Review | Ghost of Yotei – Um Mundo de Belezas, Para Uma Dor Eterna


Ghost of Yōtei
8.75/10

Ghost of Yotei surge como a aguardada sequência do aclamado Ghost of Tsushima, marcando uma nova direção ambiciosa para a franquia. Em vez de continuar a história de Jin Sakai, a Sucker Punch Productions transporta os jogadores para o Japão do período Edo, 300 anos após os eventos originais.

A grande novidade é a introdução de Atsu, uma protagonista completamente nova cuja jornada de vingança a coloca contra a temível cabala conhecida como Os Seis de Yōtei. O jogo apresenta um sistema de combate renovado, substituindo as posturas por um arsenal diversificado de armas corpo a corpo, cada uma com características únicas.

A exploração em Ezo, a antiga Hokkaido, é enriquecida por mecânicas de investigação através de rumores e um mapa que funciona como ferramenta narrativa. Esta sequência mantém a essência cinematográfica que consagrou a série enquanto introduz elementos frescos que prometem redefinir a experiência dos fãs.

Ghost of Yotei foi lançado no PlayStation 5 em 02 de Outubro de 2025.

Vídeo de Gameplay do Ghost of Yotei

História

Review Ghost of Yotei Atsu Rosto

Era o ano de 1603, e uma figura solitária cruzava o mar em direção a terras esquecidas. Atsu, uma ronin contratada implacável, voltava para Ezo, a antiga Hokkaido, sua terra natal. Seu regresso não era um lar doce, mas uma peregrinação sombria para um acerto de contas adiado por dezesseis longos anos. Diferente do lorde samurai desgraçado de outras histórias, Atsu era um espírito vazio, uma guerreira que ou escondia todas as emoções ou simplesmente não sentia nenhuma.

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peso do passado definia cada um de seus passos. Quando criança, sua vida pacífica foi aniquilada por um bando de foras da lei conhecido como os Seis de Yōtei. Liderados pelo Lorde Saito, um homem que se autoproclamava o próximo e legítimo Shogun, o grupo invadiu sua casa. Em uma noite de horror, Atsu testemunhou o massacre de sua mãe, seu pai e seu irmão. O ápice da crueldade veio quando a prenderam à árvore de Ginkgo da família, já envolta em chamas, deixando-a para ser consumida pelo fogo.

Mas Atsu sobreviveu. Arrancada daquela armadilha incandescente, ela fugiu para o continente. Lá, longe do Monte Yōtei, dedicou cada respiração a um único propósito: fortalecer sua vontade e proficiência com uma lâmina. Agora, ela retornava. Não como a menina assustada, mas sob a alcunha de uma Onryo, um espírito vingativo. Em sua mão, uma faixa com os nomes daqueles que haviam destruído seu mundo. Sua missão era meticulosa e mortal: riscar da existência O Cobra, O Oni, O Kitsune, O Dragão, A Aranha e o próprio Lorde Saito. A terra abaixo do Monte Yōtei logo descobriria o que significava despertar a fúria de uma fantasma.

Campanha

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Apesar de, à primeira vista, compartilhar uma premissa familiar com Assassin’s Creed Shadows—uma caça a uma cabala de vilões mascarados—, Ghost of Yōtei rapidamente demonstra que sua ambição narrativa vai muito além de uma simples lista de assassinatos. A semelhança é passageira, pois o foco aqui não está no que os vilões representam, mas nos humanos por trás da máscara.

O coração do jogo bate em Atsu, uma protagonista cuja formação a coloca em nítido contraste com Jin Sakai, de Ghost of Tsushima. Enquanto Jin era um samurai adulto e estabelecido, Atsu teve sua infância interrompida brutalmente pela violência. Forçada a suportar uma dor inimaginável e lançada sozinha no mundo em uma idade vulnerável, sua jornada não é a de um guerreiro honrado, mas a de um espírito vingativo. Ela abraça a lenda do onryō—um fantasma consumido pelo ódio—não como uma disfarce, mas como uma identidade que reflete seu estado interior.

