Review | Death Stranding 2: On the Beach – Não é para todos, mas é inesquecível para quem se entrega


Review Death Stranding 2 On the Beach
8.75/10

Death Stranding 2: On the Beach, o aguardado próximo capítulo da Kojima Productions, surge como uma sequência direta e ambiciosa do controverso título de 2019. Hideo Kojima, conhecido por sua narrativa ousada e mecânicas inovadoras, mantém a essência do original enquanto eleva cada aspecto a novos patamares. O jogo preserva seu núcleo pós-apocalíptico e surreal, onde a simples locomoção se transforma em um desafio estratégico, e o gerenciamento de inventário define o ritmo dos conflitos.

Aqui, as idiossincrasias de Kojima brilham com intensidade, criando uma experiência que oscila entre o estranhamente mecânico e o profundamente emocional. O jogo é tão genuíno em sua visão que sua sinceridade acaba cativando, mesmo quando suas escolhas mais excêntricas desafiam convenções. Death Stranding 2 não se contenta em repetir fórmulas: reimagina sistemas, expande a originalidade e aprimora a excelência técnica que já marcou seu predecessor.

Em um mercado saturado de sequências seguras, Kojima entrega algo raro: um jogo que só ele poderia criar. Seu romantismo peculiar e sua obsessão por detalhes transformam cada entrega, cada travessia solitária, em algo maior que a soma de suas partes. Death Stranding 2: On the Beach não é apenas uma continuação, é uma afirmação da arte como expressão pessoal, sem concessões.

Death Stranding 2: On the Beach foi lançado no PlayStation 5 em 26 de Junho de 2025.

História

Death Stranding 2 Sam e Lou

Death Stranding 2: On the Beach retoma a jornada de Sam Bridges (Norman Reedus) e Lou, sua agora crescida BB, em um mundo ainda mais fragmentado. Depois de abandonar a UCA para viver em isolamento, Sam é arrastado de volta à ação por Fragile (Léa Seydoux), que agora comanda a Drawbridge, uma organização dedicada a reconectar o que o Death Stranding destruiu. Desta vez, a missão é ainda mais ambiciosa: ligar o México à Austrália através de uma rede quiral expandida, enfrentando novas ameaças e mistérios sobrenaturais.

Mas nem tudo é tão simples. Higgs (Troy Baker), o traiçoeiro antagonista do primeiro jogo, retorna com um novo propósito e um ódio renovado por Sam e Fragile. Enquanto isso, Neil Vana (Luca Marinelli), uma figura fantasmagórica com laços obscuros a Sam e Lou, surge como um enigma persistente, assim como Cliff Unger foi no passado. A narrativa, típica do estilo labiríntico e interconectado de Kojima, entrelaça essas histórias em uma tapeçaria de vingança, luto e descoberta, culminando em sequências que desafiam a lógica e a expectativa.

Review Death Stranding 2 Neil Vana

O mundo de Death Stranding 2 permanece tão hostil quanto antes. A Praia, o limbo entre a vida e a morte, continua a despejar EPs (Entidades da Praia) no mundo real, enquanto tempestades de tempo aceleram o envelhecimento de tudo ao redor. Sam, com sua condição de DOOMS, é um dos poucos capazes de navegar por esse inferno. Sua habilidade de “reviver” após a morte o torna essencial, mas ele só quer uma coisa: voltar para Lou.

Fragile, no entanto, não lhe dá escolha. A Drawbridge reúne indivíduos com habilidades sobrenaturais, cada um mais excêntrico que o outro. Há Rainy, uma mulher que manipula o tempo através da chuva; Tomorrow, uma enigmática figura capaz de reduzir seres vivos a pó; e Dollman, um boneco falante que serve como narrador involuntário da jornada. Seus nomes podem soar absurdos, mas suas histórias, contadas em cutscenas extensas e cinematográficas, são hipnotizantes na sua estranheza.

Review Death Stranding 2 Tomorrow

A viagem de Sam o levará do México até a Austrália, enfrentando não apenas ameaças sobrenaturais, mas também seus próprios demônios internosDeath Stranding 2: On the Beach não é apenas uma sequência, é uma evolução da visão única de Kojima, mesclando gameplay inovador com narrativa ousada em um pacote que só ele poderia criar. E, como sempre, quanto mais você avança, menos sentido faz, até que, de repente, tudo se encaixa.

