O Ronin se trata de um samurai sem mestre que usa a força de sua espada para percorrer caminhos próprios e decidir livremente suas ações. Estes espadachins vivem apenas pela sua honra, livres de amarras. Mas apesar dessa ser a definição dessa figura histórica, A Ascensão do Ronin (Rise of the Ronin) carrega consigo diversos elementos de outros jogos da Team Ninja, além de inspirações de produções de outros estúdios.
Sendo desenvolvido por 10 anos, a Sony e a Team Ninja estão trazendo mais uma aventura baseada em um período histórico do Japão para o PlayStation 5 de forma exclusiva.
Após o estrondoso sucesso de Elden Ring, a primeira tentativa de um soulslike em mundo aberto da FromSoftware, A Ascensão do Ronin decide também se aventurar em um terreno novo para a desenvolvedora, jogando o gênero em um cenário com todas as vantagens e desvantagens de um jogo de mundo aberto.
Prometendo ser mais acessível em termos de dificuldade, focado em contar uma história rica em desenvolvimento e personagens, o jogo é uma aposta arriscada do estúdio japonês, mas que pode produzir uma nova franquia.
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História
Estamos na década de 1850 no período Bakumatsu da história japonesa, que durou até o final da década de 1860. O período foi marcado por uma turbulência política que marcou o início da queda do regime feudal dos shoguns e a ascensão do poder imperial, onde o Japão enfrentou grande pressão por mudanças internas e externas, com a influência de nações ocidentais.
Com a chegada dos navios negros dos EUA, barcos a vapor com rodas, liderados pelo comodoro Matthew Perry, que veio ao Japão propor ao xogunato a abertura de seus portos por meio de um tratado comercial, abolindo assim a política isolacionista, marcando o início de uma nova era.
Sendo pressionado pelo poderio e superioridade militar, o xogunato aceitou os termos da proposta e assinou o Tratado de Amizade e Comércio, chamados de Tratado de Kanagawa e o Tratado de Harris. Assim, navios americanos puderam atracar nos portos japoneses, que tiveram que oferecer combustível e comida aos navios norte-americanos.
Acontece que essa abertura corroeu a soberania japonesa, já que uma série de tratados eram desiguais, causando instabilidades econômicas, a chegada da cólera e a pobreza. Com essa insatisfação crescente, acabou gerando turbulências, já que cidadãos achavam que o xogunato não era capaz de lidar com a pressão externa, essa tensão criou as facções, grupos organizados que se opunham uns aos outros.
Longe do centro de ebulição política, estão dois integrantes da Espada Secreta, unidade composta por um casal de guerreiros gêmeos treinados pelo Clã Kurosu. Os dois são treinados pela Forjadora, uma veterana na Arte Secreta que os acolheu quando o vilarejo natal e a família dos dois foram massacrados e destruídos por espiões do governo. Sendo treinados pela arte, eles têm como objetivo opor-se aos soberanos do xogunato.
Após anos de treinamento, o protagonista e a Lâmina Secreta se infiltram em um dos navios negros para roubar a mensagem secreta e assassinar o comodoro Matthew Perry, por ordens da Forjadora. Ao conseguir chegar no alvo, os dois são surpreendidos pelo Demônio Azul, um ninja guarda-costas de Perry extremamente habilidoso. Após uma batalha tensa, a Lâmina Gêmea é derrotada e o protagonista é ferido. Em posse da mensagem roubada, a Lâmina Gêmea se sacrifica para que o protagonista consiga fugir e somos separados da nossa contraparte.
O vilarejo da Espada Secreta é descoberto e por seu envolvimento no complô para derrubar o xogunato, é atacado por membros do governo. Em meio à destruição, nosso protagonista decide fugir pelo mundo em busca da sua Lâmina Gêmea.
É nesse cenário que nos tornamos um Ronin, um samurai sem shogun e sem mestre que atua sob as suas próprias regras.
Campanha
Primeiramente é preciso avisar que no início podemos escolher tanto o protagonista masculino ou feminino assim como a sua aparência, mas sua história base não muda o bastante para ter diferenças entre si.
A campanha deixa claro que estamos em meio a turbulência de uma guerra civil entre duas facções: antixogunato e os pró-xogunato e no meio delas, os ocidentais.
