Review | Days Gone Remastered – Reafirma o Charme Bruto, Mas Versão é Desnecessária


Review Days Gone Remastered
7.5/10

Quando Days Gone chegou ao PS4 em 2019, a recepção foi polarizada—longe do consenso que os exclusivos da Sony costumam gerar. Críticas apontaram problemas técnicos, um ritmo irregular e um mundo aberto que, à primeira vista, parecia derivativo. Mas, por trás das imperfeições, havia algo inesquecível: a atmosfera tensa do Oregon pós-apocalíptico, o protagonista cascudo mas carismático, Deacon St. John, e uma narrativa que, aos poucos, prendia o jogador—só para terminar com um gancho ambíguo e mal resolvido.

Apesar das ressalvas, o jogo venceu pelo boca a boca. Em fevereiro de 2022, ultrapassou 7,32 milhões de cópias, superando até alguns títulos mais aclamados da Sony. Tornou-se um cult clássico moderno, amado por fãs que ignoraram as críticas iniciais. Mas, enquanto a base de jogadores clamava por uma sequência, a Sony agiu com estranha indiferença. Além de um port sólido para PC em 2021 e agora uma remasterização para PS5/PS5 Pro, a franquia parece esquecida nos corredores da Sony.

Eis a ironia: Days Gone Remastered chega como um teste definitivo. Com suporte ao hardware do PS5 Pro, modo Assalto das Hordas inédito e ajustes visuais, a pergunta não é só se o jogo envelheceu bem—mas se a Sony finalmente reconhecerá seu potencial. A resposta curta? Depende. Para alguns, o charme cru de Deacon e os hordas caóticas ainda valem a pena. Para outros, as falhas originais continuarão gritantes.

Se a remasterização prova algo, é que Days Gone merece mais que um adeus prematuro. Resta saber se a Sony concorda—ou se deixará essa história inacabada para sempre.

Confira o que achamos de forma mais completa do jogo no nosso review de Days Gone para PS4.

História

Review Days Gone Remastered Deacon

Nessa etapa, acreditamos que você já saiba por cima do que se trata Days Gone – mas vamos recapitular, porque a história de Deacon St. John vale a pena revisitar.

Imagine um mundo onde um vírus transformou a maioria das pessoas em monstros famintos – os Frenéticos. No meio desse caos, você é Deacon, um motociclista durão que sobreviveu ao colapso, mas perdeu tudo que amava. Sua esposa, Sarah, desapareceu no início do surto, e enquanto o resto do mundo aceitou sua morte, Deacon se recusa a virar a página.

Sua busca por respostas o leva por estradas perigosas, acampamentos de sobreviventes desesperados e encontros com personagens que vão do fascinante ao esquecível. Temos desde líderes de milícias impiedosas até aliados inesperados, cada um com seus próprios interesses – e nenhum deles está disposto a facilitar a vida de Deacon.

O que começa como uma busca pessoal se transforma em uma luta pela sobrevivência, com hordas de Frenéticos que exigem estratégia e nervos de aço para serem enfrentadas. E no meio disso tudo, uma pergunta persiste: Sarah realmente morreu? Ou será que, em algum lugar nesse mundo devastado, ela ainda está esperando por ele?

Days Gone pode não ser perfeito, mas sua alma está na jornada de Deacon – um homem teimoso, violento, mas incrivelmente humano, tentando encontrar um pedaço de esperança em um mundo que já perdeu a sua.

Combate e Gameplay

Review Days Gone Remastered Mirando

O combate em Days Gone Remastered envelheceu melhor do que se esperava – ainda que com algumas ressalvas. Inspirado no estilo de câmera de The Last of Us, o sistema de tiros mantém uma sensação de peso e impacto, especialmente com armas de fogo. Cada disparo ecoando no deserto, o recuo visceral dos rifles e o estrago causado por uma escopeta dão aos confrontos uma satisfação crua.

No entanto, quando o assunto é combate corpo a corpo, as coisas ficam um pouco mornos. Os golpes cumprem sua função, mas falta aquela carnificina visceral, aquele “crunch” que faz você sentir cada machadada ou facada. Não é ruim – só não é memorável.