Review Ghost of Yotei os Seis de Yotei

Minha maior preocupação inicial era com uma narrativa linear, mas as melhores histórias de vingança são aquelas com reviravoltas e nuances. Ghost of Yōtei atende e supera essa expectativa. Ele investiga os monstros da infância—tanto reais quanto imaginários—e questiona se pode existir uma vida além da violência cíclica. A narrativa explora se a redenção é possível para alguém que foi moldado pela tragédia.

Por trás do estoicismo de Atsu, esconde-se uma teimosia infantil que frequentemente a faz rejeitar ajuda, um traque que cria um interessante conflito interno. No entanto, Sucker Punch introduz a “Alcateia de Lobos”, um grupo de aliados—como mestres de armas e ferreiros—que são fundamentais para sua jornada e recebem desenvolvimento dedicado. O elenco principal é forte, entrelaçando motivações complexas sem exageros. O desempenho vocal em inglês é excelente, com Erika Ishii brilhando ao transitar entre a frieza implacável e a irritabilidade vulnerável de Atsu.

Alguns personagens secundários, como Ran, o Arqueiro, ou Ginji, o Ferreiro, embora carismáticos, poderiam ter tido um envolvimento narrativo mais profundo. Apesar disso, o vínculo de Atsu com um lobo misterioso adiciona uma camada significativa e sutil ao seu desenvolvimento, sem ser excessivamente sentimental.

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A estrutura narrativa é enriquecida por flashbacks jogáveis que constroem o mistério aos poucos. Essas duas linhas do tempo—passado e presente—complementam-se perfeitamente, fornecendo contexto para as ações e emoções de Atsu. Embora o objetivo final seja a retribuição contra os Seis de Yōtei, o jogo oferece um grau de liberdade na caça, sem abrir mão de uma campanha linear e elaborada. O mapa se abre em etapas, garantindo uma progressão estruturada.

Embora os Seis de Yōtei sejam vilões cativantes, nem todos recebem o mesmo nível de profundidade. A história de Kitsune é um destaque especial, bem elaborada e memorável. A escrita de alta qualidade se estende até mesmo às missões secundárias, onde recompensas rotineiras em outros jogos aqui escondem histórias angustiantes e únicas.

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Em última análise, a jornada de vingança de Atsu pode não ser revolucionária em seu conceito, mas é a habilidade com que é executada que prende a atenção. A combinação de um protagonista complexo, um elenco de apoio sólido e uma narrativa que vai além do simples acerto de contas resulta em uma experiência poderosa e inesquecível.

Gameplay

O de gameplay de Ghost of Yōtei é construído sobre uma exploração orgânica e recompensadora. O mundo aberto incentiva a descoberta natural, com atividades secundárias que se integram diretamente na progressão do jogador, oferecendo melhorias tangíveis para o combate. O sistema de combate evoluiu para ser mais tático e diversificado, com múltiplas armas corpo a corpo que permitem transições fluidas e estratégias dinâmicas. Apesar de alguns elementos repetitivos, a integração entre exploração, conteúdo secundário e progressão mantém a jornada engajante e significativa.

Ciclo de Gameplay e Conteúdo Secundário

Review Ghost of Yotei Cidade Nevada

A promessa de não linearidade em Ghost of Yōtei é, na prática, uma liberdade cuidadosamente contida. Embora o jogador possa escolher entre dois alvos iniciais dos Seis de Yōtei, isso não se traduz em uma lista aberta no estilo Assassin’s Creed. A caça a cada vilão é uma missão extensa e narrativamente densa, repleta de personagens cativantes e atuações estelares. No entanto, essa estrutura às vezes peca pelo excesso: algumas dessas sequências se estendem por uma ou duas missões além do ideal, criando uma desaceleração perceptível no ritmo que o jogo nem sempre consegue recuperar totalmente.

Cada região associada a um membro dos Seis está repleta de conteúdo secundário, mas com uma abordagem mais refinada do que seu predecessor. A variedade é notável, indo de jornadas épicas—como a perseguição a um mestre de duelos imortal—até atividades menores, como a libertação de acampamentos. Itens clássicos como cortes de bambu, tocas de raposa e fontes termais estão presentes, porém em quantidade mais moderada.