Campanha

Review Death Stranding 2 Higgs Mascara

Death Stranding 2: On the Beach é, acima de tudo, uma história sobre conexões, não apenas entre nações, mas entre pessoas. Sam Porter Bridges, antes um homem que temia o toque, agora se vê criando Lou como uma filha, trocando encomendas por mamadeiras e fugindo de EPs com uma criança engatinhando atrás dele. É uma evolução poderosa, mostrando um Sam mais vulnerável, mas também mais determinado. Quando Fragile o arrasta de volta à missão, ele resiste, não por medo, mas porque finalmente encontrou algo mais importante do que salvar o mundo.

Review Death Stranding 2 Dollman

O jogo oscila entre o absurdo e o profundamente comovente. Um boneco em stop-motion (Dollman) filosofa enquanto Sam o arremessa como um drone improvisado. Heartman continua morrendo a cada 21 minutos, mas agora sua busca pela família na Praia ganha novas camadas. Tarman, um capitão com uma mão mergulhada permanentemente no piche, navega pelo subsolo como um faroleiro do apocalipse. São personagens estranhos, excêntricos, mas inegavelmente humanos, e, aos poucos, você se apega a eles como se fossem parte de uma tripulação disfuncional em uma última esperança.

DHV Magalhães torna-se mais que uma base, é um lar improvisado. Diferente dos centros de entrega estéreis do primeiro jogo, aqui Sam divide beliches apertados, ouve histórias à noite e testemunha as cicatrizes de cada aliado. Não são heróis; são sobreviventes, cada um carregando um pedaço de um mundo quebrado. E quando Higgs retorna, não é como um vilão caricato, mas como um espelho distorcido do próprio Sam, um homem que também perdeu tudo, mas escolheu o ódio em vez da redenção.

Review Death Stranding 2 Rainy

A narrativa repete alguns tropeços de Kojima, exposição excessiva, metáforas batidas como o “pau e a corda”, mas no centro dela há algo genuíno. Você ri do nonsense, mas se emociona quando Lou agarra o dedo de Sam, ou quando Fragile, antes durona, revela seu medo de falhar. Norman Reedus entrega uma atuação contida, mas cheia de nuances, mostrando um Sam que não quer ser um herói, apenas um pai.

E então há a jogabilidade, que transforma até o ato de caminhar em uma declaração filosófica. O mundo é hostil, mas cada entrega, cada ponte construída, significa algo. Não para a UCA, não para a Drawbridge, mas para as pessoas que Sam encontra no caminho.

Review Death Stranding 2 Historia Neilvana Lucy

No fim, Death Stranding 2 não é sobre salvar a humanidade. É sobre encontrar seu lugar nela, mesmo que esse lugar seja um navio furado, cheio de perdidos, navegando rumo a um futuro incerto. E, de alguma forma, isso é mais que suficiente.

Gameplay

Review Death Stranding 2 Portal Tunelar

Como sequência, DS2 mantém a essência da jogabilidade do primeiro jogo, mas aprimora e expande cada aspecto. Enquanto Death Stranding 1 parecia um experimento audacioso, um protótipo onde Hideo Kojima e sua equipe testaram os limites do estranho e do inovador,, o sucesso crítico os encorajou a levar a experiência adiante. O resultado é um jogo mais complexo, mais refinado e, em muitos sentidos, mais ousado.

A premissa central permanece a mesma: reconectar um mundo fragmentado através de entregas. Sam Bridges, um carregador por vocação e nome, atravessa paisagens desoladas para unir comunidades isoladas. No DS2, esse conceito ganha novas camadas, com mecânicas ampliadas e um mundo mais dinâmico. O México e a Austrália, assim como os EUA no primeiro jogo, tornam-se palcos para uma jornada de solidão e conexão.

Review Death Stranding 2 Deserto

A jogabilidade mistura o familiar com o inovador. O combate e a furtividade receberam influências diretas de Metal Gear Solid, mas o cerne ainda é a logística: planejar rotas, gerenciar carga e superar obstáculos ambientais. Novas ferramentas, como transponders e rampas de salto, permitem personalizar sua abordagem, enquanto veículos modificáveis, com rodas adaptáveis e armas improvisadas, ajudam a enfrentar terrenos hostis.

