Review | Tunic


Não é segredo que a série The Legend of Zelda inspirou e ainda inspira diversos jogos da indústria. Seja nas suas mecânicas ou no seu estilo visual único, a série é diretamente responsável por influenciar diversas franquias antigas e novas.

Caminhando nessa direção e tendo coragem de assumir as suas referências, Tunic foi anunciado com tudo que a série da Nintendo se estabeleceu. Sendo desenvolvido quase que inteiramente por Andrew Shouldice, que foi o responsável pela parte técnica e criativa do jogo, Tunic foi publicado pela Finji.

Uma dúvida paira para estes jogos que assumem tão escancaradamente suas origens:

Usar mecânicas e identidade visual de séries consolidadas é o bastante para que um jogo seja bom?

Tunic faz mais que isso, ele resgata memórias nostálgicas, mas deixa claro que quem investir seu tempo terá que se provar como um real jogador.

História

Caído à beira de uma praia, está um pequena raposa com roupas esverdeadas e um lenço vermelho amarrado no pescoço. Ela segue em frente por escadarias e se depara com monstros. Correndo deles, ela se refugia em uma caverna e encontra no baú um pedaço de madeira para conseguir se defender numa terra misteriosa.

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No caminho a pequena raposa encontra uma grande porta dourada, que se abre magicamente. Ao entrar, a raposa cai num mundo sobrenatural e segue por escadarias em ruínas. No topo, após ativar dois dispositivos uma grande porta azul se abre e atrás dela revela uma grande raposa presa dentro de um cristal em volto por três armações hexagonais.

Ao se aproximar, a grande raposa acorda e tenta escapar de sua prisão, três grandes joias coloridas (azul, vermelha e verde) cintilam acima e uma explosão de luz ocorre levando a pequena raposa para o mundo terreno de volta.

É nesse mundo estranho e envolto de mistérios em que Tunic começa, sem dicas e tampouco palavras decifráveis o jogador estará tão perdido quanto o nosso personagem.

Campanha

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Você de início, não saberá de nada. Não terá ideia de quem é o seu personagem, que mundo é aquele, o que você precisa fazer e tampouco quem são os personagens e inimigos que vão aparecendo na campanha. O jogador apenas vai deduzindo acontecimentos até que vai recuperando páginas perdidas de um manual que revelam pouco a pouco a lore do mundo, dos inimigos, dos locais, de acontecimento passados e dos personagens.

Mesmo que o jogador faça o final padrão do jogo, ele pouco saberá de partes importantes da história a menos que ele decida buscar o final secreto que envolve uma soma de tarefas desafiantes em busca da última página desse quebra-cabeça.

O sentimento de ir desvendando os mistérios de sua história é divertido, mas em termos práticos de storytelling não ajudam a contar uma boa história, apenas dão contexto aos acontecimentos. Até no seu final secreto, o jogador se verá deduzindo origens de cada personagem.

Gameplay

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Para qualquer um que ver uma imagem simples do jogo notará a clara inspiração na série Zelda. Sendo um jogo de aventura e exploração com elementos de RPG, Tunic conta com uma câmera isométrica, poucos botões de ação, uma espada, um escudo e itens adicionais que podem ajudar nos combates e em quebra-cabeças, Tunic é uma justa homenagem não só a franquia da Nintendo, mas o sentimento nostálgico de jogadores oldschool.

 

Tunic também bebe da fonte de jogos Souls-like, possuindo uma barra de vida e de magia, o jogo também possui uma barra de estamina para realizar ações diversas. Sua dificuldade não é facilitada e o jogador se verá morrendo algumas vezes até dominar movesets de cada monstro. Assim como na série Souls, cada morte o jogador deixará as moedas coletadas (importantes para compra de itens e melhorias de status) no local que morreu para serem coletadas novamente. A cada morte o jogador voltará ao último ponto de save, que aqui são estátuas, que recuperam vida, poções e magia. As moedas no jogo são itens muito importantes, já que elas são cruciais não apenas para comprar itens, mas para subir de nível em cada um dos atributos, tornando cada morte um passo atrás para a progressão do jogador.

