Ao longo de sua trajetória, a franquia Oceanhorn sempre abraçou sua admiração pela série The Legend of Zelda da Nintendo. O primeiro jogo trouxe de volta a nostalgia da era 2D da franquia de forma encantadora. No entanto, com a sequência, a equipe da Cornfox & Bros. se propôs a algo verdadeiramente maior. Oceanhorn 2: Knights of the Lost Realm tem como objetivo recriar a estética, a atmosfera e a jogabilidade dos influentes títulos 3D de Zelda, como Ocarine of Time, Wind Waker e Twilight Princess.
Com uma missão ainda maior e mais ambiciosa, Oceanhorn 2 parece ter almejado mais do que poderiam alcançar.
[lwptoc]
História
Numa noite assolada por uma tempestade furiosa, o Mestre Mayfair acolhe uma criança enviada pelo feiticeiro Mesmeroth, solicitando cuidados para o pequeno ser.
Décadas se passaram, e agora, o jovem conhecido como “Herói” (revelado mais tarde como “Theo“) chega à Ilha Outcast em busca de um cofre necessário para se tornar um cavaleiro. Ao retornar à sua cidade, Theo continua seu treinamento, auxiliado por seu fiel amigo robô, Gen. Em uma reviravolta do destino, ele conhece a jovem Trin após sa nave cair em uma floresta. Ao voltarem par ao vilarejo, a paz é abalada quando implacáveis Dark Troopers invadem a vila, na busca por Trin.
Theo, Trin, Mayfair e Gen conseguem escapar, refugiando-se na Cidade Branca, onde desvendam o plano maligno de Mesmeroth, que visa usurpar o trono e governar o reino. Determinados a impedir esse nefasto destino, Theo e seus companheiros embarcam em uma jornada para localizar os três Emblemas Sagrados do Sol, Terra e Oceano.
Gameplay
Por ser uma clara inspiração a Zelda, Oceanhorn 2 adota um jogo de ação e aventura em terceira pessoa de mundo semi-aberto. O funcionamento do seu gameplay também segue a base primordial da franquia da Nintendo onde seu foco é na exploração das áreas em busca de baús e segredos onde vamos encontrando de forma aleatória inimigos ou resolvendo puzzles simplistas na busca de colecionáveis.
Antes de entrarmos sob o aspecto de combate, gostaria de escrever sobre a sua exploração, que é ruim e pouco fundamental. Os colecionáveis espalhados pelo mundo não recompensam o jogador de forma satisfatória. O máximo que encontramos são munições para armas, corações para encher vida, moedas para comprar itens que são abundantes no mapa, objetos de valor que se transforam em moedas e encontrar NPCs bobos e sem propósito.
O jogo conta com uma embarcação e uma nave, mas o ideal é que quando temos um veículo de transporte seja possível estacioná-lo em qualquer lugar, mas não é isso que acontece no seu sistema de exploração. Por serem tão limitados, acabam prejudicando a exploração do seu mapa já combalido, se tornando apenas assets montados para compor mapa, sem utilidade no gameplay.
Sobre o seu combate, nosso herói possui uma espada e uma arma com quatro tipos de munições (balas comuns, fogo, gelo e eletricidade).
A forma em que ele funciona também é inspirado em Zelda, com golpes de esgrima, mas bem menos criativo. Possuindo ataques comuns sequenciais com o quadrado e um concentrado com o triângulo, os golpes são todos lentos, assim como quase todos os movimentos do personagem, o que torna a experiência de combate em algo travado. Se defender com o escudo sofre de atrasos na resposta dos comandos e o jogador precisa aprender a ser acostumar com as falhas técnicas se não quiser se estressar demais. As armas de longo alcance cumprem a função de tirar pequenos danos à distância e atordoar quando acertados na cabeça, mas elas são mais úteis para evitar que tomemos dano por problemas de atraso de resposta nos comandos.
Os inimigos não são lá essas coisas, seus movimentos são repetidos e a única dificuldade desses combates residem no atraso responsivo do acionamento do escudo ou esquiva. O jogo piora quando decide não ter um botão de trava de mira, tornando a câmera ineficiente e ataques descoordenados, derrubando todo o sistema de combate.
Não só a IA dos inimigos é ruim, mas no jogo temos dois personagens que ficam na nossa party, mas por terem uma IA primitiva, pouco ajudam ou agregam durante os combates, sendo úteis somente para atrair a atenção inimiga enquanto resolvemos sozinhos as batalhas.
Outro problema grande e que irrita, é o tamanho ridículo da barra de stamina. Além de ser curta, ela gasta rápido, demora para encher quando usada e prejudica não só nas ações de combate como na exploração, o que acaba transformando em uma constante administração de fôlego, atrasando todas as movimentações durante o gameplay e transformando Oceanhorn 2 em um jogo lento e tedioso.
Se existe um ponto de jogabilidade que merece alguns elogios mais por estar em uma qualidade acima dos outros são os seus puzzles. Apesar de simples e as vezes até mesmo repetitivos, eles cumprem bem a função de divertir o jogador e mudar um pouco o looping de gameplay. Apesar da sua finalidade ser quase a mesma e as funcionalidades de algumas ferramentas como o gancho e a arma com propriedade elementais serem muito bobas, sua forma acrescenta algumas novidades na dinâmica, o que enriquece na experiência total.
Os combates contra chefes também se inspiram em Zelda, acrescentando também condições diferentes para serem derrotados, usando cenários e movimentos deles para expor os pontos fracos, apesar de que no final de tudo, acertar estes pontos seja sempre a mecânica principal da batalha.