- Antixogunato (Tobaku): As forças antixogunato são compostas por grupos diversos e indivíduos unidos em oposição ao governo do xogunato e desejosos de restaurar a autoridade imperial no Japão.
- Pró-Xogunato (Sabaku): As forças pró-xogunato do período Bakumatsu apoiam Tokugawa em sua tentativa de manter o governo centralizado e protegem o xogunato das pressões externas e ameaças internas para sustentar a ordem política existente.
- Forças Ocidentais (Obei): As forças ocidentais do período Bakumatsu eram compostas pelos EUA e por potências europeias que visavam a abertura do Japão ao comércio externo, promovendo o fim da tradicional postura isolacionista e manipulando seu cenário político e econômico.
Desde o início, a Team Ninja deixou claro que A Ascensão do Ronin daria a liberdade de escolha para o jogador para tomar as próprias decisões, seja se aliando ao xogunato, aos anti ou ser neutro e apenas focar na busca da sua Lâmina Gêmea, tomando ações de forma dependente, fazendo jus a um Ronin.
Tomar as decisões por meio de diálogos ou escolhendo missões tomando lados na campanha pode nos presentear com cenas e acontecimentos únicos, conhecer personagens distintos e obter finais diferentes. É possível sentir o peso das suas ações que afetam a guerra civil e qual lado da balança será o vencedor, mas existe um personagem pontual que é força motriz de diversos acontecimentos, roubando a cena toda para si e ofuscando completamente o protagonista, o Ryoma Sakamoto.
Ryoma Sakamoto é um ronin que conhecemos bem no início da campanha, ele se sente determinado a levar o Japão com pulso firme enquanto o país abre as fronteiras ao comércio exterior. Por ser extremamente simpático e cativante, Ryoma rapidamente consegue conquistar a afeição de todos os lados e se revela a alma mais racional e equilibrada de toda essa turbulência, sempre tentando encontrar uma saída mais racional para todos os conflitos.
Diferente de Ghost of Tsushima, a campanha de A Ascensão do Ronin não se concentra na história e drama de um personagem, aqui o seu protagonista quase não fala e seu arco pessoal é resumido em encontrar a Lâmina Gêmea, os atores principais do enredo é a guerra civil e os personagens históricos que atuam dentro dela. Com o principal foco de contar o período Bakumatsu, personagens históricos como Yoshida Shoin, Jules Brunet, Kaishu Katsu, Katsura Kogodo e vários outros são os personagens que ganham maior protagonismo dentro da narrativa.
Por ser essa falta de foco, a falta de um protagonista forte e com personalidade acaba prejudicando o interesse pela narrativa, a tornando muito impessoal e não estabelecendo tanta imersão entre jogador e acontecimentos do roteiro. Os melhores personagens são sempre aqueles em que a gente não controla, tornando a busca do protagonista algo desinteressante.
Gameplay
A Ascensão Do Ronin se trata de um jogo de ação em mundo aberto com elementos do gênero soulslike. Controlando um Ronin, o jogador possui uma quantidade variada de armas onde pode equipar duas por vez como Katanas, Lanças, Odachis, Sabres, Naginatas, Espadas Duplas e Baionetas.
Além de possuir status de ataques e efeitos adicionais diferentes, cada uma nos permite equipar até três Estilos de Luta, posturas de combate que mudam os ataques do jogador, velocidade, combos e que possui vantagens e desvantagens contra outros estilos. Estes estilos possuem status próprios e podem ser adquiridos e melhorados fortalecendo Elos, derrotando Fugitivos ou treinando em Dojos.
Missões, Elos e Furtividade
A campanha possui usa como artifício de funcionamento uma estrutura de missões em que consiste no jogador atuar dentro de áreas menores como castelos, vilas ou campos abertos limitados. Antes dessas missões existe um menu de “Preparativos de Batalha” onde você pode conferir equipamento, pedir ajuda de outros jogadores ou participar de outras partidas usando o menu de cooperação, escolher até dois personagens para te acompanhar.
O looping da mecânica das missões é repetitivo e quase todas se resumem a atravessar a área, matar inimigos no caminho e derrotar o chefe final para concluir o objetivo da história. A única coisa que pode mudar no meio é o level design e elementos adicionais que podem te atrapalhar. Seja se deslocando por telhados, pulando de barco em barco usando o gancho debaixo de um céu com fogos de artifício, planar por ilhas à procura do alvo, evitar balas de canhões ou se esconder em trincheiras evitando disparos de armas, A Ascensão do Ronin se esforça em diversificar funcionamentos das missões, mas ele não consegue fugir do seu propósito de ser um puro jogo de combate.