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O grande trunfo de Ghost of Yōtei é que cada atividade tem um propósito orgânico dentro da progressão. Os acampamentos, por exemplo, estão vinculados a uma missão secundária final com o sensei que fornece a arma branca da região. As tocas de lobo desbloqueiam novas habilidades para Atsu. Os pontos de habilidade são conquistados através da descoberta de santuários. Esta não é uma lista de verificação arbitrária; há um motivo claro por trás de cada sistema, tornando a vida do perfeccionista significativamente mais gratificante.

A exploração é facilitada por um cartógrafo que vende mapas de locais notáveis, e ocasionalmente por transeuntes que indicam pontos de interesse. É uma abordagem mais natural para preencher o mapa, embora ainda carregue a conveniência típica dos videogames.

Em comparação com Tsushima, o conteúdo secundário aqui está em um patamar superior. As missões secundárias são mais intrigantes e as tarefas, mais variadas. Apesar da estrutura de mundo aberto ainda exibir alguns elementos repetitivos, o caminho para cada objetivo é único. Um santuário pode exigir uma complexa escalada em montanhas, enquanto outro pode envolver a resolução de quebra-cabeças ou a infiltração furtiva em um acampamento inimigo.

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Essa integração é fundamental, pois as melhorias de Atsu estão diretamente vinculadas à exploração. Engajar-se com o mundo aberto recompensa o jogador com opções de combate mais diversificadas e poderosas, como assassinatos em cadeia ou um ataque especial carregado que pode eliminar certos inimigos com um único golpe preciso. Essas habilidades não são estritamente necessárias, mas oferecem uma vantagem significativa e tornam os confrontos mais dinâmicos.

No entanto, mesmo com todo esse brilho, algumas arestas permanecem. A fadiga do mundo aberto pode surgir ao se deparar com um volume grande das mesmas atividades repetitivas. A abundância de marcadores no mapa também pode, por vezes, comprometer a sensação de descoberta genuína que a exploração oferece. Adicionalmente, as opções de diálogo parecem ter um impacto limitado nos desfechos das missões, e algumas seções tardias na história reintroduzem mecânicas tutorial de forma que perturbam o fluxo narrativo.

Mapa e Exploração

Review Ghost of Yotei Mapa

A verdadeira magia da exploração em Ghost of Yōtei revela-se quando se para de lutar contra seu design e se entrega ao seu ritmo. Com inúmeros pontos de observação pontuando a paisagem de Ezo, é perfeitamente viável—e profundamente recompensador—passar horas sem nunca abrir o mapa formal. A experiência é projetada para que você navegue pela paisagem, confiando no que seus olhos podem ver. Há uma cadência deliberada no jogo que é quebrada quando você simplesmente seleciona um waypoint e corre em linha reta.

A abordagem mais gratificante é adotar um papel mais orgânico. Ao entrar em uma nova região, fazer da pousada local seu primeiro destino, seguindo estradas conhecidas e se permitindo ser surpreendido por descobertas ao longo do caminho, transforma a jornada. Foi uma decisão inteligente da Sucker Punch injetar pouca urgência narrativa imediata. Atsu retorna a Ezo após anos de ausência com um objetivo vago: vingar-se dos Seis de Yōtei. Ela não sabe onde eles estão, e, por extensão, você também não. Isso cria uma justificativa natural para a única coisa que você pode fazer genuinamente: vagar e investigar.

Review Ghost of Yotei Arvores Neve

Este senso de descoberta é alimentado por um sistema de rumores que você coleta dos habitantes locais. No início, é brilhante; você rapidamente acumula uma série de pistas plausíveis para perseguir, tornando a consulta ao mapa uma consequência natural da investigação, e não um hábito constante.

No entanto, esse sistema de rumores eventualmente revela suas fissuras. O problema, semelhante ao visto em outros jogos como Atomfall, surge da natureza finita do conteúdo. Com múltiplas pistas apontando para o mesmo objetivo, você começa a coletar informações redundantes. A sensação de desvendar um mistério pessoal dá lugar à impressão de que tudo em Ezo é um segredo aberto, com a narrativa se desenrolando de forma um pouco fora de ordem.

