Dalton consegue chegar no telhado do Parlamento e desarma a bomba. Ao desarmá-la, Dalton, Sabine e Bagley descobrem que os autores do atentado são outro grupo anônimo de hackers chamado Zero Day, e logo descobrem que quando desarmamos a bomba do Parlamento, ativou diversas outras bombas que foram armadas em locais importantes de Londres. Ao anunciar o seu plano, o líder do Zero Day envia um drone e mata Dalton ao mesmo tempo que as bombas espalhadas por Londres são detonadas, levando consigo as vidas de milhares de londrinos.
O governo britânico decide contratar e dá a chave da cidade e o controle para Nigel Cass, o CEO de uma empresa militar privada chamada Albion, à fim de restaurar a ordem e manter a segurança de Londres. Nigel Cass não perde tempo e joga a culpa dos acontecimentos nas costas do DedSec e promete caçá-los.
Meses se passaram após o atentado e a cidade de Londres foi completamente tomada pela Albion, que está no controle da lei, controlando não só a segurança, mas supervisionando a política e invadindo as liberdades pessoais por meio de uma agência de inteligência chamada SIRS (Signals Intelligence Response), que reúne e controla toda a rede de inteligência da Grã-Bretanha. Esse estado de repressão desencadeia agitações sociais e políticas entre a população de Londres e qualquer um que ouse questionar os métodos, são presos pela Albion ou simplesmente desaparecem.
Sabine ressurge e consegue entrar em contato com um novo recruta em posse de CT OS (um sistema operacional). Ela o convence a entrar na Safehouse do grupo DedSec e reativar Bagley. Com tudo restabelecido, Sabine propõe ao novo integrante do DedSec a recrutar novos integrantes para a causa para reconstruir a resistência, incentivando o cidadãos, liberando bairros e trazendo pessoas para o seu lado a fim de se rebelarem contra a Albion enquanto tentam descobrir a real identidade do grupo culpado pelo atentado, o Zero Day.
Campanha
A primeira coisa que podemos dizer sobre o tom de Watch Dogs Legion é que ele é mais sombrio. Contendo temas sobre repressão, escravidão, venda de órgãos, assassinatos brutais, personagens psicopatas e tramas conspiracionistas em um nível governamental e quase que militar, ele se aventura por temas mais sérios e certamente é menos alegre e bem humorado que o segundo jogo, não sendo só sendo uma aventura de adolescentes rebeldes e assumindo uma narrativa de rebelião contra um repressão de ares fascistas que mata civis para controlar por base do medo uma civilização.
A ideia seria ótima, mas como todo jogo das narrativas da Ubisoft, tudo é feito de forma genérica e até certo ponto, covarde, isso tudo piora quando não temos um protagonista. Não tendo o turrão, mas estiloso Aiden Pearce do primeiro e nem o engraçado e carismático Marcus Holloway, Watch Dogs Legion sente e muito a falta de uma figura central. A ideia do protagonista ser o grupo DedSec onde civis rebeldes lutam contra a escalada de um regime ditador é boa, mas ela atrapalha o personalismo necessário para grandes narrativas.
Apesar de ter coadjuvantes como a IA Bagley e a líder Sabine apresentando seus pontos de vista e diálogos, como todos os personagens da Ubisoft, nenhum deles é marcante e são só o que são, personagens que só servem para te orientar na campanha.
Outro problema da empresa é repetido aqui, seus vilões jocosos e vazios. Apesar de reunir alguns antagonistas com propostas interessantes, eles apresentam pouco desenvolvimento narrativo, são vazios de propósito, com linhas de diálogos sarcásticas genéricas e irrelevantes o suficiente para mostrar uma ameaça real, jogando tudo o que diz respeito a personagens, num nível muito ruim.
Gameplay
Nessa etapa de existência e já no seu terceiro jogo, é desnecessário dizer que a principal mecânica da franquia Watch Dogs é usar o celular para hackear dispositivos eletrônicos como câmeras de vigilância, semáforos, geradores, armadilhas, bueiros, torretas, drones, smartphones, computadores, portas, dispositivos de segurança e várias outras coisas e em Legion isso tudo é possível, mas a novidade que o novo jogo propõe é a capacidade de recrutar qualquer NPC de Londres e isso acaba afetando algumas coisas no gameplay.
