Análise | Crash Bandicoot 4: It’s About Time


Quem imaginaria? Se fosse há 5 anos, ninguém sequer cogitaria que um novo Crash Bandicoot seria desenvolvido. Em uma época de grandes blockbusters, jogos de mundo aberto, sistemas de RPG, jogos de tiro e indies filosóficos, quem imaginaria que alguma empresa iria investir em um jogo AAA de plataforma simples e caricato?

Quando as remasterizações da trilogia foram lançadas em 2017, o Crash Bandicoot N’ Sane Trilogy, imaginamos que ali seria o máximo que a franquia poderia seguir, apelando para a nolstalgia, mas ao serem lançadas, um sentimento de otimismo surgiu no coração de cada fã dizendo que a franquia poderia ainda sobreviver no meio de um mar de grandes investimentos e tenho certeza que esse sentimento também surgiu no coração dos desenvolvedores.

Anunciado em junho de 2020, Crash Bandicoot 4: It’s About Time pegou todos de surpresa. Como que um jogo da franquia voltaria? Adotaria o gameplay diferente da trilogia original ou voltaria as raízes? Seria ultrapassado demais em termos de mecânicas ou iria balancear? Seria fácil para apelar ao público mais infantil ou continuaria desafiante como os jogos anteriores com o intuito de agradar aos fãs?

Adotando uma roupagem visual moderna, mas sem abandonar sua marca original, Crash Bandicoot 4 surge respeitando a história do seu legado no mundo dos games com todas as suas características que o fez se tornar um fenômenos nos anos 90, mas chega nessa geração se revelando como portador único de um estilo de jogo de plataforma próprio. Crash Bandicoot 4 não é uma cópia de outras franquias, ele é legítimo.

História

O jogo faz questão de apagar da memoria os diversos jogos lançados e se estabelece como uma sequência direta de Crash Bandicoot 3: Warped. O jogo começa com o famoso vilão Neo Cortex junto com N. Tropy e a máscara maligna Uka Uka, presos em uma prisão dimensional no passado. Eles conseguem causar uma falha do espaço-tempo graças ao esforço de Uka Uka, com isso a máscara acaba caindo em sono profundo, com isso N. Tropy se aproveita e consegue cria uma máquina (Gerador de Fendas) capaz de abrir mais fendas no espaço-tempo e conseguem se mover entre as mais diversas dimensões. O plano dos dois é usar esse poder para viajar no multiverso e conquistar todas as dimensões. Com isso, os dois recrutam N. Gin e Nitros Bio para ajudarem na tarefa de criarem um exército para combater a interferência de Crash, Coco e Aku Aku.

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Crash, Coco e a Máscara Quântica Lani-Loli

Com essa bagunça temporal, o feito acaba despertando mais máscaras, as chamadas Máscaras Quânticas, quatro máscaras que possuem grandes poderes sobre o espaço-tempo. Aku Aku, a máscara gêmea de Uka Uka sente que algo terrível estaria acontecendo e junto da irmã de marsupial, Coco, obrigam o preguiçoso e despreocupado Crash Bandicoot a averiguar o que estaria acontecendo. Os três partem em busca onde uma distorção dimensional estava acontcendo e se deparam com Lani-Loli, uma das máscaras, que identifica a fenda e alerta os heróis que algo terrível estaria acontecendo e os convence a reunir as outras três máscaras afim de combater o caos criado pelo Dr. Neo Cortex e os demais vilões.  

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N. Tropy e Dr. Neo Cortex juntos são os vilões do jogo.

Campanha

Como o foco dos jogos nunca foi a história, a campanha é bem simples e didática. Na medida que você passa as fases, o jogo te entrega alguns pedaços do desenrolar da história, seja oferecendo outros pontos de vista por meio de outros personagens, seja ofertando alguma quebras de expectativa em relação a outros personagens, mas nada surpreendente.

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Crash e Coco formam a dupla de protagonistas do jogo.

A narrativa segue o tom caricato e bem humorado da série. Com diversos momentos engraçados e de alívio cômico. Crash, é o herói mudo que agora possui uma linguagem própria. Sabendo aproveitar melhor de sua personalidade, os desenvolvedores decidiram melhorá-lo, tornando-o mais simpático, atrapalhado, desligado e alegre. Coco agora é uma parceira fixa, sendo o lado mais racional a dupla.

Gameplay

O jogo decide apagar o legado adotado por gameplays de outros jogos da série, assumindo o modelo de gameplay pelo qual a série se tornou famosa e cativou o público. Com uma abordagem de movimentação pelas fases mais focada, baseada em corredores com vista por trás e fases side-scrolling com muitos desafios de plataforma.