O mundo respira e reage. Além da icônica Chuva Temporal, DS2 introduz terremotos, tempestades de areia, nevascas e inundações, transformando cada viagem em um quebra-cabeça tático. Até mesmo a altitude e a temperatura afetam a resistência de Sam, exigindo preparo e equipamento adequado. A Austrália, com seus cenários brutais e belos, exige mais do que apenas caminhar, exige estratégia.

Review Death Stranding 2 Cenario Sam

As entregas secundárias revelam a humanidade por trás do desastre. Algumas missões envolvem suprimentos vitais; outras, presentes pessoais como filmes ou comida. Ignorar esses detalhes é perder a alma do jogo. Conversar com NPCs, entender suas histórias e receber recompensas únicas fazem a diferença entre apenas completar tarefas e verdadeiramente reconstruir um mundo.

A presença dos outros jogadores é sutil, mas significativa. Estruturas deixadas por eles, pontes, geradores, armas abandonadas, criam uma sensação de comunidade invisível. Você está sozinho, mas nunca totalmente isolado. Cada objeto compartilhado é um gesto de cooperação, um lembrete de que, mesmo na desolação, há vestígios de conexão.

Review Death Stranding 2 Visual DHC Magalhaes

A dificuldade foi ajustada, mas não diminuída. Rotinas bem estabelecidas, como o sistema de rodovias e monotrilhos, simplificam o transporte, mas os perigos são maiores. Deslizamentos de terra, enxames de EPs e criaturas que drenam energia mantêm a tensão. O equilíbrio entre conveniência e desafio é delicado, talvez menos punitivo que o original, mas ainda recompensador para quem se adapta.

No fim, DS2 é tanto uma continuação quanto uma reinvenção. Mantém o que funcionou, corrige o que não funcionou e ousa ir além. É um jogo sobre peso, físico e emocional, e sobre como mesmo as menores entregas podem carregar significado. E, como antes, a verdadeira recompensa não está no destino, mas na jornada.

Combate

Review Death Stranding 2 Combate Graficos

A Austrália em Death Stranding 2 não é apenas um cenário desolado, é um campo de batalha. Se no primeiro jogo os EPs eram uma ameaça assustadora, aqui eles são apenas uma parte do perigo. Humanos hostis, robôs fantasmas e catástrofes naturais transformam cada entrega em uma prova de resistência. Você pode evitar o conflito, mas nem sempre será possível fugir.

Enquanto DS1 limitava Sam a armas improvisadas e granadas de sangue, o arsenal em DS2 é vasto e letal. O combate corpo a corpo ganha profundidade com esquivas, bloqueios e contra-ataques, aproximando-se da fluidez de Metal Gear Solid V. A arma tranquilizante com silenciador no início do jogo é um toque clássico de Kojima, permitindo abordagens furtivas desde o primeiro momento.

Review Death Stranding 2 APAS

Mas a verdadeira evolução está na progressão. Os Aprimoramentos APAS funcionam como chips de habilidade, desbloqueando passivas conforme você avança. Já as Estatísticas do Sam melhoram organicamente, quanto mais você caminha, mais resistência ganha; quanto mais luta, melhor seu manejo de armas. Não há upgrades artificiais: você se fortalece pela experiência.

Se antes os EPs eram uma ameaça quase intangível, agora há opções para enfrentá-los de frente. No início, você se esgueira por acampamentos humanos e territórios EP com cautela. No fim do jogo, pode aniquilar criaturas gigantes com poder de fogo avassalador. Ainda assim, a furtividade não perde seu valor, infiltrar-se sem ser detectado é tão recompensador quanto um tiroteio.

Review Death Stranding 2 Combate Chefe Maquina

sala de treinamento em RV permite testar armas e resolver desafios táticos, refinando suas habilidades antes de encarar o mundo aberto. Nada é obrigatório, mas tudo é útil.

Os EPs retornam com variações mais agressivas, mas os verdadeiros destaques são os robôs fantasmas, criaturas angulares desenhadas por Yoji Shinkawa. Movem-se como marionetes sobrenaturais, tão letais quanto enigmáticos. Humanos hostis também evoluíram, não são mais bandidos desorganizados, mas facções equipadas com armas e táticas.

