Review | Ender Lilies: Quietus of the Knights


Se existe um gênero que cresceu de forma assustadora em estúdios independentes, é o gênero metroidvania. Com vários jogos sendo desenvolvidos com essa proposta, a tarefa de chamar a atenção dos jogadores para o seu  jogo e se destacar fica cada vez mais desafiante e algumas grande pérolas podem ficar pelo caminho do ostracismo, e Ender Lilies: Quietus of the Knights faz o possível para se destacar seguindo os passos de carros chefes contemporâneos.

Adotando características visuais bucólicas como o sucesso Hollow Knight e um gameplay parecido com Salt and Sanctuary, Ender Lilies: Quietus of the Knights já chega trazendo um sentimento de familiaridade aos fãs de franquias e do gênero, mas será que isso é o suficiente para se destacar?

Desenvolvido pelo pequeno estúdio japonês Binary Haze Interactive, Ender Lilies: Quietus of the Knights surge com a missão de colocar o estúdio no mapa de interesse da mídia e dos jogadores unindo duas recentes paixões, metroivanias e Souls Likes.

História

Você é uma garotinha e acorda sem memória nos fundos de uma catedral em ruínas. Um espectro, o Cavaleiro Negro, fala com você e se compromete a ser seu guardião. Os dois saem da catedral e testemunham um mundo em ruínas dominado por criaturas monstruosas e uma chuva que não cessa. Ao ler registros pelo caminho você descobre que você está no País do Fim, seu nome é Lily e você é uma Sacerdotisa Branca.

Em um dia uma chuva misteriosa, a Chuva da Morte, começou a cair no País do Fim e ela começou a provocar tumores malignos nas pessoas, essa praga foi chamada de Corrupção. Esses tumores impediam que as pessoas morressem e foram as deformando, tornando-as em monstros, chamados de Corrompidos.

Você como a última Sacerdotisa Branca é capaz de curar e absorver a Corrupção das pessoas e só você seria capaz de livrar o País do Fim de sua ruína. A tarefa de Lily é vagar por terrenos destruídos e seres Corrompidos em busca de suas memórias enquanto tenta salvar a sua terra.

Campanha

review Ender Lilies: Quietus of the Knights análise

O jogo o tempo inteiro te deixará tão perdido sobre aquele mundo e seus personagens quanto Lily. Ender Lilies usa do mesmo artifício narrativo de Dark Souls e Bloodborne usando diários, notas e registros feitos por antigos cidadãos do País do Fim sobre os eventos que culminaram nessa catástrofe e você terá que juntar peça a peça desse quebra-cabeça para entender de forma integral a sequência de acontecimentos traumáticos que levaram ao fim da civilização.

É interessante dizer que você irá encontrar registros sobre a área e o que se passou ali, além de descobrir de antemão o que houve com o chefe da área para se tornar em um Corrompido. São histórias sempre de servidão, sofrimento, dor e tristeza com soldados que sacrificaram suas vidas em prol de decisões erradas de um rei ou crianças que se perderam nas torres e se tornaram monstros longe da sua família.

Infelizmente, não há uma desenvolvimento narrativo próprio para a sua personagem e o Cavaleiro Negro, focando apenas nos acontecimentos históricos do País do Fim e o paradeiro da Sacerdotisa Branca da Fonte. O jogo vai se sustentando apenas na proposta inicial de descobrir o que houve, sem vilões ou grandes acontecimentos.

Usando de cinemáticas desenhadas para elucidar alguns pontos vitais da narrativa, o jogo tenta usá-las para não deixar o jogador mais desatento se perder tanto no roteiro, mas sua proposta é não entregar todos os fatos e detalhes em uma linha cronológica, forçando que o jogador explore para encontrar todos os registros e se esforce para compreender a sucessão correta de acontecimentos. Por isso, sua história não é tão fácil de compreender integralmente, deixando muita gente perdida no caminho.