O jogo possui uma mecânica importante, aqui chamada de Elos. Os Elos funcionam como base de relacionamentos com facções, ronin, personagens e áreas. Quanto mais você faz missões, contribui com os objetivos específicos desses elementos, mais você pode ganhar itens, equipamentos, bençãos, aprender estilos de combate e ganhar pontos de habilidade rara (Força, Destreza, Charme e Intelecto) também contribuem para o seu crescimento.
Ao realizar missões com personagens, ganhamos a chance de usá-los e controlá-los também em missões como aliados da party. Estes personagens possuem os seus próprios atributos de status e nível que o jogador poderá desenvolvê-lo, adicionando uma camada a mais na sua proposta.
Ao começar a missão, o jogador pode tanto atravessar enfrentando de frente todos os inimigos, mas é na furtividade que está o caminho de uma experiência mais balanceada. Para isso, o jogo fornece diversas ferramentas úteis que enriquecem e viabilizam o gameplay. Podemos agachar e ficar atrás de construções e objeto, ficarmos escondidos em matos altos, subir em telhados e instalações usando ganchos para atravessar áreas sem ser percebido e até mesmo jogarmos Esferas de Cerâmica para confundir a nossa localização.
Acertar a cabeça de inimigos escondidos em cima de telhados ou patrulhando com fuzis e flechas resolve uma boa parte dos confrontos contra adversários mais fracos. Também é possível imbuir flechas com fogo e veneno se o jogador quiser aplicar efeitos negativos. Remetendo aos Assassin’s Creed antigos, se esgueirar por trás ou cair em cima do adversário para desferir ataques mortais adicionam uma camada nova para o gênero e tem até mesmo habilidades que desbloqueiam abates furtivos em cadeia.
Só que nem tudo são flores na mecânica furtiva, e o calcanhar Aquiles do seu desafio reside na baixa qualidade da inteligência artificial dos inimigos na detecção e perseguição do seu personagem. Por diversas vezes samurais e soldados são incapazes de reagir com abates ou confrontos próximos, se você lutar ou matar em uma distância segura, mesmo sob sua vista, você conseguirá enganar a IA e se manter indetectado. As perseguições são piores, alguns são incapazes de subir em telhados, perdem você facilmente de vista e desistem fácil, voltando ao estado anônimo muito rápido. Isso acaba produzindo uma brecha, já que abates furtivos podem matar instantaneamente inimigos ou retirar muito dano de vida, encurtando confrontos.
Combate
Saber identificar os 20 estilos de combate divididos por características (“Ten”, “Chi” e “Jin”) é uma das chaves para obter sucesso contra os diferentes tipos de inimigos, mas não é a mais importante, saber usar a habilidade de refletir, aqui chamada de Contrafulgor, será o maior desafio e satisfação que a experiência do seu gameplay proporciona.
A barra de stamina, chamada de Ki, é a responsável por limitar a quantidade de ações, ataques e defesas e por onde o jogador terá que administrar se não quiser entrar em estado de Pânico, onde pode causar atordoamento, nos impedindo de realizar qualquer movimento, ficando suscetíveis aos ataques dos inimigos.
Sendo um jogo de samurais, o gameplay proporciona diversos confrontos para testar as habilidades dos jogadores e como esperado, é a sua parte mais divertida. Entender os padrões de ataque de cada estilo de combate dos soldados anti e pró xogunato é vital para conseguir apará-los. Cada vez que acertar o Contrafulgor em um ataque normal ou especial (marcados com um brilho vermelho), a barra de Ki inimiga é afetada, quanto mais perfeitas forem as aparagens, mais esvaziamos essa barra e mais próximo de ser atordoado o adversário ficará, uma vez em estado de Pânico, conseguimos realizar um ataque de finalização que tira muito dano da barra de saúde.