E ainda assim, o combate nunca ofusca o cerne do jogo: as entregas. Matar ou evitar conflitos são escolhas válidas, mas nada supera a satisfação de cumprir uma missão contra todas as adversidades.

Entre entregas, Sam retorna ao seu quarto particular, onde pode descansar, personalizar equipamentos ou até mesmo embarcar em missões de RV no estilo Metal Gear Solid. É um refúgio, mas também um ponto fraco narrativo, a história muitas vezes avança com Fragile sugerindo que Sam “descanse”, levando a cenas longas em um ritmo previsível.

Review Death Stranding 2 Samurai

Felizmente, o terceiro ato recontextualiza essa estrutura, mas até lá, a sensação de repetição pode pesar.

Death Stranding 2 não abandona sua identidade, apenas a expande. O combate, antes um ponto fraco, agora é divertido, tático e recompensador. As ameaças são mais diversas, o mundo mais reativo, e as escolhas do jogador, seja evitar conflitos ou enfrentá-los, têm peso real.

No fim, não importa se você prefere a furtividade ou o fogo aberto. O que importa é que, mesmo em um mundo à beira do colapso, cada entrega, cada conexão, ainda vale a pena.

Exploração

Review Death Stranding 2 Neve

Venturar-se em territórios desconectados da rede quiral é uma experiência radicalmente diferente de percorrer rotas já estabelecidas. Sem acesso à rede online, você perde a segurança das estruturas compartilhadas por outros jogadores, nada de pontes pré-construídas, geradores estratégicos ou abrigos salvadores. Suas ferramentas são limitadas ao básico: escadas, âncoras de escalada e sua própria engenhosidade.

E ainda assim, isso raramente se torna um obstáculo insuperável. Com uma moto carregada de suprimentos ou um veículo adaptado para terrenos brutais, você pode enfrentar o deserto australiano como um verdadeiro pioneiro. A solidão pesa, mas também traz uma satisfação única , cada marco alcançado sozinho é uma vitória pessoal.

Review Death Stranding 2 Montanha

Quando uma região é finalmente integrada à rede quiral, tudo muda. Estruturas de outros jogadores surgem como fantasmas da cooperação , pontes cortando rios traiçoeiros, geradores mantendo veículos carregados e até monotrilhos, uma adição nova que redefine o transporte em larga escala.

Contribuir para esse ecossistema é recompensador. Estradas pavimentadas, trilhos estendidos e depósitos abastecidos tornam viagens futuras mais fluidas, e os recursos necessários para construí-los são mais abundantes que nunca, graças a minas espalhadas pelo mapa.

Para quem busca eficiência, o DHV Magalhães é uma revolução. Esse sistema de viagem instantânea permite saltar entre pontos-chave do mapa, incluindo um massivo depósito central , em segundos. Até mesmo entregas podem ser concluídas via teletransporte, embora isso custe a cobiçada classificação S, substituída por uma menção especial: “Usei a viagem rápida”.

Alguns jogadores vão evitar esse atalho por orgulho. Outros vão abraçá-lo como uma benção. E há beleza nessa escolha.

Há momentos, porém, em que o esforço coletivo transforma o impossível em trivial. Em uma missão inicial, eu precisei transportar cargas pesadas de um extremo ao outro do mapa. Uma tarefa árdua, não fosse por um detalhe: eu já havia reconstruído um monotrilho completo entre os dois pontos.

Então, em vez de uma jornada épica, foi só uma questão de agarrar-se a um trem carregado e esperarEu havia construído aquilo. E essa, talvez, seja a maior vitória em Death Stranding 2: não apenas sobreviver ao mundo, mas moldá-lo para que outros possam atravessá-lo com mais facilidade.

Death Stranding 2 não é apenas sobre chegar ao destino , é sobre como você escolhe percorrer o caminho. Seja enfrentando o desconhecido sozinho e despreparado, ou pavimentando rotas para futuros viajantes, cada decisão carrega peso.

No fim, a Austrália não é só um mapa a ser conquistado, mas uma terra a ser reconectada , e isso só acontece quando jogadores, cada um à sua maneira, decidem deixar sua marca.