Gameplay

Como mencionado, Ender Lilies é um metroidvania com algumas mecânicas e características de jogos Souls-Like. Como todo jogo do gênero, sua exploração é uma parte importante da sua proposta e o jogo recompensa o jogador mais curioso. O jogo vai presenteando o jogador com novas habilidades de exploração necessárias (Pulo duplo, dash, capacidade de mergulhar e etc) à cada batalha contra um chefe da área. Ao conseguir uma nova habilidade, você será capaz de acessar novas áreas que antes eram inacessíveis e poderá conseguir melhoras de status, relíquias, registros com conteúdo da história e etc. Uma crítica se dá pelo seu mapa, diferente de outros metroidvanias, o mapa não te dá a exata orientação da localização do seu personagem na área, apenas informando que você está naquele local sem mostrar onde, te prejudicando no deslocamento para encontrar as saídas. O máximo que o mapa te faz é colorir a área para laranja e azul, laranja para áreas completadas e azul para áreas com coisas pendentes a serem exploradas.

review Ender Lilies: Quietus of the Knights análise

Sobre o combate, sua personagem Lily não é quem ataca os inimigos, nesse caso quem irá atacar são os espectros de guardiões e criaturas (chefes e subchefes respectivamente) que caíram pela Corrupção que você irá purificá-los a cada batalha contra eles. Cada um possui um ataque diferente e você será capaz de ter dois sets com três possibilidades de ataque cada, totalizando cerca de seis tipos de ataques durante o gameplay. Alguns desses espectros irão ter uma quantidade limitada de ataques e outros não. No meu caso, me foquei em um set de força bruta e outro set de ataques à distância.

review Ender Lilies: Quietus of the Knights análise

Sobre os inimigos, por ser um jogo com um pé no Souls-like, eles irão tirar uma boa dose de dano a cada ataque sofrido por você e é de extrema importância que você conheça de antemão seus movimentos para não sair usando sem necessidade a cura (aqui chamado de Prece de Restauração). Todos os ataques de inimigos, incluindo subchefes e chefes, serão precedidos de um aviso visual, um brilho vermelho, que te dá uma dica da janela de esquiva, sendo um recurso que irá facilitar um pouco mais a sua vida ao passar por áreas repletas de inimigos com padrões de ataques diferentes.

Sobre a sua dificuldade, é um metroidvania com uma dificuldade acima de outros do gênero, mas longe de ser tão difícil quanto um Dark Souls. A cada morte, o jogo irá te levar ao último checkpoint sem perder sua experiência adquirida, itens, portas e áreas exploradas.

review Ender Lilies: Quietus of the Knights análise

Falando sobre checkpoints, nesses locais você é capaz de melhorar os ataques de seus espectros, equipar relíquias, curar, salvar e realizar viagens rápidas:

review Ender Lilies: Quietus of the Knights análise

Falando primeiro sobre as melhorias de habilidades, no mapa você irá encontrar vestígios de ódio, dor e alma. Estes itens serão encontrados em corpos de corrompidos caídos e espalhados pelo mapa. Cada habilidade demandará uma vestígio específico e a quantidade será escalonada na medida que você for aumentando o nível daquele ataque. Os ataques vão ganhando além de mais força, mais efeitos e possibilidades de combos. Um problema enfrentado por mim durante o meu gameplay é que a quantidade insuficiente de vestígios é muito desproporcional à quantidade de habilidades que você têm a disposição, tendo por diversas vezes um set desbalanceado com ataques de Nível 1 e ataques com Nível 4, forçando o jogador a ter que abraçar certas habilidades em detrimento de outras, impedindo uma variedade maior de combinações por falta de itens de melhoria.

review Ender Lilies: Quietus of the Knights análise

Você irá encontrar pelo mapa relíquias, espécies de acessórios que vão sendo equipados em Lily com diversos efeitos. Lily terá um limite de quantidade de relíquias equipadas, você poderá aumentá-lo encontrando “Chains of Sorcery”, que irão aumentar em 1 sua capacidade de equipar novas relíquias. Cada uma irá te dar vários efeitos, como maior força, mais poder de cura, aumentar slots de cura, mais força em inimigos aéreos e aquáticos, mais defesa e etc.

Curar é muito importante em um jogo onde levar dano é mais punitivo que outros, então o jogo irá te fornecer cerca de três slots de cura, que podem ser melhorados. Você irá encontrar espécies de flores brancas que irão encher em um slot. Pode até parecer suficiente, mas o jogador que for jogar com o pensamento que irá matar Corrompidos um atrás do outro, vai acabar se vendo sem cura antes de sair de uma área.

Gráficos

review Ender Lilies: Quietus of the Knights análise

É um jogo independente, com um orçamento menor e por isso não irá contar com grandes texturas e efeitos de luz. O jogo se concentra em uma ótima direção de arte com cenários desenhados, personagens e inimigos muito bonitos e conceituais e uma arte mais bucólica.