O jogo conta com um sistema de RPG de níveis, mas como os ganhos no status seja difícil de prever e eles se limitam a aumentar munição para as armas ou itens do inventário, ele acaba sendo um recurso apagado na estrutura de gameplay.
Gráficos e Direção de Arte
O mundo de Gaia é bonito com um tom alegre, colorido e solar da direção de arte. Adotando uma estética de fantasia científica, o jogo une bem monstros, natureza, robôs e tecnologia, tornando em um universo crível.
Repleto de terrenos com florestas, fábricas, vilarejos, cidades, santuários e locais do subaquáticos, o jogo agrada o olhar com ambientes bem construídos, mas é fácil perceber seus problemas gráficos.
O jogo praticamente não contêm animações faciais, movimentos são duros e texturas quase inexistentes tornam a estética técnica de Oceanhorn 2 em um aspecto geral de plástico. Durante a minha experiência acabei testemunhando um bug que me jogou a metros de distância do chão, a sorte que o jogo mantêm constantemente saves automáticos, o que não prejudicou na meu progresso.
Trilha Sonora e Som
A trilha sonora foi composta por Kalle Ylitalo, um compositor finlandês que já havia trabalhado no primeiro Oceanhorn e em Momoka.
As trilhas de Oceanhorn 2 seguem a estética de aventura de Zelda, mas sem obviamente o brilho a carga da franquia. Em suma, cumprem a função de ambientar o jogo bem.
O jogo não conta com dublagem para o português do Brasil, mas contêm localização e legendas para a nossa língua. A dublagem em inglês faz o que pode para interpretar bem os personagens, mas o roteiro e diálogos fracos não ajudam os dubladores o bastante.
Vale a Pena?
Para quem deseja uma experiência de Zelda, mais uma vez Oceanhorn 2 cumpre parcialmente o papel para quem é fã desse looping de gameplay viciante da franquia da Nintendo. O maior problema de querer copiar ou recriar esse conceito é que o jogo acaba caindo em uma armadilha perigosa, já que a qualidade do modelo de combate, puzzle e clima de Zelda é algo difícil de copiar.
Oceanhorn 2 não traz nenhuma grande novidade para o gênero e o que tenta se torna inútil para a experiência. Sua história é boba e só está lá para nos conduzir com algum propósito de um ponto para outro, mas seus personagens são irrelevantes, com motivos básicos e falas deslocadas.
Oceanhorn 2 não é um jogo ao todo ruim, ele possui puzzles legais, visuais e características que divertem o jogador e traz uma sensação nostálgica dos Zeldas antigos, mas sua falta de ambição e a mera repetição de fórmulas deveria vir com algo mais bem feito, movimentos mais fluidos e com funcionamentos de mecânicas mais polidos para não se tornar uma copia barata e sim algo mais único e melhor desenvolvido.
Notas do Jogo
Título: Oceanhorn 2: Knights of the Lost Realm
Descrição do jogo: Oceanhorn 2: Cavaleiros do Reino Perdido, ambientado mil anos antes dos eventos do primeiro capítulo, leva você em uma jornada mágica pelo vasto mundo de Gaia, repleto de mitologia e folclore. Um jovem cavaleiro enfrenta um desafio impossível quando o bruxo Mesmeroth retorna com um temível Exército Sombrio. Nosso herói será capaz de unir Owrus, Gillfolk e Arcadians em uma luta pelo destino do mundo?
Gênero: Ação e Aventura
Lançamento: 02/08/2023
Produtora: FDG ENTERTAINMENT GMBH & CO KG
Distribuidora: FDG ENTERTAINMENT GMBH & CO KG
Nota
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História - 6/10
6/10
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Jogabilidade - 7/10
7/10
-
Gráficos - 7/10
7/10
-
Trilha Sonora e Som - 7.5/10
7.5/10
Veredito
Para quem deseja uma experiência de Zelda, mais uma vez Oceanhorn 2 cumpre parcialmente o papel para quem é fã desse looping de gameplay viciante da franquia da Nintendo. O maior problema de querer copiar ou recriar esse conceito, acaba caindo em uma armadilha perigosa, já que a qualidade do modelo de combate, puzzle e clima de Zelda é algo difícil de copiar.
Oceanhorn 2 não traz nenhuma grande novidade para o gênero e o que tenta se torna inútil para a experiência. Sua história é boba e só está lá para nos conduzir com algum propósito de um ponto para outro, mas seus personagens são irrelevantes, com motivos básicos e falas deslocadas.
Oceanhorn 2 não é um jogo ao todo ruim, ele possui puzzles legais, visuais e características que divertem o jogador e traz uma sensação nostálgica dos Zeldas antigos, mas sua falta de ambição e a mera repetição de fórmulas deveria vir com algo mais bem feito, movimentos mais fluidos e com funcionamentos de mecânicas mais polidos para não se tornar uma copia barata e sim algo mas único e melhor desenvolvido.
Vantagens
- Funcionalidade dos puzzles divertida;
- Bom trabalho nas mecânicas de combate contra chefes;
- Boa direção de arte;
- Boa dublagem.
Desvantagens
- Campanha boba;
- Combate limitado;
- Parceiros e Inimigos com IAs ruins;
- Controles pouco responsivos;
- Exploração inútil;
- Barra de fôlego ruim atrapalha a experiência;
- Falta de texturas deixam o aspecto geral gráfico de plástico;
- Pouco original.