Felizmente, essas questões estruturais maiores tornam-se secundárias diante da jogabilidade encantadora momento a momento. A excelência de combate de Ghost of Tsushima não apenas retorna, mas evolui para uma forma mais robusta. Enquanto Jin Sakai dependia de posturas com uma katana, Atsu tem armas corpo a corpo totalmente diferentes à sua disposição. Cada uma possui seus próprios conjuntos de movimentos únicos e ataques especiais, aprofundando significativamente o leque tático disponível para o jogador em Yōtei.

Combate

Review Ghost of Yotei Combate

O combate em Ghost of Yōtei é a evolução natural da base sólida de Tsushima, trocando o sistema de posturas por um arsenal mais diversificado. Atsu domina cinco armas corpo a corpo—a confiável katana, as ágeis katanas duplas, a versátil kusarigama, a poderosa odachi e a distanciadora yari. A verdadeira maestria, no entanto, não está em dominar cada uma isoladamente, mas em transitar entre elas com fluidez no calor da batalha.

Este é um sistema de contras dinâmico. A kusarigama subjuga inimigos com escudos, enquanto a yari supera a própria kusarigama. Cada arma tem seu lugar, transformando Atsu em um redemoinho de aço em movimento. A sensação de lutar com maestria é eletrizante: usar a odachi para abater um bruto, desviar para uma sequência veloz de golpes com as katanas duplas e finalizar um arqueiro distante com um tiro preciso de pistola. A ênfase na reatividade faz com que até confrontos simples pareçam coreografias meticulosas.

A profundidade estratégica é ampliada por mecânicas de risco. Certos golpes podem desarmar Atsu, forçando-a a uma decisão rápida: sacar uma arma secundária ou recuperar a lâmina principal. Por outro lado, ela também pode desarmar seus oponentes, podendo até arremessar armas caídas para causar dano massivo, um movimento surpreendentemente satisfatório.

Review Ghost of Yotei Luta Combate Ronin

No entanto, a maestria exige um preço. A dificuldade é intensa e punitiva. Distrair-se com a barra de vida ou trocar de arma no momento errado pode significar perder um aviso de defesa crucial, especialmente em duelos contra chefes ou quando em desvantagem numérica. Espera-se morrer com frequência, mas a satisfação de vencer é proporcional ao desafio, tornando cada vitória contra os Seis de Yōtei uma conquista memorável.

Para além do combate puro, o jogo introduz uma progressão significativa através de suas armas e loadouts. Embora algumas melhorias possam parecer lineares, a combinação entre armas, conjuntos de armaduras e amuletos permite criar combinações verdadeiramente devastadoras. O sistema de loadouts—já disponível desde o lançamento—incentiva o jogador a especializar-se em estilos distintos, seja para combate à distância, furtividade ou duelos frontais, adicionando uma camada tática profundamente recompensadora.

Review Ghost of Yotei Chefe Combate

Apesar do brilho do combate, o ritmo ocasionalmente sofre com o que parece ser preenchimento desnecessário. Sequências longas de escalada, onde se pula de uma superfície marcada para outra, e seções que obrigam o jogador a acompanhar um NPC em um passo lento, quebram a imersão. São momentos que revelam as costuras do design de videogame, fazendo o jogo parecer, por instantes, datado e incerto sobre como progredir.

Em última análise, o combate é o pilar central da experiência. É cinematográfico, intenso e profundamente satisfatório. A furtividade complementa a ação, oferecendo uma abordagem alternativa viável, mas não obrigatória. Embora agite a fórmula com plataformas ocasionais e o uso criativo do touchpad do DualSense, é na dança coreografada das lâminas que Ghost of Yōtei realmente brilha, apresentando uma versão mais suave, porém mais complexa e animada, do combate visceral que consagrou sua predecessora.

Armas e Equipamentos

Review Ghost of Yotei Equipamentos

O coração do combate em Ghost of Yōtei bate no arsenal diversificado que Atsu constrói ao longo de sua jornada. O jogo abandona o sistema de posturas de seu predecessor, optando por um leque de armas distintas, cada uma com seu próprio peso, ritmo e aplicação tática. Enquanto qualquer arma pode ser usada contra qualquer inimigo, a verdadeira eficiência surge ao compreender os pontos fortes de cada lâmina. A katana é sua companheira versátil, mas a kusarigama brilha para envolver e subjugar, e a yari domina no controle do espaço.