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Falando sobre os desafios, o jogo por ter um visual e aparência infantil, não se rende a aparência e não propõe um gameplay fácil, pelo contrário, o jogo nunca foi famoso por ser acessível para todas as idades em termos de desafio, mas nesse jogo ele deixa claro que não é um jogo para crianças, é um jogo de plataforma difícil. É claro que o jogo vai escalando o nível de dificuldade à medida que você avança as fases, com diversos desafios , seja pulando em automóveis, cordas, caixas com explosivos e plataformas que caem, o jogo vai misturando mais todas as mecânicas em sequência e com isso, vai dificultando e deixando o jogador mais irritado, se você tem problemas com jogos com dificuldade elevada ou mais interessado, se você é o tipo de jogador que se diverte com grandes desafios.

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Crash Bandicoot 4 para mesclar com as mecânicas de plataforma mais antigas, decidiu atualizar utilizando de novas mecânicas para dar um ar de novidade a uma franquia, funcionando de forma muito competente, as 4 Máscaras Quânticas não só assumem papel fundamental na narrativa, mas ainda mais importante na jogabilidade. Cada Máscara possui uma habilidade única, seja para propor mais diversão seja para complicar a vida do jogador e estabelecer maiores desafios. Cada Máscara possui as seguintes habilidades:

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  • Máscara Lani-Loli: Ela troca realidade, com isso algumas caixas, objetos e plataformas ficam invisíveis e o jogador precisa ir trocando as realidades no tempo correto para conseguir acessá-las.
  • Máscara Kupuna-Wa: Ela desacelera o tempo. Existem alguns desafios onde o jogador precisa desacelerar o tempo para subir em plataformas ou objetos que possuem maiores velocidades ou até mesmo passar por uma área onde há vários projéteis sem ser atingido.
  • Máscara Ika-Ika: Ela inverte a gravidade, com ela é possível caminhar no teto para escapar ou até mesmo passar de inimigos e lazeres ou chegar em plataforma inacessíveis.
  • Máscara Akano: Ela permite que Crash ou Coco gire incontrolavelmente e consiga planar dando saltos muito mais  longos e demorados para chegar em plataformas distantes.

Os inimigos do jogo não são os mais notáveis da franquia e deixam a desejar em termos de desafio e até mesmo de animação. Nos três primeiros jogos, cada inimigo provocava uma animação única de morte do Crash, mas aqui o jogo se furta desse fator divertido, aplicando a animação geral. Alguns inimigos até possuem formas únicas de ataque, mas não são nem de longe o desafio que proporcionavam em jogos anteriores e o foco do desafio fica somente na plataforma.

Novos Personagens Jogáveis

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Mas não só de Crash e Coco vive o gameplay de Crash Bandicoot 4, o jogo possui ainda mais três personagens jogáveis onde são acessíveis em fases opcionais. A primeira personagem é Shawna, a conhecida namorada de Crash, mas essa Shawna pertence à uma realidade paralela. Shawna possui habilidades únicas, como subir paredes como uma ninja e usar o gancho para chegar em lugares distantes ou até mesmo acertar caixas ou inimigos e o ataque padrão de chute. O Dingodile é mais pesado e possui uma arma que sopra ar, então ele pode pular e planar por pequenas distância, puxar caixas comuns e caixas explosivas para jogar em inimigos ou usar o ataque padrão ele usa o rabo. Já o Dr. Neo Cortex, sim ele é um personagem jogável, pode usar a sua pistola para acertar caixas, transformar inimigos em plataformas comuns ou plataformas de pulo e atingir maiores distâncias.

Modos de Jogo

O jogo no início estabelece duas opções de gameplay, o moderno e o retrô. No moderno, as vidas são ilimitadas, no retrô não. Eu recomendaria para quem não quer fica muito irritado, o modo moderno, mas para quem quer uma maior dificuldade, boa sorte com o modo retrô.

Além disso, o modo Pass N Play é um modo cooperativo onde passa aquela sensação quando você era novo e jogava com seu irmão ou amigos do bairro, onde quando você morria, passava o controle para o próximo, nesse caso, o jogo passa a vez para a outra pessoa que está no cooperativo com você.

Flashback Tapes

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Estas fitas funcionam como fases bônus, ou até mesmo secretas, essas fitas são gravações de fases testes do Dr. Neo Cortex onde ele colocava Crash enquanto era ainda uma cobaia. Cada fita só é liberada se o jogador conseguir passar até um ponto específico da fase sem morrer uma única vez. Se você acha que para consegui-las já é uma tarefa difícil, estas fases são ainda mais difíceis.

Skins

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Como todo jogo da atual geração, ele oferece algumas customizações, mesmo que básicas, e a forma que acharam de utilizá-las, foi por meio de skins. Cada skin se adquire em uma fase e o jogador precisará conquistar seis diamantes, mas não se preocupe, quando você passar por uma fase, o jogo irá liberar a versão da fase invertida, o modo N. Verted, onde essa quantidade de diamantes duplica, facilitando muito a sua vida e evitando que você prejudique a saúde do seu coração passando nervoso.