Nosso personagem possui outras ferramentas e habilidades para ajudar nos confrontos. Podendo usar uma soma de armas secundárias como arcos e flecha, fuzil, pistolas, Tubo de Fogo (Lança Chamas), gancho, shurikens e imbuir armas com veneno, fogo e eletricidade. Também podemos lançar vasos com veneno, lâminas fincadas no campo de batalha, lanternas com fogo e rebater disparos com a espada. Nas habilidades podemos usar as “Habilidades Marciais” que são ataques especiais que causam muito dano de Ki, o Ímpeto Laminar que usa o sangue dos inimigos na lâmina das armas para reabastecer o Ki e a Fúria de Ki, uma espécie de estado de frênesi carregado por uma barra que se enche ao derrotar inimigos com Elos fortes. Nessa habilidade nossa arma entra em chamas, nosso Contrafulgor melhora assim como ataque, destreza (atordoamento), charme (duração da fúria) e intelecto (ataque elemental).
Como era de se esperar, o jogo possui um desafio acima do padrão de jogos de mundo aberto, dado a sua natureza soulslike, mas ele está longe de ser punitivo como o Elden Ring e acaba se revelando o jogo do gênero mais acessível para quem ainda se mostra com receio de grandes desafios. Assumindo a sua natureza, o seu gameplay é pensado em confrontos individuais e se torna muito difícil focar em diversos alvos de uma vez, já que seu combate não é otimizado para isso e talvez esse seja o motivo do jogo facilitar quando somos confrontados contra mais de um inimigo. Quando focamos em um adversário, a IA do jogo o torna o mais agressivo no combate e os outros apenas realizam ações quando ficamos muito próximos, facilitando o controle de multidões, quando jogamos ao lado de aliados, cada um duela contra o seu adversário, os tornando muito úteis como distrações.
Além de serem definidos por seus estilos de combate, os inimigos são categorizados por dois tipos: os comuns e os formidáveis. São os formidáveis que irão desafiar verdadeiramente o jogador. Com ataques e movimentos únicos, esses inimigos possuem mais ações e reações aos seus ataques, podendo também refletir os seus ataques e te deixando em situações perigosas. Caso a gente seja derrotado em combate, como todo jogo do gênero, perdemos nossa experiência adquirida (Carma) onde para recuperá-la, teremos que matar o inimigo que nos derrotou. Tendo três níveis de dificuldade, Ascensão do Ronin passa longe de ser punitivo onde fica claro que a sua proposta é ser o mais acessível possível, até mesmo em dificuldade normais ou maiores, somos tão expostos a situações onde precisamos aprender a dominar a capacidade de refletir ataques que uma vez dominada, boa parte do seu desafio acaba diminuindo, resultando em um jogo como uma curva de aprendizado formidável.
Mundo Aberto e Atividades Secundárias
Diferente de Elden Ring, o mundo aberto de Ascensão do Ronin é menos Zelda BotW e mais Assassin’s Creed e Ghost of Tsushima. Por ter uma campanha focada em história, seu mapa não possui função primordial no gameplay e não instiga os jogadores a explorarem em busca de dungeons e segredos que possam estar escondidos, embora percorrer por um Japão antigo seja fascinante e divertido.
Seja usando um cavalo para percorrer campos de plantação, acionar a Asa-Delta para planar por longas distâncias e disparar o gancho para alcançar lugares, deslocar pelo mapa de Ascensão do Ronin é fácil, descomplicado e divertido e talvez seja a coisa mais divertida durante a exploração do jogo.
Temos à disposição três mapas que podem ser visitados apenas em períodos da campanha: Yokohama, Edo e Quioto. As atividades secundárias do seu mapa consistem em liberar áreas invadidas pelas forças inimigas derrotando todos os adversários para assim revelar pontos de interesse como monumentos históricos, santuários para ganhar XP, missões paralelas, locais para tirar foto, fugitivos, baús com equipamentos e minigames.
As missões paralelas onde consistem em pequenas micro histórias de personagens que fortalecem nosso Elo com os mesmos são as únicas que valem a pena o esforço, já que contam com objetivos um pouco mais elaborados e menos genéricos.
Progressão e Equipamentos
Ao escolhermos nosso personagem no início, precisamos escolher um entre quatro atributos como foco que são:
- Força: Melhora o poder de ataque da arma principal e atributos de vida assim como facilita as ações de repelir, acerto crítico, reduzir consumo de Ki, enfraquecer moral inimiga e aumento de dano.