O processo de aquisição dessas armas é um dos aspectos mais bem executados. Cada nova lâmina é concedida através de missões que envolvem encontros com especialistas orgânicos—mestres de armas cujas histórias se entrelaçam com o desenvolvimento de Atsu. Essas missões não são simplesmente recompensas; são rituais de aprendizado que fazem com que cada adição ao arsenal sinta-se significativa e merecida.

O combate à distância permanece satisfatório, com os arcos oferecendo um meio silencioso e preciso de eliminação. A adição de armas de fogo, como a pistola, introduz uma opção mais brusca, sendo espetacular para finalizações rápidas em combates corpo a corpo. A tática é complementada por uma gama de arremessáveis, desde bombas incendiárias para o caos em área até as kunai de disparo rápido para interrupções precisas.

Review Ghost of Yotei Espada Skins

A personalização é um pilar central da progressão. Os conjuntos de armadura não são meros itens cosméticos; cada um oferece vantagens tangíveis que incentivam diferentes estilos de jogo. Conquistados através de missões secundárias ou tarefas misteriosas, eles podem ser aprimorados com recursos coletados no mundo. O icônico conjunto de Fantasma evolui organicamente através da narrativa principal, tornando-se um símbolo do crescimento de Atsu.

Esta filosofia se estende a um sistema de loadouts profundamente customizável. Atsu pode ser refinada através de múltiplas árvores de habilidades—uma para cada arma, além de outras focadas em sua resistência ou seu vínculo com um lobo companheiro. Os amuletos, que podem ser aprimorados por meio de feitos específicos, permitem um ajuste fino de habilidades, criando combinações poderosas para especializações em furtividade, combate frontal ou ataques à distância.

Review Ghost of Yotei Arvores de Habilidades

A progressão de habilidades é vinculada à descoberta de altares espalhados pelo mundo, muitos dos quais são revelados ao libertar acampamentos inimigos. Embora essa seja uma abordagem funcional, poderia ter sido mais rica com uma camada de nuance geográfica. Vincular certas habilidades a altares específicos em regiões temáticas teria adicionado um propósito mais profundo à exploração, transformando a busca por poder em uma jornada de descoberta mais pessoal e contextual.

No geral, a abordagem de Ghost of Yōtei com armas e equipamentos é excepcional. Ela oferece uma liberdade tática palpável, recompensando os jogadores que se dedicam a dominar seu arsenal diversificado e a personalizar Atsu para refletir sua própria abordagem em relação à vingança.

Gráficos e Direção de Arte

Review Ghost of Yotei Cenario Drecao Arte

Em termos de pura beleza de direção de arte visual, Ghost of Yōtei é uma conquista monumental e potencialmente um dos jogos mais belos artisticamente do PS5. O cenário é uma personagem por si só, com uma paleta de cores vibrante e variada que se estende por todas as quatro estações. Dos vastos campos banhados pelo sol às encostas árticas gélidas, e das florestas verdejantes de primavera aos tons ofuscantes de laranja e dourado do outono, cada paisagem é uma obra de arte intencional.

O mundo não é apenas bonito; ele sente-se vivo e organicamente integrado. A paisagem é usada magistralmente para criar “momentos de paisagem” puros: o vento guiando o caminho, milhares de pétalas de flor espalhadas ao atravessar uma planície e trilhas sinuosas.

Review Ghost of Yotei Pinturas

Esta filosofia se estende ao próprio mapa do jogo, que é uma ferramenta excepcional. Seu estilo artístico é deslumbrante, com ícones e rotas de viagem que aparecem como pinturas animadas. A mecânica de comprar mapas cartográficos para revelar locais é incrivelmente satisfatória, dando vida ao mapa de uma forma que um recurso estático nunca conseguiria. Detalhes imersivos persistem até aqui, com gotas de chuva caindo no pergaminho quando o tempo vira. Combinar este mapa com a luneta resulta em uma exploração profundamente gratificante que captura perfeitamente o ciclo “veja, marque e vá”.