Cooperação

Review Death Stranding 2 Usando Ferrovia

Death Stranding 2 mantém o que tornou o primeiro jogo único: o gênero “Strand”, um sistema multiplayer assíncrono que cria uma comunidade invisível. Você nunca vê outros jogadores diretamente, mas suas estruturas, suprimentos e até mensagens deixadas no mundo tornam a jornada menos solitária. Ainda que muitos zombem desse conceito, há algo profundamente humano nessa forma de cooperação indireta, uma prova de que, mesmo num mundo despedaçado, ninguém está verdadeiramente sozinho.

SSS funciona como uma rede social dentro do jogo, permitindo que você “curtisse” estruturas de outros jogadores, compartilhe recursos e até forme conexões mais profundas com NPCs e viajantes reais. Quanto mais você colabora, mais suas próprias construções se espalham pelo mundo, ajudando desconhecidos em suas jornadas.

É uma mecânica que transforma likes em algo tangível , cada ponte construída, cada escada deixada para trás, pode salvar alguém de uma queda fatal. E quando você recebe uma notificação de que “X jogador usou sua estrutura 50 vezes”, há uma satisfação genuína nisso. A Kojima Productions pega a vacuidade das redes sociais reais e a transforma em algo com peso e propósito.

Em um mundo tão vasto e silencioso, Dollman surge como um companheiro indispensável. Dublado por Alastair Duncan (o mesmo por trás de Mimir, em God of War), ele é um contador de histórias, um estrategista e, acima de tudo, um amigo. Suas observações aleatórias durante viagens quebram a solidão, suas dicas em combate salvam vidas, e seu humor seco adiciona um toque de humanidade à jornada.

Review Death Stranding 2 Moto Mapa

Mas Dollman vai além do utilitário, ele é um confidente para Sam, ajudando a explorar suas emoções em um jogo onde o silêncio muitas vezes fala mais alto. Sua presença transforma longas travessias em conversas íntimas, e sua estética stop-motion só torna sua persona mais cativante.

Se Dollman é o companheiro de viagem, a DHV Magalhães é o porto seguro móvel de Sam. Mais do que um simples veículo, ela funciona como um quartel-general itinerante, onde você pode descansar, reabastecer e até interagir com a tripulação em pequenas animações ambientais.

Com o tempo, a Magalhães passa a sentir como um lar , um lugar onde você não é apenas um entregador, mas parte de algo maior. Ouvir os murmúrios da equipe, ver suas rotinas casuais, tudo contribui para a sensação de que, mesmo na desolação, há vida acontecendo.

O jogo sabe recompensar sua dedicação. Cada like recebido, seja de NPCs ou jogadores reais, é um pequeno choque de satisfação. No fim da minha jornada, acumulei mais de 180.000 curtidas, um número que soa absurdo até você perceber que cada uma representa alguém que você ajudou, mesmo sem nunca cruzar seu caminho.

Review Death Stranding 2 Catapulta

E então há as reservas naturais, onde você pode entregar animais selvagens para serem cuidados por… ninguém menos que a banda CHVRCHES, trabalhando como tratadores de zoológico. É um daqueles momentos puramente Kojima , absurdo, encantador e, de alguma forma, perfeitamente coerente com o mundo de Death Stranding.

Death Stranding 2 entende que conexão não é só sobre infraestrutura, mas sobre presença. Seja através de Dollman tagarelando em seu ouvido, da DHV Magalhães balançando suavemente no vento, ou de um gerador deixado por um estranho no meio do nada, o jogo transforma a solidão em companhia.

E no fim das contas, isso é o que importa: não apenas reconectar o mundo, mas lembrar por que vale a pena fazê-lo.

Gráficos e Direção de Arte

Review Death Stranding 2 Sam

DS2 eleva a experiência visual a um patamar raro, com uma atenção obsessiva aos detalhes que transforma cada superfície, cada reflexo e cada paisagem distante em algo digno de admiração. Os skyboxes são deslumbrantes, e a escala monumental do mundo do jogo não apenas impressiona, mas funciona com uma fluidez surpreendente, mesmo em hardware mais modesto, como um PS5 básico.

Durante combates intensos, como a épica batalha contra Neil Vana, onde faíscas e explosões enchem a tela, o jogo mantém um desempenho estável, sem engasgos. Os 60 FPS são consistentes, mesmo quando a ação atinge seu ápice, um feito notável considerando a quantidade de efeitos de partículas em cena.