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Como todo jogo parecido com Zelda, a sensação de progressão é real e significativa, já que a cada avanço em locais e áreas novas o jogador irá expandir suas ferramentas e arsenal que podem incluir dinamites, pistolas, cetros de fogo e de gelo, ganchos mágicos e etc. É claro que cada um desses itens terá o uso limitado, portanto o jogador terá que dominar as mecânicas básicas de ataque com espada, se defender com escudo e esquiva para lidar com os inimigos variados que não estão dispostos a serem amigáveis.

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As batalhas contra chefes, como era de se esperar, são melhor esquematizadas, mas pessoalmente as achei entediantes e é onde percebi que as mecânicas de combate de Tunic não funcionam com inimigos de longas barras de vida. Possuindo limitação com três botões (quadrado, triângulo e círculo), o jogador precisará se arriscar a acessar o menu com a batalha acontecendo se quiser trocar para outros itens de arsenal. Com as longas barras de vida, logo seus itens e sua magia irão acabar e o jogador terá que se virar com a espada e o escudo se quiser passar pelos seus chefes desafiantes. Mesmo se o jogador decorar os movimentos, ele acabará morrendo algumas vezes para eles pela alta duração desses combates, que não são tão criativos como na série Zelda e se limitam a só esvaziar a barra de vida.

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Outra característica muito forte em Tunic é a natureza do seu mapa. Apesar de ser pequeno contando com três áreas abertas, Tunic possui várias dungeons que variam de florestas densas, santuários, cavernas, palácios em ruínas, criptas escuras, poços recheados de aranhas, minas com radiação, fábricas de totens, montanhas de neve a bibliotecas. Se aproveitando de sua câmera isométrica, Tunic esconde muitos cantos e passagens secretas que serão importantes para a progressão da história e servem de puzzles de cenário que irão desafiar o jogador e remetê-los ao sentimento nostálgico de jogos de antigamente a cada nova descoberta. É importante salientar que a natureza de Tunic é não ser tão linear, liberando acesso a qualquer área, mas para avançar em determinados locais o jogador terá que conseguir itens especiais para acessar locais antes inacessíveis.

Outro ponto que não curti é o funcionamento de um puzzle em específico, vital para o jogador conseguir o final secreto. Possuindo um funcionamento só, o jogador terá que entender sozinho com base em dicas confusas e pouco práticas sequências de botões extensas para encontrar baús escondidos. Apesar do bom sentimento de resolver um puzzle difícil depois de horas de tentativas, a quantidade e a ausência de outras formas acaba deixando a tarefa mais exaustiva e frustrante do que recompensadora pra mim.

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O mais interessante de tudo isso que contei é que o jogo não explicará nada. Desde os comandos básicos, ,explicação sobre mecânicas básicas, uso e efeitos de itens, acessórios que podem ser equipados, visualização de mapas, funcionamento de quebra-cabeças, inimigos e tudo o que envolve sobre o funcionamento ou direção de Tunic não são explicadas. O jogador terá que coletar páginas perdidas por um antigo herói que são inspiradas aos antigos manuais que vinham com os jogos que explicam funcionamentos básicos e mecânicas e esse é um dos charmes de Tunic, o jogador terá que descobrir praticamente tudo sozinho.

Gráficos

Assumindo que é uma clara homenagem à Zelda, Tunic usa de diversas características visuais da série, desde a roupa do protagonista, o estilo meio cartunizado, a paleta de cores colorida e alegre ao design dos menus.

Com gráficos simples e até assumindo formas quadradas, Tunic não esconde também que é um jogo pequeno de um estúdio independente e investe no sentimento nostálgico dos jogadores remetendo a memórias afetivas na forma no que tudo se apresenta.

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A direção de arte se destaca mesmo é no manual. Reproduzindo fielmente o manual de um jogo verdadeiro, a cada página coletada, o jogador terá a sensação de revisitar as folhas de um caderno de registros rabiscado à caneta pelo antigo dono. Possuindo imagens bem desenhadas que reproduzem muito bem locais, pontos chave da aventura e instruções de jogo, é divertido sempre que o jogador recupera uma página para revelar um novo segredo ou uma página que estava faltando.