A apresentação técnica pode sofrer se comparar a outros jogos de mundo aberto do mercado, como o mais óbvio, Assassin’s Creed Shadows. Ghost of Yotei não é um grande exemplo dos melhores gráficos da plataforma e perde em diversas áreas quanto à beleza técnica de texturas e iluminação com outros jogos, mas ele se apoia e muito na direção de arte, que mais uma vez na série, alva muito desse quesito gráfico.

Review Ghost of Yotei Visual Mapa Neve

A Sucker Punch aproveitou ao máximo o hardware, com um aumento significativo no draw distance que retrata com sucesso a escala massiva de Ezo. Jogado no modo Performance, o jogo mantém seus 60 FPS sem quedas perceptíveis ou pop-in, o que é uma façanha alucinante dada a densidade e fidelidade do mundo. Os tempos de carregamento são simplesmente ridículos, com viagens rápidas de um extremo ao outro do mapa levando meros segundos.

Review Ghost of Yotei Alcateia

Apesar de tanta excelência, alguns pontos de atrito surgem. As animações para NPCs em interações casuais podem parecer menos refinadas, e a cinematografia em alguns diálogos ocasionais parece um pouco desajeitada quando comparada à fidelidade e às expressões faciais excelentes das cutscenes principais. Alguns bugs esporádicos também podem quebrar a imersão, como o posicionamento incorreto de personagens em cenas ou uma física estranha em ataques saltitantes. Estes são problemas raros, mas ainda assim notáveis em uma experiência tão polida.

Em última análise, Ghost of Yōtei é um banquete visual no sentido de arte. Ele eleva o padrão para mundos abertos, não apenas através de sua fidelidade técnica, mas através de um design artístico intencional que transforma cada momento de exploração em uma descoberta memorável.

Trilha Sonora e Som

A dimensão musical em Ghost of Yōtei transcende a função de simples acompanhamento para se tornar um pilar central da experiência. A trilha sonora é, em uma palavra, excelente, tecendo-se de maneira tão vital na narrativa quanto a própria jornada de Atsu.

shamisen de Atsu emerge como um recurso narrativo profundo. Seus acordes não preenchem simplesmente o silêncio; eles vocalizam a dor contida, a memória da perda e a frieza determinada que a protagonista carrega. É a voz de suas emoções sufocadas, um fio condutor musical que nos conecta com seu mundo interior de uma forma que o diálogo, por vezes, não consegue.

Review Ghost of Yotei Portal Tori

Esta maestria sonora se estende à exploração. A música intersticial que flui enquanto se percorre os campos e florestas de Ezo é genuinamente comovente. Ela não dita o que se deve sentir, mas convida à contemplação, ampliando a sensação de um mundo vasto e melancólico que guarda suas próprias histórias.

E nos momentos de maior peso dramático, a trilha sonora culmina em canções líricas ocasionais. Sua introdução nos clímax da narrativa não é um mero efeito, mas uma elevação deliberada. Essas peças vocais carregam uma carga emocional avassaladora, transformando sequências decisivas em momentos verdadeiramente cinematográficos e inesquecíveis, que permanecem ressoando muito depois de a tela escurecer.

Acabei transitando entre a versão dublada em japonês e em português do Brasil e ambas apresentam uma grande interpretação e um grande trabalho nesse quesito.

Vale a Pena?

Review Ghost of Totei Vale a Pena Veredito

É justo dizer que, atualmente, há pouco espaço para revoluções no gênero de mundo aberto. Ghost of Yōtei não se propõe a reinventar a roda nem a abandonar totalmente as convenções que o definem. Dificilmente converterá aqueles que já rejeitam a perspectiva de um mapa expansivo repleto de atividades. No entanto, ao refinar meticulosamente a fórmula estabelecida por seu predecessor, ele se ergue como um epicentro de excelência polida.

O verdadeiro triunfo de Ghost of Yōtei está em como ele utiliza a estrutura de mundo aberto a serviço da narrativa. A Sucker Punch demonstra uma maestria notável ao integrar conteúdo significativo à trama principal. Sistemas que em Tsushima pareciam secundários aqui se tornam pilares orgânicos da progressão, seja através das missões que concedem novas armas ou dos altares que desbloqueiam habilidades. Essa abordagem resulta em um épico de mundo aberto que consegue se desvencilhar da maior parte do excesso e do peso tradicionalmente associados ao gênero.