Ainda assim, a variedade de armas salva a experiência. De sniper silenciosos para eliminar inimigos à distância até lança-chamas para assar hordas inteiras, há opções para todos os estilos de jogo. E quando você está no meio do caos, surfando em cima da moto enquanto atira ou explodindo um posto de gasolina no caminho de uma horda, o jogo brilha de verdade.

Days Gone pode não reinventar o combate em terceira pessoa, mas ele entrega diversão sólida – e, às vezes, isso é o suficiente.

Mundo Aberto e Moto

Review Days Gone Remastered Moto

O Oregon pós-apocalíptico de Days Gone é assustador, vivo e cheio de personalidade – um lugar onde cada floresta sombria, estrada abandonada e fábrica em ruínas conta uma história silenciosa. A paisagem não é só cenário: é uma ameaça constante, com nevoeiros que escondem Frenéticos, estradas bloqueadas por destroços e acampamentos humanos que podem ser tão perigosos quanto os infectados.

No centro desse mundo está a moto de Deacon – muito mais que um simples veículo. Ela é sua tábua de salvação, arma e símbolo de liberdade. Se você não cuidar dela, o jogo te lembra rápido: sem gasolina, você está morto. Gerenciar combustível, encontrar peças de reposição e personalizar sua máquina – desde motores mais potentes até armas montadas – fazem parte da sobrevivência orgânica que o jogo propõe.

E quando você está cortando o vento em uma estrada deserta, com apenas o ronco do motor e o farol iluminando a escuridão, Days Gone mostra seu momento mais puro: um mundo aberto que não quer só ser explorado, mas temido. Cada viagem é uma aposta, cada parada pode ser uma armadilha – e é nessa tensão que o jogo realmente brilha.

Melhorais Gerais da Versão Remasterizada

Review Days Gone Remastered Horda Montanha

Agora que o básico está claro, vamos à versão remasterizada. Days Gone ganhou vida nova no PS5, com melhorias técnicas e visuais que elevam a experiência. Testamos no console base, que oferece dois modos gráficosDesempenho (1440p a 60 FPS) e Qualidade (4K nativo a 30 FPS). Embora ambos sejam sólidos, o Modo Desempenho se destaca pela fluidez, especialmente em combates contra hordas e na exploração do mundo aberto. Comparado ao PS4 Pro (4K quadriculado a 30 FPS) e ao PS4 base (1080p a 30 FPS), o salto no PS5 é visível e significativo.

Os gráficos foram refinados com detalhes sutis, mas impactantes. A iluminação e as sombras ganharam profundidade, a oclusão de ambiente foi aprimorada, e a distância de renderização da vegetação aumentou. O céu e a atmosfera agora parecem mais naturais, especialmente ao amanhecer e anoitecer. À noite, o farol da moto de Deacon corta a escuridão com precisão, criando um clima mais imersivo. As tochas dos inimigos também ganharam realismo, embora ocasionalmente causem pequenos artefatos visuais—algo que um patch poderia ajustar.

Os tempos de carregamento são mais rápidos, mas não instantâneos como em outros títulos recentes. O DualSense, porém, rouba a cena: o feedback tátil transmite desde o ronco da moto até os passos das hordas, enquanto os gatilhos adaptáveis variam conforme a arma, adicionando camadas de imersão. Pilotar em terrenos diferentes—do asfalto à terra batida—é sentido nas mãos, assim como a tensão em trilhos de trem abandonados.

Apesar dos avanços, alguns elementos mostram a idade do jogo. Texturas de rochas e paredes ainda parecem datadas, e certas escolhas de iluminação, embora melhoradas, não reinventam o visual. Mesmo assim, Days Gone Remastered entrega uma versão mais polida e envolvente, especialmente para quem busca 60 FPS estáveis e os recursos do DualSense. Se você já era fã do original, essa é a melhor forma de reviver a jornada de Deacon. Se nunca jogou, agora é a hora.