- Destreza: Aprimoram habilidades de Ninja e armas de longo alcance. Confecção de pó inflamável, luminoso, aumentar força de lançamento de shuriken, confecção de veneno, assassinar inimigos em cadeia.
- Charme: Aprender Habilidades que melhoram aptidão do Ímpeto Laminar e habilidades especiais para influenciar outros
- Intelecto: Aprimoram aptidão no uso de aparelhos, conhecimento sobre remédios e fazer negócios.
Estes atributos também possuem árvores de habilidades próprias e mesmo que a gente escolha um atributo como foco, isso não impede que usemos os pontos de experiência em outros atributos para adquirir habilidades adicionais em vantagens em outras árvores.
Falando sobre os pontos de experiência, o jogo conta com a experiência ganha normalmente que aumenta o nível do personagem e consequentemente nosso status e o Carma, pontos cumulativos que são ganhos após eliminar inimigos. Ao usar o Estandarte da Espada Secreta, uma espécie de checkpoint, estes pontos são convertidos em pontos de habilidade.
Repetindo os outros jogos do gênero da Team Ninja, Ascensão do Ronin conta com uma variedade gigantesca de equipamentos que são ganhos das mais variadas formas, seja completando missões, abrindo baús, derrotando qualquer inimigo ou matando chefes. Além das armas, também temos peças de Armaduras (cabeça, corpo, braços, pernas e acessórios). Todos os equipamentos possuem além de melhorias estatísticas, efeitos adicionais que concedem vantagens, onde cada equipamento também possui níveis de raridade onde quanto mais raro, melhores serão os efeitos.
Pessoalmente, apesar do jogo possuir um sistema competente de personalização de visual onde cada peça de armadura muda a nossa aparência, a quantidade de equipamentos incomoda depois de umas 5 horas de jogo. Como a todo momento estamos ganhando novas armas e armaduras, o jogador passará muito tempo tendo que conferir se o item ganho é vantajoso para ser equipado, resultando em diversos episódios onde temos uma tonelada de equipamentos fracos e um inventário recheado de coisas inúteis e que nunca serão usadas. Obviamente que é possível vendê-los, mas seria melhor que o jogo limitasse esse festival de itens genéricos.
Gráficos e Direção de Arte
Se existe uma certeza para quem jogou os games produzidos pela Koei Tecmo e Team Ninja é que não dá pra esperar os melhores gráficos da geração nas suas produções. Rodando na sua engine usada por diversos jogos, Ascensão do Ronin é o jogo mais bonito da empresa até hoje, mas não faz milagre e possui vários problemas de limitação.
Fazendo parceria com a PlayStation, é possível ver a mão do estúdio no desenvolvimento técnico do jogo. Tendo as melhores animações em cenas e polimento em comparação aos outros produtos da desenvolvedora, o jogo ainda revela em sua apresentação a limitação do seu motor, tão criticado em outros jogos.
A primeira limitação notável reside na iluminação no geral, mas ela aparece ainda pior durante o dia. O jogo conta com texturas simples, embora não pareçam tão borradas quanto o Final Fantasy VII Rebirth, elas contam com um trabalho protocolar e pouco inspirado resultando na impressão geral de pouco ou nenhum avanço quando comparamos com jogos como NiOh 2 e Wo Long, algo pouco satisfatório para um jogo da geração atual.
O jogo conta com três modos de desempenho: Gráficos, Desempenho e Ray Tracing. Mas não importa qual modo decide escolher, o jogo carrega outro problema dos jogos da Team Ninja, o problema de otimização onde o fps cai em diversos momentos. Ao andar por cidades populosas e lutar contra vários inimigos, a performance não se mantêm estável e é possível perceber as quedas. Durante a produção deste review, não testemunhei nenhum bug relevante.
Repetindo muito do que foi feito em Ghost of Tsushima, a direção de arte é o que salva A Ascensão do Ronin em termos visuais, mas muito em razão do fato que a arquitetura japonesa e todo o seu apelo visual residido nas belas paisagens e flora do que alguma originalidade. Percorrendo castelos, casas, vilarejos, campos floridos, cachoeiras e cenários belíssimos, o jogo consegue retratar muito bem o conceito histórico do período Bakumatsu, se tornando o maior triunfo do jogo.