Gráficos

Sem dúvida, Crash Bandicoot 4: It’s About Time é sim um jogo bonito. Com cenários coloridos e brilhantes, é um jogo que por ter um apelo visual menos realista e mais caricato, possui algumas limitações normais de fidelidade em objetos. Com mundos em realidades distintas, o jogo caminha ambientações diversas como florestas, fases de gelo, em meio a cidades tecnológicas, circenses, pântanos, navios piratas e jurássicas, o jogo apresenta uma paleta de cores muito vibrante e colorida.

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Além disso, as cenas de história contendo a animação dos personagens ganharam ainda mais vida e contribuindo por propor personalidades ainda mais únicas a cada personagem no jogo, oferecendo, claro, uma camada mais exagerada, dada a já citada caricatura onde o jogo se sustenta, contribuindo para o teor cômico natural da série.

Trilha Sonora e Som

A trilha sonora é composta por Walter Mair, responsável por uma infinidade de trabalhos em filmes, séries e comerciais, mas também em jogos onde já compôs a trilha sonora de Killzone: Shadow Fall, Call of Duty Mobile, GTA, Tom Clancy’s Splinter Cell: Conviction.

Com a utilização de insturmentos de sopro como flauta de osso, shakuhachi japonês, o xiao e hulusi da China e o nigeriano ọja, além é claro do inconfundível xilofone, a trilha sonora de Crash Bandicoot 4 consegue resgatar o sentimento nostálgico musical que a franquia trouxe até hoje.

 

Falando sobre a dublagem brasileira, ela passa de forma sempre competente a magia do original. Sabendo captar muito bem as nuances de cada personagem e de cada cena, não comprometendo em nada o jogo e ajudando na imersão proposta sobre aquele universo e o teor cômico da narrativa.

Vale a Pena?

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Com um retorno muito esperado por fãs, Crash Bandicoot 4: It’s About Time vale muito a pena. Com uma nova roupagem e mecânicas modernas, é sem dúvida o melhor jogo da franquia até hoje. O jogo não se limita, por ser caricato, adotar uma abordagem de dificuldade boba e bebe da fonte do que a fez ser tão amada: ela é original, criativa e desafiante. Como o jogo nunca teve uma grande narrativa elaborada, ele acaba pecando nesse sentido, mas compensa muito em diversão.

Claro, será necessária uma grande dose de paciência para conseguir os 100% do jogo ao coletar todas as caixas, joias e itens escondidos. Para quem decide jogar descompromissadamente sem os extras, o jogo pode durar até 7 horas, mas para quem decidir seguir a jornada da platina, o jogo te dará umas 222 a 23 horas de jogatina, oferecendo uma boa quantidade de conteúdo para um jogo simples de plataforma.

Crash Bandicoot 4 surge para nos provar que é possível franquias antigas retornarem com propostas modernas sem perder as suas raízes. Prova que é sempre possível superar o que já foi feito e ainda estabelecer um legado para o gênero de plataforma mais maduro e desafiante. Nos mostra que é possível se reinventar sem precisar fugir do que é.  

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Notas do Jogo
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Título: Crash Bandicoot 4: It's About Time

Descrição do jogo: Neo Cortex e N. Tropy estão de volta novamente lançando um ataque completo que vai além deste universo, envolve todo o multiverso! Crash e Coco estão aqui para salvar o dia reunindo as Quantum Masks e desafiando as regras da realidade. Novas habilidades? Sim. Mais personagens para jogar? Claro. Dimensões alternativas? É lógico que sim. Chefões horripilantes? Com certeza. Aquela mesma sensação? Pode apostar suas calças. Minhas calças de verdade? Não nesse universo!

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Nota
8.8/10
8.8/10
  • História - 7/10
    7/10
  • Jogabilidade - 10/10
    10/10
  • Gráficos - 8/10
    8/10
  • Trilha Sonora e Som - 10/10
    10/10

Veredito

Crash Bandicoot 4 surge para nos provar que é possível franquias antigas retornarem com propostas modernas sem perder as suas raízes. Prova que é sempre possível superar o que já foi feito e ainda estabelecer um legado para o gênero de plataforma mais maduro e desafiante. Nos mostra que é possível se reinventar sem precisar fugir do que é.

Vantagens

  • Divertido e engraçado
  • Diversificação de personagens
  • Ambientes e cenários coloridos.
  • Mecânicas das Máscaras Quânticas modernizam o gameplay.
  • Desafiante.
  • Ótima trilha sonora e dublagem.

Desvantagens

  • História muito básica.
  • Desafios podem irritar um tipo de jogador.
  • Multiplayer pouco interessante.

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San Moreira
San Moreira tem 33 anos e é natural de São Paulo. Eu sou formado em Banco de Dados e Gestão Empresarial. Amante da cultura gamer, sempre apaixonado pelo universo. Atuando como jornalista e Content Manager de games com foco na plataforma PlayStation e Battle Royales como Free Fire. Teve a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer.

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