Novos Modos de Jogo

Review Days Gone Remastered Correndo da Horda

O remaster para PS5 não trouxe só melhorias visuais—ganhou três modos desafiadores que vão testar até os fãs mais veteranos.

Speedrun – O clássico desafio contra o tempo, mas com uma pitada de justiça: o cronômetro pausa durante as cutscenes, então só o gameplay real conta. Escolha sua dificuldade e veja quão rápido consegue fechar a história.

Morte Permanente (Permadeath) – Um erro e game over. Sem recomeços, sem piedade. E considerando que Days Gone já era brutal no final, com hordas gigantescas e inimigos letais, esse modo é um verdadeiro teste de nervos. Só para quem tem estômago.

Novos Recursos de Acessibilidade

Days Gone Remastered ganha detalhes dos recursos de acessibilidade

O jogo oferece uma variedade impressionante de opções de acessibilidade, pensadas para atender diferentes necessidades. Modos de alto contraste facilitam a visualização, enquanto a narração da interface garante que todos os jogadores consigam navegar pelos menus sem dificuldade. Além disso, dicas de áudio para itens colecionáveis ajudam a localizar objetos escondidos, tornando a experiência mais imersiva e justa.

Mas os recursos não param por aí. O modo de foto expandido permite capturar cenários deslumbrantes, com opções de iluminação adicionais que realçam cada detalhe. E o melhor: a hora do dia ou noite pode ser ajustada em tempo real, criando atmosferas únicas e personalizadas. Tudo isso garante uma experiência mais rica e adaptável, seja para quem busca acessibilidade ou simplesmente mais controle sobre o jogo.

Modo Ataque da Horda

Review Days Gone Remastered Modo Ataque Horda

Se há uma coisa que Days Gone faz melhor do que quase qualquer outro jogo, é a sensação de desespero contra hordas de Frenéticos. E agora, no remaster do PS5, esse aspecto ganhou o modo Ataque da Hordaa melhor adição desta versão, elevando o caos a níveis ainda mais intensos e estratégicos.

Imagine mapas abertos—como Cascades e Belknap—transformados em arenas de sobrevivência, onde ondas de até 800 infectados avançam contra você. Não é só sobre atirar: é gerenciar recursos, planejar rotas de fuga e usar o ambiente a seu favor. Rios podem desacelerar a horda, corredores estreitos ajudam a dividi-la, e uma moto sem gasolina pode ser sua sentença de morte.

O sistema de Injetores adiciona uma camada imprevisível: alguns fazem Frenéticos explodir ao morrer (ótimo para limpar grupos, mas perigoso se você estiver perto), enquanto outros aumentam a agressividade dos inimigos ou modificam suas próprias habilidades. Cada partida vira um experimento de risco e recompensa, com cosméticos e upgrades desbloqueáveis para quem sobrevive tempo suficiente.

E não são só os Frenéticos comuns—lobos, ursos e até humanos hostis podem aparecer no meio do caos. A IA da horda é mais astuta agora: se você tentar emboscá-los com fogo, eles se dispersam. Se mudar de direção bruscamente, parte deles tenta cortar seu caminho. Cada decisão importa.

Para os veteranos, esse modo é um presente: uma maneira de reviver a tensão do jogo sem precisar refazer a campanha. E com recompensas como skins exclusivas e modificadores de partida, há motivos de sobra para voltar.

Problemas Persistem

Review Days Gone Remastered Correndo Freneticos

Nem mesmo um remaster conseguiu consertar todos os problemas de Days Gone. A narrativa ainda tem altos e baixos, alguns NPCs continuam irritantes, e a IA às vezes te faz questionar se os Frenéticos estão realmente tentando te matar ou só dando uma voltinha aleatória. Mas, honestamente? Nada disso importa quando você está no meio de uma horda de 800 infectados, com gasolina acabando e só uma granada na mão.

O jogo nunca foi perfeito, mas em 2025, com gráficos mais polidos, 60 FPS suaves e os novos modos brutais, ele encontra seu ritmo.