A jornada de Atsu é o coração pulsante desta experiência. Sua história de vingança é uma fantasia imperdível, enriquecida por um elenco de apoio bem desenvolvido e performances estelares. Embora ocasionalmente sofra com problemas de ritmo—sequências de escalada um tanto datadas e uma ou duas missões que se estendem além do necessário—e alguns vilões que poderiam ser mais aprofundados, a narrativa mantém seu poder de engajamento. A não linearidade contida é uma escolha inteligente, libertando o jogador da pressão constante da missão principal sem sacrificar o ímpeto narrativo.

Visual e auditivamente, o jogo é um testemunho de maestria técnica. É potencialmente o título mais bonito do PS5, um mundo onde cada cenário é uma pintura viva e os tempos de carregamento são praticamente inexistentes. A trilha sonora, capitaneada pelo shamisen de Atsu, é uma personagem por si só, elevando momentos de exploração tranquila a experiências comoventes e clímax narrativos a sequências inesquecíveis.

Ghost of Tsushima andou para que Ghost of Yōtei pudesse correr. Este não é um salto evolucionário, mas uma refinação cirúrgica em praticamente todos os aspectos: jogabilidade mais robusta e tática, um mundo mais denso e proposital, e uma apresentação de classe mundial. É o tipo de jogo que gruda na mente, que faz o jogador ansiar por retornar a Ezo mesmo após o crédito final.

Em resumo, Ghost of Yōtei é um triunfo do design polido. Ele pode não reescrever o manual dos mundos abertos, mas executa sua visão com um nível de confiança, beleza e profundidade narrativa que poucos conseguem igualar. É uma experiência magistral e um dos mais fortes contendores ao título de melhor exclusivo do PS5.

*Jogo analisado no PS5 com cópia digital fornecida pela PlayStation Brasil.

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Notas do Jogo
Ghost of Yotei Capa

Título: Ghost of Yotei

Descrição do jogo: A sequência de Ghost of Tsushima, Ghost of Yōtei da Sucker Punch, é um exclusivo do PS5 com lançamento previsto para 2025. Ambientada em 1603, a história contará com um novo protagonista e uma nova região japonesa bem distante do cenário de Tsushima.

Gênero: Ação, Aventura e Mundo Aberto

Lançamento: 02/10/2025

Produtora: Sucker Punch

Distribuidora: Sony Interactive Entertainment

COMPRAR

Nota
8.8/10
8.8/10
  • História - 8.5/10
    8.5/10
  • Jogabilidade - 9/10
    9/10
  • Gráficos - 8.5/10
    8.5/10
  • Trilha Sonora e Som - 9/10
    9/10

Veredito

Ghost of Yōtei não busca revolucionar o gênero de mundo aberto, mas sim aperfeiçoar sua fórmula com excelência. O jogo integra conteúdo e narrativa de forma orgânica, eliminando excessos típicos do gênero. A história de Atsu é envolvente, mesmo com alguns problemas de ritmo e vilões pouco explorados. Visualmente deslumbrante e com trilha sonora marcante, é um dos títulos mais bonitos do PS5. Trata-se de uma refinação cirúrgica em jogabilidade, mundo e narrativa. Uma experiência polida e inesquecível que é uma forte candidata a melhor exclusivo do console.

Vantagens

  • Protagonista cativante e bem desenvolvida
  • Mundo aberto refinado
  • Combate ágil, dinâmico e variado
  • História e personagens envolventes
  • Direção de arte impressionantes
  • Conteúdo secundário de qualidade
  • Trilha sonora emocionante
  • Performance técnica excelente no PS5

Desvantagens

  • Repete muito do que o antecessor já fazia
  • Missões muito longas
  • Ritmo irregular na história
  • Personagens secundários pouco explorados
  • Animações e Texturas poderiam ser melhores

San Moreira
Sanzio Moreira tem 34 anos e é Jornalista, Fundador e Editor-Chefe do PS Verso. Amante da cultura gamer e sempre apaixonado pelo universo. Atuo como jornalista e Content Manager do mercado de games por 6 anos. Tive a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer brasileira.