Apesar de proposta parecer irreal, ela é verdadeira, em Watch Dogs Legion é possível recrutar qualquer um que você encontrar na rua para o DedSec, mesmo os inimigos. A variedade de personagens é impressionante, contendo atributos físicas, habilidades especiais, vantagens e desvantagens, cada personagem recrutado terá diferentes armas, dispositivos, acessos, drones e gadgets para divertir o jogador, implementando uma novidade na experiência de gameplay, testar e recrutar novos personagens controláveis.
É claro que alguns personagens são mais especiais que outros, estes personagens você precisará de completar algumas tarefas propostas por eles, tendo que realizar missões secundárias distintas, mas sendo recompensado com habilidades e possibilidades únicas, como um mágico que hipnotiza guardas ou ser um guarda da Albion e poder entrar em instalações da companhia pela porta da frente.
Para melhorar a experiência e implementar uma dose de dificuldade, Legion também implementa a escolha de usar a mecânica de morte permanente, onde seus personagens podem morrer de verdade e não serem mais usados. A mecânica agrega na sensação de perigo e força o jogador a ter mais cuidado ao entrar em combate com inimigos.
Sem um personagem central controlável, Watch Dogs Legion também possui uma “árvore de habilidades” só que geral. Ao completar missões principais e secundárias, o jogador ganhará Pontos de Tecnologia, que também podem ser encontrados por diversos pontos verdes do mapa de Londres. Assumindo a bandeira da liberdade, o jogador poderá gastar em qualquer uma das habilidades desde o início do jogo, podendo expandir as possibilidades de hackear diferentes drones, inimigos e torretas, adquirir habilidades de camuflagem, usar mais habilidades do Spiderbot e uma variedade de possibilidades.
A premissa de Watch Dogs Legion com esse tanto de personagens poderia significar que precisaríamos de uma equipe diversa com habilidades únicas para conseguir seguir com a campanha, mas não é isso o que acontece. Apesar de um ou outro personagem ser necessário para completar missões, você só precisa de uma equipe pequena com poucas habilidades distintas para conseguir passar pelas missões da campanha, inclusive você pode até usar só um personagem para zerar e assim meio que subutilizar a proposta principal de Legion. É claro que o ideal é recrutar personagens e jogar com diferentes propostas, mas o jogo não obriga de forma fundamental que o jogador use a mecânica que serve como carro chefe do game, ao meu ver, um erro de game design.
O jogo melhora e torna os combates mais acessíveis e menos desajeitados. Com um combate corpo a corpo mais polido e um tiroteio mais acessível, Watch Dogs Legion aprimora várias mecânicas do anterior, mas repete também muitos dos erros, como missões secundárias bobas, controles ruins de veículos e uma física de colisão imperdoável de irreal.
A estrutura do funcionamento das missões principais também me incomodou. Com pouca variação e uma alta de repetição de tarefas, tudo o que temos que fazer é dirigir até a missão, se infiltrar na instalação, hackear algum dispositivo, de vez em quando resolver os famigerados puzzles de liberar caminhos luminosos e fugir do local. Não há uma obrigação de combinar habilidades únicas de três ou mais agentes. Apesar da mecânica de stealth aliado ao uso de hackeamento e gadgets ainda ter sua parcela de diversão, temos a sensação de jogar o mesmo jogo com uma skin nova com menos carisma que o segundo jogo da série.
Gráficos
O jogo acontece em uma Londres futurista e cumpre bem a proposta de um local altamente vigiado. Com uma retratação impressionante, a Ubisoft sempre foi muito boa em localizar cidades e culturas históricas e atuais de forma muito competente. Contendo diversas localizações, edifícios, monumentos e coisas importantes da cidade londrina, Watch Dogs Legion te levar para um tour quase real da capital da Inglaterra e adiciona painéis luminosos, neons, telas e telões digitais contrastando com drones militares e de entregas, muitos agentes de segurança e locais de rebeliões para mostrar que estamos em um futuro opressor não tão longínquo.
Infelizmente, como sempre, jogos da Ubisoft contêm diversos problemas de bugs. Como carros com IAs problemáticas, veículos presos em paredes, inimigos que bugam, golpes que lançam inimigos no ar, postes que quebram facilmente e árvores que arregaçam o seu carro, o jogo contêm diversas inconsistências famosas nos jogos da casa, mas nada foi influente para atrapalhar o meu progresso, pelo menos.
Apesar de ter uma boa iluminação, as animações faciais de NPCs continuam feias e isso piora no conjunto já que dessa vez jogamos com os NPCs, elevando o problema em comparação a jogos anteriores. Com caras feias e esquisitas, apenas personagens centrais da narrativa possuem algum trabalho mais polido nesse sentido, mas também não chegam a se destacar pela qualidade, só são mais trabalhados e aceitáveis do resto.