Review Death Stranding 2 Graficos Visual Performance

velocidade de carregamento é quase absurda, tão rápida que mal dá tempo de piscar. Do menu principal ao jogo, a transição é instantânea, e até mesmo o sistema de viagem rápida do DHV Magalhães permite cruzar distâncias imensas sem interrupções. A ausência de telas de carregamento mantém a imersão intacta, tornando a exploração tão fluida quanto a narrativa.

Como em qualquer obra de Kojima, o detalhismo é meticuloso. Cada cutscene, cada transição entre gameplay e cinemática, é costurada com uma maestria que blurra a linha entre o pré-renderizado e o tempo real, tornando até os momentos mais surrealistas incrivelmente palpáveis.

Review Death Stranding 2 Cmapanha personagens

E para capturar tudo isso, o modo foto do DS2 é uma ferramenta robusta, permitindo que o jogador congele momentos únicos, seja uma paisagem de tirar o fôlego ou uma sessão descontraída com a tripulação do DHV Magalhães, transformando memórias virtuais em Polaroids digitais que parecem sair de um álbum real.

Trilha Sonora e Som

Review Death Stranding 2 Deserto

Enquanto atravessa vales silenciosos e planícies vastas, o tocador de música integrado quebra a solidão com faixas que você descobre ao longo da jornada. A seleção musical é tão diversa quanto o mundo que o cerca, desde as batidas épicas de Woodkid, responsável por parte da trilha original, até os ritmos melancólicos de Low Roar e os sintetizadores eletrizantes de CHVRCHES. Mas a surpresa fica por conta de nomes como Daichi MiuraGen Hoshino, e até mesmo a Vtuber Usada Pekora, cujas músicas adicionam camadas inesperadas à experiência.

Nenhum momento parece aleatório. Woodkid e Caroline Polachek surgem em justos instantes, elevando cenas que, sem a música certa, seriam apenas paisagens. É como se o jogo soubesse quando você precisa de um refrão triunfante ao avistar seu destino ao longe, ou de uma melodia introspectiva enquanto caminha sob um céu crepuscular.

Kojima não apenas cria jogos, ele orquestra experiências. Seu prestígio atrai músicos de renome e dubladores excepcionais, transformando Death Stranding 2 em algo que transcende a mídia. As faixas não são apenas acompanhamento, elas são recompensas, tocando no momento exato em que você completa um trajeto árduo, como um presente auditivo tão gratificante quanto as curtidas dos outros jogadores ou os novos equipamentos desbloqueados.

E quando as cutscenes começam, a qualidade não diminui. Elle Fanning (Tomorrow) e Luca Marinelli (Neil) entregam performances que dão peso emocional a uma narrativa já repleta de singularidade. Seus personagens são centrais, e cada linha, cada expressão, faz com que até os conceitos mais abstratos do jogo pareçam tocados pela humanidade.

Nosso Vídeo de Gameplay de Death Stranding 2

Vale a Pena?

Review Death Stranding 2 On the Beach Vale a Pena Veredito

Death Stranding 2: On the Beach é Hideo Kojima sem filtros, desafiador, autoindulgente, e brilhantemente singular. Não é um jogo para todos, mas para quem se entrega, é uma experiência que fica gravada na memória. O enredo esotérico, repleto de referências pessoais e metáforas densas, pode afastar alguns, mas a jogabilidade refinada, o visual deslumbrante e a atmosfera hipnótica elevam-no a um patamar raro. Um forte candidato a GOTY, não por consenso, mas por ousadia.

É paradoxal: pode ser monótono como uma caminhada solitária e, ao mesmo tempo, envolvente como um épico cinematográfico. Tudo depende do quanto você se permite mergulhar. Se encarar como uma simulação de entregas, frustra. Mas se abraçar seu ritmo deliberado, seu silêncio, suas paisagens, suas pequenas conquistas, , torna-se uma meditação interativa sobre solidão e conexão.

Na superfície, é sobre carregar pacotes em um mundo em ruínas. Mas logo se revela algo maior: um conto sobre luto, redenção e os laços que nos mantêm humanos. Há emas que teletransportam objetos, sim, mas também há Sam Bridges aprendendo a aceitar ajuda, a não ser consumido pela dor. Cada entrega, cada ponte construída, é um passo nessa jornada, e quando o crédito rola, você não é mais o mesmo.