Trilha Sonora e Som

Com uma música serena e tranquila, Tunic é um jogo relaxante que leva o jogador a caminhos já conhecidos de outras trilhas sonoras. Com faixas que soam semelhantes à outros jogos, particularmente não achei que suas músicas chegam a se destacar, mas contribuem para a proposta introspectiva de jogador e jogo.

O jogo não possui dublagem em nenhum idioma, mas conta com partes legendadas em português do Brasil, já que a maior parte dos textos escritos do jogo são de uma linguagem própria e quase indecifrável.

Vale a Pena

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Tunic vale a pena para qualquer um que goste de jogos, mas vale mais ainda para aqueles jogadores mais antigos que desejam resgatar aquele sentimento nostálgico de um período da infância onde mecânicas eram mais simples e propostas eram mais diretas, mas agora com uma roupagem mais desafiante que um The Legend of Zelda padrão. Feito para aqueles que sentavam e rabiscavam em cadernos soluções de puzzles, decifrava dicas em idiomas diferentes ou se encantava a cada nova descoberta debaixo do nariz depois de horas de gameplay rodando sem encontrar nada. Tunic é saudade.

Com uma duração que pode variar de 5 a 10 horas, Tunic é um jogo charmoso e cheio de mistérios à espera de jogadores oldschool revelem todas as camadas de sua proposta.

Notas do Jogo

Título: Tunic

Descrição do jogo:

Explore um reino repleto de lendas perdidas, antigos poderes e monstros ferozes em TUNIC, um jogo de ação isométrico com uma pequena raposa em uma grande aventura. Sozinho em um lugar arruinado, sem armas, além da sua própria curiosidade, você terá que enfrentar feras colossais, coletar itens estranhos e poderosos, e revelar segredos esquecidos pelo tempo.

TORNE-SE UMA LENDA Dizem que há um grande tesouro escondido neste reino. Será que está atrás da porta dourada? Ou estaria enterrado nas profundezas da terra? Há rumores sobre um palácio em meio às nuvens, e seres antigos com incríveis poderes. O que você vai encontrar?

RECONSTRUA UM LIVRO SAGRADO Durante suas viagens, você terá que reconstruir o Manual de Instruções do jogo. Revele mapas, dicas, técnicas especiais e os segredos mais bem guardados, a cada página. Encontre todos eles e, quem sabe, algo de bom poderá acontecer...

SEJA VALENTE, PEQUENINO! Domine o combate técnico e variado. Use esquiva, bloqueio, aparada e ataque! Aprenda a lidar com os mais variados monstros, de todos os tamanhos, e descubra novos itens que serão bem úteis.

Gênero: Ação

Lançamento: 27/09/2022

Produtora: Tunic Team

Distribuidora: Finji

Nota
7.3/10
7.3/10
  • História - 7/10
    7/10
  • Jogabilidade - 8/10
    8/10
  • Gráficos - 7/10
    7/10
  • Trilha Sonora e Som - 7/10
    7/10

Veredito

Tunic vale a pena para qualquer um que goste de jogos, mas vale mais ainda para aqueles jogadores mais antigos que desejam resgatar aquele sentimento nostálgico de um período da infância onde mecânicas eram mais simples e propostas eram mais diretas, mas agora com uma roupagem mais desafiante que um The Legend of Zelda padrão. Feito para aqueles que sentavam e rabiscavam em cadernos soluções de puzzles, decifrava dicas em idiomas diferentes ou se encantava a cada nova descoberta debaixo do nariz depois de horas de gameplay rodando sem encontrar nada. Tunic é saudade.

Com uma duração que pode variar de 5 a 10 horas, Tunic é um jogo charmoso e cheio de mistérios à espera de jogadores oldschool revelem todas as camadas de sua proposta.

Vantagens

  • Sentimento nostálgico recompensador;
  • Exploração e segredos recompensadores;
  • Manual de instruções divertido;
  • Direção artística.

Desvantagens

  • Formato da história não empolga;
  • Combates chatos contra chefes;
  • Limitação no uso de armas e itens;
  • Puzzle para o final secreto repetitivo.

 

 


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San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.