Trilha Sonora e Som
As músicas de Watch Dogs Legion é assinada pelo britânico Stephen Barton, que já trabalhou em trilha de filmes como Shrek e Narnia e jogos como Call of Duty, Titanfall, Star Wars Jedi Fallen Order e vários outros.
Particularmente, jogos com problemas de roteiro ou poucos momentos importantes podem prejudicar o trabalho musical, e achei que isso acontece aqui. Com músicas boas, o conjunto é prejudicado por serem má utilizadas ou terem poucos momentos narrativos cruciais para brilhar.
O maior sonoro problema reside na dublagem. Por não conter um personagem principal, a dublagem dos NPCs são aleatórias e várias se repetem. Com diálogos ruins e excesso de gírias que não combinam com o visual do personagem, haverá diversos momentos de vergonha alheia, desconforto e constrangimento com interpretações esquisitos em NPCs, se tornando um trabalho fraco e incômodo nessa área.
Vale a Pena?
Watch Dogs Legion é mais um jogo com todas as particularidades de obras da Ubisoft. A grande novidade de recrutar qualquer NPC presente em Londres é divertida e experimentar nuances distintas de gameplay enriquecem a diversão e se torna inovadora no mercado, mas é mal aproveitada e subutilizada na campanha. A estrutura das missões é a mesma 80% da campanha e funciona da mesma forma que os outros jogos.
Com uma lore e proposta interessantes com o tom mais sombrio e sério da franquia, a narrativa de Legion carece de profundidade e apenas arranha a superfície dos temas. A ausência de um protagonista se revela um retrocesso narrativo à série e antagonistas repetem a fórmula genérica da empresa de retratar os seus antagonistas.
Watch Dogs Legion é divertido, é legal, mas se mantêm mediano, arranhando a apenas a superfície do que se propõe, resultando em um produto genérico: funciona, mas não impressiona.
Notas do Jogo
Título: Watch Dogs: Legion
Descrição do jogo: Constrói uma resistência com praticamente qualquer pessoa que encontras na rua, à medida que fazes hacking, te infiltras e lutas para recuperar a Londres de um futuro próximo que está à beira da ruína. Bem-vindo à Resistência. Recruta e joga com qualquer pessoa na cidade. Todas as pessoas que vês têm uma história, personalidade e competências únicas. Acede a drones armados, utiliza aranhas-robô e usa uma camuflagem de Realidade Aumentada para derrotares os teus inimigos. Explora um mundo aberto enorme com todos os monumentos icónicos de Londres e atividades paralelas divertidas. Usa os teus recrutas online e luta ao lado dos teus amigos em novas missões no modo Online.
Gênero: Ação, Aventura, RPG
Lançamento: 12/11/2020
Produtora: Ubisoft Entertainment
Distribuidora: Ubisoft Entertainment
Nota
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História - 7/10
7/10
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Jogabilidade - 7.5/10
7.5/10
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Gráficos - 7/10
7/10
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Trilha Sonora e Som - 7/10
7/10
Veredito
Watch Dogs Legion é mais um jogo com todas as particularidades de obras da Ubisoft. A grande novidade de recrutar qualquer NPC presente em Londres é divertida e experimentar nuances distintas de gameplay enriquecem a diversão e colocam uma dose de novidade única nos games, mas é mal aproveitada e subutilizada na campanha. A estrutura das missões não inova e funciona da mesma forma que os outros jogos.
Com uma lore e proposta interessantes com o tom mais sombrio e sério da franquia, a narrativa de Legion carece de profundidade e apenas arranha a superfície dos temas. A ausência de um protagonista se revela um retrocesso narrativo à série e antagonistas repetem a fórmula genérica da empresa de retratar os seus antagonistas.
Watch Dogs Legion é divertido, é legal, mas se mantêm mediano, arranhando a apenas a superfície do que se propõe, resultando em um produto genérico: funciona, mas não impressiona.
Vantagens
- Mecânica de recrutamento diversifica e diverte experiências;
- Melhora do combate corpo e corpo e tiroteios;
- Infiltrar instalações com o Spiderbot e drones ainda é legal;
- Bela retratação de Londres.
Desvantagens
- Ausência de protagonista prejudica todos os pontos da campanha;
- Vilões simplistas e pouco cativantes;
- Estrutura de missões repetitiva;
- Mecânica de recrutamento mal utilizada na campanha;
- Bugs e falta de polimento em NPCs e personagens;
- Dublagem não combina em diversas ocasiões.