Trilha Sonora e Som
A trilha sonora é assinada pelo compositor israelense-americano, Inon Zur. Ganhador de BAFTAs, Emmy e outros prêmios, ele já trabalhou em trilhas de outros jogos como Dragon Age, Fallout, Prince of Persia, Starfield, Star Trek e filmes e séries.
Respeitando o conceito de Japão antigo, obviamente todas as suas músicas seguem a identidade sonora deste período com todos os instrumentos e grandiosidade de orquestras da qual merece. Apesar de bonitas e cumprirem muito bem o propósito imersivo, senti falta de faixas marcantes como as presentes em Ghost of Tsushima.
O jogo é dublado e legendado em português do Brasil, facilitando o seu entendimento pela narrativa, mas para quem deseja uma maior imersão, sugiro trocar a dublagem para o japonês e aproveitar a experiência.
Vale a Pena?
A Ascensão do Ronin se revela como uma grande aposta da Team Ninja, se aproximando muito do formato de mundo aberto de um Ghost of Tsushima e Assassin’s Creed do que de um Elden Ring e dos novos Zelda. Com um jogo single player focado em narrativa, preocupado em contar a história e fatos do período Bakumatsu onde coloca as decisões dos rumos do Japão na mão do jogador, a história possui os seus grandes momentos, mas a falta de um protagonista forte torna o desenvolvimento muito impessoal, afastando o engajamento a empatia do jogador pelo arco da Lâmina Gêmea.
Com um gameplay divertido e ainda assim desafiante, a Ascensão do Ronin se torna a perfeita porta de entrada para jogadores casuais e que possam ter receio do gênero soulslike, mas pode frustrar um pouco o público hardcore acostumado com grandes montagens de builds, estratégias e desafios punitivos que estimule táticas elaboradas de combate.
*Jogo analisado no PS5 com cópia digital fornecida pela PlayStation Brasil.
Notas do Jogo
Título: Ascensão do Ronin
Descrição do jogo: Embarque em uma jornada épica pelo Japão do século XIX neste RPG de ação de mundo aberto com foco em combate da Team NINJA, o estúdio veterano responsável por Nioh e NINJA GAIDEN. Japão, 1863. Após três séculos de tirania do xogunato Tokugawa, os navios negros do ocidente avançam sobre as fronteiras japonesa, deixando o país em tumulto. Em meio ao caos da guerra, doenças e agitação política, um guerreiro anônimo forja seu próprio destino, tendo em jogo o futuro do próprio Japão.
Gênero: Ação e Aventura
Lançamento: 22/03/2024
Produtora: Koei Tecmo
Distribuidora: Sony Interactive Entertainment
Nota
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História - 7.5/10
7.5/10
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Jogabilidade - 9/10
9/10
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Gráficos - 7.5/10
7.5/10
-
Trilha Sonora e Som - 8/10
8/10
Veredito
A Ascensão do Ronin se revela como uma grande aposta da Team Ninja, se aproximando muito do formato de mundo aberto de um Ghost of Tsushima e Assassin’s Creed do que de um Elden Ring e dos novos Zelda. Com um jogo single player focado em história, preocupado em contar a história e fatos do período Bakumatsu colocando as decisões dos rumos do Japão na mão do jogador, a história possui os seus grandes momentos, mas a falta de um protagonista forte torna o desenvolvimento muito impessoal, afastando o engajamento a empatia do jogador pelo arco da Lâmina Gêmea.
Com um gameplay divertido e ainda assim desafiante, a Ascensão do Ronin se torna a perfeita porta de entrada para jogadores causais ao gênero soulslike, mas pode frustrar um pouco o público hardcore acostumado com grandes montagens de builds, estratégias e desafios punitivos que estimule táticas elaboradas de combate.
Vantagens
- Conhecer o período Bakumatsu e seus personagens é uma experiência rica em história;
- Capacidade de escolha de decisões entrega experiências únicas;
- Jogabilidade acessível e ainda assim desafiante;
- Gameplay fluido, responsivo, visceral e divertido;
- Grande personalização do personagem;
- Ryoma Sakamoto rouba toda a atenção.
Desvantagens
- Protagonista sem personalidade e que pouco fala torna o seu arco desinteressante e prejudica o sentimento geral da campanha;
- Level design das missões repetitivo;
- Gráficos com texturas simples e iluminação ruins;
- Quedas de desempenho.