Claro, a pergunta fica: *”Precisávamos mesmo de um remaster, ou uma atualização para o PS4/PC bastaria?“* Talvez não. Mas agora que está aqui, é difícil reclamar do pacote completo. Se você nunca jogou, esta é a melhor versão. Se já zerou, não vale a pena comprá-la, já que as novidades são muito pequenas para justificar o seu preço.

Vale a Pena?

Review Days Gone Remastered Deacon Boozer

Visualmente, o jogo continua lindo, seja na versão original ou no Remastered. A Unreal Engine entrega cenários deslumbrantes, com melhorias sutis, como a iluminação noturna mais realista. No entanto, a verdadeira atração aqui é o modo Ataque da Horda, que condensa o melhor do jogo em sessões intensas e caóticas. Imagine: dezenas de Frenéticos avançando, sua moto rugindo na fuga desesperada e um arsenal letal para sobreviver. Se você nunca experimentou Days Gone, essa edição é a forma definitiva de mergulhar nesse Oregon pós-apocalíptico — tão belo quanto mortal.

Agora, a pergunta que não quer calar: vale a pena? Se você já é fã e quer reviver a jornada de Deacon com extras, o upgrade por R$ 50 (para quem tem a versão do PS4) pode ser um bom negócio, mas pagar R$ 250 pelo Remastered é exagero — as mudanças não justificam o preço. E, sinceramente? A versão do PS4, disponível no PlayStation Plus, ainda segura a onda perfeitamente. Gráficos impressionantes e a mesma experiência visceral. No fim, a escolha é sua, mas uma coisa é certa: Days Gone merece mais amor — e quem sabe uma sequência.

*Jogo analisado no PS5 com cópia digital fornecida pela PlayStation Brasil.

Confira a Política de Reviews do PS Verso

Notas do Jogo
Days Gone Capa

Título: Days Gone Remastered

Descrição do jogo: Viaje e lute pelos Estados Unidos num cenário pós-pandêmico e mortífero. Jogue com Deacon St. John, um andarilho e caçador de recompensas que segue um caminho tortuoso, lutando para sobreviver ao mesmo tempo em que busca uma razão para viver neste jogo de aventura e ação em mundo aberto.

Gênero: Ação, TPS e Mundo Aberto

Lançamento: 25/04/2025

Produtora: Bend Studio

Distribuidora: Sony Interactive Entertainment

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Nota
7.5/10
7.5/10
  • Nota Geral - 7.5/10
    7.5/10

Veredito

Days Gone continua visualmente deslumbrante no Remastered, com melhorias sutis como iluminação noturna mais realista. O grande destaque é o modo Ataque da Horda, que oferece sessões intensas contra ondas de Frenéticos. Apesar do upgrade custar R$ 50 para quem já possui o jogo no PS4, pagar R$ 250 não vale a pena pelas poucas mudanças. A versão original ainda entrega uma ótima experiência e o jogo merece mais reconhecimento — e talvez uma sequência.

Vantagens

  • Novos Modos de Jogo;
  • Melhorias Técnicas no PS5;
  • Novas Opções de Acessibilidade.

Desvantagens

  • Poucas Melhorias Justificam o Preço Cobrado;
  • Conteúdo Extra Insuficiente.

Viaje e lute pelos Estados Unidos num cenário pós-pandêmico e mortífero. Jogue com Deacon St. John, um andarilho e caçador de recompensas que segue um caminho tortuoso, lutando para sobreviver ao mesmo tempo em que busca uma razão para viver neste jogo de aventura e ação em mundo aberto.

Nossa Nota: 8.6
Metacritic: 71
Desenvolvedor: Bend Studio
Publicadora: Sony Interactive Entertainment
Lançamento: 26/04/2019
Classificação: 16+
Gêneros:
Ação Aventura Mundo Aberto TPS Zumbis
Plataformas:
PlayStation 5 PlayStation 4 PC

Sanzio Moreira
Sanzio Moreira tem 34 anos e é Fundador e Editor-Chefe do PS Verso. Amante da cultura gamer e sempre apaixonado pelo universo. Atuo como jornalista e Content Manager do mercado de games por 6 anos. Tive a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer brasileira.