Ender Lilies possui um mapa gigantesco com diversos biomas que casam muito bem um com o outro tornando uma sintonia artística difícil de encontrar em jogos de gênero. Você atravessará vilarejos abandonados, igrejas em ruínas, catacumbas arrepiantes, pântanos grotescos e torres invadidas tendo todos os lugares conexão e coesão com a proposta mais dark e triste que acompanha toda a parte audiovisual do jogo.

Além disso, em cada encontro com chefes, você irá ver um pouco de sua história contada por meio de cutscenes desenhadas, mas não animadas, sobre o seu passado até chegar na situação degradante com a qual foram encontrados.

Trilha Sonora e Som

Sua trilha sonora foi composta por Yamato Kasai e Cassie Wei. Seguindo o seu conceito, ela também é na sua completude, muito melancólica e reflexiva. Com um ritmo mais lento e triste, mesmo em batalhas contra chefes, o jogo quer te passar a sensação de desesperança em que o País do Fim se meteu.

São cerca de quase dez áreas e cada uma contará com algumas músicas divididas em cada seção dessas áreas. É interessante destacar que desde o seu início o jogo vai escalando o tom da trilha, tendo algumas músicas perto do seu fim soando diferentes em relação ao todo.

 

O jogo não conta com dublagem, mas conta com legendas em português do Brasil. Ender Lilies é um jogo silencioso, onde nem a protagonista emite som e tampouco os monstros encontrados pela aventura, não sei se isso seria uma proposta do jogo ou limitação orçamentária.

Vale a Pena?

review Ender Lilies: Quietus of the Nights análise

Ender Lilies: Quietus of the Knights não será o jogo que reinventará metroidvanias e tampouco irá se destacar pelo seu lado Souls-Like e tá tudo bem. Contendo uma história contada aos poucos e instigando o jogador a saber o que houve com um mundo totalmente desolado e repleto de sofrimento, sacrifício, dor e uma angustiante solidão.

O jogo reúne muito do já foi feito por antecessores e faz bem, implementando algumas mecânicas próprias como os espectros e um visual único e belo.

Com um gameplay mais divertido que punitivo, dando a dosagem certa para jogadores que não são tão afeitos a grandes dificuldades, Ender Lilies vai chamar a atenção por conseguir agradar muitos públicos diferentes, se provando que de vez em quando executar bem uma fórmula consagrada pode ser tão bom quanto inovar no gênero.

Notas do Jogo

Título: Ender Lilies: Quietus of the Nights

Descrição do jogo: Há muito, muito tempo, no distante País do Fim, a Chuva da Morte começou a cair subitamente, transformando todos os seres vivos em Corrompidos, mortos-vivos ensandecidos e violentos. O reino, incapaz de lidar com a tragédia sem precedentes, acabou sendo destruído. A chuva não parava, incessante como uma maldição. Nesse mundo decaído, a garota Lily desperta nos fundos de uma igreja.

Gênero: Ação, Metroidvania

Lançamento: 20/07/2021

Produtora: Adglobe And Live Wire

Distribuidora: Binary Haze Interactive

COMPRAR

Nota
8/10
8/10
  • História - 7/10
    7/10
  • Jogabilidade - 8/10
    8/10
  • Gráficos - 9/10
    9/10
  • Trilha Sonora e Som - 8/10
    8/10

Veredito

Ender Lilies: Quietus of the Knights não será o jogo que reinventará metroidvanias e tampouco irá se destacar pelo seu lado Souls-Like e tá tudo bem. Contendo uma história contada aos poucos e instigando o jogador a saber o que houve com um mundo totalmente desolado e repleto de sofrimento, sacríficio e dor.

O jogo reúne muito do já foi feito por antecessores e faz bem, implementando algumas mecânicas próprias como os espectros e um visual único e belo.

Com um gameplay mais divertido que punitivo, dando a dosagem certa para jogadores que não são tão afeitos a grandes dificuldades, Ender Lilies vai chamar a atenção por conseguir agradar muitos públicos diferentes, se provando que de vez em quando executar bem uma fórmula consagrada pode ser tão bom quanto inovar no gênero.

Vantagens

  • História intrigante
  • Combate divertido
  • Mecânica dos espectros e sets fornecem uma boa variedade de experiências
  • Mapa grande e cheio de segredos
  • Direção de arte e conceito artístico únicos
  • Trilha Sonora melancólica e reflexiva

Desvantagens

  • Não há desenvolvimento narrativo de personagens
  • Sistema limitado de melhora de habilidades atrapalha a experiência
  • Localização não exata no mapa prejudica a exploração

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San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.

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