Aqui, Kojima abraça sua herança. O DNA de Metal Gear pulsa em mecânicas furtivas e momentos absurdamente teatrais, para o bem e para o mal. A construção de mundo é tão encantadoramente bizarra quanto no original, mas agora com mais ferramentas para explorá-la. Ainda assim, há concessões: alguns personagens têm arcos truncados, e a narrativa, embora ambiciosa, peca em ritmo e clareza.

Pode ser o último Death Stranding com Kojima no comando, e se for, que fim de trilha. Mas a franquia é grande demais para morrer. Os sistemas são mais polidos, as paisagens mais vivas, e a sensação de comunidade (mesmo com jogadores invisíveis) é mais forte que nunca. Se há uma lição aqui, é que conexão, seja com NPCs, estranhos online, ou até mesmo com um mundo virtual, é o que nos faz seguir em frente.

Seis anos depois, a sequência supera o original em quase tudo. Não é perfeita, mas é ousada, emocionante e inesquecível. Um daqueles raros jogos que, mesmo após centenas de horas, ainda reserva surpresas. Kojima pode não agradar a todos, mas para quem está disposto a caminhar com ele, Death Stranding 2 é uma jornada que justifica cada passo.

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Notas do Jogo
Death Stranding 2 On the Beach Capa

Título: Death Stranding 2: On the Beach

Descrição do jogo: Com companheiros ao seu lado, Sam inicia uma nova jornada para salvar a humanidade da extinção. Junte-se a eles na travessia desse mundo problemático repleto de inimigos sobrenaturais, obstáculos e uma questão inquietante: deveríamos ter nos conectado? Hideo Kojima, o lendário designer de jogos, muda o mundo mais uma vez.

Gênero: Ação

Lançamento: 26/06/2025

Produtora: Kojima Productions

Distribuidora: Sony Interactive Entertainment

COMPRAR

Nota
8.8/10
8.8/10
  • História - 8.5/10
    8.5/10
  • Jogabilidade - 8.5/10
    8.5/10
  • Gráficos - 9/10
    9/10
  • Trilha Sonora e Som - 9/10
    9/10

Veredito

Death Stranding 2: On the Beach é a expressão máxima da visão artística de Kojima, um jogo que transforma a simplicidade das entregas em uma profunda reflexão sobre conexão humana. Sua narrativa complexa e ritmo deliberado podem afastar alguns, mas recompensam com momentos de rara beleza e emoção genuína. A jogabilidade foi aprimorada em relação ao primeiro jogo, oferecendo mais variedade e liberdade na exploração do mundo desolado. Apesar de alguns problemas de ritmo e desenvolvimento de personagens, a experiência como um todo é inigualável em sua capacidade de misturar solidão e comunidade. É uma obra que desafia convenções e permanece na memória muito depois de terminada, confirmando Kojima como um dos últimos verdadeiros autores dos games.

Vantagens

  • Jogabilidade extremamente gratificante
  • Sistema “Strand” único
  • Mundo aberto deslumbrante
  • Narrativa profunda e hipnotizante
  • Combate e furtividade significativamente melhorados
  • Experiência visual e sonora imersiva

 

Desvantagens

  • Muito fácil
  • Enredo esotérico
  • Mundo aberto atmosférico, mas pode parecer vazio
  • Ritmo irregular

Com companheiros ao seu lado, Sam inicia uma nova jornada para salvar a humanidade da extinção. Junte-se a eles na travessia desse mundo problemático repleto de inimigos sobrenaturais, obstáculos e uma questão inquietante: deveríamos ter nos conectado? Hideo Kojima, o lendário designer de jogos, muda o mundo mais uma vez.

Nossa Nota: 8.8
Metacritic: 90
Desenvolvedor: Kojima Productions
Publicadora: Sony Interactive Entertainment
Lançamento: 26/06/2025
Classificação: 18+
Gêneros:
Ação Aventura Furtivo Mundo Aberto Simulador de Caminhada TPS
Plataformas:
PlayStation 5 PC

San Moreira
Sanzio Moreira tem 34 anos e é Fundador e Editor-Chefe do PS Verso. Amante da cultura gamer e sempre apaixonado pelo universo. Atuo como jornalista e Content Manager do mercado de games por 6 anos. Tive a ideia de criar este site exclusivamente pela vontade informar e ajudar a comunidade gamer brasileira.